segunda-feira, 18 de julho de 2022

Elvis, de Baz Luhrmann – Dramatis Personæ & Individualização Social.

             A verdade é como o Sol. Podes esconder durante algum tempo, mas não desaparece. Elvis Presley                                 

      

           A palavra rock representa uma longa história de vida no idioma inglês como uma metáfora para to “shake up, to disturb or to incite”. Em 1937, Chick Webb e Ella Fitzgerald gravaram “Rock It for Me”, que incluía na letra o verso “So won`t you satisfy my soul with the rock and roll”. Quer dizer, o termo “Rocking” era usado por cantores negros gospel no Sul dos Estados Unidos da América para dizer algo semelhante ao êxtase espiritual. Pela década de 1940, no entanto, o termo foi usado como um duplo sentido, referindo-se pretensamente a “dançar e ao ato sexual”, como em “Good Rocking Tonight”, de Roy Brown. O verbo “roll” era uma metáfora medieval que significava “ter relações sexuais”. Durante centenas de anos, escritores têm utilizado expressões como “They had a roll in the hay” ou “I rolled her in the clover”. Os termos eram muitas vezes utilizados em conjunto (“rocking-and-rolling”) para descrever o movimento de um navio no mar, por exemplo, como na canção “Rock and Roll”, das Irmãs Boswell que apareceu no filme: “Transatlantic Merry-Go-Round” (1934) e na canção “Rockin Rollin Mama”, de Buddy Jones em 1939. O cantor country Ramblin` Tommy Scott (1917–2013), também reconhecido como “Doc” Tommy Scott, foi um músico country, rockabilly e pioneiro do rádio norte-americano, famoso por seu programa de rádio itinerante “Hollywood Hillbilly Jamboree”, por muitas décadas, visitando diversas cidades com música, comédia e atrações estilo “medicina”. 

          Ele teve uma carreira de sete décadas, começando nos anos 1930, destacando-se como cantor, compositor e entertainerIniciou na rádio em 1933 e manteve o “Hollywood Hillbilly Jamboree” por muitas décadas, visitando diversas cidades com música, comédia e atrações estilo "medicina" (medicine show). Lançou discos, escreveu músicas, incluindo “She`ll Be Coming Round the Mountain” e foi um artista de rádio popular, notavelmente no WWVA Jamboree que se referia ao movimento de um trem na ferrovia em “Rockin e Rollin”, de 1951. Durante as décadas de 1930 e 1940, o cinema norte-americano viveu sua chamada “Era de Ouro”. O país se recuperava da Grande Depressão ocasionada pela primeira grande crise do capitalismo, e o cinema era uma forma de incentivo para a reconstituição moral da população. O rock and roll, conhecido também como rock`n`roll, é um estilo musical que surgiu nos Estados Unidos no final dos anos 1940 e início dos anos 1950, com raízes nos estilos musicais norte-americanos, como: country, blues, R&B e gospel, e que rapidamente se espalhou para o resto do mundo ocidental. O instrumento comum neste estilo é guitarra, sempre presente nas bandas, podendo possuir um único instrumentista, ou dois com funções diferenciadas de guitarrista base e solo. Na origem e significado do “rock and roll”, também se utilizava o piano ou o saxofone frequentemente como instrumentos bases, mas estes foram substituídos ou suplantados geralmente pela guitarra a partir da metade dos anos 1950. A batida é um blues com country com contratempo acentuado este, quase fornecido pelo recurso utilizado por uma caixa-clara.

A enorme popularidade e eventual visão no mundo inteiro do rock and roll deu-lhe um impacto social único. Muito além de ser um gênero musical, como visto pela epifania dos filmes e na televisão e de acordo com a mídia que se desenvolvia comercialmente influenciou estilos de vida, moda, atitudes e linguagem. A música se relaciona com vários aspectos sociais e culturais dos Estados Unidos, a saber: a estrutura social norte-americana, aspectos étnicos e raciais, religiosos, linguísticos, de gênero, assim como aspectos sexuais. Este relativismo permitiu a Lévi-Strauss criticar não só o pensamento mal elaborado do século XIX, mas também versões mais sofisticadas de neoevolucionistas como o antropólogo norte-americano Leslie White. Este havia tentado restabelecer o evolucionismo isento de juízos de valor estabelecendo uma linha de progresso a partir de critérios mais objetivos, como a capacidade de utilizar e armazenar energia. Claude Lévi-Strauss aceita a possibilidade de em tese colocarmos as sociedades em uma sequência deste tipo, mas adverte que ainda está se usando uma das obsessões da nossa civilização para julgar outras sociedades, para as quais este não é um valor importante. No século XIX um avivamento de fervor religioso ecoou entre as pessoas especialmente no Sul. Hinos protestantes escritos na maior parte por pregadores da Nova Inglaterra tornaram-se parte dos encontros campestres entre cristãos devotos do Sul. Ipso facto comparativamente o desenvolvimento da música negra nos Estados Unidos da América, independentemente da África e da Europa, tem sido um tema constante no estudo da história da música americana. 

                                        


Existem poucos registros da era colonial, quando estilos, canções e instrumentos da África ocidental se mesclaram no caldeirão da escravidão. Os Estados Unidos da América são bem conhecidos por serem um “caldeirão” de músicas, com influência de várias partes do mundo e criando novos estilos culturais distintos dos outros. Embora os aspectos da música americana terem uma origem específicas, a origem de culturas particulares de músicas é problemática, devido à constante evolução da música americana de transplantar técnicas, instrumentos e gêneros. Elementos de músicas estrangeiras chegaram aos Estados Unidos tanto pelos canais formais de patrocínio de eventos educacionais e de evangelismo por indivíduos e grupos, quanto por processos formais, como no incidente de transplante da música africana através da escravidão, e da música irlandesa, pela imigração. As músicas americanas mais distintas são resultado das misturas culturais de contatos. A escravidão humana aculturou inúmeras tribos resultando em uma tradição musical partilhada que foi enriquecida com elementos de músicas e técnicas indígenas, latinas e europeias.        

A ética disciplinar, a religião e raças diversificadas produziram vários gêneros de francês-africano, como Louisiana creoles; nativas, como as músicas europeias e mexicanas unidas, e outros estilos como as músicas havaianas. Os ancestrais da população afro-americana foram traficados aos Estados Unidos como escravos, trabalhando primariamente nas plantações do sul. Eles pertenceram às centenas de tribos através do oeste da África, e trouxeram certos traços da música do oeste africano incluindo vocais chamadas e resposta e música rítmica complexa, como também a batidas síncope e acentos variáveis. A música da África tem como escopo canto e danças rítmicos trazidos para o chamado Novo Mundo, e aonde se tornou parte de uma cultura “folk” distinta que ajudou os africanos a “reter a continuidade com seu passado através da música”. Os primeiros escravos afro-americanos (afrodescendentes) cantavam músicas de trabalho, “gritos de campo” em louvor ao senhor, seguindo os rituais da cristianização, hinos. Quando negros começaram a cantar adaptações destes hinos, foram chamados de “espirituais negros”. E desta raiz, de mimetismo originam-se um processo social e comunicativo em que músicas espirituais, músicas de trabalho e cantos de campo, que o blues, jazz e o gospel se desenvolveram. No dia 13 de junho é celebrado do Dia Mundial do Rock, e nos surge à mente ícones pop do ritmo.

Uma das precursoras deste estilo musical é uma mulher, negra como vemos, e do interior dos Estados Unidos. Nada de jaquetas de couro, coturnos, jeans rasgados, gel no cabelo, pois, Rosetta Tharpe (1915-1973) foi essencialmente uma guitarrista de rock nos sentidos possíveis desta nomenclatura, e contemporaneamente dentre as melhores. Sua música era pungente e de estilo propriamente vigoroso. O curioso é que se tornou popular nos EUA nos anos 1940 - quase 20 anos antes do surgimento hegemônico do rock. Ela continha “para si” todos os elementos: a potência na voz, atitude nos movimentos, interpretação, ritmo sincopado, veloz e dançante, mistura de estilos, solos estalados, sonoridade de guitarra, “riffs” intermináveis e, sobretudo a estética dos instrumentos era “rock’n’roll”. Queremos dizer com isso que não se trata apenas uma “precursora do rock”. Ela é uma das figuras mais notáveis da música do século 20, apesar de ser pouco lembrada pela ideologia de “brancos para brancos”, e quando muito como a “madrinha do rock”. Mas apesar da qualidade de suas músicas e inovação no estilo, da representação de um grito de alerta, ipso facto era uma mulher nos anos 1940 nos Estados Unidos. Mas ao ouvir a música de Rosetta Tharpe, porém, é evidente que o que reconhecemos como as grandes criações do rock, certamente representam ecos amplificados do trabalho dela.

Deve ser suprassumida como essa unidade imediata do indivíduo com seu gênero e com o mundo em geral; é preciso que o indivíduo progrida a ponto de se contrapor ao universal, como a Coisa assente-para-si, pronto e subsistente; e de apreender-se em sua autonomia. Essa autonomia, essa oposição, primeiro se apresenta em uma figura tão unilateral quanto, na criança, a unidade do subjetivo e do objetivo. O jovem desagrega a ideia efetivada no mundo, de modo a atribuir-se a si mesmo a determinação do substancial: o verdadeiro e o bem; e atribui ao mundo, pelo contrário, a determinação do contingente, do acidental. Não se pode ficar nessa oposição não-verdadeira: o jovem deve, antes, elevar-se acima da dela à inteligência de que, ao contrário, deve-se considerar o mundo como o substancial, e o indivíduo, inversamente, só como um acidente; e que, portanto, o homem só pode encontrar sua ativação e contentamento essenciais no mundo que se lhe contrapõe firmemente, que segue seu curso com autonomia; e que, por esse motivo, deve conseguir a aptidão necessária para a Coisa. Chagado a esse ponto de vista, o jovem tornou-se homem. Pronto em si mesmo, o homem considera também a ordem ética do mundo não como a ser produzida só por ele, mas como uma ordem pronta, no essencial. Assim ele é ativo pela Coisa, não contra ela; assim se mantém elevado, acima da subjetividade unilateral do jovem, no ponto de vista da espiritualidade objetiva. A velhice, ao contrário, analogamente, é o retorno ao desinteresse pela Coisa; o ancião através da experiência habituou-se a viver dentro da Coisa, e por causa dessa unidade renuncia à atividade de interesse por ela.

É bem verdade que a liberdade no pensamento tem somente o puro pensamento por sua verdade; e verdade sem a implementação da vida. Por isso, para Hegel, é ainda só o conceito da liberdade, não a própria liberdade viva. Com efeito, para ela a essência é só o pensar em geral, a forma coo tal, que afastando-se da independência das coisas retornou a si mesma. Mas porque a individualidade, como individualidade atuante, deveria representar-se como viva; ou, como individualidade pensante, captar o mundo vivo como um sistema de pensamento; então teria de encontrar-se no pensamento mesmo, para aquela expansão do agir, um conteúdo do que é bom, e para essa expansão do agir, um conteúdo do que é bom, e para essa expansão do pensamento, um conteúdo do que é verdadeiro. Com isso não haveria, absolutamente nenhum outro ingrediente, naquilo que é para a consciência, a não ser o conceito que é a essência. Porém, aqui o conceito enquanto abstração, separando-se da multiplicidade variada das coisas, não tem conteúdo nenhum em si mesmo, exceto um conteúdo que lhe é dado. A consciência, quando pensa o conteúdo, o destrói como um ser alheio; mas é conceito determinado e essa determinidade é o alheio que o conceito possui nele. Esta unidade do existente, o que existe, e do que é em si é o essencial da evolução. 

É um conceito especulativo, esta unidade do diferente, do gérmen e do desenvolvido. Ambas estas coisas são duas e, no entanto, uma. É um conceito da razão. Por isso só todas as outras determinações são inteligíveis, mas o entendimento abstrato não pode conceber isto.O entendimento fica nas diferenças, só pode compreender abstrações, não o concreto, nem o conceito. Resumindo, teremos uma única vida a qual está oculta. Mas depois entra na existência e separadamente, na multiplicidade das determinações, e que com graus distintos, são necessárias. E juntas de novo, constituem um sistema. Essa representação é uma imagem da história da filosofia. O primeiro momento era o em si da realização do homem, e em si do gérmen etc. O segundo é a existência, e no âmbito da humanidade aquilo que resulta. Assim, o terceiro é a identidade de ambos, mais precisamente agora o fruto do processo evolução, o resultado deste movimento. E a isto Hegel chama “o ser por si”. É o “por si” do homem, do espírito mesmo. Somente o espírito chega a ser verdadeiro por si, idêntico consigo. O que o espírito produz, seu objeto de pensamento, é ele mesmo. Ele é um desembocar em seu outro. O desenvolvimento do espírito é um desprendimento, um desdobrar-se, e por isso, ao mesmo tempo, um desafogo. No que toca mais precisamente a um dos lados da educação, melhor dizendo, à disciplina, não se há de permitir ao adolescente abandonar-se a seu próprio bel-prazer; ele deve obedecer para aprender a mandar.

A obediência é o começo de toda a sabedoria; pois, por ela, representa o vínculo com a vontade que ainda não conhece o verdadeiro, o objetivo, e não faz deles o seu fim, pelo que ainda não é verdadeiramente autônoma e livre, mas, antes, uma vontade despreparada, faz que em si vigore a vontade racional que lhe vem de fora, e que pouco a pouco esta se torne a sua vontade. O capricho deve ser quebrado pela disciplina; por ela deve ser aniquilado esse gérmen do mal. No começo, a passagem de sua vida ideal à sociedade civil pode parecer ao jovem como uma dolorosa passagem à vida de filisteu. Até então preocupado apenas com objetos universais, e trabalhando só para si mesmo, o jovem que se torna homem deve, ao entrar na vida prática, ser ativo para os outros e ocupar-se com singularidades, pois concretamente se se deve agir, tem-se de avançar em direção ao singular. Nessa conservadora produção e desenvolvimento do mundo consiste no trabalho do homem. Podemos, pois, de um lado dizer que o homem só produz o que já existe. É necessário que um progresso individual seja efetuado. Mas o progredir no mundo só ocorrer nas massas, e só se faz notar em uma grande soma de coisas produzidas. Ipso facto, a consciência moral não pode renunciar à felicidade. E nem descartar de seu fim absoluto esse momento. O fim, como representação de um resultado, enunciado como puro dever, implica essencialmente nele que contém essa consciência singular. A convicção individual, e o saber a seu respeito, constituem um momento absoluto dessa moralidade.

Esse momento no fim que se tornou objetivo, no dever cumprido, é a consciência singular que se intui como efetivada; ou seja, é o gozo, por isso, reside no conceito da moralidade; de certo, não imediatamente, da moralidade considerada como disposição, mas só no conceito de sua efetivação. O fim como o todo, expresso com a consciência de seus momentos, consiste, pois, em que o dever cumprido seja tanto pura ação moral, quanto individualidade realizada; e que a natureza, como lado da singularidade, em contato com o fim abstrato, seja um com o fim. Aquele fim total, que a harmonia constitui, contém em si a efetividade mesma. Ao mesmo tempo, é o pensamento da efetividade. A harmonia da moralidade e da natureza, ou harmonia da moralidade e da felicidade – pois a natureza só é tomada em consideração enquanto a consciência experimenta a unidade com ela, é pensada como algo necessariamente essente, ou seja, é postulada. Com efeito, no trabalho, nessa condição humana, exigir significa que se pensa algo essente que ainda não é efetivo: uma necessidade não do conceito como conceito, mas do ser. A necessidade ao mesmo tempo, essencial, a relação através do conceito. O ser exigido não pertence assim ao representar da consciência contingente, senão que reside no conceito da moralidade mesma, cujo verdadeiro conteúdo é a unidade da consciência pura e consciência singular. À essa última compete que essa unidade seja para ela como uma efetividade; o que no conteúdo do fim é felicidade, mas, na sua forma, é ser-aí em geral.

Este ser-aí exigido, ou a unidade articulada dos dois, não é por isso um desejo, ou – considerado como fim – não é um fim cuja obtenção seria ainda incerta, mas é uma exigência da razão; ou seja, é imediata certeza e pressuposição da razão mesma. Nesse conflito entre a razão e a sensibilidade, a essência para a razão, é que o conflito sociologicamente se resolva; e que emerja, como resultado, a unidade dos dois – que não é a unidade originária em que ambos estão em um indivíduo só, mas uma unidade que procede da conhecida oposição dos dois. Tal unidade somente é a moralidade efetiva porque nela está contida a oposição pela qual o Si é consciência – ou só agora é efetivo; e de fato, é Si e ao mesmo tempo, universal. Ou seja, está aí expressa aquela mediação que, como vimos, é essencial à moralidade. Como, comparativamente entre os dois momentos da oposição, a sensibilidade é simplesmente o ser-outro ou o negativo – e ao contrário, o puro pensar do dever é a essência da qual nada se pode abandonar – parece que a unidade resultante só pode efetuar-se mediante o suprassumir da sensibilidade. Como ela mesma é um momento desse vir-a-ser – o momento da efetividade – assim há que contentar-se por enquanto, no que respeita à unidade, com a expressão de que “a sensibilidade é conforme à moralidade”. A consciência mesma tem de efetuar essa harmonia, e de fazer sempre progressos na moralidade. Mas a perfeição dessa harmonia tem de ser remetida ao infinito, pois se ela efetivamente ocorresse, a consciência moral se suprimiria. A perfeição não há que a atingir efetivamente, mas só há que a pensar como uma tarefa absoluta, isto é, como uma tal que permanece tarefa, pura e simplesmente.

No entanto há que pensar, ao mesmo tempo simular, o conteúdo dessa tarefa como um conteúdo que simplesmente deva ser, e que não permaneça apenas tarefa; quer se represente, ou não, a consciência totalmente abolida. Pela consideração de que a moralidade consumada encerra uma contradição, se lesaria a santidade da essencialidade moral no sentido antropológico, e o dever absoluto pareceria como algo inefetivo.  Foi com o aparecimento de jovens vindos do delta do Mississippi que surgiu o estilo e o movimento social “rock and roll”, e o engajamento musical de Elvis Presley o torna “coroado” rei desse gênero musical. Rosetta Tharpe, a mulher que vinte anos antes começara a divulgar esses ritmos, mantem-se fiel a si mesma, mas sua popularidade e seu brilho são pouco a pouco ofuscados pelos novos artistas homens. Até que um dia ela recebe uma chamada de Chris Barber, que a convida a embarcar numa aventura sociológica, desta vez no seio do Reino Unido. Para um público que não tinha visto ao vivo uma verdadeira artista gospel, Rosetta Tharpe apareceu como algo vindo de outro mundo de raízes musicais. Ela era diferente, cativante, fervilhava energia e grandeza de alma. Ela e a guitarra se fundiam simbioticamente e se tornavam apenas uma. A atuação de 1964 em Manchester, gravada num dia frio e chuvoso na estação de comboios, é a prova disso.  Reconhecida como Sister Rosetta estava de regresso e conquista o público europeu. Em 1968, sua mãe Katie Bell falece e a perda marcou muito a cantora. Logo após Rosetta foi diagnosticada como diabética, e atuou pela última vez na Europa em Copenhague, em 1970. Rosetta Tharpe foi a grande fonte de inspiração de Etta Jones, Johnny Cash, Little Richard, e outros. Seu legado marcou a história da música, marcou gerações da igreja gospel e aqueles que a ouvem tocar e cantar.

   

            Poucos músicos negros de rhythm and blues, notadamente Louis Jordan, The Mills Brothers e The Ink Spots, alcançaram algum sucesso, embora em alguns casos, como o da canção “Choo Choo Ch`Boogie”, de Jordan, este êxito tenha sido alcançado com canções escritas por compositores de origem branca. O gênero “western swing” da década de 1930, geralmente tocado por músicos brancos, também seduziu o blues e diretamente influenciou o “rockabilly” e o “rock and roll”, como pode ser ouvido, por exemplo, na canção “Jailhouse Rock”, de Elvis Presley, de 1957. Vale lembrar que o desenvolvimento do rock and roll foi um processo evolutivo, em que não há um registro etnográfico único que pode ser identificado como inequivocamente “o primeiro” disco de rock and roll. Candidatos para o título de “primeiro disco de rock and roll” incluem “Strange Things Happening Everyday” de Rosetta Tharpe (1944); “Rock Awhile” de Goree Carter (1949); “Rock the Joint” de Jimmy Preston (1949), que mais tarde foi regravado por Bill Haley & His Comets, em 1952; “Rocket 88” de Jackie Brenston and his Delta Cats, na verdade, Ike Turner e sua banda The Kings of Rhythm, gravada na Sun Records de Sam Phillips em março de 1951, em termos de impacto cultural norte-americano e em outros lugares do mundo, “Rock Around the Clock” de Bill Haley, gravada em 1954, não foi um sucesso até o ano seguinte. É reconhecido como um marco, mas foi precedida de muitas gravações das décadas anteriores em que seus elementos podem ser claramente detectados.

Elvis Aaron Presley nasceu em Tupelo, em 8 de janeiro de 1935 e faleceu em Memphis, em 16 de agosto de 1977. Foi um cantor, músico e ator norte-americano. Apelidado de “Rei do Rock and Roll” ou simplesmente “O Rei”, é considerado um dos ícones culturais mais significativos do século XX. Com uma série de participações bem-sucedidas na televisão e sucessos no topo das paradas tornou-se a principal figura do rock and roll. Nascido em Tupelo, Mississippi, nos Estados Unidos, mudou-se com sua família para Memphis, Tennessee, quando tinha 13 anos. Sua carreira musical teve início em 1954, ao gravar na Sun Records, com o produtor Sam Phillips, que queria levar o som da música afro-americana para um público comercial mais amplo. Acompanhado pelo guitarrista Scotty Moore e pelo baixista Bill Black, foi um pioneiro do rockabilly, uma fusão de música country e rhythm and blues. Em 1955, o baterista D. J. Fontana juntou-se ao time e completou o quarteto clássico do cantor, os Jordanaires, com a gravadora RCA Victor adquirindo seu contrato em um Acordo arranjado pelo Coronel Tom Parker, que viria a empresariá-lo por mais de duas décadas. O seu primeiro single com a RCA, “Heartbreak Hotel”, foi lançado em janeiro de 1956 e se tornou um sucesso que alcançou o 1° lugar. Antes de Elvis, Tom Parker cuidou da carreira do famoso cantor country americano Eddy Arnold, de 1944 a 1953. A patente de “Coronel” é um título honorário, que lhe foi concedido por Jimmie Davis, governador da Louisiana no ano de 1948.

            Andreas Cornelius van Kuijk nasceu em Breda, 26 de junho de 1909 e faleceu em Las Vegas, em 21 de janeiro de 1997, mais reconhecido como Coronel Tom Parker foi um empresário do ramo da música, se tornando conhecido mundialmente por ser o agente de Elvis Presley de 1955 até 1977. Durante a década de 1930 trabalhava com o Royal American Shows, um circo que viajava pelos Estados Unidos e Canadá em um trem particular de aproximadamente 70 vagões. Existem algumas divergências do que realmente ele fazia: alguns afirmam que vendia algodão doce e maçãs caramelizadas, enquanto outros afirmam que ele era como um administrador da companhia, um trabalho de muita responsabilidade para alguém que naquela época tinha pouco mais de vinte anos. Pode-se dizer que a escola de Tom Parker foi o circo, onde aprendeu, de certa forma, a manipular o público. Reza a lenda que Tom aplicou conceitos de rapport e persuasão na proposta artística de Elvis, o que chamava de “Performance-Interpretation-Naturalness”. Parker acreditava que somente o talento musical não era o bastante, que Elvis tinha que ser um artista completo, além de cantar bem, teria que dominar a arte da interpretação.

Segundo alguns historiadores da cultura e fãs de Elvis, o relacionamento dos dois era estritamente profissional e nada além disso, nunca foram íntimos, conversavam na maioria das vezes para falar da carreira artística do cantor. Quando da ida de Elvis ao exército, em 1958, a qual teria sido uma ideia de Tom Parker, Elvis nunca foi visitado pelo seu empresário, tudo isso devido a sua controversa identidade. Tom Parker é criticado por alguns fãs por não permitir que Elvis fizesse shows fora dos Estados Unidos, com exceção de cinco apresentações, em 1957, no vizinho Canadá. No entanto, outros afirmam que Parker foi importante na divulgação de Elvis para o mundo, para que assim, todos conhecessem o talento do menino do Sul dos Estados Unidos da América que viraria um mito. Em novembro de 1956, Presley fez sua estreia no cinema em Love Me Tender. Convocado para o serviço militar em 1958, relançou sua carreira musical dois anos depois, com alguns de seus trabalhos mais bem sucedidos comercialmente. No entanto realizou poucos concertos e, orientado por Parker, dedicou grande parte da década de 1960 para trabalhar em filmes e em trilhas sonoras, a maioria dos quais não foram bem observados pela crítica. 

Em 1968, após uma pausa de sete anos sem se apresentar ao vivo, retornou ao palco no aclamado especial televisivo Elvis, o qual levou a uma estendida residência em Las Vegas e a uma série de turnês altamente lucrativas. Cada indivíduo contribui significativamente para o desenvolvimento de uma civilização. A sociedade é um conceito multifacetado que é moldado e influenciado por uma ampla gama de fatores diferentes, incluindo comportamentos, atitudes e ideias humanas. A cultura, a moral e as crenças dos outros, bem como a direção e a trajetória geral da sociedade, podem ser influenciadas e moldadas pelas atividades de um indivíduo. Em biologia, a questão do indivíduo está relacionada à definição de organismo, que é uma questão importante em biologia e filosofia da biologia, apesar de haver poucos trabalhos dedicados explicitamente a essa questão. Um organismo individual não é o único tipo de indivíduo que é considerado como uma “unidade de seleção”. Genes, genomas ou grupos podem funcionar como unidades individuais. A reprodução assexuada ocorre em organismos coloniais, de modo que os indivíduos são geneticamente idênticos, tal é chamada de genótipo, e um indivíduo em tal população é denominado ramete. A colônia, e não o indivíduo, funciona como uma unidade de seleção.

Após esta introdução, ou escorço biográfico hic et nunc, seguimos a démarche disposta na dimensão estética e dialeticamente clássica do pensamento filosófico europeu, ou, Metafísica. As leis são. Se indago seu nascimento, dizia Friedrich Hegel (2007), e as limito ao ponto de sua origem, já passei além delas: pois então sou eu o universal, e elas, o condicionado, o limitado. Se devem legitimar-se aos olhos de minha inteligência, já pus em movimento seu ser-em-si, inabalável, e as considero como algo que para mim talvez seja verdadeiro, talvez não seja. A disposição ética consiste precisamente em ater-se firmemente ao que é justo, e em abster-se de tudo o que possa mover, abalar e desviar o justo. Se um depósito for feito a meus cuidados, é propriedade de outrem, e eu o reconheço, porque assim é, e me mantenho inflexível. Se tiver para mim o depósito, não incorro absolutamente em nenhuma contradição, segundo o princípio de meu examinar, a tautologia. Não o considero como propriedade alheia; ora, reter algo, que não considero propriedade de outro, é perfeitamente consequente. A mudança de vista não é contradição, pois a questão não é o ponto de vista, mas o objeto, o conteúdo, que não deve contradizer-se. Não é porque encontro o não-contraditório que isso é justo: mas é justo porque é. Algo é propriedade de outrem: isso constitui o próprio fundamento.

O espírito, em sua verdade simples, é consciência, e põe seus momentos fora um do outro. A ação o divide em substância e em consciência da substância, e divide tanto a substância quanto a consciência. A substância, como essência universal e fim, contrapõe-se em si mesma como à efetividade singularizada. O meio-termo infinito à consciência-se-si que sendo em si unidade de si e da substância, torna-se agora, para si, o que unifica a essência universal e sua efetividade singularizada: eleva à essência de sua efetividade e opera eticamente; faz a essência descer à efetividade, e implementas o fim, isto é, a substância somente pensada; produz a unidade de seu Si e da substância como obra sua e, portanto, como efetividade. No dissociar-se da consciência em seus momentos, a substância simples conservou, por um lado, a oposição frente à consciência-de-si, e por outro lado apresenta nela mesma a natureza da consciência – de diferenciar-se em si mesma, como um mundo organizado em suas massas. A substância se divide, assim, em uma essência ética diferenciada: em uma lei humana e uma lei divina. A consciência-de-si, que se lhe contrapõe, atribui-se, segundo sua essência dessa potência; e como saber se cinde na ignorância do que faz e a respeito disso: um saber que é, por isso, enganoso.

A consciência-de-si experimenta assim, em seu ato, tanto a contradição daquelas potências em que a substância se divide, e sua mútua destruição, como também a contradição entre seu saber sobre a eticidade da sua ação, e o que é ético em si e para si; e aí encontra sua própria ruína. De fato, porém, a substância ética, mediante esse movimento, veio-a-ser consciência-de-si efetiva; ou seja, este Si se tornou algo em-si-e-para-si-essente. Mas nisso, precisamente, a eticidade foi por terra. A substância simples do espírito se divide como consciência. Ou seja: assim como a consciência do ser sensível abstrato passa à percepção, assim também a certeza imediata do ser ético real; e como, para a percepção sensível, o ser simples se torna uma coisa de propriedades múltiplas, assim para a percepção ética, o caso do agir é uma efetividade de múltiplas relações éticas. Contudo, como para a percepção sensível a supérflua multiplicidade das propriedades se condensa entre singularidade e universalidade – com maior razão a percepção ética, que é a consciência substancial e purificada -, a multiplicidade dos momentos éticos se torna a dualidade de uma lei da singularidade e de uma lei da universalidade. Cada uma dessas massas de substância permanece sendo o espírito todo. Se, na percepção sensível, as coisas não tem outra substância, as duas determinações de singularidade e universalidade, essas determinações exprimem apenas a oposição superficial recíproca dos dois lados. 

Em outros organismos coloniais, in statu nascendi por exemplo, os indivíduos podem ser intimamente relacionados entre si, mas podem diferir como resultado da reprodução sexuada. Embora a individualidade e o individualismo sejam geralmente considerados como algo que amadurece com a idade/tempo e a experiência/riqueza, um ser humano adulto e são é normalmente considerado pelo Estado como uma pessoa individual perante a lei, mesmo que a pessoa historicamente negue culpa individual. O indivíduo é responsável por seus atos/decisões/instruções, sujeito a processo judicial tanto em âmbito nacional quanto internacional, comparativamente, a partir do momento em que atinge a maioridade, frequentemente, embora nem sempre, coincidindo com a concessão do direito de voto, da responsabilidade pelo pagamento de impostos, do serviço militar e do direito individual de portar armas protegido apenas por certas Constituições. Os indivíduos podem se destacar da multidão ou se misturar a ela. No budismo, o conceito de indivíduo reside em anatman, ou “não-eu”. De acordo com anatman, o indivíduo é, na verdade, uma série de processos interconectados que, atuando em conjunto, dão a aparência de ser um todo único e separado. Dessa forma, anatman, juntamente com anicca, assemelha-se a uma espécie de teoria do feixe. Em vez de um Eu atômico e indivisível, distinto da realidade, o indivíduo no budismo é compreendido como uma parte inter-relacionada de um universo impermanente e em constante mudança.

Empiristas como Ibn Tufail no início do século XII na Espanha islâmica e John Locke no final do século XVII na Inglaterra viam o indivíduo como uma tabula rasa, moldado desde o nascimento pela experiência e educação. Isso se relaciona com a ideia de liberdade e direitos do indivíduo, sociedade como um contrato social entre indivíduos racionais e os primórdios do individualismo como doutrina. Friedrich Hegel considerava a história como a evolução gradual da Mente à medida que esta testa os seus próprios conceitos contra o mundo externo. Cada vez que a mente aplica os seus conceitos ao mundo, o conceito revela-se apenas parcialmente verdadeiro, dentro de um determinado contexto; assim, a mente revisa continuamente esses conceitos incompletos de modo a refletir uma realidade mais completa comumente reconhecido como o processo de tese, antítese e síntese. O indivíduo transcende o seu próprio ponto de vista particular e compreende que faz parte de um todo maior, na medida em que está ligado à família, a um contexto social e/ou a uma ordem política. Com a ascensão do existencialismo, Søren Kierkegaard rejeitou a noção hegeliana do indivíduo como subordinado às forças da história. Em vez disso, elevou a subjetividade do indivíduo e sua capacidade de escolher o próprio destino. Os existencialistas posteriores desenvolveram essa noção.

  

Friedrich Nietzsche, por exemplo, examina a necessidade do indivíduo de definir a si mesmo e suas circunstâncias em seu conceito de vontade de poder e no ideal heroico do Übermensch. O indivíduo também é central na filosofia de Jean-Paul Sartre, que enfatiza a autenticidade, a responsabilidade e o livre-arbítrio individuais. Tanto em Sartre quanto em Nietzsche, o indivíduo é chamado a criar seus próprios valores, em vez de se basear em códigos morais externos e socialmente impostos. O objetivismo de Ayn Rand considera cada ser humano como uma entidade independente e soberana que possui um direito inalienável à própria vida, um direito derivado de sua natureza como ser racional. O individualismo e o objetivismo sustentam que uma sociedade civilizada, ou qualquer forma de associação, cooperação ou coexistência pacífica entre seres humanos, só pode ser alcançada com base no reconhecimento dos direitos individuais e que um grupo, como tal, não possui outros direitos além dos direitos individuais de seus membros. O princípio dos direitos individuais é a única base moral de todos os grupos ou associações. Como apenas um indivíduo, homem ou mulher, pode possuir direitos, a expressão “direitos individuais” é redundante e necessária para fins de esclarecimento no caos intelectual atual, mas a expressão “direitos coletivos” é uma contradição em termos. Os direitos individuais não estão sujeitos a votação pública; a maioria não tem o direito de anular os direitos de uma minoria; a função política dos direitos é precisamente proteger as minorias da opressão da maioria e a menor minoria na Terra é o indivíduo.

Em 1973 Elvis Presley tornou-se o primeiro artista solo a ter um show transmitido ao redor do mundo, Aloha from Hawaii. Anos de abuso de medicamentos prescritos comprometeram gravemente sua saúde, morrendo repentinamente aos 42 anos de idade, em 1977, em Graceland, sua propriedade. Suas interpretações enérgicas das canções e um estilo de performance dançante, sexualmente provocante, combinados com uma mistura singularmente potente de influências individuais, além da barreira da cor durante uma Era transformadora nas relações raciais, fizeram-no enormemente popular e controverso. Ele é o artista solo mais vendido na história da música. Também obteve sucesso comercial em muitos gêneros, incluindo pop, country, blues e gospel. A fusão de blues, gospel e country cria um estilo enraizado na espiritualidade e lamento, muitas vezes chamado de gospel blues ou holy blues, com forte uso de guitarras, violões e letras de salvação. Nomes históricos como Blind Willie Johnson (1897-1945), Rev. Gary Davis e Sister Rosetta Tharpe uniram a emoção do blues à fé gospel. A sonoridade reflete o cruzamento entre a música rural (country) e os hinos religiosos, comumente nos Estados Unidos da América, destacando interpretações rústicas e emocionantes. Elvis Presley ganhou três Grammys competitivos, recebeu o Grammy Lifetime Achievement Award aos 36 anos, sendo incluído em vários Halls da Fama de vários recordes, os álbuns de ouro e platina mais certificados pela Associação Americana da Indústria de Gravação (RIAA), sediada em Washington, D.C., que representa as gravadoras e distribuidores norte-americanas. Possui o objetivo de promover a vitalidade financeira dos negócios dos associados, ipso facto, o maior número de álbuns na Billboard 200, os mais Números 1 de um artista solo no UK Albums Chart e o maior número de singles número um no UK Singles Chart.  

            Dramatis personae tem como representação social na história os personagens principais de uma obra dramática, escritos em forma de lista que são empregadas em diversas formas de teatro e também no cinema. Normalmente, os personagens que não aparecem em cena não são considerados parte dos dramatis personae. Diz-se que o termo foi registrado em inglês desde 1730 e também é evidente em seu uso internacional. É comum apresentar uma lista de elenco, que também inclui, ao lado de cada personagem em uma segunda coluna, o nome do ator ou atriz que interpreta o papel; uma versão alternativa lista os nomes dos atores que interpretaram os papéis originalmente. Para não revelar partes vitais da trama, alguns nomes podem ser alterados, por exemplo, trocados. Alguns personagens secundários podem ser listados apenas com os nomes dos atores que os interpretam. Em um sentido mais amplo, o termo pode ser aplicado a qualquer situação social em pessoas ou personagens que desempenham um determinado papel, ou aparentam desempenhá-lo, como em uma metáfora, um drama ou um processo judicial. Também pode ser aplicado de forma jocosa em situações em que membros de um grupo parecem desempenhar papéis previsíveis, frequentemente com o objetivo de criar um efeito de poder cômico. O crítico literário Vladimir Propp, em seu livro Morfologia do Conto Popular, usa o termo dramatis personae ao se referir aos papéis dos personagens dos contos de fadas, a partir de sua análise dos contos russos de Alexander Afanasiev.  

Também é usado às vezes em antropologia para denotar os papéis que as pessoas assumem ao realizar um ritual social, como por Clifford Geertz em seu estudo do ritual balinês. Fora do meio teatral, romances também apresentam uma lista de personagens no início ou no fim. Isso é mais comum em livros com um grande número de personagens, bem como em livros infantis e ficção especulativa. Por exemplo, as páginas iniciais de Into Thin Air, de Jon Krakauer, contêm uma lista de personagens (dramatis personae). Outros exemplos incluem Worldwar: In the Balance, de Harry Turtledove, e The Horus Heresy, de vários autores. Gideon the Ninth, de Tamsyn Muir, começa com uma lista de personagens. O termo é usado para descrever as múltiplas identificações relacionais que alguém pode adotar na tentativa de enfatizar a expressão do próprio individualismo. Uma individualidade nunca é alcançada, pois esse processo de criação de personagens cria uma persona pós-moderna que “usa muitos chapéus”. Cada chapéu diferente usados para um grupo ou ambiente diferente. Uma lógica de identidade e individualidade é substituída por uma “lógica de identificação mais superficial e tátil, onde os indivíduos se tornam personas mais semelhantes a máscaras, com eus mutáveis”. Esse Eu não pode mais ser teorizado ou baseado unicamente no trabalho ou na função produtiva de um indivíduo. O termo foi usado por Karl Marx hic et nunc ao longo de O Capital (1867), onde o capitalista e o trabalhador são apresentados como personagens em contextos humanos.

Elvis é um filme norte-americano e australiano dos gêneros biografia, drama e musical, dirigido por Baz Luhrmann, sobre a vida e carreira do cantor norte-americano de rock Elvis Presley. Com roteiro escrito por Baz Luhrmann, Sam Bromell, Craig Pearce e Jeremy Doner, com uma história por Baz Luhrmann and Jeremy Doner, é estrelado por Austin Butler e Tom Hanks, com Olivia DeJonge, Yola Quartey, Luke Bracey, Kelvin Harrison Jr., Dacre Montgomery, Helen Thomson, Richard Roxburgh e David Wenham em papeis secundários. Elvis teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Cannes de 2022 e programado para ser lançado nos cinemas da Austrália em 22 de junho de 2022 e nos Estados Unidos da América em 24 de junho de 2022, pela Warner Bros. Pictures. Vida e música de Elvis Presley sob o prisma da sua tumultuada relação com seu empresário enigmático, o coronel Tom Parker. A história social mergulha na complexa dinâmica entre Presley e Parker, que se estendeu por mais de 20 anos, desde a ascensão de Presley à fama mundial até seu estrelato sem precedentes, tendo como background a evolução da paisagem cultural e a perda da inocência na América.

No centro dessa jornada está uma das pessoas mais importantes e influentes na vida de Elvis, PPriscilla Ann Wagner nasceu no Brooklyn, em Nova Iorque, Estados Unidos, no dia 24 de maio de 1945, filha de Ann Lillian Iversen e do piloto da marinha americana James Frederick Wagner, seu pai faleceu em um acidente de avião, enquanto tinha apenas seis meses. Em 1948, sua mãe se casou com Paul Beaulieu, oficial da Força Aérea dos Estados Unidos, que adotou Priscilla como sua filha, passando a se chamar Priscilla Ann Beaulieu. Nos anos seguintes, a família se mudou diversas vezes em razão da carreira de seu padrasto na Força Aérea os mudou de Connecticut para o Novo México e para o Maine. Priscilla se descreve durante esse período como “uma garotinha tímida, bonita, infeliz acostumada a se mudar de base em base a cada dois ou três anos”, mais tarde lembrou como se sentia infeliz tendo que se mudar com tanta frequência, sem saber se poderia fazer amigos para a vida toda ou se se encaixaria com as pessoas que encontraria no próximo lugar.  Em 1956, os Beaulieus se estabeleceram em Del Valle, Texas, mas logo seu padrasto foi transferido para Wiesbaden, Alemanha Ocidental. Logo ficou arrasada com a notícia, pois logo após o ensino fundamental, seu medo de ter que deixar amigos para trás e fazer novos foi mais uma vez realizado. Em setembro de 1959, Priscilla conheceu Elvis, quando ele tinha 24 anos e ela 14, na Alemanha Ocidental, quando Elvis prestava serviço militar.

Em 1962 foi convidada por Elvis para passar o Natal em Graceland e de lá não foi mais embora. Elvis ficou durante quatro anos custeando seus estudos, alimentação e vestuário. Em dezembro de 1966, Elvis pediu Priscilla em casamento. Eles só se casaram em 1º de maio de 1967 em Las Vegas. Exatos 9 meses após seu casamento, nasceu a única filha do casal, Lisa Marie, em 1º fevereiro de 1968, quando o casamento começou a se deteriorar. Segundo amigos de Elvis, às vésperas do Natal de 1972, ela saiu de casa com a filha, de repente, pegando Elvis de surpresa. Ele sabia que a separação estava por vir, mas paralelamente “mantinha casos com três mulheres diferentes”. Priscilla, também teve um amante, e o pivô da separação e divórcio foi um deles, o seu professor de karatê Mike Stone. Além do caso de Priscilla com Stone, o seu casamento chegou ao fim devido a drogas, traições principalmente por parte de Elvis; além disso Priscilla revelou que ela e seu marido já não tinham mais uma vida íntima. Segundo Joel Williamson, autor do livro biográfico Elvis Presley: A Southern Life (2014), o motivo do término do relacionamento entre Priscilla e Elvis, foi quando a atriz revelou que “não estava mais apaixonada pelo marido e então foi estuprada por ele”. Em fevereiro de 1972, o casal se separou definitivamente. O astro ainda insistiu, por meses a fio, que Priscilla reconsiderasse o pedido, porém o estilo de vida dos dois, que acabou gerando a certeza de que, embora ainda o amasse profundamente, o casamento estava desfeito. Priscilla Presley relata sua história de amor com Elvis Presley no livro “Elvis and Me” (1985).

            Bazmark Anthony “Baz” Luhrmann nascido em 17 de setembro de 1962 é um diretor, produtor, roteirista e ator australiano cujos vários projetos abrangem cinema e televisão, ópera, teatro, música e a indústria fonográfica. Ele é considerado por alguns como um exemplo contemporâneo de autor, por seu estilo e profundo envolvimento na escrita, direção, design e componentes musicais de todos os seus trabalhos. Ele é o diretor australiano de maior sucesso comercial, e quatro de seus filmes estão entre os dez filmes australianos de maior bilheteria mundial de todos os tempos. Nas telas, ele é mais reconhecido por sua Trilogia da Cortina Vermelha, que inclui a comédia romântica “Strictly Ballroom” (1992) e as tragédias românticas “Romeu + Julieta” (1996) e “Moulin Rouge!” (2001), ambas de William Shakespeare. Após a trilogia, seus projetos incluíram “Austrália” (2008), “O Grande Gatsby” (2013), a série de época “The Get Down” (2016), da Netflix e last but not least, “Elvis” (2022). Outros projetos incluem produções teatrais de “La bohème”, de Giacomo Puccini, para a Ópera da Austrália e a Broadway, e “Strictly Ballroom: O Musical” (2014). Ipso facto, Luhrmann é reconhecido por suas trilhas sonoras indicadas ao Grammy para Moulin Rouge! e para O Grande Gatsby, bem como por sua gravadora House of Iona, per se uma parceria com a RCA Records. Atuando como produtor nas suas trilhas sonoras musicais, ele também possui créditos de composição em faixas individuais. Seu álbum Something for Everybody apresenta músicas de muitos de seus filmes e também inclui seu sucesso “Everybody`s Free (To Wear Sunscreen)”.

            Mark Anthony Luhrmann nasceu em Sydney, Nova Gales do Sul, em 17 de setembro de 1962. Sua mãe, Barbara Carmel (nascida Brennan), era professora de dança de salão e dona de uma loja de roupas, e seu pai, Leonard Luhrmann, administrava um posto de gasolina e um cinema. Ele foi criado em Herons Creek, um pequeno povoado rural no Centro-norte de Nova Gales do Sul. Frequentou a St Joseph`s Hastings Regional School, em Port Macquarie (1975–1978); o St Paul`s Catholic College, onde atuou na versão escolar de Henrique IV, Parte 1, de Shakespeare; e a Narrabeen Sports High School, onde conheceu seu futuro colaborador Craig Pearce. Luhrmann recebeu o apelido de “Baz” na escola, dado a ele por causa de seu penteado, nome que vinha do personagem de fantoche Basil Brush. Ainda no Ensino Médio, Luhrmann mudou seu nome oficialmente para Bazmark, unindo seu apelido e nome de nascimento. Em 1980, Luhrmann se formou no Ensino Médio e, no mesmo ano, foi escalado para atuar ao lado de Judy Davis no filme australiano Winter of Our Dreams. Em 1982, usando o dinheiro que havia ganho com trabalhos no cinema e na televisão, ele financiou sua própria companhia de teatro, The Bond Theatre Company. A companhia se apresentava no pavilhão da praia de Bondi, em Sydney. Ao mesmo tempo, ele idealizou e participou de um documentário de televisão controverso, Kids of the Cross, onde “Luhrmann, inserido como um personagem, vivia com um grupo de crianças de rua”. Em 1983, ele se matriculou em um curso de atuação no Instituto Nacional de Arte Dramática. Ele se formou em 1985 junto com Sonia Todd, Catherine McClements e Justin Monjo. Em 26 de janeiro de 1997, ele se casou com Catherine Martin, diretora de arte, figurinista e produtora de cinema; o casal tem dois filhos. Quando “questionado”, na falta de melhor expressão em entrevistas sobre sua sexualidade, disse que vê todas as possibilidades sexuais. Luhrmann apoia o Melbourne Demons na Liga Australiana de Futebol.

            O extraordinário projeto foi anunciado pela primeira vez em abril de 2014, quando Baz Luhrmann entrou em negociações para dirigir o filme, com Kelly Marcel escrevendo o roteiro. Nenhum desenvolvimento adicional do filme foi anunciado até março de 2019, quando Tom Hanks foi escalado para interpretar o Coronel Tom Parker. Luhrmann foi escolhido como diretor e também substituiu Marcel como roteirista junto de Craig Pearce e Sam Bromell. Em julho, atores vistos para interpretar Presley eram Ansel Elgort, Miles Teller, Austin Butler, Aaron Taylor-Johnson e Harry Styles, com Butler ganhando o papel no final daquele mês. Em outubro, Olivia DeJonge foi escalada para interpretar Priscilla Presley. Maggie Gyllenhaal e Rufus Sewell foram escalados como Gladys e Vernon Presley em fevereiro de 2020, com Yola escalada como Irmã Rosetta Tharpe. As filmagens começaram em 28 de janeiro de 2020, na Austrália. Em 12 de março de 2020, a produção foi interrompida quando Hanks e sua esposa Rita Wilson testaram positivo durante a pandemia. As filmagens foram retomadas em 23 de setembro de 2020, quando Luke Bracey, Richard Roxburgh, Helen Thomson, Dacre Montgomery, Natasha Bassett, Xavier Samuel, Leon Ford, Kate Mulvany, Gareth Davies, Charles Grounds, Josh McConville, e Adam Dunn se juntaram ao elenco. Roxburgh e Thomson substituíram Sewell e Gyllenhaal que foram “forçados a desistir devido ao atraso nas filmagens”.  

Kelvin Harrison Jr. foi anunciado como o intérprete de B.B. King em dezembro. Em janeiro de 2021, foi relatado que Alton Mason estaria interpretando Little Richard no filme. A trilha sonora do filme composta por Elliott Wheeler. Em 25 de abril de 2022, foi anunciado que Doja Cat contribuiria com uma música original para o filme, “Vegas”. A música é por muitos descrita como o elemento mais importante do filme. Ela também incorpora elementos das próprias músicas de Presley, como seu cover de “Hound Dog” de Big Mama Thornton. Foi lançada como single em 6 de maio de 2022, antes do álbum da trilha sonora do filme, programado para ser lançado naquele verão pela RCA Records. O álbum também conta com extraordinárias variações do material de Presley coletadas por artistas de grande nome em uma variedade de gêneros e estilos. O filme Elvis foi lançado nos Estados Unidos da América em 24 de junho de 2022, pela Warner Bros. Pictures. No Brasil em 14 de julho de 2022. Ele foi previamente programado para ser lançado em 1º de outubro de 2021, antes de ser adiado para 5 de novembro de 2021 e 3 de junho de 2022. Foi lançado “sob demanda” nos Estados Unidos em 9 de agosto, no Brasil no dia 28 de agosto, dias depois foi lançado no HBO Max no dia 2 de setembro.

Bibliografia Geral Consultada.

DOSS, Erika, Elvis Culture, Fans, Faith and Image. Lawrence: University Press of Kansas, 1999; CLAGHORN, Charles Eugene, Biographical Dictionary of American Music. Estados Unidos: Parker Publishing Company, 1973; TOURAINE, Alain, La Voix et le Regard. Paris: Éditions du Seuil, 1978; BADEN, Michael, Unnatural Death: Confessions of a Medical Examiner. Estados Unidos: Editora Random House Publishing Group, 1990; ELIAS, Norbert, Conocimiento y Poder. Barcelona: Las Ediciones de La Piqueta, pp. 53-120; 1984; Idem, A Sociedade de Corte: Investigação sobre a Sociologia da Realeza e da Aristocracia de Corte. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1996; BURGUIÈRE, André, “Processo de Civilização e Processo Nacional em Norbert Elias”. In Alain Garrigou e Bernard Lacroix, Norbert Elias: A Política e a História.  São Paulo:  Editora Perspectiva, 2001; MAIGRET, Eric; MACÉ, Eric (Org.), Penser les Médiacultures. Nouvelles Pratiques et Nouvelles Approches de la Represéntation du Monde. Paris: Editeur Armand Colin, 2005; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista: Editora Universidade São Francisco, 2007; CARREGA, Jorge Manuel Neves, Elvis Presley e o Cinema Musical de Hollywood. Dissertação de Mestrado. Projeto Temático de Literatura e Cinema. Algarve: Universidade do Algarve, 2008; MARX, Karl, O Capital: Crítica da Economia Política. Livro I: o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013; PITTA, Danielle Perin Rocha, Iniciação à Teoria do Imaginário de Gilbert Durand. Danielle Perin Rocha Pitta. 2ª edição. Curitiba: CRV, 2017; ELIADE, Mircea, Mito e Realidade. 8ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 2019; Artigo: “Jagger, Dylan, Quincy Jones React to Death of Little Richard”. In: The Associated Press, 9 de maio de 2020; MELCHIOR, Stela Candioto, Vigilância Pós-Comercialização de Produtos para Saúde, Questões sobre Organização, Gestão e Implantação no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2020; FERREIRA, Ricardo Di Carlo, Presley, “Um Híbrido Modélico à Audiovisualidade Atoral: Uma Aparição Corporificando Masculinidades”. In: Revista Científica. Faculdade de Artes do Paraná. Curitiba, vol. 26, n° 1, pp. 211–235, 2022; entre outros.

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