“O sabá dos condenados respondia ao cerimonial da justiça com faustos que inventava”. Michel Foucault
Scarface - A Força do Poder, tem como representação social um filme de drama policial estadunidense de 1983, dirigido por Brian De Palma e escrito por Oliver Stone, um diretor aclamado, abordando temas que vão desde a Guerra do Vietnã e a política americana até cinebiografias musicais e dramas policiais. Um remake do filme de 1932 de mesmo nome, Scarface narra a história política do refugiado cubano do Êxodo de Mariel de 1980 Tony Montana (Al Pacino), que chega em Miami com nada e mais tarde se torna um poderoso chefão da droga. O filme também apresenta Mary Elizabeth Mastrantonio, Steven Bauer e Michelle Pfeiffer. O argumento é de Oliver Stone baseado num romance de Armitage Trail. Scarface é um dos filmes mais violentos já realizados e também um expoente de Hollywood no cinema da década de 1980. A resposta da crítica a Scarface foi heterodoxa, com as críticas sobre a violência simbólica excessiva, linguagem forte e frequente uso gráfico de droga pesada. Alguns expatriados cubanos em Miami se “opuseram à representação do filme de cubanos como criminosos e traficantes de drogas”. Comentários posteriores têm sido mais positivos, e os roteiristas e diretores extraordinários como Martin Scorsese elogiaram o filme. Ele recebeu uma reavaliação dos críticos, considerado por alguns como um dos melhores filmes de máfia de todos os tempos e em geral; na história referenciado extensivamente na particularidade da música rap e na cultura pop, quadrinhos e utilidade de uso de jogos de vídeo.
Censurado em muitos países, Scarface é um filme em que o palavrão fuck é utilizado 226 vezes no total, sendo que apenas Tony Montana o pronuncia 182 vezes. Sociologicamente a utilidade de uso de palavrões no cinema, é frequentemente um tema controverso, que tem aumentado nas últimas décadas, especialmente com a evolução do sistema de classificação. Inicialmente, o Código Hays proibia palavrões, mas o sistema de classificação da Motion Picture Association (MPA) estabeleceu diretrizes para o uso de linguagem imprópria. O sistema da MPA, que varia por país, utiliza classificações como PG, PG-13, R e NC-17, indicando “o grau de conteúdo adulto, incluindo linguagem forte”. O uso de palavrões tem sido objeto de controvérsia e censura, com filmes sendo cortados ou recebendo classificações restritivas. A MPA estabeleceu um sistema de classificação que permite aos cineastas usar palavrões de forma mais livre, mas também informa ao público sobre o conteúdo da obra. Filmes com linguagem forte podem gerar discussões sobre liberdade de expressão, realismo e adequação ao público. O filme “MAS*H” foi um dos primeiros filmes populares a usar a palavra fuck sob o sistema da MPA. Filmes como Pulp Fiction (1994) e Cães de Aluguel (1992) são reconhecidos por seu uso frequente de palavrões. A série de filmes O Poderoso Chefão também apresenta diálogos com linguagem forte, embora não se compare aos níveis de Pulp Fiction no artigo do Jovem Nerd. Entretanto, a classificação PG-13 geralmente permite o uso de fuck, desde que não seja em contexto sexual. A classificação R geralmente é necessária tendo em vista que “se o filme contiver várias expressões ou se a palavra for usada em contexto sexual”. Há exceções, e censores podem ser mais tolerantes, afinal, com filmes e valores de eventos históricos.
O uso de palavrões continua a ser um tema complexo e em constante evolução, com diferentes opiniões e perspectivas sobre seu impacto e adequação. Brian Russell De Palma, nascido em 11 de setembro de 1940 é um diretor de cinema e roteirista norte-americano. Com uma carreira de mais de 50 anos, ele é mais reconhecido por seus trabalhos nos gêneros suspense, crime e thriller psicológico. De Palma foi um dos principais membros da geração New Hollywood. Carrie (1976), sua adaptação do romance homônimo de Stephen King, lhe rendeu destaque como um jovem cineasta. Ele teve sucesso comercial com Vestida para Matar (1980), Os Intocáveis (1987) e Missão: Impossível (1996) e fez clássicos cult como Saudações (1968), Oi, Mãe! (1970), Irmãs (1972), O Fantasma do Paraíso (1974) e A Fúria (1978). Como um jovem diretor, De Palma sonhava em ser o “Godard americano”. Seu estilo é alusivo; ele prestou homenagem a Alfred Hitchcock em Obsession (1976) e Body Double (1984); Blow Out (1981) é baseado em Blowup (1966) de Michelangelo Antonioni, e Scarface (1983), seu remake do filme de Howard Hawks de 1932, é dedicado a Hawks e Ben Hecht. Seu trabalho foi criticado por sua violência e conteúdo sexual, mas também foi defendido por críticos americanos como Roger Ebert e Pauline Kael. Em 2015, ele foi entrevistado sobre seu trabalho em um documentário bem recebido por Noah Baumbach. De Palma nasceu em 11 de setembro de 1940, em Newark, Nova Jersey, o mais novo de três meninos.
Seus pais
ítalo-americanos eram Vivienne DePalma (née Muti) e Anthony F. DePalma,
um cirurgião ortopédico que era filho de imigrantes de Alberona, província de
Foggia. Ele foi criado na Filadélfia, Pensilvânia e Nova Hampshire, e
frequentou várias escolas protestantes e quakers, eventualmente se
formando na Friends` Central School. Ele tinha um relacionamento ruim com seu
pai e o seguia secretamente para registrar seu comportamento adúltero; isso
acabaria inspirando o personagem adolescente em Dressed to Kill (1980)
de De Palma. Quando ele estava cursando o Ensino Médio, ele construiu
computadores. Ele ganhou um prêmio regional de Feira de Ciências por seu
projeto “Um Computador Analógico para Resolver Equações Diferenciais”. Matriculado
na Universidade de Columbia como estudante de Física, De Palma ficou encantado
com a produção cinematográfica depois de assistir a Cidadão Kane (1941),
de Orson Welles, e Um Corpo Que Cai (1958), de Alfred Hitchcock. Após
receber seu diploma de graduação em 1962, De Palma matriculou-se no recém-misto
Sarah Lawrence College como aluno de pós-graduação em seu departamento de
teatro, obtendo um Mestrado em 1964 e se tornando um dos primeiros alunos do
sexo masculino em escola predominantemente feminina. Uma vez lá, influências
tão diversas quanto o professor de teatro Wilford Leach, os irmãos Maysles,
Michelangelo Antonioni, Andy Warhol e Jean-Luc Godard, impressionaram-no com
estilos e temas que moldaram seu trabalho nas décadas seguinte.
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, Miami vivia um mar de sangue, cadáveres, explosões, narcotraficantes, policiais corruptos, dinheiro sujo e toneladas de cocaína. Os chamados “cowboys da cocaína” geraram uma onda de terror que converteu o destino de férias de milhares de americanos na capital de assassinatos dos Estados Unidos. Mas, em meio ao caos, havia uma espécie de oásis do prazer onde mafiosos, autoridades e celebridades compartilhavam noites de sexo, drogas e álcool. “Era um paraíso em meio ao inferno”, disse à BBC Mundo o escritor e jornalista Roben Farzad, autor do livro Hotel Scarface: where cocaine cowboys partied and plotted to control Miami. Naquela conjuntura, esteticamene falando, o hotel Mutiny era o centro da ostentação na cidade. “Assim como Nova York tinha o famoso Studio 54, Miami tinha o The Mutiny”, diz Farzad. O hotel era uma vitrine para ver e ser visto. Mafiosos colombianos e cubanos chegavam a gastar milhares de dólares numa noite, compartilhando o espaço com celebridades como Barbara Streisand, Liza Minnelli, Arnold Schwarzenegger e integrantes das bandas Led Zeppelin, The Eagles e Fleetwood Mac. “Um dos frequentadores do hotel era um jovem artista faminto chamado Julio Iglesias”, conta Farzard. “Ele implorava ao DJ do local para que tocasse as suas músicas”. Segundo Farzad, o Mutiny também recebeu personagens da política, como Ted Kennedy, os irmãos Bush e Hamilton Jordan, chefe de gabinete do então presidente Jimmy Carter. Mas ao mesmo tempo em que atraía o jet set pop e político do país, o Mutiny era visitado por mafiosos que “inundavam” Miami de cocaína.
A
ostentação, ou exibição de riqueza e status social, é um fenômeno
presente em diversas culturas, mas com nuances diferentes nos Estados Unidos e
no Brasil. Nos Estados Unidos da América, a ostentação pode ser vista como um efeito
de poder do individualismo possessivo e do sucesso financeiro, enquanto no
Brasil, muitas vezes, é associada à busca por reconhecimento social e ao “jeitinho”
brasileiro de querer ser mais igual que o outro. A cultura norte-americana
valoriza o sucesso individual e a busca pela realização pessoal, o que pode
levar à ostentação como forma de demonstrar conquistas. A ideia de “fazer a
própria sorte” e ascender socialmente é forte, e a exibição de bens materiais
pode ser vista como uma validação desse sucesso. No Brasil, a ostentação pode
ter raízes históricas na busca por reconhecimento social e na valorização do “jeitinho
brasileiro” como forma de lidar com as dificuldades do dia a dia. A ostentação
pode ser vista como uma forma de ascensão social, mas também como uma forma de
compensar desigualdades e frustrações individuais e coletivamente. A cultura
brasileira (cf. Azevedo, 2010) com suas influências indígenas, africanas e
europeias, também molda a forma como a ostentação é percebida e praticada. Nos
Estados Unidos da América a ostentação pode ser mais discreta e tendo como
escopo em bens de consumo de alta qualidade, no Brasil ela pode ser mais
exuberante e chamar mais atenção. Além disso, a ostentação no Brasil pode ser
vista como mais polêmica, comparativamente, e gerar mais julgamentos sociais. É
importante ressaltar que a ostentação não é uma característica exclusiva de um
país ou cultura. No entanto, as particularidades políticas e sociais de cada
sociedade moldam a forma como esse fenômeno se manifesta e é percebido.
O decorador do Mutiny,
que tinha muitos clientes da Colômbia e de Cuba, se empenhou em “seduzir o
macho latino”. Segundo Farzad, há registros etnográficos de que Pablo Escobar
esteve pelo menos uma vez no Mutiny. “Não tinha nada de estranho em ir ao
Mutiny, almoçar ali não significava que você era um corrupto. Era à noite que
as coisas se tornavam mais interessantes”, diz o jornalista. Tudo ali era
projetado para o prazer e os excessos. O Mutiny foi fundado por Burton
Goldberg, personagem conhecido como “o Hugh Hefner de Miami”. No final dos anos
1960, Goldberg se dedicou a criar um lugar onde “qualquer fantasia fosse
possível”. Ao se dar conta de que muitos de seus clientes eram “novos ricos”
vindos da Colômbia, Venezuela, Cuba e América Central, o decorador que
trabalhava para Goldberg disse que o modelo de negócios deveria ser o de “sedução
do macho latino”. Assim, se deu a tarefa de criar 130 habitações temáticas,
cada uma mais espalhafatosa que a outra. Os nomes de cada suíte “falam por si”:
Caramelo Caliente, O Safari, Caravana Egípcia, A
Odisseia, A Quinta Dimensão, O Espaço Exterior...Farzad narra
a anedota que ouviu de um dos hóspedes do Mutiny, que, no meio de uma festa,
teria caído de sua suíte e parado na habitação Safari, onde estava em curso uma
orgia com homens e mulheres usando cabeças de leões e elefantes. O escritor
também descreve uma ocasião em que um grupo de narcotraficantes gastou US$ 20
mil para encher um tonel de champanhe. “Nada fazia sentido”, diz Farzad. “Mas
isso era o de menos, o que importa é que esses episódios revelam o que o
dinheiro representava para eles”. No meio das festas, ao ritmo da música dos
DJs, era fácil identificar quem era quem. Os traficantes cubanos, por
exemplo, eram mais extravagantes e ostentavam mais. Ipso facto, os
patrões dos traficantes colombianos igualmente exigiam que fossem bem mais
discretos. Eles e os demais clientes do hotel eram atendidos pelas Chicas
Mutiny, “um grupo de belas jovens que ganhavam milhares de dólares em uma
só noite”.
O ambiente no
Mutiny era tão alucinante que ninguém se atrevia a perturbá-lo. Policiais
disfarçados que se infiltravam no estabelecimento sabiam bem quem mais estava
lá. A qualquer momento poderiam interditar e fechar o local. Mas, segundo
Farzad, não tinham coragem de fazê-lo. Essa “atmosfera onírica” é recriada no
filma Scarface, um clássico de 1983, escrito por Oliver Stone, protagonizado
por Al Pacino e dirigido por Brian De Palma. Segundo Farzad, o fictício clube Babilônia
que aparece no filme é inspirado no Mutiny. Stone, Pacino e De Palma estiveram
no hotel original, segundo Farzad, e no script chegam a mencionar o Mutiny,
mesmo se referindo ao Babilônia. “A forma como descrevem como gostariam que
fosse o Babilônia é quase exatamente igual ao que foi o Mutiny”, afirma Farzad.
A farra no Mutiny durou até 1981. Naquele ano, Miami alcançou um nível de
violência sem precedentes. “Tudo se tornou questão de vida ou morte”, diz
Farzad. “Já não era mais só sexo, drogas e música”. Um dos pontos de inflexão
foi o assassinato de Margarita, uma das Chicas Mutiny, que apareceu morta nos
arredores de um chalé do hotel. “Isso despertou os demais funcionários”, diz
Farzad. “Eles se deram conta de que qualquer um deles poderia ter sido
Margarita”. A partir daí a polícia começou a pressionar mais a direção do
hotel. Com o surgimento da epidemia de Aids e a escalada dos conflitos entre
narcotraficantes, o Mutiny foi perdendo sua clientela. Além disso, outras casas
de festa com histórico menos problemático foram abertas na região. Finalmente,
Goldberg vendeu o hotel em 1984 e o prédio ficou abandonado até meados dos anos
1990, quando uma cadeia hoteleira voltou a colocá-lo em operação comercial, mas
com ambientação diferente do original. “Hoje é um hotel sem graça, nada
emocionante, com nenhum resquício de sex appeal”, opina Farzad. E atualmente
seria “impensável” um lugar original. Segundo ele, aquele era um símbolo
de “tempos mais inocentes”, quando os estragos da cocaína e da violência não
eram ainda tão evidentes.
Miami, oficialmente Cidade de Miami (City of Miami), é uma cidade localizada no estado americano da Flórida, no condado de Miami-Dade, do qual é sede. É a segunda cidade mais populosa da Flórida, depois de Jacksonville, e a 44ª mais populosa do país. Miami é um centro turístico, sendo uma das cidades mais visitadas por turistas nos Estados Unidos, por causa de seu clima quente durante o ano inteiro, e pelas suas praias. Sua origem ocorreu através de uma povoação criada no fim do século XIX, que prosperou com o caminho-de-ferro e o porto. A cidade é uma das mais frequentadas pelos snow birds (termo usado para descrever os habitantes da região norte dos Estados Unidos, que passam o inverno nos Estados do Sul, em especial, a Flórida, para fugirem da neve e ao frio). O turismo tornou-se uma importante fonte de renda de Miami a partir da década de 1920, e é atualmente a principal fonte de renda da cidade. Muitos imigrantes ficam em Miami, ou pelo menos desembarcam de suas viagens imigrantes por Miami, por causa de sua proximidade com a América Central, e também pela cidade situar-se no litoral, facilitando assim o acesso aos Estados Unidos através do litoral. São falados comumente na cidade, além do inglês, o espanhol, devido à quantidade de grupos e nacionalidade hispanófonas (de origem cubana, porto-riquenha, mexicana e de outros países da América Central) morando em Miami. A região também conta com uma colônia judaica numerosa.
Nos arredores da cidade está o Aeroporto Internacional de Miami, que é o segundo aeroporto mais movimentado do estado, atrás apenas do Aeroporto Internacional de Orlando. Este aeroporto está em tempos atuais em reformas, o que possibilitará a operação de grandes jatos, como o A380, da Airbus e outros grandes aviões. A área de Miami foi o primeiro espaço habitado por mais de mil anos pelo Tequestas, uma aldeia localizada no estado americano da Flórida, no condado de Palm Beach. Foi incorporada em 1957, mas foi mais tarde reivindicado pela Espanha em 1566 por Pedro Menéndez de Avilés (1519-1574). Uma missão espanhola foi construída um ano mais tarde, em 1567. Em 1836, a Fort Dallas foi construída, e a área geográfica de Miami se tornou posteriormente um sitio de combate durante a Segunda Guerra Seminole. Miami detém a distinção de ser a única grande cidade dos Estados Unidos fundada por uma mulher, Julia Tuttle (1849-1898), que era uma rica produtora de citrinos nativa de Cleveland. A área de Miami era conhecida como a “Biscayne Bay Country”, nos primeiros anos de seu crescimento. Alguns relatos etnográficos descrevem a zona como um promissor deserto. A área também foi caracterizada como “uma das melhores obras na Flórida”. Na Grande Parada de 1894-1895 Miami acelerou o crescimento, onde as culturas da área Miami foram as únicas que sobreviveram na Flórida. Julia Tuttle posteriormente convenceu Henry Flagler (1830-1913), um magnata ferro-rodoviário, a fim de expandir sua Florida East Coast Railroad para a região. Miami foi oficialmente declarada na esfera política do estado como “uma cidade em 28 de julho de 1896 com uma população de pouco mais de 300 habitantes”.
A Segunda Guerra
Seminole, também reconhecida como Guerra da Flórida, foi um conflito
ocorrido de 1835 a 1842 na Flórida entre os Estados Unidos e grupos de pessoas
conhecidos coletivamente como Seminoles, consistindo de Seminoles Creek e
Black, bem como outras tribos aliadas. Representou parte da série de
conflitos chamados de Guerras Seminole. Historicamente a Segunda
Guerra Seminole, frequentemente chamada de Guerra Seminole, é
considerada “o mais longo e custoso dos conflitos indígenas dos Estados Unidos”.
Após o Tratado de Payne`s Landing em 1832, que exigiu a remoção dos Seminoles
da Flórida, as tensões aumentaram até que ferozes hostilidades ocorreram no
massacre de Dade em 1835. Este engajamento iniciou oficialmente a guerra,
embora tenha havido uma série de incidentes que levaram à batalha de Dade. Os
Seminoles e as forças públicas dos EUA se envolveram principalmente em pequenos
engajamentos por mais de seis anos. Em 1842, apenas algumas centenas de povos
nativos permaneceram na Flórida. Embora nenhum tratado de paz tenha sido
assinado, a guerra foi declarada encerrada em 14 de agosto de 1842, pelo
Coronel William Jenkins Worth (1794-1849). Bandos de várias tribos no Sudeste
dos Estados Unidos da América se mudaram num processo fundamental difusionista para
as terras desocupadas na Flórida no século XVIII. Estes incluíam Alabamas,
Choctaw, Yamasees, Yuchis e Muscogees (então chamados de Creeks). Os
Muscogees eram o maior grupo e incluíam pessoas das Cidades Baixas e Altas da
Confederação Muscogee, e falantes de Hitchiti e Muscogee.
Um grupo de falantes
de Hitchiti, os Mikasuki, se estabeleceu ao redor do que é o Lago Miccosukee
perto de Tallahassee. Outro grupo de falantes de Hitchiti se estabeleceu ao
redor da Pradaria de Alachua no que é o Condado de Alachua. Os espanhóis em
Santo Agostinho começaram a chamar os Alachua Muscogees de cimarrones, que
significava aproximadamente “selvagens” ou “fugitivos”, [ a ] e que é a
provável origem de Seminole. Este nome (cf. Ginzburg e Poni,
1979) acabou sendo aplicado também a outros grupos na Flórida, embora os
nativos americanos ainda se considerassem membros de tribos diferentes. Outros
grupos na Flórida na época das Guerras Seminoles incluíam “índios
espanhóis”, assim chamados porque se acreditava que eles eram descendentes de
Calusas, e “índios rancho”, pessoas de ascendência nativa norte-americana,
possivelmente Calusa e Muscogee, e ascendência mista nativo
americana/espanhola, vivendo em ranchos de pesca espanhóis/cubanos na costa da
Flórida. Por um breve período logo após o início da guerra, esses índios
rancho, particularmente aqueles que residiam ao longo da Baía de Tampa,
receberam proteção. No entanto, eles também foram forçados a viver em reservas.
O Tratado de Moultrie Creek previa uma reserva na Flórida central para
os Seminoles.
Os Estados Unidos e a Espanha estavam em
desacordo sobre a Flórida depois que o Tratado de Paris encerrou a Guerra
Revolucionária Americana e devolveu o Leste e o Oeste da Flórida ao
controle espanhol. Os Estados Unidos disputaram os limites da Flórida
Ocidental. Eles acusaram as autoridades espanholas de abrigar escravos
fugitivos (Forte Negro) e de não impedir os nativos americanos que viviam na
Flórida de invadir os Estados Unidos. A partir de 1810, os Estados Unidos
ocuparam e anexaram partes da Flórida Ocidental. Além disso, a Guerra
Patriótica de 1812 foi parte desses conflitos em andamento. Em 1818, Andrew
Jackson (1767-1845) liderou uma invasão da Flórida Espanhola, durante a Guerra
de 1812 e a Guerra Creek, levando à Primeira Guerra Seminole.
Os Estados Unidos adquiriram a Flórida da Espanha por meio do Tratado
Adams-Onís em 1819 e tomaram posse do território em 1821. Agora que a
Flórida pertencia os peretencia, os colonos pressionaram o governo a remover
completamente os Seminoles e seus aliados. Em 1823, o governo negociou o
Tratado de Moultrie Creek com os Seminoles, estabelecendo reserva para eles
no meio do território.
Seis chefes, no entanto, foram autorizados a manter suas aldeias ao longo do Rio Apalachicola. Os Seminoles cederam suas terras no Panhandle e lentamente se estabeleceram na reserva, embora ocasionalmente tivessem confrontos com os europeus americanos. O Coronel (posteriormente General) Duncan Lamont Clinch (1787-1849) foi colocado no comando das unidades do Exército na Flórida. O Forte King foi construído perto da agência de reserva, no local da atual Ocala, Flórida. No início de 1827, o Exército relatou que os Seminoles estavam na reserva e que a Flórida estava em paz. Essa paz durou cinco anos, durante os quais houve repetidos apelos para que os Seminoles fossem enviados para o oeste do Mississippi. Os Seminoles se opuseram à mudança, e especialmente à sugestão de que deveriam ser colocados na reserva Creek. A maioria dos europeus americanos considerava os Seminoles simplesmente Creeks que haviam se mudado recentemente para a Flórida, enquanto os Seminoles reivindicavam a Flórida como seu lar e negavam qualquer ligação com os Creeks. A situação dos escravos fugitivos era uma irritação constante entre os Seminoles e os europeus-americanos. “O maior problema não era com eles [Seminoles], mas com os índios- negros”. O General Taylor, sendo ele próprio um senhor de escravos, não negaria “aos Seminoles seus negros” e, na prática, entregava seus cativos ao tenente John Fulton Reynolds (1820-1863), do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América, “encarregado da imigração”. A Espanha havia concedido liberdade aos escravos que escapavam para a Flórida sob seu domínio, embora os Estados Unidos não a reconhecessem.
Quer dizer, ao longo dos anos, aqueles que se tornaram conhecidos como Seminoles negros ou negros estabeleceram comunidades separadas das aldeias Seminoles, e os dois povos tinham alianças estreitas, embora mantivessem culturas distintas. “Os negros entre os Seminoles constituíam uma ameaça à instituição da escravidão ao norte da fronteira espanhola. Os senhores de escravos no Mississippi e em outras áreas da fronteira estavam cientes disso” e “acusavam constantemente os índios de roubar seus negros”. No entanto, esta “acusação” foi frequentemente revertida; os brancos atacavam a Flórida e roubavam à força os escravos dos homens vermelhos. Preocupado com a possibilidade de uma revolta indígena e/ou uma rebelião armada de escravos, o governador DuVal solicitou tropas federais adicionais para a Flórida. Em vez disso, Fort King foi fechado em 1828. Os Seminoles, com falta de comida e a caça piorando na reserva, estavam se afastando dela com mais frequência. Também em 1828, Andrew Jackson, o antigo inimigo dos Seminoles, foi eleito presidente dos Estados Unidos. Em 1830, o Congresso aprovou a Lei de Remoção dos Índios. Eles queriam resolver os problemas com os Seminoles movendo-os para o Oeste do Rio Mississippi. Miami prosperou na década de 1920 com um aumento na população e infraestruturas, mas enfraqueceu após o colapso da Flórida em 1920, o Furacão em Miami em 1926 e da Grande Depressão da década 1930. Quando a II Guerra Mundial (1939-1945) começou, Miami, bem localizada devido à sua localização na costa Sul da Flórida, desempenhou um papel importante na batalha contra os submarinos alemães. A guerra contribuiu para expandir a população humana de Miami, por volta de 1940, 172. 172 pessoas viviam na cidade.
Depois que o guerrilheiro marxista Fidel Alejandro Castro Ruz (1926-2016) subiu ao poder em 1959, muitos cubanos se refugiaram em Miami, aumentando ainda mais estaticamernte a população urbana. Nas décadas de 1980 e de 1990, diversas crises assolaram o Sul da Flórida, entre elas o espancamento de Arthur McDuffie e o subsequente motim, guerra das drogas, o furacão Andrew e o alvoroço de Elián González. Os distúrbios de Miami de 1980, também chamados de distúrbios de Arthur McDuffie, foram distúrbios raciais que ocorreram em Miami, Flórida, começando para valer em 18 de maio de 1980, após um júri totalmente branco absolver cinco policiais brancos do Departamento de Segurança Pública do Condado de Dade na morte de Arthur McDuffie, nascido em 3 de dezembro de 1946 e morto em 21 de dezembro de 1979, um vendedor de seguros negro e cabo do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. McDuffie foi espancado até a morte por quatro policiais após uma parada de trânsito. Depois que os policiais foram julgados e absolvidos de acusações que incluíam homicídio culposo e adulteração de evidências, um tumulto eclodiu nos bairros negros de Overtown e Liberty City na noite de 17 de maio. Os distúrbios continuaram até 20 de maio, resultando em pelo menos 18 mortes e cerca de US$ 100 milhões em danos materiais. Em 1981, o Condado de Dade resolveu uma ação civil movida pela família de McDuffie por US$ 1,1 milhão. Os distúrbios de Miami de 1980 foram os distúrbios urbanos mais mortais em uma única cidade desde o distúrbio de Detroit de 1967 e permaneceram assim até os distúrbios de Los Angeles de 1992, doze anos depois.
Nas primeiras horas da
manhã de 17 de dezembro de 1979, um grupo de seis policiais brancos parou
McDuffie, de 33 anos, que pilotava uma motocicleta Kawasaki Z1 1973, preta e
laranja. McDuffie havia acumulado multas de trânsito e pilotava com a carteira
de habilitação suspensa. De acordo com o Boletim de Ocorrência, ele liderou a
polícia em uma perseguição de oito minutos em alta velocidade por ruas
residenciais a velocidades superiores a 130 km/h. No relatório inicial, quatro
dos policiais envolvidos na perseguição [ a ] alegaram que McDuffie havia
passado no sinal vermelho ou parado e, posteriormente, levou a polícia a uma
perseguição de oito minutos. O sargento Herbert Evans (que não estava no local)
acrescentou que McDuffie perdeu o controle de sua motocicleta ao fazer uma
curva à esquerda e, de acordo com o policial Charles Veverka, McDuffie
posteriormente bateu a cabeça no chão,após o que tentou fugir a pé. Os
policiais o pegaram e uma briga se seguiu na qual McDuffie supostamente chutou
o sargento Ira Diggs, que escreveu “o sujeito foi observado lutando
violentamente”. A polícia dirigiu uma viatura sobre a motocicleta para fazer o
incidente parecer um acidente. McDuffie foi transportado para um hospital
próximo, onde morreu quatro dias depois devido aos ferimentos. A ex-esposa de
McDuffie, que planejava se casar novamente com ele em 7 de fevereiro de 1980,
estava de plantão como auxiliar de enfermagem quando ele foi transportado para
o Jackson Memorial Hospital. O relatório do legista concluiu que ele havia
sofrido múltiplas fraturas no crânio, uma das quais tinha 250 mm de
comprimento. O legista, Dr. Ronald Wright, afirmou que os ferimentos de
McDuffie não eram consistentes com um acidente de motocicleta e que, se
McDuffie tivesse caído da motocicleta, como alegou a polícia, não fazia sentido
que os medidores estivessem quebrados. Wright disse que parecia que ele havia
sido espancado até a morte.
Em dezembro de 1979, o vendedor de seguros e ex-fuzileiro naval negro Arthur McDuffie foi atacado por cerca de dez policiais brancos depois de cruzar um sinal vermelho com sua motocicleta. O ataque foi tão brutal que McDuffie entrou em coma e morreu poucos dias depois. Naquele ano, 621 pessoas morreram violentamente - a maior quantidade de homicídios em um só ano da história da cidade - e a imprensa relatava tudo de forma explícita. Uma mulher morta a tiros em uma rua de Miami, um homem com a jugular cortada com uma faca, um corpo rolando sobre uma autoestrada após ser empurrado de um carro em movimento, um menino de 4 anos baleado enquanto caminhava de mãos dadas com sua mãe... os mortos eram tantos que o escritório do legista local precisou alugar um caminhão refrigerado para armazenar os corpos. – “A quantidade de assassinatos era assustadora e o departamento de polícia não conseguia dar conta da limpeza dos homicídios”, declarou à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) o escritor e jornalista Roben Farzad, autor do livro Hotel Scarface: where cocaine cowboys partied and plotted to control Miami (“Hotel Scarface: onde os caubóis da cocaína festejavam e conspiravam para controlar Miami”). No entanto, na segunda metade do século XX, Miami se tornou um dos principais centros financeiros e culturais internacionais. Miami e sua área metropolitana extraordinariamente cresceu de pouco mais de mil habitantes para quase cinco milhões e meio de habitantes, em apenas 110 anos (1896-2006). O apelido da cidade, A Cidade Mágica, surge a partir deste rápido crescimento econômico e social. Os visitantes de inverno observaram que a cidade cresceu muito a partir de um ano para o outro comparativamente que era como magia.
Não por acaso Magic
Town é um filme de comédia estadunidense de 1947, dirigido por William A.
Wellman e estrelado por James Stewart e Jane Wyman. O filme é um dos primeiros
a abordar a então incipiente prática de pesquisas de opinião pública (cf.
Lasswell, 1975). O filme foi inspirado nos estudos de Middletown. Também é
conhecido como The Magic City. A “mágica” do título é o milagre
matemático (como é chamado no filme) que permite que certas cidades sejam
usadas para prever com bastante precisão as ações de todo o país. Lawrence “Rip”
Smith é um ex-jogador de basquete e ex-militar que agora administra uma empresa
que realiza pesquisas e levantamentos com consumidores. Ultimamente, ele tem se
dedicado a encontrar a “fórmula milagrosa” matemática perfeita para realizar a
pesquisa perfeita e competir de verdade com suas empresas rivais. Por falta de
recursos, ele está muito atrás de seu principal rival, George Stringer. Um dia,
Rip descobre que uma pesquisa feita por um amigo e ex-colega do Exército,
Hoopendecker, na pequena cidade de Grandview, coincide exatamente com uma que
Stringer havia feito em nível nacional. Rip conclui que a demografia da pequena
cidade é perfeita para o país como um todo e acredita ter finalmente encontrado
sua fórmula milagrosa. Ansioso para testar sua teoria, Rip vende uma
pesquisa sobre educação progressista para um cliente, com a promessa de que o
resultado será válido para todo o país. Além disso, ele promete entregar o
resultado no mesmo dia que a empresa de Stringer, embora a rival já esteja
trabalhando no projeto há algum tempo. Rip e sua equipe de profissionais viajam
para Grandview para realizar a pesquisa. Eles fingem ser corretores de seguros.
Mas os problemas começam quando Rip ouve uma conversa entre uma mulher chamada
Mary Peterman tentando convencer o prefeito a expandir a cidade e construir uma
série de novos prédios: um centro cívico.
Rip quer que a cidade
permaneça exatamente como está, para que ele possa fazer suas pesquisas
perfeitas, refletindo a demografia do país. Rip faz um discurso eletrizante
para preservar a cidade, e os membros conservadores do conselho municipal o
ouvem em vez de Mary, cuja proposta é deixada de lado. Mary escreve um
editorial ousado e raivoso contra Rip no jornal local, administrado por sua
família. Rip inicia uma ofensiva de charme contra Mary para amolecê-la, mas ela
se mantém firme. Os dois combatentes, no entanto, se sentem atraídos um pelo
outro. Eles passam muito tempo juntos enquanto Rip secretamente reúne
informações para sua pesquisa. Um dos colegas de Rip o avisa que ele está se
envolvendo demais com o assunto que deveria estar estudando, mas Rip fica cego
por sua atração por Mary. Rip começa a treinar o time de basquete da escola e
participa de um baile da escola, onde conhece a família de Mary. Quando Rip
mais tarde foge para falar com seu cliente por telefone, Mary o segue, escuta a
conversa e descobre a verdade sobre Rip estar na cidade. Irritada com a
mentira, ela publica a história no jornal no dia seguinte. Um jornal de
circulação nacional maior retoma a história, e logo a cidade está repleta de
repórteres. A cidade é chamada de "capital da opinião pública dos
EUA" e seus habitantes começam a vender suas opiniões sobre produtos de
consumo em cada esquina. A prefeitura começa a traçar planos ousados para
expandir a cidade, e tanto Rip quanto Mary se envergonham do que fizeram para
mudar a estrutura da cidade.
Rip deixa Grandview e Mary e volta para casa. Logo, uma estranha pesquisa em Grandview indica que os cidadãos americanos gostariam de uma presidente. A cidade é ridicularizada pela espetacularização da imprensa e os planos de expansão têm um fim abrupto. Mas Rip não consegue esquecer Mary e retorna a Grandview para revelar per se seus verdadeiros sentimentos. Mary admite que também sente algo por ele, mas também diz a Rip que eles precisam consertar a bagunça que causaram em Grandview antes de poderem começar um relacionamento. Rip começa conversando com um senador americano de Grandview, Wilton, para obter ajuda dele para arrecadar fundos para salvar a cidade. Eles apresentam seu plano diante da Câmara Municipal, mas o principal membro do conselho, Richard Nickleby, é contra. Chateado, Rip diz a Nickleby que está “abandonando o time”. Mais tarde, Rip descobre, por meio de Hank, filho de Nickleby, que seu pai já havia vendido o terreno onde a expansão principal ocorreria para uma empresa. Para impedir isso, Rip consegue publicar trechos do discurso da prefeitura, algumas semanas antes, onde afirmava que eles expandiriam a cidade “com as próprias mãos”. Muitos moradores que leram o artigo começaram a exigir que a prefeitura construísse no terreno designado para salvar a reputação da cidade. Acontece que o contrato de venda da propriedade não estava formalmente correto e o terreno é devolvido à cidade. Todos os moradores contribuem para a construção de um centro cívico no terreno, e Rip e Mary se tornam um casal.
A delinquência provocada geralmente por pessoas órfãs e exploração desenfreada do ser humano por outros seres humanos é o ingrediente base de Oliver Twist e “Nicholas Nickleby”, onde faz também a denúncia das condições sociais de muitos estabelecimentos de ensino. “Casa Sombria” será um libelo contra a corrupção e a ineficiência do sistema jurídico inglês, tal como em “A pequena Dorrit”. Menos reconhecido, este romance é uma obra prima de sátira acerba, recheada de enganos, além de contar a típica história do pobre que enriquece. Aventurou-se também pelo romance histórico, de que é exemplo “Barnaby Rudge”, de 1841 — a obra é, contudo, dominada pela ficção e apenas em alguns pontos serve o desígnio do que se costuma chamar “romance histórico”. De fato, nenhuma das personagens tiveram existência, excetuando Lord Gordon. O seu “Conto de duas cidades”, sobre a Revolução Francesa, de cariz diverso do resto da sua obra é, contudo, um dos mais celebrados romances históricos ingleses. Charles Dickens era fascinado pelo teatro, que considerava como uma forma de refúgio psicológico perante as adversidades da vida. Em Nicholas Nickleby aparecem personagens ligadas ao meio teatral.
A mulher que o acompanhou nos
últimos anos de vida era atriz, e ele mesmo teve uma carreira ligada ao palco,
durante as suas leituras públicas dos seus próprios romances, que o levou a
percorrer a Grã-Bretanha e os Estados Unidos em digressões muito concorridas, e
na sua escrita, ao conjugar realidade com fantasia, a crítica social com o
melodrama, e a reflexão sobre o destino humano com o humor. Outros, porém,
consideram David Copperfield o seu melhor romance — é também aquele onde
se encontram mais elementos autobiográficos. A sua popularidade pouco decresceu
desde a sua morte. Continua a ser um dos autores ingleses mais lidos e
apreciados. Pelo menos cerca de 180 filmes e adaptações para televisão das suas
obras documentam ainda o seu sucesso entre o público atual. Durante a sua vida
se tinham adaptado algumas das suas obras para o palco. Em 1913 os produtores
cinematográficos se lançavam na produção de um filme mudo denominado The
Pickwick Papers. As suas personagens eram de tal forma sugestivas que
pareciam ganhar vida própria, tornando-se, mesmo, proverbiais. A língua inglesa
ganhou alguns neologismos à sua conta. “Gamp” é um termo usado na gíria para “guarda-chuva”,
devido a uma personagem, a senhora Gamp. “Pickwickiano”, “Pecksniffiano”, etc.,
podem ser usadas para se referir ao mesmo tipo de pessoa que as personagens
referidas. O seu conto “Canção de Natal” é talvez a sua história mais reconhecida.
As adaptações são inúmeras, para quase todos os géneros de comunicação: cinema,
banda desenhada, televisão, teatro, outras adaptações literárias, etc., criam
um fenómeno de popularidade que transcende a obra original. Segundo alguns,
esta história, patética, moralista e bem-humorada, resume o verdadeiro
significado do Natal, eclipsando todas as outras histórias de Dickens sobre o
tema.
Scarface iniciou seu desenvolvimento após Pacino ver o filme de 1932 de mesmo nome no Tiffany Theather enquanto estava em Los Angeles. Mais tarde, ele chamou o seu gerente, o produtor Martin Bregman (1926-2018) e informou-o de sua crença no potencial de um remake do filme. Pacino originalmente queria manter o aspecto da peça da época, mas percebeu que devido à sua natureza melodramática seria difícil de realizar. Sidney Lumet tornou-se figura como diretor, desenvolvendo a ideia de Montana ser cubano chegando na América durante o êxodo de Mariel, isto é, uma emigração em massa de cubanos que partiram de Porto de Mariel para os Estados Unidos entre 15 de abril e 31 de outubro de 1980. O evento foi precipitado por uma desaceleração acentuada da economia cubana que levou a tensões internas na ilha e uma busca de asilo na embaixada peruana de mais de 10 mil cubanos. O governo cubano anunciou subsequentemente que qualquer pessoa que queria deixar o país poderia fazê-lo, e um êxodo de barco começou pouco depois. O êxodo foi organizado por cubano-americanos com o acordo do presidente marxista cubano Fidel Castro (1926-2016). O êxodo começou a ter implicações políticas negativas para o então presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter (1924-2025), quando se descobriu que um número dos exilados tinha sido libertado das prisões cubanas e instituições de saúde mental. O êxodo de Mariel acabou por mútuo Acordo entre os dois governos envolvidos em outubro de 1980. Mais de 125 mil cubanos haviam feito a viagem para a Florida.
O episódio começou
quando, em 1º de abril de 1980, Hector Sanyustiz colocou em prática o plano que
planejara secretamente durante meses. Ele embarcou em um ônibus, e junto com
outras quatro pessoas (incluindo o condutor), parou várias quadras antes do Setor
das Embaixadas no centro de Havana. O motorista, que também era amigo de
Sanyustiz, anunciou que o ônibus havia quebrado e esvaziou o veículo, deixando
os outros quatro que estavam a par do plano. Sanyustiz assumiu o controle do
ônibus e dirigiu-o através da cerca da embaixada peruana. Alguns dos guardas
cubanos que foram posicionados para vigiar a rua abriram fogo contra o ônibus.
Um guarda foi ferido mortalmente no fogo cruzado. Os cinco tomaram medidas
desesperadas para pedir asilo político, e o diplomata peruano encarregado da
embaixada, Ernesto Pinto-Bazurco, concedeu. O governo cubano imediatamente
pediu ao governo peruano para retornar os cinco indivíduos, afirmando que eles
precisavam serem julgados pela morte do guarda. Mas o governo peruano recusou. Scarface
estreou no dia 1° de dezembro de 1983 em Nova Iorque, onde foi inicialmente
recebido com heterodoxas reações positivas. Duas estrelas do filme, Al Pacino e
Steven Bauer, foram acompanhadas por Burt e Diane Lane, Melanie Griffith,
Raquel Welch, Joan Collins, seu então namorado Peter Holm e Eddie Murphy entre
outros. O limitado relançamento do 20º aniversário nos cinemas em 2003,
ostentava uma trilha sonora remasterizada com efeitos sonoros aprimorados e
música.
As diferenças criativas
de Bregman de Lumet fizeram com que Lumet desistisse do projeto. Lumet queria
fazer uma história política que se concentrasse em culpar a administração
presidencial para o afluxo de cocaína para os Estados Unidos, e Bregman discordou
das opiniões de Lumet. Bregman o substituiu por Brian De Palma, e contratou o
escritor Oliver Stone, mais tarde afirmando que demorou apenas quatro
telefonemas para garantir o seu envolvimento. Stone pesquisou o roteiro,
enquanto lutava contra o seu próprio vício em cocaína. Ele e Bregman realizaram
sua própria investigação, viajando para Miami, Flórida, onde eles tiveram
acesso aos registros do Gabinete do Procurador dos EUA e a Organized Crime
Bureau. Stone mudou-se para Paris para escrever o roteiro, acreditando que
ele não poderia quebrar seu vício enquanto estava nos Estados Unidos, afirmando
em uma entrevista de 2003 que ele estava completamente fora das drogas no
momento, “porque eu não acho que a cocaína ajuda a escrever. É muito destrutivo
para as células do cérebro”. Embora Pacino tenha insistido em assumir o papel
principal como Tony Montana, Robert De Niro foi convidado, mas recusou o papel.
Pacino trabalhou com especialistas em combate com faca, formadores e com o
boxeador Roberto Duran para atingir o tipo de corpo que ele queria para o
papel. Duran também ajudou a inspirar o personagem, a quem Pacino pensou ter “um
certo leão nele”, e o trabalho de Meryl Streep em A Escolha de Sofia
(1982), onde desempenhou uma personagem imigrante.
Bauer e um treinador de dialeto o ajudaram a aprender aspectos da língua e pronúncia do espanhol cubano. Pfeiffer era uma atriz desconhecida, e ambos Pacino e De Palma tinham argumentado contra sua entrada no elenco, mas Bregman lutou por sua inclusão. Glenn Close era a escolha original para o papel, enquanto outras, incluindo Geena Davis, Carrie Fisher, Kelly McGillis, Sharon Stone, e Sigourney Weaver também foram consideradas. Bauer, no entanto, tem o seu papel, mesmo sem a audição. Durante o processo de audição, a diretora de elenco Alixe Gordin viu Bauer e imediatamente notou que ele estava certo para o papel de Manny, um julgamento que tanto De Palma e Bregman concordaram; ele foi o único real cubano no elenco principal. John Travolta foi considerado para o papel. Durante os ensaios para um tiroteio, Pacino ficou ferido depois que ele pegou o cano de uma arma que tinha acabado de ser usada para disparar várias balas fictícias. Sua mão ficou presa ao cano quente e ele não foi capaz de removê-lo imediatamente; a lesão o afastou durante 2 semanas. A cena do tiroteio também inclui uma única gravação, dirigida por Steven Spielberg, que estava visitando o set naquele momento oportunamente. Durante as filmagens, alguns cubano-americanos se opuseram à presença de personagens cubano-americanos do filme tendo em vista que eles estavam sendo retratados para a sociedade globalizada como criminosos por atores não-cubano-americanos. Para contrariar esta situação, contraditoriamente, o filme apresenta um aviso durante os seus créditos, “certificando que os personagens do filme não eram representativos da comunidade cubano-americana”.
A indústria do
entretenimento inicialmente odiava o filme, como a atriz Liza Minnelli — que na
época não tinha visto o filme —; ela veio até Pacino e disse, “Al, o que você
fez com essas pessoas?”, mas Pacino lembrou de Eddie Murphy que também estava
lá e disse: “Eu adorei, Al”. Apesar de ambientado em Miami, a maior parte do
filme foi gravado em Los Angeles já que o turismo de Miami tinha medo de que a
representação do cinema do estado, como um refúgio para as drogas e bandidos,
iria impedir o turismo. A mansão opulenta de Tony em Miami era El Fureidis,
uma mansão de estilo romano, em Santa Barbara, Califórnia. Scarface recebeu uma
classificação X na América do Norte, três vezes por “extrema violência,
linguagem forte e frequente uso de drogas pesadas”. A classificação restritiva,
mais associada à época com a pornografia, tanto limitou o número de cinemas
dispostos a exibir tal filme, e restringiu a publicidade promocional, o que
afetaria adversamente o potencial de quaisquer receitas de bilheteira. Em
particular, uma das primeiras cenas espetacular “onde Angel, associado de
Montana, é desmembrado com um motosserra, foi apontada como a causa da
classificação X”. De Palma fez edições para o local e reenviou para a Motion Picture Association of América (MPAA),
mas foi novamente dada uma classificação X.
Ele fez mais edições e reapresentou entre 3 a 5 vezes antes de se recusar a editar mais o filme, dizendo que a Universal Pictures ou o libera em sua forma atual ou queima-lo e substitui-o por alguém que possa editá-lo. A Universal optou por recorrer da decisão do MPAA. Então o presidente do estúdio Robert Rehme participou da audiência, que foi presidida pelo seu amigo e Presidente da MPAA Jack Valenti que foi presidente da Motion Picture Association (MPA), anteriormente reconhecida como Motion Picture Association of America (MPAA), de 1966 a 2004. Ele é conhecido por ter criado o sistema de classificação de filmes da MPAA. Valenti também foi um importante lobista pró-direitos autorais e defensor da indústria cinematográfica americana. Antes de liderar a MPAA, Valenti foi assessor especial do presidente Lyndon B. Johnson (1908-1973). Um dos marcos de sua gestão de negócios foi a implementação do sistema de classificação de filmes da MPAA, que avalia o conteúdo de filmes para informar o público sobre sua adequação a diferentes faixas etárias. Valenti era destacadamente reconhecido por seu trabalho de lobby no Congresso dos Estados Unidos da América, defendendo os interesses predominantemente da chmada indústria cinematográfica. Ele também atuou ativamente no combate à pirataria de filmes, buscando proteger os direitos autorais e a produção audiovisual. Jack Valenti morreu em 26 de abril de 2007, aos 85 anos, em Beverly Hills, Califórnia, devido a um derrame. Após sua morte, a National Italian American Foundation (NIAF) lançou o Jack Valenti Institute em sua homenagem, para apoiar estudantes de cinema ítalo-americanos.
Ebert descreveu sua
abordagem de crítica analítica a filmes como “relativas, não absolutas”; ele
analisou um filme para o que ele sentiu para o que seria com seu público
potencial, mas sempre com pelo menos alguma consideração quanto ao seu valor
como um todo. Ele premiava com quatro estrelas de filmes da mais alta
qualidade, e geralmente, meia estrela aos do mais baixa, a menos que ele
considere que o filme seja “artisticamente inepto” ou “moralmente repugnante”,
caso em que não recebe estrelas. Quando você pergunta a um amigo se Hellboy é
bom, você não está perguntando se ele for bom em comparação com Mystic River,
você está perguntando se ele é bom em comparação com The Punisher. E a
minha resposta seria, em uma escala de um a quatro, se Superman é quatro, então
Hellboy é três, comparando com The Punisher é duas. Da mesma forma, se American
Beauty recebe quatro estrelas, em seguida, The United States of Leland
recebe cerca de duas. Ebert enfatizou que suas classificações de estrelas
teriam pouco significado se não forem no contexto da própria avaliação. Ocasionalmente
(como em sua avaliação de Basic Instint 2), a classificação de estrelas de
Ebert pode ter parecido em desacordo com o seu parecer por escrito. Ebert
reconheceu tais casos, afirmando: “Eu não posso recomendar o filme, mas … por
que diabos eu não posso? Só porque ele é desagradável? Que tipo de razão é para
ficar longe de um filme? Desagradável e chato, que seria uma razão”. Em agosto
de 2004 Stephen King, em uma coluna, criticou o que ele via como uma tendência
crescente de clemência para os críticos de filmes, incluindo Ebert.
Sua principal crítica é
que os filmes, citando Spider-Man 2 como um exemplo, estavam constantemente
recebendo quatro classificações de estrelas que eles não merecem. Em sua
revisão para Família Manson, Ebert deu ao filme três estrelas para alcançar o
que se propôs a fazer, mas admitiu que não conta como uma recomendação.
Semelhantemente ele deu a refilmagem estrelada por Adam Sandler (Longest
Yard) uma avaliação positiva para de três estrelas, mas em sua revisão, que
ele escreveu logo depois de assistir ao Festival de Cannes, ele recomendou aos
leitores para não verem o filme porque não tinha acesso a cinematográfica com
experiência mais satisfatória. Ele se recusou a dar uma classificação por
estrelas para The Human Centipede (First Sequence), argumentando
que o sistema de classificação foi "inadequado" a um filme como este:
“É um filme bom, é ruim, isso importa, ele é o que é e ocupa um mundo em que as
estrelas não brilham”. Entre aqueles que falaram em nome do filme durante a
apelação estavam o crítico de cinema Roger Ebert, o chefe da organizada divisão
de crime do Condado de Broward da Flórida, e o chefe de uma grande cadeia de
cinema, Alan Friedberg. Membro da MPAA Richard Heffner viria a admitir que ele
poderia ter lutado mais para manter a classificação X, mas ele
acreditava que Valenti não apoiou a decisão, já que ele não quer se indispor
com os grandes estúdios de cinema. A decisão foi esmagadora a favor de lançar o
filme com a classificação R menos restritiva. Em resposta, De Palma
argumentou que se a última versão do filme foi agora considerada restrita,
então a sua versão original também seria, racionalizando que as edições que ele
fez foram menores. A MPAA disse a De Palma que só a sua mais recente edição pode
ser certificada como restrita. De Palma no entanto acreditava que as mudanças
foram tão pequenas que ninguém iria notar se ele lançasse a sua versão original
de qualquer maneira, o que ele finalmente fez.
Bibliografia Geral Consultada.
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