segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Salar de Uyuni - Cultura Ameríndia & Majestoso Deserto de Sal.

Ubiracy de Souza Braga

                               Quando vi a foto, senti uma emoção muito grande”. Jheison Huerta

     

          Há cerca de 40 mil anos a área do atual deserto de sal fazia parte do Lago Michin, um gigantesco lago pré-histórico. Salário deriva do latim salarium, que significa “pagamento de sal” ou “pelo sal”. O termo vem do antigo Império Romano, pelo fato que o sal valia como seu peso em ouro, pois ele era antigamente uma das poucas maneiras para preservar a carne. Quando o lago secou, deixou como remanescentes os atuais lagos Poopó e Uru Uru, e dois grandes desertos salgados, Coipasa (o menor) e o extenso Uyuni. O Salar de Uyuni tem aproximadamente 10 582 km² de área, ou seja, é maior que o lago Titicaca, situado na fronteira Bolívia-Peru e que apresenta aproximadamente 8 300 km². Estima-se que o Salar de Uyuni contenha 10 bilhões de toneladas de sal, das quais menos de 25 mil toneladas são extraídas anualmente. O deserto de sal é composto por 11 camadas com espessuras que variam entre 2 e 10 metros, sendo a mais externa de 10 metros. A profundidade total é estimada em 120 metros e é composta de uma mistura de salmoura e barro lacustre. O deserto é também uma das maiores reservas de lítio, além de conter importantes quantidades de potássio, boro e magnésio. A origem do sal provavelmente está relacionada com a imensa quantidade de vulcões na envolvente do Salar de Uyuni já que se situa sobre uma região de altiplano, 3 650 metros acima do nível do mar. A concentração do sal é facilitada pelo fato de ser uma região muito árida. O deserto é composto por 33 “ilhas”, por constituírem-se em pequenas elevações de terra, cercadas de sal pelos lados. As mais famosas são as Ilhas do Pescado e Incahuasi, com suas formações de recife e cactos de até 10 metros de altura.

          Salar de Uyuni é o maior e mais alto deserto de sal do mundo. A palavra Uyuni provém da língua Aymara e pode ser traduzida como cercado. O solo é praticamente todo plano, com uma variação de cerca de um metro entre o ponto mais alto e o mais baixo. Isso acontece porque as chuvas de verão causam o transbordamento do enorme Lago Titicaca, na fronteira entre Bolívia e Peru, que alimenta o Lago Poopó que, por sua vez, inunda o Salar de Coipasa e o Salar de Uyuni, na cordilheira dos Andes, sudoeste da Bolívia, é o maior deserto de sal do mundo. É o legado de um lago pré-histórico que secou. Deixando uma paisagem desértica de quase 11.000 km² com sal branco e claro, além de formações rochosas e ilhas repletas de cactos. Seu tamanho impressionante pode ser observado da ilha Incahuasi central. Embora a vida selvagem seja rara nesse ecossistema único, ele recebe muitos belos e extraordinários flamingos rosas. Ele está localizado nos departamentos de Potosí e Oruro, no sudoeste da Bolívia. O Salar é também o extraordinário ponto natural brilhante que pode ser visto do espaço. Ele serviu de guia para os astronautas e astrofotografia da Apollo 11. Um voo espacial tripulado norte-americano responsável pelo primeiro pouso na Lua. 

          Os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin (1930-) alunissaram o módulo lunar Eagle em 20 de julho de 1969 às 20h 17min UTC. A nave Apollo era formada por três partes: 1) um módulo de comando com cabine para três astronautas, a única parte que retornou para a Terra; 2) um módulo de serviço, que apoiava o comando com propulsão, energia elétrica, oxigênio e água; e, 3) um módulo lunar dividido em dois estágios, articulados entre si: de descida para a Lua e de subida para levar os astronautas de volta à órbita. Neil Armstrong tornou-se o primeiro ser humano a pisar, metaforicamente falando, na superfície lunar seis  horas depois já no dia 21, seguido por Aldrin vinte minutos depois. Muitos na Terra não acreditaram, mas Caetano Veloso, na canção Terra, no exílio na década de 1980 em Londres afirma: - Por mais distante o errante navegante quem jamais te esqueceria? Ambos passaram por volta de duas horas e quinze minutos fora da espaçonave e coletaram, como primeiros etnólogos do espaço extraterrestre, em torno de 21,5 kg de material rochoso para trazer de volta à Terra. Michael Collins pilotou sozinho o módulo de comando e serviço do Columbia na órbita da Lua enquanto seus companheiros estavam na superfície. Armstrong e Aldrin passaram um total de 21 horas e meia na Lua até reencontrarem-se com Collins, quando chegaram à Lua em 1969. Como um belvedere/observatório a tripulação de astronautas viram a planície branca pela primeira vez. Do alto imaginaram que ela fosse uma geleira. O deserto é coberto por metros de crosta de sal, um nivelamento com as variações de altitude média de menos de um metro na área do Salar. A crosta serve como fonte de sal de cobre e de piscina de salmoura, que é rica em lítio e contém de 50 a 70% das reservas mundiais. 

Um dos principais nomes do movimento cinematográfico na Alemanha do pós-guerra, Werner Herzog desenvolveu uma obra densa e dialética. Com seus filmes e documentários, retrata o misticismo, o desconhecido, a poesia e a tragédia no mundo global. Na trama de  cinematográfica de Herzog, Salt and Fire (2016) começa quase como um filme de ação. Acompanhada de dois assistentes, a cientista das Nações Unidas Laura Sommerfeld (Veronica Ferres) está encarregada de investigar uma catástrofe ambiental em Diablo Blanco, Bolívia. Mas após a chegada ao aeroporto o grupo é sequestrado, sendo que inicialmente não se sabe a motivação social – nem por quem. Sommerfeld e seus colaboradores são levados a uma fazenda isolada, cercados por homens de máscaras negras armados de metralhadora. Tudo aponta na direção de chantagem política e exigências de resgate, até que o líder da operação mostra o rosto: é Matt Riley, presidente do consórcio responsável pelo desastre ambiental. Entre ele e Sommerfeld se desenrola um jogo verbal. Enquanto ela tenta descobrir por que foi sequestrada, Riley se revela um filósofo melancólico, cita Nostradamus e o Eclesiastes, fala de transformação e de mudança sociológica de perspectiva: - “Não existe realidade, apenas suposições, pontos de vista e medos coletivos, que se aglutinam em teorias de conspiração”.

Ambos ganham mais intimidade. Mas aí Riley e os demais aparentemente sequestradores levam a cientista Sommerfeld de carro até uma elevação em meio ao gigantesco e incólume deserto de sal, deixando-a lá, sozinha com dois meninos cegos Huascar e Atahualpa (Danner Ignacio Marquez Aranciba e Gabriel Marquez Aranciba). Em quase todos os filmes do brilhante Werner Herzog, há uma espécie de retorno do reprimido a condições arcaicas, na luta pela sobrevivência, perseguindo os próprios planos de forma muitas vezes inescrupulosa, como ocorre em Fitzcarraldo, na pronúncia dos nativos, já havia investido numa Estrada de Ferro, a Transandina, e falhara. Tentava conseguir os recursos econômicos com novo empreendimento: fábrica de gelo. Graças a esses negócios improváveis, ele foi chamado de “Conquistador do Inútil”. Sua motivação pode ser o desejo de impulsionar a civilização ou de rechaçá-la, descobrir mundos desconhecidos. Também em curiosos documentários, Werner Herzog tem explorado os lados menos familiares nas atividades dos seres humanos: na minissérie On death row (2012), ele teve como tema de ação violenta os destinos de assassinos condenados à morte; em Grizzly Man (2005), retratou o ativista dos direitos dos animais Timothy Treadwell, que lutava pela preservação dos ursos.

A área grande, o céu claro e o nivelamento excepcional da superfície fazem do Salar de Uyuni um objeto ideal ou ideal-típico weberiano, para calibrar os altímetros de satélites de observação da Terra. A Bolívia tem grande diversidade linguística e cultural, como resultado de seu multiculturalismo. A Constituição da Bolívia reconhece 37 línguas oficiais, além do espanhol. Assim, é o segundo Estado com o maior número de idiomas oficiais no mundo, só “perdendo” para a Índia, que tem 46. Estas incluem as línguas das nações indígenas nativas, como quíchua, aimará e guarani. O espanhol é a língua oficial mais falada no país, de acordo com o censo de 2001, uma vez que é falado por 88,4% da população como primeira língua ou segunda língua, em algumas populações indígenas. Todos os documentos legais e oficiais emitidos pelo Estado, incluindo a constituição, as principais instituições públicas e privadas, a mídia e as atividades comerciais são feitas em espanhol.  Antropologicamente as principais línguas indígenas são: quíchua (28% da população) no censo de 2001, aimará (18%), guarani (1%) e outros (4% ), incluindo o idioma moxo, no departamento de Beni. Todavia, com a modernidade e o processo civilizatório, conforme Darcy Ribeiro emprega, o inglês e português falados por pequenas percentagens da população, o último principalmente nas áreas próximas com a fronteira com o Brasil.

O Salar de Uyuni tem aproximadamente 10 582 km². É maior que o lago Titicaca, na fronteira Bolívia-Peru e que apresenta em torno de 8 300 km². Estima-se que contenha 10 bilhões de toneladas de sal, das quais menos de 25 mil toneladas são extraídas anualmente. O deserto de sal é composto por aproximadamente 11 camadas com espessuras que variam entre 2 e 10 metros, sendo a mais externa de 10 metros. A profundidade total é estimada em 120 metros e é composta de uma mistura de salmoura e barro lacustre. O deserto de sal é também uma das maiores reservas de lítio do mundo, além de conter importantes quantidades de potássio, boro e magnésio. A origem do sal provavelmente está relacionada com a grande quantidade de vulcões envolvente região do Salar de Uyuni já que situa-se sobre uma região de altiplano, 3 650 metros acima do nível do mar. A concentração do sal é também facilitada pelo fato ecológico de ser uma região muito árida. O deserto é composto por 33 “ilhas”, que são assim chamadas por constituírem-se em pequenas elevações de terra, cercadas de sal por todos os lados.

Uma planície que parece não ter fim, num harmonioso encontro entre o céu e a terra. Em uma imagem de satélite, é fácil encontrar esse lugar: uma enorme mancha branca no sudoeste da Bolívia, próximo à Cordilheira dos Andes. Esse é o Salar de Uyuni, o maior e mais alto deserto de sal do mundo, com mais de 10.000 km² e a 3.600 metros acima do nível do mar. O Salar muda de aparência ao longo das estações do ano: de um solo totalmente branco nos meses secos a um verdadeiro espelho que reflete o céu e as nuvens com perfeição devido às chuvas e ao processo natural de degelo dos picos dos Andes, que deixam uma fina camada de água sobre o sal no verão. Além da imensidão branca do Salar de Uyuni, há muitos lugares exóticos. Piscinas de águas termais, gêiseres, lagoas coloridas e ilhas repletas de cactos gigantes são algumas das maravilhas que fazem parte desse ecúmeno. Se o ponto de partida para explorar o Atacama é San Pedro, a base para reconhecer o Salar é a pequena cidade de Uyuni, a 550 km ao sul de La Paz. Algumas pessoas preferem conhecer o Salar e o Atacama em ocasiões diferentes. Nesse caso, deve-se chegar a Uyuni de avião de La Paz. Muitos viajantes incluem os dois destinos em uma mesma viagem. Agências em San Pedro oferecem passeios de até quatro dias pelo Salar, com opção de retorno ao Chile no final no sentido inverso, de Uyuni a San Pedro. Nas duas cidades são percorridos cerca de 500 km. Em Uyuni, vale a regra do Atacama: você vai precisar do “suporte” de agência. 

Desde que o presidente negro Barack Obama (EUA), lançou seu plano de eficiência energética estimado em  US$ 16 bilhões de investimentos, dos quais US$ 2 bilhões para criar baterias mais eficientes e duradouras, com o objetivo declarado de ver circular pelas rotas norte-americanas um milhão de automóveis híbridos ou elétricos até 2015, surgiu uma febre merceológica através da extração do lítio, que desde aquela conjuntura  repete-se no enorme deserto branco boliviano, o maior do mundo, algo equivalente à Corrida do Ouro do final do século XIX, na Califórnia. É fácil entender o porquê:  eficiência energética significa lítio, um metal volátil encontrado em abundância na salmoura de Uyuni, um mar de água e cloreto de sódio. Segundo pesquisas recentes, Chile, Bolívia e Argentina possuem, juntos, 75% de todas as reservas mundiais de lítio. O Chile é o principal produtor mundial. A Argentina, com um único local de extração, está em terceiro lugar, depois da China, na província de Catamarca, noroeste do país, e explorada pela corporação norte-americana FMC Lithium. A Bolívia ainda não entrou de programaticamente no jogo econômico, mas quando o fizer não haverá competição possível, dado que o Salar de Uyuni “abriga 50% de todo o lítio presente no planeta”.

As mais famosas são as Ilhas do Pescado e Incahuasi, com suas formações de recife e cactos em torno de 10 metros de altura. O Salar serve como a principal via de comunicação em todo o Altiplano boliviano e um importante terreno fértil “para várias espécies rosa de flamingos”. A região é também uma zona de transição climatológica entre as imponentes nuvens tropicais congestus cumulus e cumulus bigorna. Elas se formam na parte oriental na planície de sal durante o verão e não pode permear além de suas bordas ocidentais mais secas. Estão relativamente próximos da fronteira do Chile e do deserto de Atacama, como é sabido um deserto não polar, precisamente mais seco do mundo, pois chove raramente na região, em consequência das correntes marítimas do Oceano Pacífico não conseguirem passar para o deserto, por causa de sua altitude. A maioria das células de Cumulonimbus morre depois de aproximadamente 20 minutos, quando a precipitação faz com que as correntes ascendentes que alimentam a tempestade cessem, fazendo com que a energia se dissipe. No entanto, se houver bastante energia solar na atmosfera, uma célula de tempestade pode evaporar-se rapidamente, resultando em  nova célula, que se forma a poucos quilômetros da antiga. Isso pode causar temporais por várias horas.

Outros desertos consequentemente dão origem a outros padrões climatológicos. Por exemplo, o deserto da Namíbia, visto pela Estação Espacial Internacional. É representante  único, aquele cujas imagens a gente não cansa de ver, o Salar de Uyuni, na Bolívia é o entro do espetáculo do thriller cinematográfico Salt and Fire (2016), uma coprodução da França, Bolívia, Estados Unidos, Alemanha e México. Protagonizado por Michael Shannon, Verónica Ferres e Gael García Bernal e dirigido por Werner Herzog, o filme trata de um desastre ecológico na América do Sul, provocado por uma empresa. O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do planeta, um ambiente no meio do altiplano boliviano coberto de sal até encontrar sua finitude no horizonte. A era pré-colombiana incorpora todas as subdivisões periódicas na história e na pré-história das três Américas, antes do aparecimento e parti pris civilizatório dos europeus sobre o continente sul-americano e norte-americano, abrangendo todo o povoamento original no Paleolítico Superior à colonização europeia durante a Idade Moderna. Antes da colonização europeia, entre os séculos XIII-XVI e decadência andina boliviana do incaica situava o maior e efetivamente mais poderoso império da era pré-colombiana. 

O quíchua é uma importante família de línguas indígenas da América do Sul, ainda hoje falada por cerca de dez milhões de pessoas de diversos grupos étnicos da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru ao longo dos Andes. Possui vários dialetos inteligíveis entre si. É uma das línguas oficiais de Bolívia, Peru e Equador. Desde bem antes da ascensão do Império Inca, no século XV, os diversos dialetos quíchuas eram largamente disseminados na região. Os incas adotaram oficialmente o dialeto dito clássico ou do sul. A expansão do império por conquistas, e vilipendiamento esse dialeto se tornou a língua franca do Peru pré-Colombiano, mantendo essa condição mesmo depois da conquista pela Espanha no século XVI. Antes da chegada dos espanhóis e da introdução do alfabeto latino, a língua Quéchua não tinha forma escrita. As informações numéricas eram registradas pelos incas por meio de quipos. Os registros mais antigos do quíchua são do frei Domingo de Santo Tomás, chegado ao Peru em 1538, que aprendeu o idioma desde 1540, publicando sua Grammatica “o arte de la lengua general de los indios de los reynos del Perú em 1560”.  

Os quíchuas, ou quéchuas, são descendentes diretos dos Incas, e habitaram a Colômbia, Equador, Bolívia, Argentina e Chile. O Estado regional Inca surge na região de Cuzco com o colapso da cultura Aimara e Tiwanaku, no século XII. Representam 30% da população boliviana, poucos falam castelhano e vivem em completa miséria. O quíchua (qhichwa simi ou runa simi), também chamado de quechua ou quéchua, é uma importante língua indígena da América do Sul, ainda hoje falada por cerca de dez milhões de pessoas de diversos grupos étnicos da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru ao longo dos Andes. Possui vários dialetos inteligíveis entre si. É uma das línguas oficiais de Bolívia, Peru e Equador. Muitos consideram o quíchua como língua do grupo quechumaran, junto com a língua aimará, principalmente pelo fato social de ambas línguas terem muitas palavras em comum. Essa proposta apresenta controvérsias, pois, se os cognatos são bem próximos, mais próximos até que cognatos intraquéchuas, o sistema de afixos é bem diferente. As similaridades podem se dever mais ao contato entre os falantes das línguas que o tronco comum. O quíchua em seu processo de difusão foi espalhado além das fronteiras do Império Inca pela igreja católica, escolhido para sua pregação que interpela os indivíduos constituindo-os em sujeitos, como meio de persuasão entre os índios. 

Historicamente onde os povos quíchua e aimará convivem, os falantes do espanhol dão preferência aos termos quíchuas. Na Bolívia, no sul rural, há inclusive palavras quíchuas que são usadas mesmo pelos que falam apenas o aimará. O quíchua usa o alfabeto latino desde a conquista espanhola, porém a lingual escrita é pouquíssimo usada pela falta de material gráfico nessa língua. Até o século XX, o quíchua era escrito com ortografia baseada no espanhol como em Inca, Huayna Cápac, Collasuyo, Mama Ocllo, Viracocha, quipu, tambo, condor, familiar a língua espanhola, mantida as palavras que migraram pelas línguas. O império Espanhol conquistou violentamente essa região no século XVI. Durante a maior parte do período colonial espanhol, este território era chamado Alto Peru ou Charcas, e encontrava-se sob a administração do Vice-Reino do Peru, que abrangia as colônias espanholas sul-americanas. Após declarar Independência em 1809, ocorreram 16 anos de guerras antes do estabelecimento da república, instituída por Simón Bolívar (1783-1830), em 6 de agosto de 1825. Desde então, o país tem passado por períodos de instabilidade na esfera política, ditaduras e problemas conjunturais de ordem econômica.   

A Bolívia politicamente representa uma República democrática, atualmente dividida em nove departamentos. Geograficamente, possui duas regiões distintas, o altiplano a oeste e as planícies do leste, cuja parte norte pertence à bacia Amazônica e a parte sul à Bacia do Rio da Prata, da qual faz parte o Chaco boliviano. É um país em desenvolvimento, com um Índice de Desenvolvimento Humano médio e uma taxa de pobreza degradante que gira em torno de 60% da população. Dentre as atividades econômicas, destacam-se a agricultura, silvicultura, pesca, mineração, e bens de produção manufatureiros como tecidos, vestimentas, metais refinados e petróleo refinado. A Bolívia é muito rica em minerais, especialmente em estanho. A população boliviana, estimada em 10 milhões de habitantes, é multiétnica, possuindo ameríndios, mestiços, europeus, asiáticos e africanos. A principal língua falada é o espanhol, devido à colonização, embora o aimará e o quíchua sejam comuns, dentre outras 34 línguas indígenas que são oficiais. O grande número de diferentes culturas na Bolívia contribuiu para uma grande diversidade em áreas como a arte, culinária, literatura e música.

O território boliviano é habitado há mais de 12 mil anos. No território foram formadas várias culturas, principalmente nos Andes, destacando-se, especialmente, a cultura Tiwanaku e os reinos Aymaras posteriores à expansão dos povos indígenas Wari. Estes reinos foram, por sua vez, anexados ao império Inca no século XIII. A cultura Tiwanaku se desenvolveu em torno do centro cerimonial homônimo próximo ao lago Titicaca. A sua fundação ocorreu provavelmente antes do ano 300. Posteriormente, a cultura inca estabeleceu um vasto império no século XV, pouco antes da invasão e colonização dos espanhóis. Durante esse século, a Bolívia esteve ocupada por vários grupos de língua aimará: collas, pacajes, lupacas, omasuyos, destacando-se os collas, que dominaram um vasto território indígena e que lutaram com os falantes de língua quíchuas de Cusco pelo controle político e econômico da região. Os collas foram derrotados pelo inca Pachacuti, que do quíchua Pacha Kutiq (1408-74), significa “o que muda a Terra”, ou “reformador da Terra”, representou o nono Sapa Inca e o primeiro Inca do Tawantinsuyu. Ele foi sucedido por seu filho Túpac Yupanqui, que se apoderou de quase todo o planalto boliviano. A Bolívia constituiu, durante quase um século, uma das quatro grandes divisões do Tahuantinsuyo (império inca) sob o nome de Collasuyo. Estas antigas e poderosas civilizações deixaram grandes monumentos arquitetônicos e as línguas aimará e quíchua são muito difundidas neste fabuloso país.

Embora a origem dos Collas seja desconhecida, há notícias de sua existência pelo menos desde o final do século XII, no declínio do Império Tiahuanaco, no entorno do lago Titicaca, na Bolívia. No século XV, o território ocupado pelos Collas teria sido invadido pelo Império Inca, o que teria gerado uma revolta que culminaria com a incorporação dos Collas como soldados na expansão para o sul, e por sua vez como trabalhadores nos novos territórios, conquistada, principalmente no atual noroeste da Argentina. Os Collas são reconhecidos como descendentes diretos dessa migração forçada. Em geral, os Collas vêm de vários grupos étnicos originais. À população de origem omaguaca, diaguita e atacameña, os Incas juntaram-se a grupos de mitimaes, caracterizando uma política de reassentamento forçado empregado pelos incas. Envolveu a migração forçada de grupos de famílias extensas ou grupos étnicos de seu território de origem para terras recentemente conquistadas pelos incas, principalmente chichas, que progressivamente iniciaram o processo da miscigenação que continuou com as encomiendas e transferências populacionais realizadas pelos espanhóis.      

No final do século XIX em tempos de Guerra do Pacífico, teve origem nas desavenças entre Chile e Bolívia quanto ao controle de uma parte do deserto de Atacama, rico em recursos minerais. Este território controverso era explorado por empresas chilenas de capital britânico. O aumento de taxas sobre a exploração mineral logo se transformou numa disputa comercial, crise diplomática e por fim, guerra. Trata-se de um conflito ocorrido entre 1879 e 1883, confrontando o Chile às forças conjuntas da Bolívia e do Peru. No final da guerra, o Chile anexou áreas ricas em recursos naturais de ambos os países derrotados. O Peru perdeu a província de Região de Tarapacá, e a Bolívia a província de Antofagasta, ficando sem saída soberana para o mar, o que se tornou uma matéria de fricção na América do Sul, chegando até os dias atuais, e que é para a Bolívia uma questão nacional, pois a recuperação do acesso ao oceano Pacífico consta como um objetivo nacional boliviano na sua atual constituição.

Nesta conjuntura ocorreu uma migração de collas do noroeste argentino, nas regiões de Tinogasta e Fiambalá, seguindo em direção ao território de alguns vales montanhosos chilenos da Província de Atacama, que vem se juntar ao grupo étnico existente desde os tempos chamados pré-colombianos. A fundação espanhola se caracterizou por apresentar uma base mineiro-agrícola. A cidade de Potosí, a mais populosa da América em 1574, com uma população aproximada de 120 mil habitantes, se converteu em um grande centro mineiro pela exploração das minas de prata do cerro Rico e, em 1611, era a maior produtora de prata do mundo. O rei Carlos I havia outorgado a esta cidade o título de vila imperial depois de sua fundação. Durante mais de duzentos anos, o território da atual Bolívia constituiu a Real Audiência de Charcas, um dos centros mais prósperos e densamente povoados dos vice-reinados espanhóis. Potosí começou o seu declínio nas últimas décadas do século XVIII, ao levar a mineração da prata a um estado de estagnação, como consequência do esgotamento das veias mais ricas, das antiquadas técnicas de extração e do desvio do comércio para outros países. Em 1776, a Real Audiência de Charcas, que até então fazia parte do Vice-Reino do Peru, foi incorporada politicamente ao Vice-Reino do Rio da Prata. Desde o início de sua existência como nação independente, a Bolívia viveu quase em um estado crônico de revoluções e guerras civis e, durante os cinquenta anos seguintes, os intervalos de estabilidade política foram breves e infrequentes.

Em 1837, a Bolívia se uniu ao estado Norte-peruano e ao estado Sul-peruano para formar um novo estado, a confederação Peru-boliviana, que desapareceu dois anos depois, em 1839, pela oposição e declaração de guerra da confederação Argentina, do Chile e de um exército de restauradores peruanos. Em 1839, a batalha de Yungay definiu a dissolução da confederação Peru-boliviana. Os conflitos limítrofes da Bolívia começaram desde muito cedo. O primeiro de grande importância (que inclusive chegou a ser uma ameaça para a independência) foi a invasão pelo Peru realizada em 1828, com Agustín Gamarra à frente. Houve batalhas e o exército peruano ocupou a maior parte do oeste boliviano. A guerra terminou com a assinatura do tratado de Piquiza e a retirada peruana do solo boliviano. Depois desse conflito, chegou ao poder na Bolívia o marechal de Zepita, Andrés de Santa Cruz, que foi capaz de organizar, modernizar e instruir em táticas napoleônicas o exército boliviano. A eficácia política da reforma no exército foi vista na invasão feita no Peru  o pedido de ajuda de Luis José de Orbegoso y Moncada.

A Bolívia saiu vitoriosa na invasão e fuzilou Felipe Santiago Salaverry, criando de fato a confederação Peru-boliviana. Em 1836, iniciou-se a confederação dos estados Norte-peruano, Sul-peruano e Bolívia, mas, por interesses econômicos do Chile, de parte de peruanos contrários e por interesses territoriais da confederação Argentina (questão de Tarija), foi produzida uma guerra em duas partes de 1837 a 1839. Na primeira, a confederação saiu vitoriosa, produzindo o tratado de Paucarpata, mas, na segunda, se produziu a batalha de Yungay e a confederação foi dissolvida. Pela parte argentina, a Bolívia, com o general alemão Otto Philipp Braun (1798-1869), comandante da frente boliviana, concentrou suas tropas em Tupiza e, em fins de agosto de 1837, ingressou na província de Jujuy. Os soldados confederados tiveram várias vitórias, chegando a ocupar setores fronteiriços das províncias de Jujuy e Salta. Ante a uma série de contra-ataques argentinos, estes invadiram o território boliviano. Os argentinos foram derrotados na batalha de Montenegro, reconhecida na Argentina por Batalha da Costa de Coyambuyo. Em 22 de agosto de 1838, Heredia ordenou a retirada e, depois de Yungay, as forças bolivianas deixaram os setores fronteiriços que mantinham ocupados.         

Os nove departamentos da Bolívia receberam maior autonomia pela lei de Descentralização Administrativa promulgada em 1995, embora os principais dirigentes departamentais continuem a ser nomeados pelo governo central. As cidades e vilas bolivianas são governadas pelos presidentes da câmara e por conselhos diretamente eleitos. Vista da Assembleia Legislativa Plurinacional da Bolívia, em La Paz, sede do Poder Legislativo nacional. Em 5 de dezembro de 2004, foram realizadas eleições dos membros dos conselhos municipais, com mandato de 5 anos. A Lei de Participação Popular, de Abril de 1994, que distribui uma porção significativa das receitas nacionais entre as autarquias para seu uso discricionário, permitiu que comunidades anteriormente negligenciadas obtivessem grandes melhoramentos políticos nas suas infraestruturas e serviços. Apesar disso a Bolívia apresenta problemas de ordem histórica e socioeconômica intensos, agravados pela pobreza da maior parte do país.

A Bolívia é oficialmente um Estado unitário democrático organizado segundo a separação de poderes  e de maneira descentralizada e presidencialista. O Estado se rege segundo a Constituição política da Bolívia aprovada em 7 de fevereiro do ano de 2009, que entrou em vigor neste mesmo ano. O poder executivo é encabeçado pelo presidente da república. O executivo é, tradicionalmente, o poder mais forte na política boliviana, tendendo a deixar em segundo plano a participação do congresso, cuja atividade se limita a debater e a aprovar as iniciativas legislativas do presidente. O presidente da Bolívia, eleito a cada cinco anos, é chefe de estado e de governo e nomeia o gabinete de ministros. A história da política exterior boliviana é marcada por conflitos sociais com países vizinhos, como o Chile, Peru e Paraguai. A Bolívia chegou a perder territórios para estes três países através de guerras, como a Guerra do Pacífico no século XIX e a Guerra do Chaco. A Bolívia perdeu territórios para o Brasil, que incluiu enfrentamentos militares sem que ocorresse uma guerra formal. Estas reivindicações territoriais mantém algum grau de tensão política permanente com estes dois países vizinhos. A política exterior atual reflete uma marcada tendência a metas tais como o desenvolvimento social, a luta contra a pobreza, a modernização institucional, a captação de cooperação externa e investimentos estrangeiros e o combate transparente ao narcotráfico.

Em entrevista à British Broadcasting Corporation (BBC) uma corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido fundada em 1922 que possui uma boa reputação nacional e internacional, ele classifica sua criação como “astrofotografia de paisagem”, também chamada analiticamente de campo amplo, que é um dos ramos que compõem a astrofotografia. Se até pouco tempo, a astrofotografia era associada a telescópios, nos últimos anos estamos vivenciando um verdadeiro boom neste ramo, que tende cada vez mais a hiperespecialização, sobretudo na América Latina, que possui lugares quase perfeitos para a captura das imagens. A grande pergunta é: - Por que ele levou 3 anos para concluir esta fotografia? O fotógrafo explica: - “Na primeira tentativa de fazer a foto – em 2016, fiquei muito frustrado, porque pensei que havia capturado uma super foto, mas quando cheguei em casa e analisei a foto, vi que meu equipamento não tinha a capacidade de obter uma imagem limpa e clara”. Primeiro, foi feita uma foto do céu. Logo em seguida, Huerta tirou 7 fotografias para cobrir todo o ângulo da Via Láctea, resultando em uma fileira de 7 imagens verticais do céu. Então inclinou a câmera em direção ao chão para tirar mais 7 fotografias do reflexo, o que rendeu um desdobramento de 14 imagens. E, por último, retornou ao ângulo da câmera para o meio extraordinário da Via Láctea, correu cerca de 15 metros e, com um controle remoto sem fio, apertou o botão à distância. O Salar de Uyuni assim como regiões desérticas, é praticamente desprovido de qualquer vida selvagem ou vegetação.

A vegetação é dominada por cactos gigantes (Echinopsis atacamensis pasacana, Echinopsis tarijensis, etc.). Os cardones representam os cactos das alturas, eles podem ser encontrados. Entre 1.500 e 3.00 metros de altitude, ao longo da Cordilheira dos Andes de norte a sul do continente. São resistentes – vivem mais de 200 anos. Toda a região é mística e reserva outras surpresas. No coração do Vale Calchaqui, uma paisagem de outro mundo: a Quebrada das Flechas. O nome tem origem na forma pontiaguda das rochas – lembram flechas apontadas para o céu. Com 20 quilômetros de extensão, a quebrada é cortada pela Rota 40, paralela à cordilheira dos Andes, é uma estrada que percorre a Argentina de norte a sul, entre La Quiaca, na fronteira com a Bolívia, que atravessa a Argentina de norte a sul. Eles crescem a 1 cm ano. Outros arbustos incluem Pilaya - que é usado para curar catarro - e Thola (Baccharis dracunculifolia), que é queimado como combustível. Também estão presentes plantas de quinoa e arbustos de queñua.

No início de novembro, quando começa o verão, é lar de três espécies de flamingos cor-de-rosa sul-americanos: o Flamingo-chileno, o Flamingo-andino, e o raro Flamingo-de-james, que podem ser observados no sul do país, e o flamingo-americano, que nidifica no extremo norte do país, região do Cabo Orange, no Amapá. Os flamingos aparecem no verão pois é quando se inicia o período de chuvas e também quando acontece o descongelamento das geleiras nos Andes que deixa o deserto de sal coberto de água, tornando-o um imenso lago com profundidade média de 30 cm. Cerca de 80 outras espécies de aves estão presentes, incluindo a Fulica cornuta, o ganso andino e o Hillstar andino. A raposa andina, é nesta região reconhecida por culpeo, também presente, e as ilhas ecologicamente hospedam colônias de viscachas. Outro lugar impressionante esculpido pela água é a Fenda do Diabo. A passagem da água e do vento também deixou curiosas formações naturais. A torre de pedra solitária é reconhecida como obelisco. Outra rocha parece a uma espécie mental de sapo gigante.  

O Apocalipse de Paulo, um texto do século IV que descreve o inferno cristão, encontra-se com lendas irlandesas e enriquece o imaginário individual e coletivo acerca dos acontecimentos infernais. Alguns autores apontem a influência desse texto atribuído à Paulo na Divina Comédia de Dante Alighieri. Vale ressaltar que foi no começo da Idade Moderna e não na Idade Média que o inferno e seus habitantes monopolizaram a imaginação dos homens no ocidente. Um dos aliados dessa disseminação foi a prensa, uma vez que ela proporcionou uma maior facilidade em reproduzir textos e disseminar as ideias das Igrejas Católica e Protestante. A obsessão na figura do Diabo se alia com a produção de um vasto arsenal de discursos e, principalmente, de imagens. A iconografia infernal é rica de exemplos de tortura e de detalhes imagéticos sobre como as almas condenadas a esse mundo sofrerão. O Diabo moderno expõe seus meios comunicativos de corromper a humanidade e seus elementos de tormentos: há aproximadamente 231 600 exemplares de obras relativas ao mundo demoníaco elucida o fervor referente a produção de conteúdo relacionado ao Diabo e ao seu mundo e obviamente, a presença desse ser no imaginário individual e coletivo das pessoas. O Diabo também está associado intrinsecamente a outro fenômeno muito popular na Idade Média: o fim do mundo, o discurso escatológico. Para muitas autoridades teológicas, a aproximação dessa data é precedida por uma última ação do Diabo, ativo agente antes do fim.

Existe uma etnografia Aymara, como são denominados os indígenas dessa  região dos Andes que relata que as montanhas Tunupa, Kusku e Kusina, que são as montanhas situadas à beira do deserto, eram pessoas gigantes. Segundo a memória, Tunupa se casou com Kusku, mas ele fugiu para ficar com Kusina. De luto, Tunupa começou a chorar enquanto dava de mamar para seu filho. Suas lágrimas se juntaram ao leite e formaram o Salar. Por conta dessa lenda, a população local considera Tunupa uma importante divindade e argumentam que a região deveria se chamar Salar de Tunupa, em vez de Salar de Uyuni. Cientificamente falando, os salares boliviano foram formados pelas transformações ocorridas em diversos lagos pré-históricos devido ao levantamento da Cordilheira dos Andes, que criou uma barreira entre o altiplano e o Oceano Pacífico. Como esses lagos eram circundados por montanhas de praticamente todos os lados, não havia para onde escoar a água. Aproximadamente de 30 a 42.000 anos atrás, a área representava um gigantesco lago, que foi chamado Lago Minchin.

Depois em função das mudanças arqueológicas e regionais se transformou no Lago Tauca, com uma profundidade de até 140 metros e existência de 13.000 a 26.000 anos atrás. De acordo com os geólogos, o Salar de Uyuni ocupa as antigas profundezas de um enorme lago, conhecido como lago Tauca, que cobria o Altiplano meridional até cerca de 12 mil anos atrás. Com profundidades aproximadas de 70 metros, o lago Tauca existiu durante dezenas de séculos e abrangia a área hoje ocupada pelo lago Poopó, pelo Salar de Coipasa e pelo Salar de Uyuni. Na verdade, porém, o Tauca era sucessor de outro lago anterior e ainda mais antigo, o Minchín, que cobria a mesma área, mas com profundidades ainda maiores há mais de 25 mil anos. O Salar teria se formado quando as últimas águas do lago Tauca evaporaram, deixando em seu leito apenas o sal que havia sido ali depositado pelas chuvas que banhavam as montanhas ao redor - há milhões de anos, quando os Andes se formaram, as terras hoje conhecidas como Bolívia estavam debaixo do oceano. Por último, teria existido um lago entre 11.500 a 13.400 anos, que foi chamado Lago Coipasa. Os nomes foram dados pelos estudiosos.  Mas é uma estimativa estatística. Quando secou,  deu origem a dois lagos modernos, chamados Poopó e Uru Uru, bem como ao Salar de Coipasa e o Salar de Uyuni. A mitologia Aymara  relata que as montanhas Tunupa, Kusku e Kusina, que circundavam a região, eram personificadas em pessoas consideradas gigantes. Tunupa se casou com Kusku, mas ele fugiu para ficar com Kusina.  

De luto, Tunupa começou a chorar enquanto dava de mamar para seu filho. Suas lágrimas se juntaram ao leite e formaram o imenso Salar. A sobrevivente população local considera Tunupa é uma importante divindade e argumentam que a região deveria, deste ponto de vista da cultura se chamar Salar de Tunupa, em vez de Salar de Uyuni. A região Oriente, a norte e leste, compreende três quintos do território boliviano, é formada por baixas planícies de muitos rios e grandes pântanos. No extremo sul, localiza-se o Chaco boliviano, pantanoso na estação chuvosa e semidesértico nos meses de seca. A nordeste da bacia do Titicaca, visualizam-se montanhas extremamente altas de 3 000 a 6 500 metros. Suas águas são calmas e límpidas. Nos arredores, está localizada a Reserva Nacional do Titicaca, que abriga rara fauna selvagem aquática, tendo, por exemplo, sapos gigantes.  

As montanhas de mais altitude caem em ângulos praticamente retos até se transformarem em planícies. Os Andes atingem a Bolívia e se dividem em duas grandes cadeias, a Oriental e a Ocidental. Nota-se que a cordilheira Ocidental é formada por vulcões inativos ou extintos, e suas rochas são formadas de lava vulcânica petrificada. A altitude máxima é de 3 700 m, com 800 km de comprimento e 130 km de largura. A cordilheira Oriental é composta por aspectos físicos de diversos tipos de rochas e areia. Juntamente com o vizinho Paraguai, a Bolívia é um dos dois únicos países das Américas que não possuem saída para o mar. O ocidente da Bolívia está situado na cordilheira dos Andes, com o pico mais elevado, o Nevado Sajama, a chegar aos 6 542 metros. O centro do país é formado por um planalto, o Altiplano, onde vive a maioria dos bolivianos. O leste do país é constituído por terras baixas e coberto pela floresta úmida da Amazônia. O lago Titicaca situa-se na fronteira terrestre entre a Bolívia e o Peru, o maior lago sul-americano por volume de água. No sudoeste do país, no departamento de Potosi, encontra-se o Salar de Uyuni, reconhecido o maior deserto de sal do mundo.

Quando suas águas secaram, ainda na época do Lago Minchin, reapareceu o pico de um vulcão pré-histórico que havia ficado submerso. A presença de corais na formação do solo, além de depósitos de fósseis e algas, evidencia que ele ficou inundado por bastante tempo. Essa formação geológica pode ser visitada durante os passeios pelo Salar de Uyuni. Trata-se da Isla Incahuasi, que também pode ser chamada de Inkawasi ou Ika Wasi. Seja qual for a forma de escrita, a origem do termo está na tradição da língua quéchua – Inka (Inca) e Wasi (casa), ou seja, “casa dos incas”. Aparentemente, eles já faziam paradas nesse local em suas andanças pela região. Subindo pela trilha que circunda a ilha, é possível observar uma quantidade sem fim de cactos gigantes, típicos dessa região da Bolívia, Chile e Argentina. Além disso, a vista lá de cima é espetáculo impressionante. Tem também outras ilhas entre San Pedro de Atacama e Uyuni. O que restou dos lagos é essa imensidão de sal. O terreno é formado pela combinação de lama resultante da mistura da água salgada com sedimentos como cloreto de sódio, cloreto de lítio e cloreto de magnésio, coberta por uma crosta de sal sólido que varia em espessura de algumas dezenas de centímetros a poucos metros.

Bibliografia geral consultada.

NASCIMENTO, Celso Gestermeier do, Os Aymará: Construindo a Revolução Índia no Ciberespaço. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Campina Grande: Universidade Federal da Paraíba, 2009; RAMOS, Paola Novaes, A Pertinência do Conceito de Legitimidade para Organizações Políticas: Modelos Racionais-legais Europeus, Tahuantinsuyu e Sociedade Tupinamba em Perspectiva Comparada. Tese de Doutorado em Ciências Sociais. Instituto de Ciências Sociais. Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas. Brasília: Universidade de Brasília, 2010; CARVALHO, Carlos Eduardo Marconi de, Recursos Naturais e Conflito Social na Bolívia Contemporânea (1970-2003). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2010; FERNÁNDEZ, Damir Galaz-Mandakovic, Uyuni, Capital Turística de Bolivia Aproximaciones Antropológicas a un Fenómeno Visual Posmoderno desbordante. In: Teoría y Praxis 16 (147-173), 2014; MATOS, Eder Ludovico de, A Busca Boliviana pelo Acesso Soberano ao Mar. As Vertentes Marítima e Continental em Torno do Conflito entre Chile e Bolívia. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais. Marília: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, 2017; VARGAS, Berchman Alfonso Ponce, Entre o Estigma e o Reconhecimento: Práticas Culturais Aimarás na Cidade de Tacna-Peru. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Instituto de Ciências Sociais. Departamento de Sociologia. Brasília: Universidade de Brasília, 2017; Artigo: “Averno: O Melhor Filme Boliviano dos Últimos Tempos é uma Viagem pela Mitologia Andina”. In: Revista Diálogos do Sul, 14 de março de 2018; OLIVEIRA, Mariana Freitas Gomes de, “Conflitos Sociais Relacionados ao Tour de Salar de Uyuni: Relações de Poder entre Turistas e Anfitriões”. In: Intratextos. Rio de Janeiro, vol. 9, n°1, 2018; SILVA, Patrícia da, Núcleo de Galáxias Gêmeas Morfológicas da Via Láctea: Uma Amostra Completa de 10 Objetos. Tese de Doutorado. Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas. Departamento de Astronomia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2020; entre outros.

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