“Amizade é o nome da rua que leva a gente para casa”. Ana Maria Braga
Ana Maria Braga Maffeis nasceu em São Joaquim da Barra, município brasileiro do estado de São Paulo pertencente a Aglomeração Urbana de Franca, em 1º de abril de 1949. É apresentadora de TV, chef de cozinha e jornalista brasileira. O município já se chamou Juçara, São Joaquim de Oiçaí, São Joaquim de Nuporanga, Capão do Meio e São Joaquim, acrescentou-se o termo “da Barra” ao nome por causa do Córrego da Barra, divisor dos municípios de Ipuã e São Joaquim da Barra e pouso habitual de viajantes e tropeiros no percurso entre Ipuã e Nuporanga. O município surgiu no início do século XIX, devido ao “êxodo dos moradores do Sul da província de Minas Gerais, atraídos pela riqueza da terra, pelo clima agradável e boas aguadas. Nascia o povoado de São Joaquim quase 100 anos depois disto, em 1898”. Em 30 de maio de 1898, José Esteves de Lima e sua esposa Maria Teodora da Conceição assinaram a escritura de doação de patrimônio para a construção da primeira capela do povoado, que teve como padroeiro São Joaquim. As obras foram iniciadas em 1901, e o distrito de São Joaquim foi criado pela Lei Estadual nº 859, de 6 de dezembro de 1902. O pequeno povoado passou então a receber inúmeras pessoas chegaram de territórios vizinhos ou distantes, entre elas italianos, espanhóis e portugueses.
Inaugurada a Estação São Joaquim pela Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, com a primeira casa de comércio impulsionaram a dinâmica do crescimento e progresso do
município. Em 19 de dezembro de 1906 foi elevado a categoria de vila pela lei nº
1038. Criado o município pela lei estadual nº 1588 de 16 de dezembro de 1917,
com território desmembrado de Orlândia, elevando sua sede à categoria de
Cidade. Em 30 de novembro de 1944, pelo Decreto Lei Estadual nº 14374, o nome
foi mudado para São Joaquim da Barra. Em 1979 a estação ferroviária foi
desativada e substituída por outra afastada da cidade, os trilhos que passavam
ao centro da cidade foram retirados e deram espaço ao que é a Av. Orestes
Quércia. Empresário e político brasileiro Orestes Quércia (1938-2010) foi
filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Foi o 53º Governador do
estado de São Paulo. Orestes Quércia mudou-se jovem com a sua família
para Campinas, onde se formou em jornalismo. Era também advogado e
administrador de empresas desde 1962 pela Pontifícia Universidade Católica
de Campinas.
De infância humilde em Pedregulho como entregador de leite e vendedor de doces na estação de trem, Quércia deixou um patrimônio avaliado em 1,5 bilhão aos seus herdeiros. Segundo o jornalista e escritor Elio Gaspari foi o primeiro político bilionário brasileiro. Filho do pedreiro Octávio Quércia e da lavradora Isaura Roque Quércia, Orestes Quércia morou em Pedregulho e a seguir em Campinas, para onde se mudou acompanhando a família e onde foi eleito vice-presidente do grêmio estudantil da Escola Normal Livre. À época, ingressou como repórter do Diário do Povo e foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, onde foi diretor do jornal do Centro Acadêmico 16 de Abril e fundou a Universidade de Cultura Popular, ligada à universidade. Locutor (1959 - 1963) da Rádio Cultura e da Rádio Brasil, trabalhou no Jornal de Campinas e na sucursal do Última Hora. A seguir, presidiu a Associação Campinense de Imprensa e trabalhou no Departamento de Estrada de Rodagem (DER) como assistente de produção. Orestes Quércia basicamente construiu sua carreira política no regime militar (1964-85), iniciou sua vida pública ao ser eleito vereador de Campinas pelo Partido Libertador em 1962. Representou um partido político que existiu durante dois períodos, de 1928 a 1937 e depois entre 1945 e 1965. Defendia o sistema parlamentarista de governo e o federalismo. Extinto o pluripartidarismo, optou pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) tendo sido eleito deputado estadual em 1966 e prefeito de Campinas em 1968.
Em relação à sua gestão à frente da prefeitura, o Dicionário
Histórico e Bibliográfico Brasileiro (DHBB) da Fundação Getúlio Vargas
destaca o seguinte: Em sua gestão desenvolveu trabalhos através de planejamento
coordenado com a Universidade Estadual de Campinas. Foi autor do projeto de
avenidas expressas, pavimentou ruas e avenidas, aperfeiçoou o saneamento com a
construção da terceira estação de tratamento de água e a elaboração do plano
diretor de esgotos, urbanizou o parque Taquaral, na época o maior centro
turístico do estado, construiu o chamado palácio dos Esportes e instalou praças
de esportes nos bairros mais populosos. Criou ainda novos núcleos de habitação
popular e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas. Após eleger seu
sucessor Lauro Gonçalves na prefeitura em dezembro de 1972, Quércia passou a
organizar diretórios do Movmento Democrático Brasileiro pelo interior paulista
e disputou a convenção do partido como candidato ao Senado Federal em 1974
vencendo a disputa com Lino de Matos e Samir Achôa.
Naquele pleito, Quércia deu o seu grande salto
político-eleitoral ao ser eleito senador com expressivos 4 630 182 votos representando
73,19% dos válidos, derrotando o então senador conservador arenista e candidato
à reeleição apontado como favorito Carvalho Pinto – o qual recebeu apenas 1 696
340 votos (26,81% dos válidos). Na tribuna, Quércia foi crítico da política
econômica do governo general Ernesto Geisel e em 1977 foi noticiada a
ocorrência de casos de corrupção quando de sua passagem pela prefeitura de
Campinas, porém tais afirmações ideológicas não foram comprovadas. Com o
retorno ao pluripartidarismo, ingressou no PMDB em 1980 e declarou-se
candidato à sucessão do governador Paulo Maluf em fevereiro de 1981, posição
que manteria até que um acordo de última hora tornou-o candidato a
vice-governador na chapa de Franco Montoro em 1982. Foi eleito vice-governador,
mas ao contrário da imagem de unidade partidária apresentada durante a
campanha, foi adversário constante de políticos peemedebistas ligados ao
governador, não conseguindo, porém, impedir a nomeação do deputado federal
Mário Covas como prefeito de São Paulo em 1983 e a eleição do senador Fernando
Henrique Cardoso à presidência do diretório estadual do PMDB naquele mesmo ano.
Foi adepto das Diretas Já (1984), um movimento político de cunho popular que teve como objetivo a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República no Brasil, durante a ditadura militar brasileira e da campanha vitoriosa de Tancredo Neves (1910-1985) à Presidência em 1985, ano em que se casou com a médica Alaíde Cristina Barbosa Ulson. Nesse ponto, estava em curso a sua candidatura a governador em 1986. Quando da derrota da Emenda Constitucional Dante de Oliveira na Câmara dos Deputados, foi um dos políticos que ingressaram com Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar forçar a apreciação da proposta pelo Senado Federal, o que não obteve resultado prático algum. Após a vitória do ex-presidente Jânio Quadros (PTB) sobre Fernando Henrique Cardoso em novembro daquele ano, Quércia viu aumentar seu controle sobre o PMDB num movimento denominado de “quercismo” que garantiu sua indicação como candidato a governador apesar das dissidências internas. Candidato numa eleição inicialmente polarizada entre o então deputado federal Paulo Maluf e o empresário Antônio Ermírio de Morais e a qual ainda contava com a participação do deputado Eduardo Suplicy, do Partido dos Trabalhadores (PT) iniciou o embate com índices baixos nas pesquisas de opinião, entretanto manteve sua candidatura e afinal sagrou-se vitorioso em turno único com 5 578 795 votos, tendo conquistado 40,78% dos válidos. Entretanto, seu governo foi responsável pela duvidosa necessidade de privatização da empresa Viação Aérea São Paulo em 1990, ano em que elegeu Luiz Antônio Fleury Filho como seu sucessor.
Ipso facto o Fundo Social de Solidariedade forma o trabalho de Assistência Social de São Joaquim da Barra, onde diariamente são atendidas pessoas nos diferentes programas sociais como ocorre no trabalho de manicure, cabeleireiro, corte, costura, tricô, pintura em tecido e bordado, atendimento à gestante. Em termos hidráulicos que regem o transporte na cidade, a conversão de energia, a regulação e o controle do fluido agindo sobre suas variáveis, destacam-se a utilidade de uso e transformação de ferro, siderurgia e laminação, e per se na fabricação de peças para máquinas agrícolas, com finalidade de fabricação de calçados, e esmagamento de soja para óleo comestível. As usinas de açúcar e álcool são parte da economia do município. O comércio destaca-se pela variedade de atividades, tornando o município um ponto de referência para a região. De um total de 39.900 ha, o município tem uma área agricultável de 32.000 ha, sendo 23 mil de cultura de cana, 4 mil de cultura de soja, 2.600 de cultura de milho e 3 mil destinados às pastagens. O município possui 2.500 cabeças sendo a maioria gado cruzado e produtor que produz 1.500 litros de leite por dia e em torno de 44 mil litros de leite por mês.
Aproximadamente 4.600 cabeças e produção de 73.600 arrobas de
carne por ano. A média de suínos se mantém em torno sw 600 cabeças que são
abatidas em torno de 150 cabeças/800 arrobas anuais. Na avicultura a produção anual de 500.000
aves e peso de 900.00K/ano. A cidade não dispõe geograficamente grandes pontos
turísticos, por assim dizer, “chamativos”, como os aspectos naturais. Mas ainda
assim atrai turistas devido a festas e comemorações religiosas. Em maio, no final
do mês acontece a tradicional Festa da Soja. Em junho, no primeiro final de
semana, após a Festa da Soja e no mesmo recinto, realiza-se um festival
ecumênico tendo como base a Musica Gospel. No mês de julho, comemora-se a Festa
do Padroeiro São Joaquim, no dia 26, e posteriormente a tradicional Festa do
Senhor Bom Jesus da Lapa. No mês de novembro entre ao dias 18 a 27 acontece a
novena em ação de graças a Nossa Senhora das Graças. Anualmente ocorre a
procissão de São Cristóvão, com veículos automotores. Em 2015 foram
contabilizados, entre motos, automóveis de passeio, caminhões, e ônibus, mais
de 12 mil veículos, que por horas desfilaram diante da imagem da santa
padroeira para receber a benção anual.
Na história social da civilização todo povo que atinge um
certo grau de desenvolvimento sente-se naturalmente inclinado à prática da
educação. Ela é o princípio por meio do qual a comunidade humana conserva e
transmite a sua peculiaridade tanto física quanto espiritual. Uma educação
consciente pode mudar a natureza física do homem e suas qualidades,
elevando-lhe a capacidade a um nível superior. Mas o espírito conduz
progressivamente à descoberta de si mesmo e cria, pelo conhecimento do mundo
exterior e interior, formas melhores de existência humana. A natureza do homem,
na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições especiais para a
manutenção e transmissão da sua forma peculiar e exige organizações físicas e
espirituais, ao conjunto dos quais damos o nome de educação. Nela, a educação,
o homem com sua prática social, atua a mesma força vital, criadora e plástica,
que espontaneamente impele todas as espécies vivas à conservação e propagação
de seu tipo social. É nela, porém, que essa expressão social atinge o mais alto
grau de intensidade, através do esforço consciente do conhecimento e da
vontade, dirigida para a consecução de um fim. Em nenhuma parte, o influxo da
comunidade nos seus membros tem maior força que no constante ato de educar, em
conformidade com o próprio sentir, cada nova geração. A estrutura política
assenta nas leis e normas escritas e não escritas que a unem e unem os seus
membros.
É bem verdade que a liberdade no pensamento tem somente o
puro pensamento por sua verdade; e verdade sem a implementação da vida. Por
isso, para lembrarmos de Hegel, é ainda só o conceito da liberdade, não a
própria liberdade viva. Com efeito, para ela a essência é só o pensar em geral,
a forma coo tal, que afastando-se da independência das coisas retornou a si
mesma. Mas porque a individualidade, como individualidade atuante, deveria
representar-se como viva; ou, como individualidade pensante, captar o mundo
vivo como um “sistema de pensamento”; teria de encontrar-se no pensamento
mesmo, para aquela expansão do agir, um conteúdo do que é bom, e para essa
expansão do agir, um conteúdo do que é bom, e para essa expansão do pensamento,
um conteúdo do que é verdadeiro. Com isso não haveria, absolutamente nenhum
outro ingrediente, naquilo que é para a consciência, a não ser o conceito que é
a essência. O conceito enquanto abstração, separando-se da multiplicidade
variada das coisas, não tem conteúdo nenhum em si mesmo, exceto um conteúdo que
lhe é dado. A consciência, quando pensa o conteúdo, o destrói como um ser
alheio; mas o conceito é conceito determinado e justamente essa determinidade é
o alheio que o conceito possui nele.
Esta unidade do existente, o que existe, e do que é em si é o
essencial da evolução. É um conceito especulativo, esta unidade do diferente,
do gérmen e do desenvolvido. Ambas estas coisas são duas e, no entanto, uma. É
um conceito da razão. Por isso só todas as outras determinações são
inteligíveis, mas o entendimento abstrato não pode conceber isto. O
entendimento fica nas diferenças, só pode compreender abstrações, não o
concreto, nem o conceito. Resumindo, teremos uma única vida a qual está oculta.
Mas depois entra na existência e separadamente, na multiplicidade das
determinações, e que com graus distintos, são necessárias. E juntas de novo,
constituem um sistema. Essa representação é uma imagem da história da
filosofia. O primeiro momento era o em si da realização, e em si do gérmen etc.
O segundo é a existência, aquilo que resulta. Assim, o terceiro é a identidade
de ambos, mais precisamente agora o fruto da evolução, o resultado de todo este
movimento. E a isto Friedrich Hegel chama “o ser por si”. É o “por si” do homem, do
espírito mesmo. Somente o espírito chega a ser verdadeiro por si, idêntico
consigo. O que o espírito produz, seu objeto de pensamento, é ele mesmo. Ele é
um desembocar em seu outro. É um desprendimento, um desdobrar-se, e por isso,
ao mesmo tempo, um desafogo.
No que toca mais precisamente a um dos lados da educação, melhor dizendo, à disciplina, não se há de permitir ao adolescente abandonar-se a seu próprio bel-prazer; ele deve obedecer para aprender a mandar. A obediência é o começo de toda a sabedoria; pois, por ela, a vontade que ainda não conhece o verdadeiro, o objetivo, e não faz deles o seu fim, pelo que ainda não é verdadeiramente autônoma e livre, mas, antes, uma vontade despreparada, faz que em si vigore a vontade racional que lhe vem de fora, e que pouco a pouco esta se torne a sua vontade. O capricho deve ser quebrado pela disciplina; por ela deve ser aniquilado esse gérmen do mal. No começo, a passagem de sua vida ideal à sociedade civil pode parecer ao jovem como uma dolorosa passagem à vida de filisteu. Até então preocupado apenas com objetos universais, e trabalhando só para si mesmo, o jovem que se torna homem deve, ao entrar na vida prática, ser ativo para os outros e ocupar-se com singularidades, pois concretamente se se deve agir, tem-se de avançar em direção ao singular. Nessa conservadora produção do mundo consiste no trabalho do homem. Podemos, fora de dúvida, dizer que o homem só produz o que já existe. Por outro, é necessário que um progresso individual seja efetuado na vida.
Mas o progredir no mundo só ocorrer nas massas, e só se faz notar em uma grande soma de coisas produzidas. É a característica preservada e atribuída ao ente cuja existência é não necessária, mas, ao mesmo tempo, não impossível - isto é, a sua realidade não pode ser demonstrada nem negada em termos abstratos definitivos. Dizer que são contingentes as proposições, e neste sentido que não contém um entendimento necessariamente verdadeiras nem necessariamente falsas é uma boutade. Há quatro classes de proposições, algumas das quais se sobrepõem: proposições necessariamente verdadeiras ou tautologias, que devem ser verdadeiras, não importam quais são ou poderiam ser as circunstâncias. Geralmente o que se entende por proposição necessária é a proposição “necessariamente verdadeira”. Proposições necessariamente falsas ou contradições, que devem ser falsas, não importam quais são ou poderiam ser as circunstâncias. Proposições contingentes, que não são necessariamente verdadeiras nem necessariamente falsas. Proposições possíveis, que são verdadeiras ou poderiam ter sido verdadeiras em certas circunstâncias. Enfim, todas as proposições necessariamente verdadeiras e todas as proposições contingentes também são proposições possíveis.
Talk show é um gênero de programa televisivo ou radialístico, em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se junta e discute vários tópicos que são sugeridos e moderados por um ou mais apresentadores. Joe Franklin, o primeiro radialista e apresentador norte-americano, a apresentar um talk show. Seu programa começou em 1951 na antiga WABC-TV. Normalmente os convidados são pessoas que têm experiência em relação ao assunto que está sendo tratado no programa. Outras vezes um único convidado responde às perguntas do apresentador e/ou da plateia. Muitos apresentadores só se tornaram famosos por causa dos seus programas, mas também há o processo inverso, quando uma personalidade famosa decide ter seu próprio programa. Habitualmente, um talk show é uma espécie de rubrica de informação, uma forma de “conversação conversada” em oposição à “conversação textual”. Existe um público, na maioria das vezes, que observa tudo e tem direito de manifestação. São usadas técnicas de descontração e informalidade. Um jornalista realiza entrevistas coletivas e públicas em torno de um tema ou convidado. Caracteriza o talk show o sistema de perguntas e respostas, com uma mediação. Neste modelo, tanto a imprensa quanto o público podem perguntar. Opõe-se a palestra, seminário, debate, congresso e outros. Esse formato de programas teve origem nos Estados Unidos da América, que tem uma veiriedade de inúmeros programas do gênero em sua grade televisiva, para citarmos alguns exemplos: The Phil Donahue Show, The Jerry Springer Show, The Oprah Winfrey Show e The Tonight Show with Jay Leno, tendo sido transmitida em todo o país entre 1970 e 1996.
O conceito de sociedade está fundamentalmente ligado aos fatores territoriais, culturais, políticos e históricos que unem os seus indivíduos. Toda geração é assim o resultado da consciência viva de uma norma que rege uma comunidade humana, quer se trate da família, de uma classe social ou de uma profissão, quer se trate de um agregado mais vasto, como um grupo étnico ou um Estado. A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valões (níveis) que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valões válidos para cada sociedade. À estabilidade das normas válidas corresponde a solidez dos fundamentos da educação. Da dissolução e destruição das normas advém a debilidade, a falta de segurança e até a impossibilidade absoluta de qualquer ação educativa. Acontece isto quando a tradição é violentamente destruída ou sofre decadência interna. Fora de dúvida, a estabilidade não é o indício seguro de saúde, porque reina também nos estados de rigidez senil, nos momentos finais de uma cultura: assim sucede na China confucionista pré-revolucionária, nos últimos tempos históricos da Antiguidade, nos derradeiros dias dos Judaísmo, em certos períodos da história da Igrejas, da arte e das escolas científicas.
Segundo Jaeger (2011), é monstruosa a impressão gerada pela fixidez quase intemporal da história política do antigo Egito, através de milênios; mas também entre os Romanos e a estabilidade histórica comunal das relações sociais e políticas foi considerada como o valor mais alto e apenas se concedeu justificação limitada aos anseios e ideais inovadores. O Helenismo ocupa uma posição singular na história. Termópilas é um desfiladeiro localizado na Grécia Central que serviu de lugar praticado para a violenta batalha entre persas e espartanos. O conflito foi provocado pelo anseio do persa Xerxes de dominar o território e o povo espartano, o que foi negado pelo rei e general de Esparta de 491 a. C até a data de sua morte em 480 a.C. durante a batalha de Termópilas. Uma de suas ações mais importantes se deu por ocasião da invasão da Grécia pelos persas, em 481 a.C. Defendendo o desfiladeiro das Termópilas, que une a Tessália à Beócia, Leónidas e uma tropa de aproximadamente 7000 homens, sendo que apenas 300 eram espartanos, conseguiram repelir os ataques iniciais. Mas Xerxes I, rei da Pérsia, foi auxiliado pelo pastor Efialtes que o conduziu por um caminho que contornava o desfiladeiro, e pôde cercar o exército de Leónidas. Restavam apenas 300 espartanos e pouco mais de 1000 soldados tespienses e tebanos, que decidiram resistir lutando até a morte. Em 462 a.C. Efialtes foi responsável pela reforma do Areópago, controlado pela aristocracia, limitando o seu poder para julgar apenas os casos de homicídio e os casos de crimes religiosos.
Anteriormente ao século V a. C., o Areópago representava o
conselho dos anciãos relativamente semelhante ao Senado romano. Entretanto, a
origem do nome não é clara. Etimologicamente em grego antigo, πάγος pagos
significa “grande pedaço de rocha”. Areios poderia ter vindo de Ares ou do
Erinyes, pois em seu pé foi erguido um templo dedicado às Erínias onde os que
eram considerados assassinos costumavam encontrar abrigo para não enfrentar as
consequências de seus atos criminosos. Mais tarde, o Romanos referido à colina
rochosa como “Mars Hill”, após Marte, a versão romana do deus grego da guerra.
Perto do Areópago também foi construída a basílica de Areopagitas Dionísio.
Comparativamente sua composição era restrita aos que pelo status ocuparam
cargos públicos importantes, neste caso o de Arconte. Em 594 a. C, o Areópago
concordou em transferir suas funções para Solon para reforma. Ele instituiu
reformas democráticas, reconstituiu seus membros e devolveu o controle à
organização. Sob as reformas de Clístenes promulgadas em 508/507 a. C, o Boule
(βουλή) ou conselho, foi expandido de 400 para 500 homens, e foi formado por 50
homens de cada um dos dez clãs ou phylai (φυλαί). Em 462 a. C., Efialtes passou
por reformas que privaram o Areópago de quase todas as suas funções, exceto a
de um tribunal de homicídio em favor de Heliaia, o tribunal supremo da Atenas
antiga. A opinião generalizada entre os acadêmicos é de que a origem de seu
nome é o verbo Ήλιάζεσθαι, que significa συναθροίζεσθαι, “congregar”. Esta
medida foi impopular entre os aristocratas e levou ao seu assassinato em 461 a.
C.
A investigação moderna abriu o horizonte da história. A oikoumene dos Gregos e Romanos clássicos, que durante dois mil anos coincidiu com os limites do mundo, foi rasgada em todos os sentidos do espaço e perante o nosso olhar surgiram mundos espirituais até então insuspeitados. Quando deixa de ser um povo particular e nos inscreve como membros num vasto círculos de povos, começa a aparição dos Gregos. Foi por essa razão que a esse grupo de povos Werner Jaeger (2005) designou de helenocêntrico. É este o motivo porque, no decurso de nossa história, voltamos constantemente à Grécia. Este retorno e espontânea renovação e influência não significa que tenhamos conferido, pela grandeza espiritual, uma autoridade imutável, fixa e independente do nosso destino. O fundamento de nosso regresso reside nas próprias necessidades vitais, por mais variadas que elas sejam através da História. É claro que, para nós e para cada um dos povos deste círculo, a Grécia e Roma aparecem como algo de radicalmente estranho. Esta separação analítica funda-se em parte no sangue e no sentimento, em parte na estrutura do espírito e das instituições, e ainda na diferença da respectiva situação histórica; mas entre esta separação e a que sentimos ante os povos orientais, distintos pela sua raça e pelo espírito, a diferença é gigantesca. Não se trata inclusive de um sentimento de parentesco racial. É preciso distinguir a história nesse sentido quase antropológico da história que se fundamenta na união espiritual viva e ativa e na comunidade de um destino, quer seja o da própria condição social de povo, quer o de um grupo de povos estreitamente unidos.
Só nesta particularidade histórica e da sociedade se tem uma íntima compreensão e contato criador entre uns e outros. Só nela existe uma comunidade de ideais e de formas sociais e espirituais que se desenvolvem e crescem independentes das múltiplas interrupções e mudanças através das quais varia, se cruza, choca, desaparece e se renova uma família de povos diversos na genealogia. Esta comunidade existe na totalidade dos povos ocidentais e entre estes e a Antiguidade clássica. Se considerarmos a história nesse sentido profundo, no sentido de uma comunidade radical, não poderemos supor-lhe como cenário o planeta inteiro e, por mais que alarguemos os nossos horizontes geográficos, as fronteiras dessa história jamais poderão ultrapassar a antiguidade daqueles que há vários milênios traçaram seu destino. Não é possível dizer até quando a Humanidade continuará a crescer na unidade de sentido que tal destino lhe assinala, pois o objetivo teórico e histórico de Werner Jaeger é apresentar a formação do homem grego, a paidéia, no seu caráter particular e no seu desenvolvimento histórico. Não se trata de um conjunto de ideias abstratas em sua generalidade, mas da própria história da Grécia na realidade concreta do seu destino vital. Contudo, essa história vivida já teria desaparecido há longo tempo se o homem grego não a tivesse criado na sua forma perene. A ideia de educação representava sentido do esforço humano. Era a justificação da comunidade e individualidade humana.
Mesmo os imponentes monumentos da Grécia arcaica são
perfeitamente inteligíveis a esta luz, pois foram criados no mesmo espírito que
os gregos consideraram a totalidade de sua obra criadora em relação aos outros
povos da Antiguidade de que foram herdeiros. Augusto concebeu a missão do
Império Romano em função da ideia da cultura grega. Sem a concepção grega da
cultura não teria existido a Antiguidade como unidade histórica e mundo
ocidental. É historicamente indiscutível que foi a partir do momento em que os
gregos situaram o problema da individualidade no cimo de seu desenvolvimento
filosófico que principiou a história da personalidade europeia. Roma e o
Cristianismo agiram sobre ela. E da inserção desses fatores brotou o fenômeno
do Eu individualizado. Mas não podemos entender de modo radical e preciso a
posição do espírito grego na história da formação dos homens, se tomarmos um
ponto de vista moderno. Vale mais partir, segundo Werner Jaeger, da
constituição rácica do espírito grego. A vivacidade espontânea, a sensibilidade
sutil da mobilidade, a íntima liberdade que, embora tenham parecido condições
do rápido desabrochar daquele povo na inesgotável riqueza de formas que nos
surpreende e espanta ao contato com os escritores gregos de todos os tempos,
dos mais primitivos aos mais modernos, não tem as suas raízes no cultivo da
subjetividade, como atualmente acontece; pertencem à sua natureza. Os
gregos tiveram o sentido inato do que significa natureza. Sendo o conceito
elaborado por eles em primeira mão, tem indubitável origem na sua constituição
espiritual.
Muito antes de o espírito grego ter delineado essa ideia,
eles já consideravam as coisas do mundo numa perspectiva tal que nenhuma delas
lhes aparecia como parte isolada do resto, mas sempre como um todo ordenado em
conexão viva, na e pela qual tudo ganhava posição e sentido. Esta concepção é
orgânica, porque nela todas as partes são consideradas membros de um todo. Sua
tendência é clara de apreensão das leis do real. O estilo e a visão artística
entre eles surgem, em primeiro lugar, como talento estético. Assentam num
instinto e num simples ato de visão, não na deliberada transferência de uma
ideia para o reino da criação artística. A idealização da arte, no entanto, só
mais tarde aparece, no período clássico. Até na oratória grega encontramos os
mesmos princípios formais que vemos na cultura ou na arquitetura. As formas
literárias dos gregos surgem organicamente, na sua multíplice variedade e
elaborada estrutura, das formas naturais e ingênuas pelas quais o homem exprime
a sua vida, elevando-se daí à esfera ideal da arte e do estilo. Também na
oratória, a sua aptidão para dar forma a um plano complexo e lucidamente
articulado deriva simplesmente do sentido espontâneo e madurecido das leis que
governam o sentimento, o pensamento e a linguagem, o lugar onde esta ideia
reaparece mais tarde na história, ela é uma herança dos gregos, e aparece
sempre que o espírito humano abandona a ideia de um adestramento em função de
fins exteriores e reflete na essência a própria educação. O fato de os gregos
terem esta tarefa, como grandiosa e difícil, e se consagrado a
ela com ímpeto sem igual não se explica nem pela sua visão artística nem pelo
espírito teórico.
Mesmo os imponentes monumentos da Grécia arcaica são
perfeitamente inteligíveis a esta luz, pois foram criados no mesmo espírito que
os gregos consideraram a totalidade de sua obra criadora em relação aos outros
povos da Antiguidade de que foram herdeiros. Augusto concebeu a missão do
Império Romano em função da ideia da cultura grega. Sem a concepção grega da
cultura não teria existido a Antiguidade como unidade histórica e mundo
ocidental. É historicamente indiscutível que foi a partir do momento em que os
gregos situaram o problema da individualidade no cimo de seu desenvolvimento
filosófico que principiou a história da personalidade europeia. Roma e o
Cristianismo agiram sobre ela. E da inserção desses fatores brotou o fenômeno
do Eu individualizado. Mas não podemos entender de modo radical e preciso a
posição do espírito grego na história da formação dos homens, se tomarmos um
ponto de vista moderno. Vale mais partir, segundo Werner Jaeger, da
constituição rácica do espírito grego. A vivacidade espontânea, a sensibilidade
sutil da mobilidade, a íntima liberdade que, embora tenham parecido condições
do rápido desabrochar daquele povo na inesgotável riqueza de formas que nos
surpreende e espanta ao contato com os escritores gregos de todos os tempos,
dos mais primitivos aos mais modernos, não tem as suas raízes no cultivo da
subjetividade, como atualmente acontece; pertencem à sua natureza. Os
gregos tiveram o sentido inato do que significa natureza. Sendo o conceito
elaborado por eles em primeira mão, tem indubitável origem na sua constituição
espiritual.
Muito antes de o espírito grego ter delineado essa ideia,
eles já consideravam as coisas do mundo numa perspectiva tal que nenhuma delas
lhes aparecia como parte isolada do resto, mas sempre como um todo ordenado em
conexão viva, na e pela qual tudo ganhava posição e sentido. Esta concepção é
orgânica, porque nela todas as partes são consideradas membros de um todo. Sua
tendência é clara de apreensão das leis do real. O estilo e a visão artística
entre eles surgem, em primeiro lugar, como talento estético. Assentam num
instinto e num simples ato de visão, não na deliberada transferência de uma
ideia para o reino da criação artística. A idealização da arte, no entanto, só
mais tarde aparece, no período clássico. Até na oratória grega encontramos os
mesmos princípios formais que vemos na cultura ou na arquitetura. As formas
literárias dos gregos surgem organicamente, na sua multíplice variedade e
elaborada estrutura, das formas naturais e ingênuas pelas quais o homem exprime
a sua vida, elevando-se daí à esfera ideal da arte e do estilo. Também na
oratória, a sua aptidão para dar forma a um plano complexo e lucidamente
articulado deriva simplesmente do sentido espontâneo e madurecido das leis que
governam o sentimento, o pensamento e a linguagem, o lugar onde esta ideia
reaparece mais tarde na história, ela é uma herança dos gregos, e aparece
sempre que o espírito humano abandona a ideia de um adestramento em função de
fins exteriores e reflete na essência a própria educação. O fato de os gregos
terem sentido esta tarefa como algo grandioso e difícil e se terem consagrado a
ela com ímpeto sem igual não se explica nem pela sua visão artística nem pelo
espírito teórico.
Desde as primeiras notícias que se disseminam na história da
filosofia e que se têm deles, encontramos o homem no centro do seu pensamento.
A forma humana dos seus deuses, o predomínio evidente do problema da forma
humana na sua escultura e na sua pintura, o movimento consequente da filosofia
desde o problema do cosmos até o problema do homem, que culmina em Sócrates,
Platão e Aristóteles; a sua poesia, cujo tema inesgotável desde Homero até os
últimos séculos é o homem e o seu duro destino no sentido pleno da palavra; e,
finalmente, o Estado grego, cuja essência só pode ser correspondida sob o ponto
de vista da formação do homem e da sua vida inteira: o grego é o
antropoplástico. Tudo são raios de uma única e mesma luz, expressões de um
sentimento vital antropocêntrico que não pode ser explicado nem derivado de
nenhuma outra coisa e que penetra todas as formas do espírito grego. Assim,
impossível não admitir que, entre os povos, a língua de Homero é, naturalmente,
um problema em si. Mas adverte: trata-se de uma língua que ninguém nunca falou,
afirma Knox (2011). É uma língua artificial, poética – como propõe o estudioso
alemão Witte, “a língua dos poemas homéricos é uma criação de versos épicos”.
Era também uma língua difícil. Para os gregos da era dourada, o século V a. C.,
no qual inevitavelmente pensamos quando dizemos “os gregos”, o idioma de Homero
estava longe de ser claro e era repleto de arcaísmos, no vocabulário, na
sintaxe e na gramática, e incongruências: palavras e formas extraídas de
diferentes dialetos e estágios de desenvolvimento da língua.
Desde as primeiras notícias que se disseminam na história da filosofia e que se têm deles, encontramos o homem no centro do seu pensamento. A forma humana dos seus deuses, o predomínio evidente do problema da forma humana na sua escultura e na sua pintura, o movimento consequente da filosofia desde o problema do cosmos até o problema do homem, que culmina em Sócrates, Platão e Aristóteles; a sua poesia, cujo tema inesgotável desde Homero até os últimos séculos é o homem e o seu duro destino no sentido pleno da palavra; e, finalmente, o Estado grego, cuja essência só pode ser correspondida sob o ponto de vista da formação do homem e da sua vida inteira: o grego é o antropoplástico. Tudo são raios de uma única e mesma luz, expressões de um sentimento vital antropocêntrico que não pode ser explicado nem derivado de nenhuma outra coisa e que penetra todas as formas do espírito grego. Assim, impossível não admitir que, entre os povos, a língua de Homero é, naturalmente, um problema em si. Mas adverte: trata-se de uma língua que ninguém nunca falou, afirma Knox (2011). É uma língua artificial, poética – como propõe o estudioso alemão Witte, “a língua dos poemas homéricos é uma criação de versos épicos”. Era também uma língua difícil. Para os gregos da era dourada, o século V a. C., no qual inevitavelmente pensamos quando dizemos “os gregos”, o idioma de Homero estava longe de ser claro e era repleto de arcaísmos, no vocabulário, na sintaxe e na gramática, e incongruências: palavras e formas extraídas de diferentes dialetos e estágios de desenvolvimento da língua.
Na realidade, ninguém nem sonharia em empregar a linguagem de
Homero, à exceção dos bardos épicos, sacerdotes oraculares e parodistas
eruditos. Isso não significa que Homero fosse um poeta conhecido apenas de
eruditos e estudantes; pelo contrário, os épicos homéricos eram
familiares como as palavras do cotidiano dos gregos comuns. Conservaram sua
influência na língua e na imaginação dos gregos por sua excelente qualidade
literária – a simplicidade, rapidez e objetividade da técnica narrativa, a
genialidade e emoção, a grandeza e a tocante humanidade dos personagens – e por
conceder aos gregos, de forma memorável, imagens de seus deuses e do saber
ético, político e prático de sua tradição cultural. As maiores obras do
helenismo são monumentos de uma concepção do Estado de grandiosidade sem par,
cuja cadeia se desenrola numa série ininterrupta, desde a idade heroica de
Homero até o Estado autoritário de Platão, dominado pelos filósofos, e no qual
o indivíduo e a comunidade social travam a sua última batalha no tereno da
filosofia. Todo o futuro humanismo deve estar essencialmente orientado para o
fato fundamental de toda a educação grega, a saber: que a humanidade, o “ser do
Homem” se encontravam essencialmente vinculado às características do homem como
ser político. O fato de os homens mais importantes da Grécia se considerarem a
serviço da comunidade é índice da íntima conexão que tem a vida. No entanto, os
grandes homens da Grécia, comparativamente, não se manifestam como profetas de Deus, mas antes de forma singular, como mestres independentes do povo e formadores dos seus ideais.
É considerada pelos seus autores, com vigor infatigável, uma
função social. A trindade grega do poeta, do homem de Estado e do sábio encarna
a mais alta direção da nação. É a íntima
liberdade, a qual se sente vinculada por conhecimento, e até pela mais
alta lei divina, a serviço da totalidade, que se desenvolveu o gênio criador
dos gregos até chegar à sua plenitude educadora, acima do virtuosismo
intelectual e artístico da moderna civilização individualista. Seria necessário
escrever uma história da arte grega que essente como espelho dos ideais que
dominam a sua vida. Também se deve dizer que até o século IV a arte grega é a
expressão do espírito da comunidade. Não é possível compreender o ideal
agônico, revelado nos cantos pindáricos aos vencedores, sem conhecer as
estátuas que nos demonstram os vencedores olímpicos na sua encarnação corporal,
ou as dos deuses, como encarnação das ideias gregas sobre a dignidade da alma e
do corpo humanos. O templo dórico é sem dúvida, o mais grandioso monumento que
deixou à posteridade o gênio dórico e o seu ideal de estrita subordinação do
individual à totalidade.
Habita nele a força poderosa que torna historicamente atual a
vida de outrora que ele eterniza, e a fé religiosa que o inspirou. Sem dúvida,
os verdadeiros representantes da paidéia grega não são os artistas mudos –
escultores, pintores, arquitetos -, mas os poetas e os músicos, os filósofos,
os retóricos e os oradores, quer dizer, os homens de Estado. No pensamento
grego, o legislador encontra-se, em certo aspecto, muito mais próximo do poeta
que o artista plástico: é que ambos têm uma missão educadora, e só o escultor
que forma o homem vivo tem direito a esse título. Assim, a história da educação
grega, para o que nos interessa, coincide substancialmente com a da literatura.
Esta é, no sentido originário que lhe deram os seus criadores, a expressão do
processo de autoformação do homem grego. Independentemente disto, não possuímos
nenhuma tradição escritas dos séculos anteriores à idade clássica além do que
nos resta dos seus poemas. Assim, mesmo tomando a história no seu mais amplo
sentido, uma só coisa nos torna acessível a compreensão daquele período: a
evolução e a formação do homem na poesia e na arte. A história determinou que
só isso ficasse da essência inteira do homem. Não podemos traçar o processo de
formação dos gregos daquele tempo senão a partir do ideal de homem que
precisamente formaram. Mutatis mutandis - um apresentador representa uma
pessoa que introduz ou comanda um programa de televisão ou segmentos do mesmo.
Mas, é comum que celebridades de outras áreas assumam esse papel, mas algumas pessoas fizeram seu nome unicamente dentro do campo da apresentação, tornando-se grandes personalidades da televisão. Em sua forma original, o papel do apresentador de televisão era essencial, clássico e extremamente formal, mas rapidamente se tornou um papel mais amplo, frequentemente sendo exercido por jornalistas, atores e divulgadores mais descontraídos. O papel do apresentador de televisão adquiriu cada vez mais prestígio e importância ao longo dos anos, e, com a popularização da televisão (cf. Chesnaux, 1989; Bounanno, 2006) e decorrente ampliação do público, tornou-se cada vez mais empático, com a tarefa de representar tanto o público do programa como a rede de televisão mediante a qual atua. Alguns apresentadores podem se dividir como atores, modelos, músicos, comediantes, etc. Outros podem ser especialistas em determinado assunto, servindo como apresentadores de um programa sobre sua área de especialização, por exemplo, como ocorre, por exempolo com a jornalista especializada em economia Miriam Leitão, o famoso historiador português José Hermano Saraiva, ou o chef bósnio naturalizado Ljubomir Stanisic. Algumas são celebridades que fizeram seu nome em uma área e, em seguida, aproveitam sua fama para se envolver em outras áreas ordinariamente enredadas.
Vale lembrar que Antoine Lilti (2018) os apresenta na
encruzilhada da sociedade da corte e da vida intelectual, ao mesmo tempo em que
enfatiza seu papel fundamental no início da Revolução Francesa . Por exemplo, o
salão Choiseul em Chanteloup é objeto, no Le Monde des Salons, de um estudo aprofundado
de Lilti. Este é descrito como um “nó onde se cruzam os fluxos de informação do
tribunal, do mundo literário, dos cafés e dos jornalistas” (Éric Saunier) 10e
um pool de oponentes e oposições. Além disso, Lilti quer contradizer uma visão
excessivamente idealizada – às vezes tingida de nostalgia – de salões onde
estes são considerados apenas pelo seu aspecto filosófico e intelectual. Ele
enfatiza as dimensões mundanas e triviais (jogos, refeições, shows 13 ): Roger
Chartier explica que Antoine Lilti, os salões “não são tanto lugares para
exercícios filosóficos, mas oportunidades para compartilhar os prazeres e jogos
do mundanismo”. Seu livro Le Monde des salons (2005) foi traduzido para o
inglês por Lydia Cochrane em 2015, sob o título “O mundo dos salões:
sociabilidade e mundanismo na Paris do século XVIII”, na imprensa da Oxford
Universidade. Ainda ligada ao Iluminismo e à Revolução Francesa, Lilti estudou,
em Public Figures (2014), o nascimento histórico do conceito moderno de
celebridade que tem como primícias de seu significado em emados do século
XVIII. Neste livro, o historiador se propõe a estudar “as figuras públicas que
desde a década de 1750 até cerca de 1850 marcaram a opinião europeia e
americana”.
Analisa as celebridades de Rousseau transportado pelo sucesso
de La Nouvelle Héloïse, de Voltaire (Lilti retorna à sua “coroação” na
Comédie-Française em março de 1778) do comediante Janot. Lilti explica que
alguns autores contemporâneos à Voltaire e Janot lamentaram que um filósofo e
um ator de boulevard pudessem ter uma celebridade equivalente. Assim, a fama é
vista “como uma força que 'nivela', que apaga as distinções legítimas entre
esferas de atividade”. Uma ligação com sua obra sobre o mundo dos salões seria
a da distinção entre as noções de público e privado, e do comentário à obra do
teórico Jürgen Habermas sobre esses conceitos.Na introdução do livro, Antoine
Lilti propõe diferenciar entre glória, reputação e celebridade. As duas
primeiras são as características do tradicional latim fama. Enquanto o
terceiro é mais moderno. Ele detalha que a glória se refere aos heróis antigos
e à comemoração dos gloriosos mortos e que a reputação é “em grande parte
independente” da celebridade. Para descrever a celebridade, Lilti cita uma historicamente
uma velha e importante fórmula: “uma pessoa famosa é conhecida por
pessoas que não têm motivos para opinar sobre ela”. A celebridade diz respeito
então a um público mais amplo, variado, contemporâneo à pessoa. Esse público
costuma estar ávido por detalhes sobre a vida privada dessas celebridades e
“busca construir um vínculo afetivo com elas”. Lilti se propõe a compreender a
notoriedade do ator François-Joseph Talma (1763-1826) com esta “chave de
leitura”. Mas também as figuras David Garrick e Sarah Siddons na Inglaterra, ou
mesmo Miss Clairon na França.
Exemplos deste último grupo incluem a cantora brasileira Karol Conka, que apresentou o programa Superbonita, destinado ao público feminino, e o comediante estadunidense Joe Rogan, que atua como comentarista e entrevistador pós-luta no Ultimate Fighting Championship (UFC) represenmta uma organização de Artes Marciais Mistas (MMA) que produz eventos ao redor de todo o mundo. Atualmente, UFC é a maior e mais popular organização no mundo, reconhecida por ter os melhores lutadores do mundo de MMA. O UFC possui doze categorias de peso (oito masculinas e quatro femininas) e mais de quinhentos lutadores de setenta e um países, tendo realizado mais de quinhentos eventos desde 1993. Tem sua base atualmente em Las Vegas nos Estados Unidos da América. Pertence e é operado pela Zuffa uma subsidiária integral do Grupo Endeavor. O UFC também já se destacou pragmaticamente nos cinemas e outras mídias de empreendimentos comerciais, e além disso, também existem jogos eletrônicos licenciadas pelas empresas para produzir jogos.O primeiro evento promovido pelo UFC ocorreu em Denver, Colorado em 1993, criado pelo executivo Art Davie e pelo artista marcial brasileiro Rorion Gracie. A proposta era identificar a arte marcial mais efetiva, em uma luta entre competidores de diferentes tipos de luta, incluindo jiu-jitsu brasileiro, boxe, wrestling, muay thai, judô, karatê, tae kwon do, entre outras, em um evento sem regras. Resultando na vitória extraordinária do jiu-jitsu pelo brasileiro Royce Gracie.
Em eventos subsequentes, passaram-se a adotar técnicas efetivas de mais de um tipo de luta, e novas regras foram implementadas, resultando no desenvolvimento das Artes Marciais Mistas (MMA). O UFC era inicialmente propriedade do Semaphore Entertainment Group (SEG) até que teve problemas financeiros e foi vendido aos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta em 2001, que formaram a empresa Zuffa para operar o UFC, e instalaram Dana White como presidente da empresa. Em 2016 o UFC foi vendido ao Grupo Endeavor por $4 bilhões. Em 2023 a Endeavor também comprou a promoção de Luta Livre Profissional WWE. O UFC se fundiria com a WWE para formar o TKO Group Holdings, uma nova empresa pública de propriedade majoritária da Endeavor, com Vince McMahon atuando como presidente executivo da nova entidade e White permanecendo como presidente do UFC. Com um acordo de televisão a cabo e expansão para Canadá, Europa, Austrália, o Oriente Médio, Ásia, Brasil e novos territórios nos Estados Unidos, o UFC foi ganhando popularidade, junto com muita cobertura da mídia. Desde 2001, os telespectadores podem ver o UFC em pay-per-view nos EUA, Brasil, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Itália. Nos EUA, também é transmitido pela ESPN, pelo seu serviço de streaming ESPN+ e pela rede ABC. A ESPN também transmite o UFC no Reino Unido e na Irlanda, assim como do ponto de vista da comunicação social de mercado globalizada em 150 países em 22 diferentes línguas ao redor do mundo.
O Ultimate Fighting Championship (UFC) planeja
continuar sua expansão mundial,
apresentando shows constantemente no Reino Unido, formado por Inglaterra,
Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, é uma nação insular situada no Noroeste
da Europa, no Canadá e no Brasil, estabilizando escritórios na Europa e no
Brasil. O UFC também já realizou eventos na Alemanha, na Austrália e nos
Emirados Árabes, com planos para realizar eventos no México, nas Filipinas e no
Afeganistão. O UFC também já comprou e absorveu organizações rivais como PRIDE Fighting
Championships, World Extreme Cagefighting e Strikeforce. A
transmissão do UFC no Brasil, curiosamente ocorre por contrato ou espécie de joint
ventures de serviço de streaming próprio do UFC, o UFC Fight Pass, e
na TV Aberta pela Rede Bandeirantes. Em Portugal a BTV (Benfica TV), anunciou
em julho de 2015 o exclusivo para Portugal. Nos Estados Unidos da América e
outros países anglófonos, tal pessoa é tipicamente chamada de host. No
Brasil, de modo geral, são chamados de apresentadores. No caso dos comandantes
de programa de auditório, também podem ser reconhecidos do ponto de vista
tenico-metodológico como animadores. No contexto dos noticiários de TV, eles
são conhecidos como âncoras.
Como um apanhado algo sumário do que se apurou até aqui na
investigação empírico-teórica das transformações civilizatória acerca de seu
próprio direcionamento, pode-se dizer que dentre os principais critérios para
um processo de civilização estão as transformações do habitus social dos
seres humanos na direção de um modelo de autocontrole mais bem proporcionado,
universal, estável. Mas o que é decisivo é que estes conceitos portam o selo
não de seitas ou famílias, mas de povos inteiros, ou talvez apenas de certas
classes. Mas, em muitos aspectos, o que se aplica a palavras específicas de
grupos menores estende-se também a eles: são usados basicamente por e para
povos que compartilham uma tradição e situação particulares, polindo-os na fala
e na escrita. É neste sentido comparativo que o conceito de civilização
minimiza as diferenças nacionais entre os povos. Manifesta a autoconfiança de
povos cujas fronteiras nacionais e identidade nacional forma plenamente
estabelecidas, desde séculos, que deixaram de ser tema de qualquer discussão, pois
há povos em que há mito se expandiu fora de suas fronteiras e colonizaram
terras além delas. Em contraste, o conceito alemão Kultur dá ênfase
especial a diferenças nacionais e à identidade particular de grupos. O conceito adquiriu em campos como a pesquisa etnológica e antropológica
uma significação muito além da área linguística alemã e da situação em que se
originou o conceito.
Comparativamente enquanto o conceito de civilização
inclui a função social de dar expressão a uma tendência continuamente expansionista de
grupos colonizadores, os últimos 500 anos, por exemplo, o conceito de Kultur
reflete a consciência de si mesma de uma nação que teve de buscar e
constituir incessante e novamente suas fronteiras, tanto no sentido político
como no espiritual. A orientação do conceito alemão de cultura, para Norbert
Elias, com sua tendência à demarcação e ênfase em diferenças, e no seu detalhamento,
entre grupos, corresponde a este processo histórico. A história coletiva neles se cristalizou e
ressoa. O indivíduo encontra essa cristalização já em suas possibilidades de
uso. Não sabe bem por que este significado e esta delimitação estão implicadas
nas palavras, por que, exatamente, esta nuance e aquela possibilidade delas
podem ser derivadas. Usa-as porque lhe parece uma coisa natural, porque desde a
infância aprende a ver o mundo através da lente dos conceitos. A sobrevivência
do sistema de crenças no chamado Novo Mundo é notável, embora as
tradições tenham se modificado com o tempo. Uma das maiores diferenças entre o vodu
da África Ocidental e o haitiano é que os africanos “transplantados” ao
Haiti, conforme a tipologia clássica na antropologia das civilizações de Darcy Ribeiro, de forma praticamente inédita correspondentes às
nações criadas pela migração europeia para novos espaços mundiais,
procuram reconstituir formas idênticas às de origem.
O conceito de figuração distingue-se de muitos outros
conceitos teóricos da sociologia de Elias por incluir expressamente os seres
humanos em sua formação. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo
amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na
investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia
para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de
animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O
modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira,
singular e sempre co-determinado pela transmissão histórica e social de
conhecimento de uma geração a outra, portanto por meio do ingresso do
singular no mundo simbólico específico de uma figuração já existente dos seres
humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se
soma, no caso dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos socialmente
aprendidos. Sem sua apropriação, sem, por exemplo, o aprendizado de uma
determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes
de se orientar no seu mundo nem de se comunicar uns com os outros. Um bom
exemplo pode ser referido ao humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da
língua e do conhecimento de determinado grupo humano permanece fora de todas as
figurações humanas e, portanto, não é e nem pode ser considerado um ser humano.
O crescimento de um jovem em figurações humanas, por outro
lado, como processo e experiência, assim como o aprendizado de um determinado
esquema de autorregularão na relação intrínseca com os seres humanos, é
condição indispensável do desenvolvimento rumo à humanidade. Socialização e
individualização de um ser humano são, portanto, nomes diferentes para o mesmo
processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros e é, ao mesmo tempo, diferente
de todos os outros. O mais das vezes, as teorias sociológicas deixam sem
resolver o problema da relação entre indivíduo e sociedade. Em seu ersatz o
convívio dos seres humanos em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na
desintegração, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É
isso o que o conceito de figuração exprime. Uma geração os transmite a outra
sem estar consciente do processo como um todo, e os conceitos sobrevivem
enquanto esta cristalização de experiências passadas e situações retiver um
valor existencial, uma função na existência concreta da sociedade – isto é,
enquanto gerações sucessivas puderem identificar suas próprias experiências no
significado das palavras. Em outras ocasiões, eles apenas adormecem, ou o fazem
em certos aspectos, e adquirem um novo valor existencial com uma nova situação.
São relembrados porque alguma coisa encontra expressão na cristalização
do passado corporificada nas palavras.
As novas relações econômicas e a necessidade de
desenvolvimento motivaram entes subnacionais a se relacionar e cooperar com o
mundo civilizado exterior. As novas tecnologias da informação, os avanços nas
telecomunicações, a diminuição nos custos de transporte de cargas e pessoas
também contribuíram para essa mudança, afinal tornaram o plano internacional
mais acessível. Ipso facto, a dimensão metodológica do conceito de
processo social refere-se às transformações amplas, contínuas, de longa duração
– ou seja, em geral não aquém de três gerações - de figurações formadas por
seres humanos, ou de seus aspectos, em uma de duas direções opostas. Uma delas
tem, geralmente, o caráter de uma ascensão, a outra o caráter decorrente de um
declínio. Em ambos os casos, os critérios são puramente objetivos. Eles
independem do fato de o respectivo observador os considerar bons ou ruins.
Exemplos disso são, comparativamente, a diferenciação crescente e decrescente
de funções sociais, o aumento ou a diminuição do chamado “capital social”, ou
melhor, do patrimônio social do saber, do nível de controle humano sobre a
natureza não-humana ou da compaixão por outros homens, pertençam eles ao grupo
estabelecido que for. Um deles pode tornar-se dominante, ou caber ao outro
manter o equilíbrio. Assim um processo dominante, direcionado a uma maior
integração, pode, sucessivamente, andar de par com uma desintegração parcial.
Mas, inversamente, um processo dominante de desintegração social, como exemplo,
o processo de “feudalização” pode conduzir sob certas condições a uma
reintegração sob novas bases, a princípio parcial e a seguir dominante;
portanto, a um novo processo de formação do Estado.
O drama de uma vida humana individual, ou da história
social e política da humanidade como um todo, não é um drama estaiado em que
uma meta preexistente seja triunfalmente atingida ou tragicamente não
alcançada. Nem uma realidade externa constante nem tampouco uma infalível fonte
interna de inspiração compõem o pano de fundo desses dramas. Ao contrário, ver
a própria vida ou a vida da comunidade como uma narrativa dramática é vê-la com
um processo de auto-superação nietzschiana. O paradigma dessa narrativa é a vida
do gênio capaz de dizer “eu quis assim”. Sobre a parte relevante do passado,
por ter encontrado um modo de descrever esse passado. E que o próprio passado
jamais reconheceu e, ter descoberto um eu, de maneira afirmativa, para
compreender que seus precursores nunca souberam ser possível. Nessa cosmovisão
nietzschiana, o impulso de pensar, indagar e tecer outra vez a si mesmo, de
maneira cada vez mais minuciosa, não é simplesmente o assombro, mas o pavor.
Hume (2009) sustenta filosoficamente que nossas ideias representam imagens de
nossas impressões, pois assim também podemos formar ideias secundárias, que são
imagens das primárias. Não se trata de mais uma exceção à regra, mas de uma
explicação. Agatha Christie, tinha uma relação
muito próxima com o editor Billy Collins, responsável pelas publicações da
escritora na Harper Collins. Em correspondências descobertas recentemente, não
só a relação amistosa, mas também as desavenças, ficam evidentes em
alguns momentos.
Essas
correspondências provam que, além da proximidade, os dois também tinham
divergências. Em mais de uma situação, o editor e a escritora discordaram sobre
as capas dos livros. Um dos exemplos mais emblemáticos foi quando a Rainha
do Crime detestou a capa de Os Doze Trabalhos de Hércules, mas Bill
Collins a publicou mesmo assim. - “O design da capa de Hércules ocasionou as
observações e sugestões mais complicadas e obscenas da minha família. Tudo o
que posso dizer é: tente novamente!”, argumentou a escritora no escrito. Em
outra situação, um de seus livros foi publicado antes da aprovação final. Entertanto,
ela viu o exemplar de seu último lançamento nas mãos de um fã, que a
cumprimentou pelo trabalho. Agatha Christie ficou furiosa: - “Acho que está
tratando seus autores de forma
vergonhosa”, escreveu carta para Collins. Contudo, evidentemente as desavenças
eram menores do que o lucro que a relação dos dois proporcionava. Em uma
ocasião, Bill Collins até ofereceu um carro de presente para Christie, um
Jaguar, mas a escritora o recusou, pois estava “muito velha para se divertir”.
Ocasionalmente, a conversa dos dois passava do profissional para o pessoal. Em
setembro de 1940, Collins perguntou à escritora se poderia ficar com seu
jardineiro, Midgley, cuja esposa “estava desgastada” e queria uma mudança de
cenário. Christie mais tarde perguntou a Collins, cujo irmão era um tenista
famoso, se ele poderia arranjar bolas de tênis através de suas conexões de
Wimbledon, já que era cada mais difícil de encontrá-las durante a guerra.
As ideias produzem as imagens de si mesmas em novas ideias.
Mas como supomos que as primeiras ideias são derivadas de impressões, continua
sendo verdade que todas as nossas ideias simples procedem, mediata ou
imediatamente das impressões correspondentes. Esse é o primeiro princípio que a
filosofia de David Hume estabelece na ciência da natureza humana. Pois cabe
notarmos que a presente questão, a respeito da anterioridade de nossas
impressões, ou formação de ideias, é a mesma que produziu tanto barulho
sob outra formulação, quando se discutiu se haveria ideias inatas, ou se todas
as ideias derivam da sensação e da própria reflexão. A fim de comprovar que as
ideias de extensão e de cor não são inatas, os filósofos nada mais fazem que
demonstrar que elas são transmitidas por nossos sentidos. Para comprovar que as
ideias de paixão e desejo são inatas, eles observam que experimentamos
previamente em nós mesmos essas emoções. A faculdade pela qual repetimos nossas
impressões da primeira vez se chama memória e depois da outra forma,
imaginação. Mas se examinarmos esses
argumentos, veremos que eles nada comprovam, senão que as ideias em sua
essência são precedidas por outras percepções mais vívidas, das quais derivam e
as quais elas representam.
Como a imaginação pode separar todas as ideias simples, e
uni-las novamente da forma que bem lhe aprouver, nada seria mais inexplicável
que as operações dessa faculdade, se ela não fosse guiada por alguns princípios
universais, que a tornam, em certa medida, uniforme em todos os momentos e
lugares. Fossem as ideias inteiramente soltas e desconexas, apenas o acaso as
ajuntaria; e seria impossível que as mesmas ideias simples se reunissem de
maneira regular em ideias complexas se não houvesse algum laço de união entre
elas, alguma qualidade associativa, pela qual uma ideia naturalmente introduz
outra. Esse princípio de união entre as ideias não deve ser considerado uma
conexão inseparável, tampouco devemos concluir que, sem ele a mente não poderia
juntar duas ideias – pois nada é mais livre que essa faculdade. Devemos vê-lo
apenas como uma força suave, que comumente prevalece, e que é a causa pela
qual, entre outras coisas diversas, as línguas se correspondem de modo tão
estreito umas às outras: pois a natureza de alguma forma aponta a cada um de nós as ideias simples mais apropriadas para serem unidas em
uma ideia complexa. As qualidades, portanto, não dão origem a tal associação, mas
inexoravelmente e que levam a mente, dessa maneira, de uma ideia a outra, são
três, a saber: semelhança, contiguidade no tempo e no espaço, e a relação de causa
e efeito.
Melhor dizendo, que as ideias da memória são muito mais vivas
e fortes que as da imaginação, e que a primeira faculdade pinta seus objetos em
cores mais distintas que todas as formas possíveis que possam ser usadas pela
última. Ao nos lembrarmos de um acontecimento passado, sua ideia invade nossa
mente com força, ao passo que, na imaginação, a percepção ainda é fraca e
lânguida, e apenas com muita dificuldade pode ser conservada firme e uniforme
pela mente durante todo o período considerável de tempo. Temos aqui uma
diferença sensível entre as duas espécies de ideias. Mas há uma outra
diferença, não menos evidente, entre esses dois tipos de ideias. Embora nem as
ideias da memória nem as da imaginação, nem as ideias vívidas nem as fracas
possam surgir na mente antes que impressões correspondentes tenham vindo
abrir-lhes o caminho, a imaginação não se restringe à mesma ordem na forma das
impressões originais, ao passo que a memória está de certa maneira amarrada
quanto a esse aspecto, sem nenhum poder de variação. É evidente que a memória
preserva a forma original sob a qual seus objetos se apresentaram. A principal
função da memória não é preservar as ideias simples, mas sociologicamente sua
ordem e posição. Esse princípio se apoia em aspectos comuns e vulgares do dia a
dia que podemos nos poupar o trabalho de continuar insistindo nele.
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de Doutorado. Programa de Pós-graduação em História Social. Instituto de
História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2018; Artigo: “Ana Maria
Braga Completa Cinco Mil Programas ao Vivo na TV Globo”. In: https://www.estadao.com.br/03/11/2020; Artigo: “Ana
Maria Braga retorna à Casa de Cristal e desabafa: Saudade, mas não saudosismo”.
In: https://revistamarieclaire.globo.com/celebridades/2024/04/22; entre outros.