“Não é forte quem derruba os outros; forte
é quem domina a sua ira”. Maomé
Abu Alcácime Maomé ibne Abedalá ibne Abedal Motalibe ibne Haxime, reconhecido somente como Maomé foi um destacado líder religioso, político e militar árabe. Segundo a religião islâmica, Maomé é o mais recente e último profeta do Deus de Abraão. Para os muçulmanos, Maomé foi precedido em seu papel religioso de profeta por Jesus, Moisés, Davi, Jacó, Isaac, Ismael e Abraão. Como figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um califado que se estendeu da Pérsia até à Península Ibérica. Não é considerado pelos muçulmanos como um ser divino, mas sim, um ser humano; contudo, entre os fiéis, ele é visto como um dos mais perfeitos seres humanos, e o próprio Alcorão o estabelece. Nascido em Meca, Maomé foi durante parte da sua vida um mercador e pastor. Em resposta a essa pergunta sobre sua profissão, ele confirmou que era um pastor e citou dois lugares em volta de Meca aonde costumava levar o rebanho. Numa narração ele disse: - “Deus não enviou nenhum profeta, a menos que ele fosse um pastor de ovelhas”.
Tinha
por hábito retirar-se para orar e meditar nos montes perto de Meca. Os
muçulmanos acreditam que em 610, quando Maomé tinha 40 anos, enquanto realizava
um desses retiros espirituais numa das cavernas do Monte Hira, foi visitado
pelo anjo Gabriel que lhe ordenou que recitasse os versos enviados por Deus, e
comunicou que Deus o havia escolhido como o último profeta enviado à
humanidade. Maomé deu ouvidos à mensagem do anjo e, após sua morte, estes
versos foram reunidos e integrados no Alcorão, durante o califado de Abacar. Maomé não rejeitou completamente o judaísmo e
o cristianismo, duas religiões monoteístas já conhecidas pelos árabes. Em vez
disso, teria declarado que é necessária proteção a estas religiões e informou
que tinha sido enviado por Deus para restaurar os ensinamentos originais destas
religiões, que tinham sido corrompidos e esquecidos. Porém, isto de acordo com
a Enciclopédia Judaica, Maomé tornou-se cada vez mais hostil aos judeus
ao longo do tempo quando “percebeu que havia diferenças irreconciliáveis entre
a religião deles e a sua, especialmente quando a crença em sua missão profética
se tornou o critério de um verdadeiro muçulmano”. Muitos habitantes de Meca
rejeitaram a sua mensagem e começaram a persegui-lo, bem como aos seus
seguidores. Em 622 Maomé foi obrigado a abandonar Meca, numa migração conhecida
como a Hégira (Hijra), tendo se mudado para Iatrebe atualmente a cidade de Medina.
Nesta cidade, Maomé tornou-se o líder da primeira comunidade muçulmana. Seguiram-se anos de batalhas entre os habitantes de Meca e Medina, que resultaram em geral na vitória de Maomé e de seus seguidores. A organização militar criada durante estas batalhas foi usada para derrotar as tribos da Arábia. Por altura da sua morte, Maomé tinha unificado praticamente todo o território sob o signo de uma nova religião, o islão. Hoje em dia, alguns arabistas, islamólogos e historiadores lusófonos optam por utilizar a forma Muhammad em vez de Maomé, por considerarem que esta é a transliteração mais correta a partir do árabe, sendo sua pronúncia a mais aproximada ao nome original. Neste grupo inclui-se o falecido arabista português José Pedro Machado, autor de uma tradução do Alcorão em português na qual utiliza a forma Muhammad para se referir ao profeta do islão. Todavia, os principais dicionários da língua portuguesa e alguns linguistas e lexicógrafos adotam a forma Maomé, vulgarizada por dois séculos de uso. Ademais, a língua árabe não estipula uma transliteração oficial como ocorre com o chinês, por exemplo, portanto a representação morfológica no alfabeto latino das palavras em árabe varia enormemente com as particularidades de cada língua, em particular. Outro argumento a favor do emprego de Maomé encontra-se no fato social que todos os nomes de personalidades históricas anteriores ao século XX já possuem forma vernácula em português, como caso dos cristãos Moisés, Jesus, Martinho Lutero.
A divisão do trabalho social não é
específica do nível de análise econômico: podemos observar sua
influência crescente nas regiões mais distintas da sociedade. As funções
políticas, administrativas, judiciárias especializam-se cada vez mais. O mesmo
ocorre com as funções artísticas e científicas no âmbito das universidades. As
especulações filosóficas da biologia nos demonstraram, na divisão do trabalho,
um fato social de uma tal generalidade que os economistas, que foram os
primeiros a mencioná-lo, não haviam podido suspeitar. Não é mais uma
instituição social que tem sua fonte na inteligência e na vontade dos homens. Mas
um fenômeno de biologia geral, cujas condições, ao que parece, precisam
ser buscadas nas propriedades essenciais da disciplina organizada. A divisão do
trabalho social passa a aparecer apenas como uma forma particular desse
processo geral, e as sociedades, conformando-se a essa lei, parecem ceder a uma
corrente de pensamento que nasceu bem antes delas e que arrasta no mesmo
sentido todo o mundo vivo. Semelhante fato não pode, evidentemente, produzir-se sem afetar
profundamente nossa constituição moral, pois o desenvolvimento do homem se fará
em dois sentidos de todo diferentes. Não é necessário demonstrar a gravidade
desse problema prático; qualquer que seja o juízo sobre a divisão do
trabalho, todo o mundo sabe que ela é e se torna cada vez mais uma das
bases fundamentais da ordem social tanto quanto política.
Vale lembrar, neste aspecto que a
biomatemática é um ramo da biologia que emprega análises teóricas, modelos
matemáticos e abstrações dos organismos vivos para investigar os princípios que
governam a estrutura, desenvolvimento e comportamento dos sistemas, em oposição
à biologia experimental que lida com a realização de experimentos para
comprovar e validar as teorias científicas. O campo multidisciplinar é algumas
vezes chamado de biologia matemática ou biomatemática para enfatizar o lado
técnico-científico matemático, ou biologia teórica para enfatizar abstratamente
o lado biológico. Ipso facto, biologia teórica se concentra mais do que nunca
no desenvolvimento programático de princípios teóricos para a biologia. Enquanto
a biologia matemática se concentra no uso de técnicas matemáticas para estudar
sistemas biológicos embora ambos sejam muitas vezes trocados. A biologia
matemática visa a representação matemática e modelagem de processos biológicos,
utilizando técnicas e procedimentos metodológicos da matemática aplicada. Pode ser útil tanto em
pesquisas teóricas e práticas. Descrever sistemas de maneira quantitativa
significa que seu comportamento pode ser melhor simulado e, podem ser previstas
propriedades que podem não ser evidentes para o experimentador. Uma matéria
sempre apresenta a tendência de manter o seu estado, seja de repouso, seja de
movimento, a não ser que uma força externa influencie. A massa é uma grandeza
que indica a medida da inércia ou da resistência de um corpo de ter seu movimento
acelerado. De uma forma geral, podemos associar a massa à quantidade de
partículas existentes em uma matéria.
Isso
requer modelos matemáticos precisos. Devido à complexidade dos sistemas vivos,
a biologia teórica emprega vários campos de domínio de métodos da matemática, e tem contribuído para
o desenvolvimento de novas técnicas. A matemática foi usada na biologia já no
século XIII, quando Leonardo Fibonacci (1170-1250) usou a famosa série de Fibonacci para descrever
uma população crescente de coelhos. No século XVIII, Daniel Bernoulli (1700-1782) aplicou a
matemática para descrever o efeito da varíola na população humana. O ensaio de
Malthus de 1789 sobre o crescimento da população humana foi baseado no conceito
de crescimento exponencial. Há aqui um debate memorável: Pierre François Verhulst (1804-1849) formulou o modelo de
crescimento logístico em 1836. Fritz Müller (1822-1897) descreveu os benefícios
evolucionários do que é chamado mimetismo Müllerian em 1879, em uma conta
notável sendo o primeiro uso de argumento matemático em ecologia evolutiva
para mostrar o quão poderoso o efeito da seleção natural seria, a menos que se
inclui Malthus s` discussão dos efeitos do crescimento populacional que
influenciaram Charles Robert Darwin (1809-1882) e Thomas Malthus (1766-1834) argumentam que tal crescimento seria
exponencial, enquanto os recursos só poderiam crescer aritmeticamente.
O termo biologia teórica foi usado pela primeira vez por Johannes Reinke em 1901. Um texto fundador é On Growth and Form (1917) por D`Arcy Thompson, e outros especialistas incluem Ronald Fisher, Hans Leo Przibram, Nicolas Rashevsky e Vito Volterra. A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos. É por vezes designada como Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de espécies de seres vivos, incluindo os seres humanos, a Terra é o único corpo celeste onde é reconhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície depois de um bilhão de anos. Desde então, a biosfera terrestre alterou de forma significativa a atmosfera e fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, como a formação da camada de ozônio, que em conjunto com seu campo magnético, bloqueia radiação solar prejudicial, permitindo a vida no planeta. A sua superfície exterior é dividida em segmentos rígidos, chamados placas tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de anos. Aproximadamente 71% da superfície é coberta por oceanos de água salgada, com o restante consistindo de continentes e ilhas, contendo lagos e corpos de água que contribuem para a hidrosfera. Os polos geográficos do planeta Terra encontram-se majoritariamente cobertos por mantos de gelo ou por banquisas. O interior abstrato da Terra permanece ativo e relativamente sólido: um núcleo externo líquido que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido, composto, sobretudo por ferro.
A
Terra interage com objetos em movimento no espaço, em particular com o Sol e a
Lua. Orbita o Sol uma vez por cada 366,26 rotações sobre o próprio eixo, o que
equivale a 365,26 dias solares ou representa um (01) ano sideral. O eixo de
rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à perpendicular ao
seu plano orbital, reproduzindo variações sazonais na superfície do planeta,
com período igual a um ano tropical, ou, 365,24 dias solares. Um fato social
é questão sociológica ainda mais necessária porque se utiliza essa qualificação
sem muita precisão. Ela e empregada correntemente para designar socialmente as
relações que se dão no interior de uma sociedade, por menos que apresentem, com
uma certa generalidade, algum interesse social. Todo indivíduo come, bebe,
dorme, raciocina, e a sociedade tem todo o interesse em que essas funções se
exerçam regularmente. O sistema de signos de que me sirvo para exprimir meu
pensamento, o sistema de moedas que emprego para pagar minhas dívidas, os
instrumentos de crédito que utilizo em minhas relações comerciais, as práticas
observadas em minha profissão, etc., funcionam independentemente do uso que
faço deles. Que se tomem um a um todos os membros de que é composta a
sociedade; o que procede poderá ser repetido a propósito de cada um deles, ou
seja, maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam essa notável
propriedade de existirem fora das consciências individuais. Mas não são apenas
exteriores ao indivíduo, como também são dotados de uma “força imperativa” e
coercitiva em virtude da qual se impõe a ele, quer ele queira, quer não. Em se
tratando de máximas puramente morais, a consciência pública reprime todo ato
que as ofenda através da vigilância que exerce sobre a conduta dos cidadãos. A
coerção social, mesmo sendo de forma indireta, continua sendo uma técnica ou estratégia de submissão eficaz.
Trata-se de uma ordem de fatos que
apresentam características muito especiais: consistem em maneiras de agir, de
pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de
coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele. Por conseguinte, eles
não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos, já que consistem em
representações e em ações, nem com os fenômenos psíquicos, os quais só tem
existência na consciência individual e através dela. Estes fatos constituem,
portanto, uma espécie nova, e é a eles que deve ser dada e reservada a
qualificação de sociais. Essa qualificação lhes convém; pois é claro
que, não tendo o indivíduo por substrato, eles não podem ter outro senão a
sociedade, seja a sociedade política em seu conjunto, seja um dos grupos
parciais que ela encerra: confissões religiosas, escolas políticas, literárias,
corporações profissionais, etc. Por outro lado, é a eles só que ela convém;
pois a palavra social só tem sentido definido com a condição de designar
unicamente fenômenos que não se incluem em nenhuma das categorias de fatos já
constituídos e denominados. Eles representam o domínio próprio da sociologia. Mas só há
fato social onde há organização delineada, normalizada e estritamente definida.
O hábito coletivo não existe apenas
em estado de imanência nos atos sucessivos que ele determina, mas se exprime de
uma vez por todas, por um privilégio cujo exemplo não encontramos no reino
biológico, numa fórmula que se repete de boca em boca, que se transmite pela
educação, que se fixa através da escrita. Tais são as origens e a natureza das
regras jurídicas, morais, dos aforismos e dos ditos populares, dos artigos de
fé em que as seitas religiosas ou políticas condensam em crenças, dos códigos
de gosto que as escolas literárias estabelecem, etc. Nenhuma dessas maneiras de
agir ou de pensar se acha por inteiro nas aplicações que os particulares fazem delas,
já que eles podem inclusive existir sem serem atualmente aplicadas. Há
certas correntes de opinião que nos impelem, com desigual intensidade, conforme
os tempos e os lugares, uma ao casamento, por exemplo, outra, ao suicídio, ou a
uma natalidade mais ou menos acentuada. As circunstâncias individuais (o sonho) e coletivas (os mitos, os ritos, os símbolos) que podem
ter alguma participação social na produção do fenômeno, neutralizam-se
mutuamente e não contribuem para em princípio poder determina-lo. O que
esse fato exprime é um certo estado de alma coletiva.
Um fato social se reconhece, segundo
Durkheim (1999), pelo poder de coerção que exerce ou é capaz de exercer
sobre os indivíduos; e a presença desse poder se reconhece, por sua vez, seja
pela resistência que o fato opõe a toda tentativa individual de faze-lhe
violência. De fato, a coerção é fácil de constatar quando se traduz
exteriormente por alguma reação direta da sociedade, como é o caso em relação
ao direito, à moral, às crenças, aos costumes, inclusive às modas. Mas, quando,
é apenas indireta, como a que exerce uma organização econômica, ela nem sempre
se deixa perceber tão bem. A generalidade combinada com a objetividade pode
então, ser mais fáceis de esclarecer. Essa segunda definição não é senão outra
forma da primeira; pois, se uma maneira de se conduzir, que existe
exteriormente às consciências individuais, se generaliza, ela só pode fazê-lo
impondo-se. A sociologia não pode desinteressar-se do que diz respeito ao
substrato da vida social coletiva. Mas o número e a natureza das partes elementares de
que se compõe a sociedade, a maneira como elas estão dispostas, o grau de
coalescência a que chegaram, a distribuição estatística da população pela superfície do
território, o número e a natureza das vias de comunicação, a forma das
habitações, etc. não parecem capazes,
num primeiro exame, de se reduzir sociologicamente aos modos de agir, de sentir ou de pensar. Ipso facto, no plano abstrato da teoria, a sociologia não confunde a prática dos rituais com seu sentido.
Ipso
facto a palavra função é empregada de duas maneiras
bastante diferentes. Ora designa um sistema de movimentos vitais, fazendo-se abstração
das suas consequências, ora exprime a relação de correspondência que
existe entre esses movimentos e algumas necessidades sociais. Perguntar-se qual
é a função da divisão do trabalho é, portanto, a que necessidade ela
corresponde; quando tivermos “resolvido” essa questão, poderemos ver se essa
necessidade é da mesma natureza que aquelas a que correspondem outras regras de
conduta cujo caráter moral não é discutido. De todos os elementos da
civilização, a ciência é o único que, em certas condições, apresenta um
caráter moral. De fato, as sociedades tendem mais a considerar um dever para o
indivíduo desenvolver sua inteligência, assimilando as verdades científicas que
são estabelecidas. Não é impossível entrever de onde vem esse privilégio
especial da ciência. Ela nada mais é do que a consciência, desde Hegel, Marx,
Lukács, elevada a seu mais alto ponto de clareza. Quanto mais obscura uma
consciência, lembrava Durkheim, mais refratária à mudança, porque não vê o que
é necessário mudar, nem em que sentido é preciso mudar. Ao contrário, uma
consciência esclarecida sente, compreende e sabe de antemão a maneira de se
adaptar a essa mudança. Eis por que é necessário que a inteligência guiada pela
ciência, com consciência, adquira importância maior no curso da vida
social e coletiva.
Mas a ciência, do ponto de vista da
divisão do trabalho social, de acordo com
Durkheim (2015), que todo mundo é assim chamado a possuir não merece ser
designada por esse nome. Não é a ciência, é no máximo sua parte comum e mais
geral. Ela se reduz a um pequeno número de conhecimentos indispensáveis, que só
são exigidos de todos, aparentemente por estarem ao alcance de todos. A
ciência propriamente dita supera infinitamente esse nível vulgar. Ela não
compreende apenas o que é vergonhoso ignorar, mas tudo o que é possível saber.
Ela não supõe apenas, nos círculos que a cultivam, essas faculdades médias que quase
todos os homens possuem, mas disposições especiais. Por conseguinte, não sendo
acessível senão a uma elite social, não é obrigatória; é uma coisa útil e bela,
mas não é necessária a ponto de a sociedade reclamá-la imperativamente. É
vantajoso estar munido dela; nada há de imoral em adquiri-la. É um campo de
ação aberto à iniciativa das massas, mas em que ninguém é obrigado a entrar.
Costuma-se qualificar de moral tudo o que tem alguma nobreza e algum preço,
tudo o que é objeto de aspirações um tanto elevadas, e é graças a essa
excessiva abrangência da palavra que se fez a civilização entrar na moralidade.
O domínio do ético está longe de ser tão indeterminado. Ele compreende todas as
regras de ação que se impõem imperativamente à conduta e a que está vinculada
uma sanção, mas não vai além disso em qualquer instância.
Contudo, o conceito de “civilização”
refere-se a uma grande variedade de ocorrência de fatos: ao nível de tecnologia, ao tipo de
maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às ideias
religiosas e aos costumes. Pode se referir ao de tipo de habitações ou à
maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada
pelo sistema judiciário, ou educacional de vigilância e punição, explicado por Michel Foucault, e satisfatoriamente ao modo como
são preparados os diversos tipos de alimentação como compreendemos com Claude Lévi-Strauss. Daí ser sempre difícil
sumariar em algumas palavras tudo o que se pode descrever como civilização. Ela
se resume culturalmente em tudo que a sociedade ocidental dos últimos dois ou
três séculos julga “superior”, para descrever o que lhe constitui o caráter
especial e aquilo que se orgulha: o nível de sua tecnologia, a natureza
de suas maneiras, o desenvolvimento de sua cultura científica ou
cosmovisão. Sociologicamente representa um conjunto ordenado de valores,
crenças, impressões, sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores
à reflexão, a respeito da época ou do mundo em que se vive. Em outros termos, é
a orientação cognitiva fundamental de um indivíduo, de uma coletividade ou de
toda uma sociedade, num dado espaço-tempo e cultura, a respeito de tudo o que
existe: sua gênese, sua natureza, suas propriedades.
Uma
visão de mundo pode incluir a filosofia natural, postulados fundamentais,
existenciais e normativos, ou temas, valores, emoções e ética. A cosmovisão ou
visão do mundo continua a ser um conceito complexo e confuso em qualquer
cultura, sendo usado de forma muito diferente por cientistas sociais. No entanto, as crenças centrais da visão
mundial são muitas vezes profundamente enraizadas e raramente são refletidas
pelos indivíduos e coletividades, e são trazidas à superfície apenas em
momentos e formas de crise de fé, de algum modo ocorrentes. Por exemplo, visão
de mundo da causalidade como unidirecional, cíclica ou espiral gera um quadro abstrato
do mundo que reflete esses sistemas de causalidade. Uma visão unilateral da
causalidade está presente em algumas visões de mundo monoteísticas com um
começo e um fim e uma única grande força com um único fim, no cristianismo e no
islamismo, enquanto que uma visão de mundo cíclica da causalidade está presente
na tradição religiosa que é cíclica e sazonal e na qual os eventos e
experiências repetem-se em padrões sistemáticos: zoroastrismo, mitraísmo e
hinduísmo. Essas visões não apenas subjazem as tradições religiosas, mas outros aspectos do pensamento como a história, teorias políticas e econômicas,
e sistemas como a democracia, autoritarismo, anarquismo, capitalismo,
socialismo e comunismo.
Nada há na civilização que apresente
esse critério de moralidade, ela é moralmente indiferente. Se a divisão
do trabalho não tivesse outro papel além de tornar a civilização possível, ela
participaria da mesma neutralidade moral. Foi por não se ter geralmente
atribuído à divisão do trabalho outra função, segundo Émile Durkheim, que as teorias
propostas são a tal ponto inconsistentes. Isto é, supondo-se que exista uma
“zona neutra” na moral, é impossível que a divisão social do trabalho dela faça
parte. Se ela não é boa, é ruim; se não é moral, é uma decadência moral. Se ela
não serve para outra coisa, cai-se em insolúveis antinomias, porque as
vantagens econômicas que ela apresenta são compensadas por inconvenientes
morais, e como é impossível subtrair uma dentre duas quantidades heterogêneas e
incomparáveis, não se poderia dizer qual das duas leva a melhor sobre a outra,
nem, por conseguinte, tomar partido. Invocar-se-á o primado da moral para
condenar radicalmente a divisão do trabalho. Mas não apenas essa última
ratio é sempre um “golpe de Estado científico”, como a evidente necessidade
de especialização torna tal posição impossível de ser sustentada. Se a divisão
do trabalho não cumpre outro papel, ela não só não tem caráter moral, como não
se percebe que razão possa ter.
A
civilização não tem valor intrínseco e absoluto; o que lhe dá seu preço é o fato
de corresponder a certas formas de divisão do trabalho. Ipso facto, o mais relevante, do ponto de
vista sociológico, é o fato de que a experimentação tecnológica normalmente
anda lado a lado, desde muito cedo, com experiências relacionadas à organização
social. O mais notável efeito da divisão do trabalho não é aumentar o
rendimento das funções divididas, como insistem os “burocratas da cultura” a
que se referia José Arthur Giannotti, em seus aparelhos de Estado, mas
torna-las solidárias. Seu papel social, em todos esses casos, não é
simplesmente embelezar ou melhorar sociedades existentes, mas tonar possíveis
sociedades que, sem elas, não existiriam. Façam a divisão do trabalho sexual
regredir além de certo ponto, socialmente e a questão conjugal desaparece,
deixando subsistir relações sexuais eminentemente efêmeras; mesmo se os
sexos não fossem separados, toda uma forma da vida social sequer teria
nascido.
É
possível que a utilidade de uso econômica da divisão do trabalho tenha
algo a ver com esse resultado, mas, em todo caso, ele supera infinitamente a
esfera dos interesses puramente econômicos, pois consiste no estabelecimento de
uma ordem social e moral sui generis. Se, com frequência, fez-se as
relações sociais a que dá nascimento a divisão do trabalho consistirem apenas
na troca, foi por se ter desconhecido o que a troca implica e o que dela
resulta. Ela supõe que dois seres dependem mutuamente um do outro, por serem
ambos incompletos, e apenas traduz exteriormente essa dependência mútua. Nada
mais é que a expressão superficial de um estado interno e mais profundo.
Precisamente por ser constante, esse estado suscita todo um mecanismo comunicativo
de imagens que funciona como uma continuidade que a troca não possui. É por
isso que apreciamos a companhia daquele que ela representa, porque a presença
do objeto que ela exprime, fazendo-a passar ao estado de percepção atual, lhe
dá maior relevo. Ao contrário, sofremos com todas as circunstâncias que, como a
distância ou a morte, podem ter por efeito impedir seu retorno ou diminuir sua
vivacidade. Por mais curta que seja a análise, basta para demonstrar que
esse mecanismo não é idêntico comparativamente ao que serve dos
sentimentos de simpatia, cuja fonte é a semelhança.
Sem dúvida, sópode haver solidariedade entre outrem e nós se a imagem desse outrem se une à nossa. Mas quando a união resulta da semelhança das duas imagens, ela consiste numa aglutinação. As duas representações tornam-se solidárias porque, sendo indistintas, no todo ou em parte, se confundem e se tornam uma só coisa, e só são solidárias na medida em que se confundem. Ao contrário, no caso da divisão do trabalho, estão fora uma da outra e só são ligadas por serem distintas. Portanto, os sentimentos não poderiam ser os mesmos nos dois casos, nem as relações sociais que deles derivam. Não temos apenas que procurar se, nessas espécies de sociedades, existe uma solidariedade social proveniente da divisão do trabalho. É uma verdade evidente, pois a divisão do trabalho é muito desenvolvida nelas e produz a solidariedade. Mas é preciso determinar, sobretudo, em que medida a solidariedade que ela produz contribui para a integração geral da sociedade, pois somente então saberemos até que ponto essa solidariedade é necessária, se é um fator essencial da coesão social, ou então, ao contrário, se nada é mais é do que uma condição acessória e secundária. Para responder a essa questão é preciso comparar esse vínculo social aos outros, seja com o grupo tomado coletivamente, a fim de medir a parte que lhe cabe no efeito total, sendo para isso indispensável começar por classificar as diferentes espécies de solidariedade social.
Salaam Aleikum do árabe ٱلسَّلَامُ عَلَيْكُمْ - “Que a paz esteja sobre vós” é uma expressão de cumprimento utilizada por muçulmanos, ou os chamados “povos árabes”. As palavras ou discursos dos outros têm uma estreita conexão com certas ideias existentes em suas mentes; e essas ideias também têm uma conexão com os fatos ou objetos que representam. Esta última conexão é em geral muito superestimada, e induz nosso assentimento além do que seria justificável pela experiência e ipso facto, só pode proceder da semelhança entre as ideias e os fatos. Outros efeitos indicam suas causas apenas de maneira oblíqua; mas o testemunho humano o faz diretamente, devendo ser considerado não só um efeito, as igualmente uma imagem. Não é de admirar, pois, que nos precipitemos tanto fazendo inferências com base em tal testemunho, e que, em nossos juízos a seu respeito, deixemo-nos guiar pela experiência em menor medida que nos juízos acerca de qualquer outro assunto. A semelhança, quando conjugada com a causalidade, fortalece nossos raciocínios, assim também a ausência de semelhança, em um grau muito elevado, é capaz de os destruir quase inteiramente. Um exemplo notável disso é o descuido e a apatia universal dos homens diante de uma existência póstuma, quando se mostram tão obstinadamente incrédulos como se mostram cegamente crédulos noutras ocasiões, ou para o pesar dos “crentes piedosos” em que a observação da negligência da grande maioria dos homens quanto à sua suposta condição vindoura.
O processo de aprendizagem dos
sociólogos exige que criemos metodologias conceituais para compreender um
processo de aprendizagem de longa duração. Como a crença, metodologicamente, é
um ato da mente decorrente do costume, não é de se estranhar, de acordo
com David Hume, que “a falta de semelhança destrua aquilo que o costume
estabeleceu, diminuindo a força da ideia tanto quanto este último princípio
aumenta”. Uma vida póstuma é algo tão afastado de nossa compreensão, e é tão
obscura nossa ideia do modo como existiremos após a dissolução do corpo, que
todas as razões que podemos inventar, laboriosamente como nas religiões, por
mais fortes que sejam em si mesmas, e por mais reforçadas pela educação, jamais
são capazes de superar a dificuldade encontrada por nossas imaginações morosas,
conferindo uma autoridade e força suficientes à ideia. Tal incredulidade
deve-se à fraqueza da ideia que formamos sobre nossa condição futura, o que
atribuímos antes à falta de semelhança desta com a vida presente do que à sua grande
distância de nós. Todos os homens se preocupam com o que pode acontecer após
sua morte, contanto que isso diga respeito a este mundo; são poucos os que, em
qualquer período de sua vida, são indiferentes a seu nome, sua família, seus
amigos sua nação ou país. Isso ocorre de modo evidente sempre que os homens têm
a oportunidade de comparar os prazeres e as dores, as recompensas e as punições
desta vida com os de uma vida futura – mesmo que a questão não diga respeito a
eles, e nenhuma paixão violenta esteja perturbando seu entendimento de julgamento.
Em questões de religião, os homens
têm prazer em sentir medo, e os pregadores mais populares são os que
despertam as paixões mais lúgubres e sombrias. Nos afazeres cotidianos, quanto
estamos mergulhados na materialidade sensível dos assuntos tratados, nada pode
ser mais desagradável que a relação de medo ou de terror. Somente nos espetáculos
dramáticos e nos sermões religiosos estes podem nos dar prazer. Aqui, a
imaginação repousa indolentemente sobre a ideia; e a paixão, suavizada pela
falta de crença no tema, tem apenas o agradável efeito de dar ânimo à mente e
prender sua atenção. Para compreender isso, devemos considerar, que o costume,
a que Hume atribui toda crença e raciocínio, possui duas maneiras diferentes de
atuar sobre a mente e revigorar uma ideia. Supondo-se que durante toda a
experiência passada tenhamos visto que dois objetos estiveram sempre em
conjunção, é evidente que, quando do aparecimento de um desses objetos em uma
impressão, devemos, por costume, fazer uma transição fácil para a ideia daquele
objeto que comumente acompanha. E, por meio da impressão presente e da
impressão fácil, devemos conceber essa ideia de uma maneira mais forte e vívida
que a maneira como concebemos qualquer das imagens vagas e oscilantes da
fantasia. Essa ideia deve gradualmente adquirir força e facilidade; e, por sua
influência, como também pela facilidade com que é introduzida, distingue-se de
toda ideia nova e inusitada.
Tão profundas são as raízes criadas por todas essas opiniões e noções das coisas a que nos acostumamos desde a infância, que nos é quase impossível erradica-las, mesmo com todos os poderes da razão e da experiência. E a influência desse hábito não apenas se aproxima daquela oriunda da união constante e inseparável de causas e efeitos, mas também, em muitas ocasiões, prevalece sobre ela. Em todo caso, não devemos nos contentar em dizer que a vividez da ideia produz a crença: devemos sustentar que elas são numericamente idênticas. A repetição frequente de uma ideia fixa-a na imaginação; mas nunca poderia por si só produzir uma crença se, pela constituição original de nossa natureza, este ato da mente estivesse vinculado somente a um raciocínio e a uma comparação de ideias. O costume pode nos levar a uma falsa comparação de ideias – esse é o maior efeito social que se lhe pode conceber. Mas nunca poderia ocupar o lugar dessa comparação, nem produzir um ato da mente que coubesse naturalmente tal princípio. Se examinarmos as opiniões que predominam entre os homens, veremos que mais da metade delas se deve à experiência na educação, e que os princípios abraçados desse modo superam os resultantes do raciocínio abstrato (mental) ou da experiência. Assim como os mentirosos, de tanto repetirem suas mentiras, acabam se lembrando delas como fatos, também o juízo, ou antes a imaginação, por meios semelhantes, pode ter ideias impressas em si, e concebê-las com tal clareza, que possam operar sobre a mente da mesma maneira que aquelas que apresentam pelos sentidos, memória ou razão.
Queremos dizer com isso que a
natureza escolheu um meio-termo: não conferiu a toda ideia de bem ou de mal o
poder de ativar à vontade, mas tampouco retirou-lhes por completo essa
influência. Embora ficções vãs não tenham quase nenhuma eficácia como símbolo,
a experiência nos mostra que as ideias dos objetos cuja existência presente ou
futura acreditamos produzem, em menor grau, o mesmo efeito que as impressões imediatamente
presentes aos sentidos e à percepção. O efeito da crença, portanto, é alçar uma
simples ideia a um nível de igualdade com nossas impressões, conferindo-lhe uma
influência semelhante sobre as paixões. E
ela só pode ter tal efeito fazendo a ideia se aproximar de uma impressão em sua
força e vividez. Pois, como a diferença nos graus de força constitui toda a
diferença original entre uma impressão e uma ideia, ela deve também,
consequentemente, ser a fonte de todas as diferenças entre os efeitos dessas
percepções; e sua eliminação total ou parcial deve ser a causa de qualquer
semelhança que venham a adquirir. Como a
crença faz com que uma ideia imite os efeitos das impressões, ela deve fazer
que se assemelhe a elas nessas qualidades, não sendo senão “uma concepção mais
vívida e intensa de uma ideia”. Isso pode servir tanto como um argumento adicional
a favor do sistema quanto nos dar uma noção da maneira pela qual nossos
raciocínios causais são capazes de agir sobre a vontade e as paixões. Inversamente,
assim como a crença é um requisito quase indispensável para despertar nossas
paixões, também as paixões, são, por sua vez, muito favoráveis à crença. Por esse motivo, não apenas os fatos que
proporcionam emoções agradáveis, mas com frequência também os que em
oposição provocam dor, tornam-se mais facilmente objetos de fé e
convicção.
Um covarde, que se amedronta
facilmente, acredita sem pestanejar em qualquer um que lhe fale de um perigo.
Uma pessoa de disposição triste e melancólica é bastante crédula em relação a
tudo que alimente sua paixão dominante. Quando aparece um objeto capaz de
afetá-la, ele dá o alarme, e imediatamente desperta um certo grau de sua
paixão correspondente – sobretudo no caso das pessoas naturalmente inclinadas a
essa paixão. Tal emoção passa para a imaginação por uma transição fácil; e, ao
se difundir por nossa ideia do objeto que causa o afeto, leva-nos a formar essa
ideia com uma força e vividez maiores, e, consequentemente, a assentir a ela,
de acordo com o sistema precedente. A admiração e a surpresa têm o mesmo efeito
que as outras paixões; assim, Hume observa que charlatães e aventureiros,
graças às suas pretensões grandiosas, ganham a fé das pessoas comuns com mais
facilidade do que se mantivessem dentro dos limites da moderação. O espanto
inicial que naturalmente acompanha relatos fantásticos se espalha por
toda a alma, e vivifica e anima a ideia a tal ponto que acaba por torna-la
semelhante às inferências que extraímos da experiência. Esse é um mistério
com que devemos estar um pouco familiarizados, e que poderemos vis-à-vis
poder examinar.
Mediante a análise comparada da
forma que influencia a crença sobre as paixões, encontraremos menos dificuldade
em explicar seus efeitos sobre a imaginação, por extraordinários que possam
parecer. A conversa com pessoas que historicamente adquiriram o “hábito de
mentir”, mesmo em questões de pouca monta, jamais se esgota ou dá satisfação
porque as ideias que se nos apresentam, não sendo acompanhadas de crença,
tampouco produzem qualquer impressão sobre nossa mente. Até os poetas, embora “mentirosos
por profissão”, buscam sempre dar um ar de verdade a suas ficções; e quando
descuidam inteiramente disso, suas obras, por mais engenhosas, não são capazes
de proporcionar muito prazer. Em suma, podemos observar que, mesmo quando as
ideias não têm nenhuma influência sobre a vontade e as paixões, ainda se requer
a verdade e a realidade para torna-las agradáveis à imaginação. Isto posto, se
compararmos ainda, todos os fenômenos que ocorrem nesse domínio, descobriremos
que a verdade, por mais necessária que se possa parecer a toda a obra de gênio,
não têm outro efeito senão proporcionar uma fácil recepção sobre as ideias,
fazendo que a mente aquiesça a elas com satisfação, ou ao menos sem relutância.
Podemos admitir sem temor a erro que esse efeito é resultante daquela solidez e
força, como reiteramos, e que acompanham todas as ideias estabelecidas mediante
raciocínios causais; segue-se, portanto, que toda influência da crença sobre a
fantasia pode ser explicada por meio desse sistema de conhecimento.
Na Roma antiga, o gênio representava o
espírito ou guia de uma pessoa, ou mesmo de uma gens inteira. Um termo
relacionado é genius loci, o espírito de um local específico. Por
contraste a força interior que move todas as criaturas viventes é o animus.
Um espírito específico ou daimon pode habitar uma imagem ou ícone,
dando-lhe poderes sobrenaturais. Gênios são dotados de excepcional
brilhantismo, mas frequentemente também são insensíveis às limitações da
mediocridade bem como são emocionalmente muito sensíveis, algumas vezes ambas
as coisas. O termo prodígio indica simplesmente a presença de talento ou gênio
excepcional na primeira infância. Os termos prodígio e criança prodígio são
sinônimos, sendo o último um pleonasmo. Deve-se ter em consideração que é
perigoso tomar como referência as pontuações em testes de QI, típico da
modernidade, quando se deseja fazer um diagnóstico razoavelmente correto de
genialidade. Há que se levar em consideração que em todos as pontuações, e em
todas as medidas, existe uma incerteza inerente, bem como os resultados obtidos
nos testes representam a performance alcançada por uma pessoa em determinadas
condições, não refletindo necessariamente toda a capacidade da pessoa em
condições ideais.
É de crer que, para que o gênio se manifeste num indivíduo, este indivíduo deve ter recebido como herança a soma de poder cognitivo que excede em muito o que é necessário para o serviço de uma vontade individual, segundo Schopenhauer (2005), é este excedente que, tornado livre, serve para constituir um objeto liberto de vontade, um claro espelho do ser do mundo. A través disto se explica a vivacidade que os homens de gênio desenvolvem por vezes até a turbulência: o presente raramente lhes chega, visto que ele não enche, de modo nenhum, a sua consciência; daí a sua inquietude sem tréguas; daí a sua tendência para perseguir sem cessar objetos novos e dignos de estudo, para desejar enfim, quase sempre sem sucesso, seres que se lhes assemelham, que estejam à sua medida e que os possam compreender. O homem comum, plenamente farto e satisfeito com a rotina atual, aí se absorve; em todo lado encontra seus companheiros iguais; daí essa satisfação particular que experimenta no curso da vida e que o gênio não conhece. - Quis-se ver na imaginação um elemento essencial do gênio, o que é bastante legítimo; quis-se mesmo identificar os dois, mas isso é um erro. O fato é que, seja em que medida for, não estamos longe do certo que é o incerto e o incerto que é uma estrada reta.
Onde
reina só a imaginação, ela empenha-se em construir “castelos no ar” a lisonjear
o egoísmo e o capricho pessoal, a enganá-los momentaneamente e a diverti-los;
mas neste caso, conhecemos sempre, para falar com propriedade, apenas as
relações das quimeras assim combinadas. Talvez ponha por escrito os sonhos da
sua imaginação: é daí que nos vêm esses romances ordinários, de todos os
gêneros, que fazem a alegria do grande público e das pessoas semelhantes aos
seus atores, visto que o leitor sonha que está no lugar do herói, e acha tal
representação bastante agradável. A história da matemática, mutatis mutandis,
é uma área de estudo dedicada à investigação sobre a origem das descobertas da
matemática e, em uma menor extensão, à investigação dos métodos matemáticos e
aos registros etnográficos ou notações matemáticas do passado. A matemática
islâmica, por sua vez, desenvolveu e expandiu a matemática conhecida destas
civilizações. Textos gregos e árabes sobre o desenvolvimento da matemática
foram então traduzidos ao Latim, o que contribuiu com o desenvolvimento da
matemática na Europa no período medieval. Mas dos tempos antigos à Idade Média,
a eclosão da criatividade matemática foi seguida por séculos de
estagnação. Começando no Renascimento, novos progressos técnicos, interagindo
com as descobertas científicas, foram realizados de forma crescente, continuando
assim decerto sem paixão.
Leonardo Fibonacci (1170-1250). |
O principal matemático da
Antiguidade uniu o mundo abstrato dos números com o mundo real. Isaac Newton
(1642-1727) também era um matemático notável. Propôs medir o volume de objetos
curvos ou calcular a velocidade de objetos em aceleração. Leibniz não era
popular como Newton, mas aprofundou o conceito de “grandezas infinitesimais”,
muito relevantes do ponto de vista teórico na matemática. Évariste Galois (1811-1832)
criou as “estruturas algébricas” e Henri Poincaré inventou sua topologia
ambos no século XIX. Aquele rebelde é o único matemático cuja obra não tem
erros. Seu principal trabalho levou-o a solucionar problemas abertos desde a
Antiguidade. Com a topologia algébrica, é possível demonstrar como uma caneca
representa a “deformação da metade do aro”. A conjectura que ele propôs em 1904
só foi resolvida em 2006. Al-Khwarizmi, considerado
o Pai da Álgebra, foi um matemático e astrônomo que viveu no século IX. Mohamed
ibn Musa al-Khwarizmi nasceu por volta do ano 780, criou as bases teóricas para
a álgebra moderna no distante século VIII. Ele fundamentou a matemática
descrevendo métodos de pesquisa para resolver equações lineares e
quadráticas.
O
italiano Leonardo Fibonacci difundiu seus ensinamentos com o uso
de numerais arábicos e dos algarismos de 0 a 9, para representá-los em
procedimentos matemáticos. Newton
construiu o primeiro telescópio refletor prático e desenvolveu uma teoria
sofisticada da cor com base na observação de que um prisma separa a luz branca
nas cores do espectro visível. Seu trabalho sobre a luz foi coletado em seu
livro altamente influente Ótica, publicado em 1704. Também formulou uma lei
empírica do resfriamento, fez o primeiro cálculo teórico da velocidade do som e
introduziu a noção de um fluido newtoniano. Além de seu trabalho sobre cálculo,
como matemático Newton contribuiu para o estudo de séries de potências,
generalizou o teorema binomial a expoentes não inteiros, desenvolveu um método
para aproximar as raízes de uma função e classificou a maioria das curvas do
plano cúbico. Newton era membro do Trinity College e o segundo professor de
matemática lucasiano na Universidade de Cambridge.
Foi
um cristão devoto, mas pouco ortodoxo, que rejeitava, em particular, a doutrina
da Trindade. Também se recusava a receber ordens sagradas na Igreja da
Inglaterra, o que era incomum para um membro da faculdade de Cambridge da
época. Além de seu trabalho nas ciências matemáticas, Newton dedicou grande
parte de seu tempo ao estudo da alquimia e da cronologia bíblica, mas a maior
parte de seu trabalho nessas áreas permaneceu inédita até muito tempo após sua
morte. Politicamente e pessoalmente vinculado à questão da representação do
partido Whig, Newton serviu dois breves mandatos como membro do Parlamento da
Universidade de Cambridge, em 1689-1690 e 1701-02. Foi cavaleiro da rainha Ana
em 1705 e passou três décadas da vida em Londres, trabalhando
como diretor (1696-1700) e mestre (1700-1727) da Casa da Moeda Real, bem como
presidente da Royal Society (1703-1727).
O cotidiano
gira em torno de números, medidas, figuras geométricas e outros conceitos
inerentes a essa disciplina. Antes mesmo de iniciar o período escolar, as
crianças já têm contato no processo de formação com noções matemáticas no seu
dia a dia, aprendendo “sem sequer perceber”. No processo de socialização
escolar, se já não é um truísmo, a Matemática aparece com a divisão técnica e
social do trabalho educativo e disciplinar, embora muitos alunos já
alfabetizados não possuírem necessariamente habilidades fundamentais na
Matemática. Quando isso ocorre e a criança não consegue atribuir um sentido
prático aos conceitos matemáticos, surge a contradição sociológica de aversão à
Matemática para a refutá-la. Friedrich Gauss foi perseguido pelo governo de seu
tempo e foi salvo pela proteção de um seguidor de seus conhecimentos, o qual
mais tarde veio descobrir que se tratava de uma mulher. Aos 10 anos, Gauss
respondeu rapidamente qual era a soma dos algarismos de 1 a 100 em poucos
minutos, 5.050 disse ele ao seu professor cálculo esse que demonstra a fórmula
da soma de uma progressão geométrica. Gauss desenvolveu uma concepção
sobre as teorias das congruências, um método de interpretação
para determinar datas do calendário, e determinar quando “iria cair a
Pascoa”, vez que esta deveria coincidir no dia de domingo após a primeira Lua
cheia da Primavera na Europa.
Desnecessário dizer que, para sermos breves, sempre que tal influência
surge dos outros princípios que não a verdade ou realidade, esses outros
princípios desempenham o mesmo papel que esta, e satisfazem igualmente a
imaginação. Os poetas criaram o que chamamos de “sistema poéticos das coisas”;
e, embora nem eles mesmos nem seus leitores creiam nesse sistema, ele costuma
ser considerado um fundamento suficiente para qualquer ficção. Habituamo-nos
tanto aos nomes Marte, Júpiter e Vênus que, assim como a
educação fixa uma opinião, a constante repetição dessas ideias faz com que elas
penetrem na mente com facilidade, impondo-nos à fantasia, sem influenciar o
juízo. De maneira semelhante, os autores trágicos sempre tomam sua fábula, ou ao
menos o nome dos protagonistas, de alguma passagem famosa da história. E
fazem-no, não para enganar os espectadores, pois confessam francamente que não
se atêm a verdade de forma inviolável, mas sim para proporcionar-lhes, os
acontecimentos extraordinários que representam, uma recepção mais fácil da
imaginação. Essa precaução não é necessária nos poetas cômicos, cujos
personagens e incidentes, por serem familiares, dispensam tais cerimônias e são
concebidas com mais facilidade, mesmo sendo à simples vista reconhecidos como
fictícios e puros produtos da fantasia. Para confirmar isso, podemos observar
que é mútua a colaboração entre juízo e fantasia, bem como entre juízo e
paixão; e não somente a crença dá vigor à imaginação, mas “uma imaginação
vigorosa e forte é, dentre todos os dons, o mais propenso e apropriado para
produzir crença e autoridade”.
A melhor razão que um camponês é
capaz de dar para um relógio que parou de andar é dizer que às vezes, ele não
funciona direito. Um relojoeiro, ao contrário, percebe facilmente que a mesma
força na mola ou no pêndulo exerce sempre a mesma influência sobre as
engrenagens; se seu efeito habitual falha, isso se deve a um grão de poeira,
que interrompe todo o movimento. Pela observação de vários casos análogos, os filósofos
formam a máxima de que a conexão de sentido entre todas as causas e efeitos é
igualmente necessária, e que sua aparente incerteza em alguns casos procede da
oposição secreta de causas contrárias. Uma contrariedade de acontecimentos no
passado pode nos dar uma espécie de crença hesitante quanto à possibilidade de
futuro, e isso de dois modos distintos. Primeiramente, produzindo um hábito
e uma transição imperfeitos da impressão presente à ideia relacionada. Quando a
conjunção de dois objetos é frequente, mas não inteiramente constante, a mente
se vê determinada a passar de um objeto ao outro, mas não como um hábito tão
completo como quando a união é ininterrupta e todos os exemplos que já
encontramos são uniformes e da mesma espécie. Descobrimos pela experiência
comum, em nossas ações como em nossos raciocínios, que a perseverança constante
em um certo curso de vida produz uma forte inclinação e tendência a continuar no futuro; embora haja hábitos dotados de graus inferiores de força, proporcionais
aos graus inferiores de estabilidade e uniformidade em nossa conduta real.
Na
primeira espécie de raciocínio, costumamos levar em consideração a
contrariedade dos acontecimentos passados; comparamos os diferentes lados da
contrariedade, e pesamos com cuidado as experiências que temos de cada lado que
se faz acompanhar de efeitos contrários.
Quando seguimos apenas a determinação habitual da mente, fazemos a
transição sem refletir e sem deixar passar um só momento entre a visão do
objeto e a crença naquele que sempre vimos acompanha-lo. Como o costume não
depende de uma deliberação, ele opera imediatamente, sem dar tempo à reflexão.
Na primeira espécie de raciocínio, costumamos levar conscientemente em
consideração a contrariedade dos acontecimentos passados; comparamos os
diferentes lados da contrariedade, e pesamos com cuidado as experiências que
temos de cada lado. Podemos concluir daí que essa espécie de raciocínio não
surge diretamente do hábito, mas apenas da maneira oblíqua. É isso que devemos en passant, tentar brevemente
discorrer e explicar agora. É evidente que, quando um objeto abstrato se faz
acompanhar de efeitos contrários, nosso juízo se baseia apenas em nossa
experiência passada, e sempre consideramos possíveis os efeitos que observamos
terem se seguido desse objeto.
E
assim como a experiência passada regula nosso juízo sobre a possibilidade
desses efeitos, regula igualmente o juízo sobre sua probabilidade. É sempre o
efeito mais comum que consideramos o mais provável. Há, aqui, portanto, duas coisas a examinar: as
redes que nos determinam a fazer do passado um padrão para o futuro, e a
maneira como extraímos um juízo único de uma contrariedade de acontecimentos
passados. Enfim, podemos observar, em primeiro lugar, que a suposição de que o
futuro se assemelha ao passado não está fundada em nenhum tipo de argumento,
sendo antes derivada inteiramente do hábito, que nos determina esperar, para o
futuro, a mesma sequência de objetos a que nos acostumamos. Esse hábito ou
determinação de transferir o passado para o futuro, é completo e perfeito;
consequentemente, o primeiro impulso da imaginação nessa espécie de raciocínio
é dotado das mesmas qualidades. Em segundo lugar, ao examinarmos experiências
passadas, vemos que são de natureza contrária, essa determinação, embora
completa e perfeita nela mesma, não nos apresenta um objeto fixo,
oferecendo-nos um número de imagens discordantes em uma certa ordem e
proporção. O primeiro impulso, portanto, fragmenta-se e se difunde por todas
essas imagens, cada uma das quais recebe uma parcela igual daquela força e
vividez derivada do impulso. Qualquer um desses acontecimentos pode
acontecer novamente; e julgamos quando acontecerem, estarão
misturados na mesma proporção que ocorre no passado.
Não
é apenas pelo senso comum que associamos meio de trabalho a meios de
comunicação. A ideia de tecnologia nos parece pertinente, segundo Lopes (1991),
para associar meios/técnicas de trabalho e meios/tecnologias de comunicação,
mas não se uma depuração teórica de seu significado geral de “estar controlado”
(cada fluxo, pelos meios; o conjunto de fluxos, pela sociedade) numa certa
imagem de organização enquanto ajustamento, derivada da análise comparativa de
ferramenta, e máquina. A tecnologia, mais propriamente do que a técnica e tal
como a transitalidade, aparecer-nos-á como uma forma de ajustamento. Ipso
facto, a ação de transportar controladamente o trabalho via meio de
trabalho, que chamamos de técnica, dever ser entendida de forma diversa segundo
as diversas características dos meios de trabalho. Distribuindo essas
características por dois grupos, dir-se-ia que a energia potencial se preserva
e se manifesta desigualmente num meio de trabalho, quer esse meio seja uma
ferramenta ou máquina. O que chamamos
comumente de ferramenta é um instrumento simples, que se move pela força do
homem e age sob seu controle, como chaves de fenda, martelos, agulhas. A maioria das ferramentas imita de perto os membros
humanos e funciona de modo análogo aos sistemas ósseo e muscular humanos. Essa
analogia com o corpo humano, via imitação do trabalho efetuado por seus órgãos,
não é casual, mas denota o aspecto talvez principal da noção de ferramenta e per
se a relação histórica da condição humana.
O corpo humano, considerado no
todo ou em cada um dos seus órgãos, é ele mesmo protótipo de uma ferramenta à
qual se acrescentam as outras como seu prolongamento mimético e dependente, a
fim de se lhe ampliar o poder. A ferramenta mantém-se duplamente no âmbito do
corpo humano: quanto ao modo (orgânico) de operar, de interagir com ele; quanto
à capacidade e potência, respectivamente, do sistema de transmissão e da força
motriz. Na medida da intimidade mimético-dependente entre ferramenta e corpo
pode-se saber o quê fazem as ferramentas, mas não necessariamente como
elas o fazem. A insuficiência dos conhecimentos a respeito, aliás, com os
atuais esforços na área cibernética, parece ainda maior dada a dificuldade de
se reproduzir em máquinas a complexidade do comportamento humano. Usado com
perícia, o meio de trabalho ferramenta nos aparece como se movido por si
próprio; como se no meio de trabalho ferramenta a energia potencial se
preservasse e se manifestasse como força desconhecida, ou pouco clara, mesmo à
razão do perito que o manipula e controla. Trata-se de força individual, embora
em circuito aberto, integrado e integrável relativamente à sociedade e à
natureza. Força não transferível, via conhecimento/ciência, de um trabalhador
para outro, embora reprodutível via imitação e repetição, mas não do meio
trabalho máquina.
A
experiência de consagração do Haram, pode ser vista e compreendida no tempo e
espaço, através das imagens contidas no One Day in The Haram (2021),
escrito e dirigido por Abrar Hussain, mas que apresentaremos aspectos gerais
suscitados pelo Departamento de Limpeza do evento. Vale lembrar, que no Haram
há mais de dois anos, esta é a primeira vez que ele testemunha a limpeza do
Mataaf, de perto, sobre as funções que desempenham. Ocorre a lavagem e há
equipamento para secagem e depois tudo volta a sua localização. Do ponto de
vista tecnológico, há utilização da água e desinfetante nas máquinas de
funcionamento elétrico para a limpeza. – Quanto tempo leva para completar a
lavagem? – O tempo de lavagem varia de 20-25 minutos e em época de “muita
gente” de 30 a 35 minutos. O Departamento de Limpeza é um dos maiores setores
do Haram em termos de utilização de mão-de-obra. É organizado através do
recrutamento de 200 funcionários oficiais e sazonais. Além destes,
semiespecializados, há 2 700 trabalhadores, 260 controladores e mais de 100
supervisores. Estes funcionários estão organizados em quatro turnos rotativos
de trabalho social permitindo uma cobertura de 24 horas.
E
como toda pessoa em Meca quer para maximizar o “valor de sua adoração”.
Um dos fatos mais espantosos sobre Meca é que cada oração neste lugar sagrado,
é equiparado ao valor de consumo de 100 mil orações em outros lugares. Este é o
nível a que o Haram é elevado aos olhos do Islã. Historicamente o Haram foi
ampliado várias vezes “para facilitar o número sempre crescente de peregrinos”.
A expansão atual, é a única e com o maior projeto de expansão da história. Em
tese completará (ou) sua primeira fase ocorrida em 2020 e os trabalhos de
construção do Haram é full time 24 horas por dia. O falecido rei
Abdullah (1924-2015) havia lançado as bases da pedra fundamental para a
expansão da grande mesquita em uma cerimônia realizada na Meca em 19 de agosto
de 2011. A expansão das mesquitas sagradas incluía a expansão do Massa, que já
foi aberta, e a expansão do Mataaf. A ela são acrescentados parques externos,
viadutos, um novo complexo de edifícios de serviços centrais, túneis de
serviço, edifícios de segurança, um hospital, túneis utilizados por pedestres,
estações de transporte, pontes que levam à mesquita e a primeira estrada
circular que irá cercar totalmente a área do Haram.
Uma
infraestrutura completa, que inclui centrais elétricas, reservatórios de água e
sistemas de drenagem de enchentes, será construído para apoiar e manter e alimentar
a sua expansão. Do ponto de vista tecnológico o Haram tem uma equipe de
especialistas internacionais cuidando de todos os aspectos da expansão. Eles
trabalham de dia e de noite e gerenciam a infinidade de projetos de construção
civil menores com base nos projetos que mudam a “paisagem”, na falta de melhor
expressão. Entre a construção, grande consideração tem sido dada para o
conforto da categoria social dos “adoradores”. Foram construídas novas salas de
oração gigantes. A elegância do design é consistente com o restante da
arquitetura interna do Haram e é de aparência e toque genuinamente árabe.
Lustres de aparência impressionante enfeitam a área e enormes cúpulas acabarão
por dar os retoques finais. O Mataaf antes da expansão recebeu cerca de 50 mil
por hora e 188 mil adoradores. Após a expansão o Mataaf poderá receber 107 mil
pessoas por hora e 278 mil adoradores. Representa um aumento de mais de 50%. A
expansão é um projeto imenso, uma grande visão que está lentamente se tornando
uma realidade. Trata-se de um esforço internacional maciço e complexo, mas
demonstra as medidas que estão correndo dentro do Haram “para aumentar a
segurança e conforto dos milhões de peregrinos”.
Neste
aspecto sociológico, lembrava Durkheim (2015), se nem toda organização
corporativa é necessariamente um anacronismo histórico, teremos base para crer
que ela seria chamada a desempenhar, em nossas sociedades contemporâneas, o
papel considerável que lhes atribuímos? Porque, se a julgamos indispensável, é
por causa não dos serviços econômicos que ela poderia prestar, mas pela
influência moral que poderia ter. O que vemos antes de mais nada no
grupo profissional é um poder moral capaz de conter os egoísmos
individuais, de manter no coração dos trabalhadores um sentimento mais vivo de
sua solidariedade comum, de impedir que a ei do mais forte se aplique de
maneira tão brutal nas relações industriais e comerciais. Ora, ele é tido como
inadequado a esse papel. Por ter nascido em consequência de interesses
temporais, parece que só pode servir a finalidades utilitárias, e as
lembranças deixadas pelas corporações do antigo regime apenas confirmam essa
impressão. Costuma-se representa-las no futuro tal como eram nos últimos tempos
da sua existência, ocupadas antes de mais nada em manter ou aumentar seus
privilégios e seus monopólios, e não se vê de que modo preocupações tão
estritamente profissionais poderiam exercer uma ação favorável sobre a
moralidade do corpo ou de seus membros. Mas é preciso estender a todo o regime
corporativo o que pode ter sido válido para certas corporações e durante um
curto lapso de tempo de seu desenvolvimento. Isso é particularmente evidente no
caso das corporações romanas.
Antes
de mais nada, a corporação era um colégio religioso. Cada uma tinha seu deus
particular, cujo culto, quando ela tinha meios, era celebrado num templo
especial. Do mesmo modo que cada família tinha seu Lar familiaris, cada
cidade seu Genius publicus, cada colégio tinha seu deus tutelar, Genius
collegi. Naturalmente, o culto profissional não se realizava sem festas,
que eram celebradas em comum com sacrifícios e banquetes. Todas as espécies de
circunstâncias serviam, aliás, de ocasião para alegres reuniões; além disso,
distribuições de víveres ou de dinheiro ocorriam com frequência às expensas da
comunidade. Indagou-se se a corporação tinha uma caixa de auxílio, se ela
assistia regularmente seus membros necessitados, e as opiniões a esse respeito
são divididas. Mas o que retira da discussão parte de seu interesse e alcance é que esses banquetes comuns, mais ou menos periódicos, e as
distribuições que os acompanhavam serviam de auxílios e faziam não raro as
vezes de uma assistência indireta.
De
qualquer modo, os infortunados sabiam que podiam contar com essa subvenção
dissimulada. Como corolário desse caráter religioso, o colégio de artesãos era,
ao mesmo tempo, um colégio funerário. Unidos, como os gentiles, num
mesmo culto durante sua vida, os membros da corporação queriam, também como
eles, dormir juntos seu derradeiro sono. Todas as corporações ricas o bastante
tinha um columbarium coletivo, em que, quando o colégio não tinha os
meios de comprar uma propriedade funerária, garantia pelo menos a seus membros
funerais honrosos à custa da caixa comum. Enfim, estamos diante de um culto
comum, banquetes comuns, festas comuns, cemitério comum: não estão reunidas todas
as características e condições distintivas da organização doméstica entre os
romanos? Historicamente as comunidades de interesses assumiam o lugar dos
vínculos de consanguinidade. A expressão
mais comum, neste caso, é verdade, era a de sodales; mas essa própria
palavra expressa parentesco espiritual que implica uma estreita questão cultural
em torno de fraternidade, pois, o protetor e a protetora do colégio tomavam,
com frequência, e não por acaso, o título de pai e mãe.
No
Haram suas funções (cf. Durkheim, 1999; 2015) incluem a lavagem e a limpeza de todas as
áreas de convívio. Os limpadores trabalham com precisão militar e seu
posicionamento e trabalho em equipe é uma visão a ser contemplada. A limpeza da
área Mataaf do Haram, seria uma simples tarefa. A razão de haver tanto
planejamento, precisão e técnica envolvida neste processo é porque no Haram, há
sempre milhares de adores movendo-se em torno da Kaaba. Os limpadores tem que
ser muito organizados, porque a logisticamente eles não podem perturbar os
adoradores ou impedir o fluxo das pessoas antes de realizar o Tawaaf. É uma das grandes considerações de todos os departamentos do Haram e é evidente
em pequenos detalhes em qualquer lugar ao redor do Haram. – O trabalho técnico
e social desse Departamento é realmente importante porque representa que “nosso foco é a limpeza para
visitantes e peregrinos, e segue o mandamento de Deus a Ibrahim –
Purificar minha casa para aqueles que circulam e aqueles que estão de pé para
rezar e aquele que se ajoelham e se prostram”. – Terminamos nosso tour com
Abdul Majid no trabalho de limpeza.
O
trabalho é importante porque nosso foco é a limpeza para
visitantes e peregrinos, e segue o mandamento de Deus a Ibrahim, disse Deus: -
“Purificar minha casa para aqueles que circulam e aqueles que estão de pé para
rezar e aqueles que se ajoelham e se prostram’.
– Terminamos nosso tour com Abdul Majid no trabalho de limpeza. –
O trabalho aqui é realmente importante e é caracterizado tanto pela peça de
precisão quanto pela precisão quanto pela velocidade. Este trabalho será
certamente apreciado nas mídias sociais. – A Extensão do planejamento, a precisão
da execução e o recurso ilimitado pela limpeza, é parte e parcela da
sacralidade desta cidade sagrada e outro meio de honra no Haram. Do ponto de
vista da administração, a motivação de um sistema de limpeza tão único é
evidente, perguntar às pessoas que fazem o trabalho no terreno. O que é que
motiva tanto estes limpadores, frequentemente referidos como “heróis dos
Haramain”, para ter tanto cuidado e orgulho de suas funções. Você certamente
não encontra limpadores que trabalham destas formas em outras instituições. O
relator, diz o seguinte: falamos com uma das faxineiras no chão do Haram,
enquanto ela desempenhava suas tarefas diárias, para tentar descobrir Sajid
Ahmed tem trabalhado como faxineiro no Haram há mais de 15 anos, e é originário
de Bangladesh.
Foi perguntado a ele como sua viagem o trouxe até aqui, ao Haram. – Meu nome é Sajid Ahmed. Eu sou de Bangladesh e trabalho aqui há 15 anos. Vim aqui para a Arábia Saudita e poderia ter sido colocado em qualquer lugar [de trabalho], mas quando ouvi dizer que havia uma oportunidade de vir trabalhar no Haram, fiquei muito feliz, estava grato a Deus. A primeira coisa que eu fiz ao chegar aqui, foi rezar. Depois fui direto para o trabalho, fiz meu Umrali. Sou grato a Deus por fornecer-me este trabalho em Sua Casa. Esta é uma questão de destino para trabalhar na Casa de Deus. Não existe no destino de todos, mas Deus me deu esta oportunidade. Estou muito feliz, graças a Deus. Quando cheguei ao Haram, quando entre pela primeira vez, meu corpo inteiro começou a tremer. Pensar que Deus me permitiu, nesta idade, ver sua casa e eu estou muito grato, que Deus me deu permissão para trabalhar em sua casa. Sou muito grato a Deus por isto. Não há coisa maior em todo o mundo do que isto. Ser muçulmano e trabalhar na casa de Deus é uma coisa muito importante. As pessoas que trabalham aqui não são de um só país.
-
Há pessoas do Paquistão, da Índia, de Bangladesh, Sri Lanka, do Nepal. Todos
nós trabalhamos juntos. Um faz uma
coisa, outro faz outra eu faço outra. Algumas vezes enviamos algumas pessoas para
trabalhar fora. E em outros momentos enviamos outras pessoas para trabalhar lá
dentro. Nos unimos como irmãos, fazemos todo o trabalho em conjunto e
terminávamos todo o trabalho. Minha maior lembrança é que eu vim aqui por
muitos dias. Eu até consegui entrar na Kaaba. Não há coisa maior do que isto
que eu consegui entrar na Kaaba e eu consegui rezar dentro da Kaaba e agradeci
a Deus. Eu rezei por meus pais e por meus irmãos e irmãs, eu sou grato a Deus.
Não tenho nada mais importante do que isto.
Este é Ali Jabter. Ele trabalha no Haram há quatro anos. Ali trabalha para
o departamento de assuntos religiosos. Este
departamento é relativamente pequeno, mas eles possuem um importante papel
educacional na vida do Haram. São geralmente estudiosos que têm um entendimento
profundo do Islã, e personalidades gentis. Eles são imediatamente reconhecíveis
ao redor do Haram, por suas túnicas marrons distintas, o que ajuda a dar-lhes
“um ar autoritário entre um mar de adoradores”. – Minha sensação de trabalhar
no Haram é um grande sentimento, uma grande responsabilidade e uma escolha de
Alá estar neste lugar, e espero fazer o meu melhor aqui. – Muito obrigado,
Adeus. Salaam Alaikum, como estão vocês!
Este
é o nosso dever nos Assuntos Religiosos sob a liderança do Xeque Majid Al
Saidi. Peço ajuda a Alá e que me fortaleça nisto. Obrigado. O dever das pessoas
que trabalham em Assunto Religiosos é promover a virtude e prevenir o vício,
seguindo as instruções do profeta (que a paz esteja com ele), tanto dentro como
fora do Haram. Isto inclui a Maquam Ibrahim, e por trás da Maquam Hijr Ismael,
assim como todos os locais ao redor a Kaaba. Um de nossos deveres é impedir a
doação de Maquam Ibrahim e o beijo do suntuário por alguns peregrinos seguindo
as instruções do Profeta (que a Paz esteja com ele). Outras tarefas de nosso
trabalho, afirma Majid Al Saidi, são os trajetos de caminhada para os
visitantes e peregrinos e para guiar as mulheres a seus lugares dedicados para
as orações. – Ali Jabber tenta manter a multidão organizada em movimento de
modo a não se tornar um perigo para os peregrinos que realizam o Tawaaf. É um
trabalho difícil, e somente do “ar” (alto) que se pode realmente apreciar a
enormidade desta tarefa. O entrevistador, Abrar Hussain, solicita a Ali Jabber
que descreva a melhor coisa de se trabalhar no Haram - Uma das melhores coisas
do meu trabalho é ajudar um peregrino e aquele peregrino que rezar por mim no
Haram (Alá o abençoe e lhe dê mais do que você quer). – Isto é o que me motiva
mais e me faz feliz no meu trabalho. Mas o sol se põe sobre a Meca, isto denota o tempo para a
oração.
No Haram você encontrará pessoas de todas as
culturas diferentes e países, que vem de todos os cantos do mundo. Com isso, às
vezes eles trazem consigo “bagagem cultural”, com isso queremos dizer que às
vezes eles demonstram os costumes e as práticas que se baseiam em sua própria
compreensão cultural, do Islã, e não são apoiados pelas práticas reais do Islã.
O papel deste departamento é orientar os adoradores de todas as diferentes
partes do mundo, a uma prática mais educada e comprovada do islamismo. Este é
um papel que requer uma grande compreensão, paciência e diplomacia, como
analisamos noutro lugar, especialmente quando os adoradores são tão fervorosos
em suas crenças. Depois de rezar seus dois Rak`al habituais, Ali Jabber
junta-se ao resto da equipe de assuntos religiosos já que eles assumem algumas
de suas tarefas específicas no Mataaf. O lugar de oração das mulheres é
à direita. – Minha irmã, o lugar de oração das mulheres fica à direita. Esta é
a natureza de nosso trabalho, afirma Ali Jabber, 15-20 minutos antes de cada
oração começamos a orientar as mulheres para a área feminina para a oração para
separar as mulheres dos homens seguindo o hadith do Profeta (que a paz esteja
com ele).
Bibliografia geral consultada.
DERMENGHEM, Émile, Maomé e a Tradição Islâmica - Mestres Espirituais. Rio de Janeiro: Editora Aguiar, 1973; SACCONE, Carlo (Org.), Libro della Scalla di Maometto. Milano: Oscar Mondadori Editores, 1999; LOPES, João Aloísio, Lições de Transitologia (Introdução a uma teoria geral da comunicação que procura compreender, num enfoque sócio-tecnológico, como as coisas falam). Tese de Titular em Comunicação. São Paulo: Editora e Consultoria; Escola de Comunicações e Artes, 1991; TEIXEIRA, Faustino & BERKENBROCK, Volney (Orgs.), Sede de Deus. Orações do Judaísmo, Cristianismo e Islã. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2002; YASSIN, Nidal Ahmad, Islam: Profeta, Livros e Ritos. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2007; SALINAS, Sérgio Samel, Islã: Esse Nosso Desconhecido. São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 2009; AL ASSAR, Salah Ragda Ahmad, A Irmandade Muçulmana: Nação sob o Cosmo Islâmico. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2010; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. São Paulo: WMF/Martins Fontes, 2015; LIMA, César Rocha, Assalamu Alaykum: O Islã no Brasil e os Processos Sociais Utilizados para a (Re)construção da Imagem Elaborada pelos Meios de Comunicação de Massa a partir de 11 de Setembro de 2001. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2019; MENDES, Maria Elaine, O Bazar das Línguas. Aprendizagem de Idiomas e Práticas de Linguagem num Mercado Turístico Egípcio. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Araguaína: Universidade Federal de Tocantins, 2020; SANTOS, David José Silva, Senegaleses das Irmanadades Tidjanaiya, Muride e do Ramo Bayle Fall em Maceió/AL: Mobilidade, Identidade e Religiosidade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2021; entre outros.
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