sábado, 1 de novembro de 2025

Até o Limite da Honra – Autopiedade & Força de Operações Especiais.

 As pessoas raramente reconhecem as oportunidades da vida, porque muitas vezes elas estão disfarçadas de trabalho”. Max Weber

        Nascida em uma família disfuncional, Demi Moore precisou lidar com a ausência do pai e o alcoolismo da mãe desde cedo. Ela chegou a contar, em uma entrevista, que ainda criança chegou a tirar comprimidos de dentro da boca da mãe para evitar que ela se suicidasse. Seu pai biológico, Charles Foster Harmon (1940-1997) era um aviador da Força Aérea dos Estados Unidos, abandonou sua mãe, Virginia, antes mesmo do nascimento da filha Demi. Virginia, então com apenas 18 anos, logo se casou com Danny Guynes, um publicitário cuja carreira no mercado instável obrigava a família a mudar-se constantemente. A estrutura familiar de Demi era complexa. Ela tem um meio-irmão, Morgan, nascido em 1967. O casamento de sua mãe foi marcado por altos e baixos, incluindo dois casamentos e divórcios com o próprio Danny. Um ano após o segundo divórcio, Danny tirou a própria vida, um ano após o segundo divórcio. Até os 13 anos, Demi tinha a certeza de que era filha de Danny. Ao descobrir uma certidão de casamento entre os pertences de sua mãe, descobriu que Danny, a quem sempre considerou seu pai, na verdade era seu padrasto. Vírginia e Danny eram alcoólatras. A mãe vivia frequentando bares e, desde criança, Demi a acompanhava. Em uma dessas ocasiões, ao voltar de um bar, Demi foi estuprada por um conhecido de sua própria mãe.  

Após violentá-la, ele a perguntou: “como você se sente ao ser prostituída por sua mãe por US$ 500 (R$3 mil)?”. Aos 15 anos, Demi Moore mudou-se com sua família para West Hollywood, Califórnia, onde sua mãe conseguiu emprego em uma empresa de distribuição de revistas.  Em 1978, passou a viver com o guitarrista Tom Dunston, de 28 anos, abandonando o ensino médio para trabalhar como recepcionista na 20th Century Fox, graças à mãe de Dunston, que era assistente do produtor Douglas S. Cramerl. Logo depois, assinou contrato com a agência de modelos Elite e iniciou aulas de atuação sob influência da vizinha, a reconhecida atriz Nastassja Kinskinski.  Três anos depois, começou a viver com Freddy Moore, um músico 12 anos mais velho que se divorciou para casar com ela. Na época, Demi tinha 18 anos.  Apesar do casamento ter durado apenas quatro anos, foi dele que a atriz herdou o sobrenome que a tornou famosa. Demi colaborou com Freddy Moore na composição de três músicas e participou do videoclipe de “It`s Not a Rumor”, interpretada pela banda dele, The Nu-Kats. Em janeiro de 1981, ela foi capa da revista adulta Oui, onde posou sem roupas. Oui era uma revista pornográfica masculina publicada nos Estados Unidos da América, que apresentava fotos explícitas de modelos nus, além de pin-ups de página inteira, páginas centrais, entrevistas e outros artigos, além de charges. A Oui deixou de ser publicada em 2007.

A racionalidade de opiniões e ações representa um tema cuja elaboração se deve originalmente à filosofia. Pode-se dizer, até mesmo, que o pensamento filosófico tem sua origem no fato da razão corporificada no conhecer, no falar e no agir torna-se reflexiva. O tema fundamental da filosofia é a razão. A filosofia empenha-se desde o começo por explicar o mundo como um todo, mediante princípios encontráveis na razão, bem como a unidade na diversidade dos fenômenos. E não o faz em comunicação com uma divindade além do mundo, nem pela retrogradação ao fundamento de um cosmo que abranja a natureza e a sociedade. O pensamento grego não via a uma teologia, nem a uma cosmologia ética no sentido das grandes religiões mundiais. Ele visa sim à ontologia. Se há algo comum às doutrinas filosóficas, é a intenção de pensar o ser ou a uma idade do mundo pela via de uma explanação das experiências da razão em seu trato consigo mesma. Os substitutivos teóricos das imagens de mundo perderam valor não em virtude do suposto avanço das ciências empíricas, mas, e principalmente pela “consciência reflexiva” que o acompanhou. Onde quer que se tenha formado núcleos temáticos mais rígidos na filosofia contemporânea, e uma argumentação mais coerente, seja em lógica ou epistemológica, nas teorias da linguagem e do significado, em ética ou na teoria da ação, ou estética, o interesse se volta às condições formais da racionalidade do conhecer.

                                


         A teoria da argumentação ganha um significado especial, do entendimento verbal mútuo e do agir comunicativo, ou no plano das práticas instituídas ou dos discursos instituídos, porque é tarefa de reconstituir os pressupostos e condições formal-pragmáticos de um comportamento explicitamente racional. Como se pode compreender pelo exemplo da epistemologia ou da fabulosa história das ciências, ocorre entre as explanações formais das condições de racionalidade e análise empírica da corporificação e desenvolvimento histórico das estruturas de racionalidade um imbricamento bastante peculiar. A pretensão dessas ciências só pode ser checada com base na evidência de exemplos contrários; e só é possível ampará-la, afinal caso a teoria reconstrutiva logre tomar aspectos internos da história das ciências e prepara-los de modo que seja possível explicar sistematicamente in status nascendi esta história, isto é, a história factual e narrativamente documentada, no contexto de desdobramentos sociais e com a devida vinculação a análises empíricas. O que vale para um arcabouço de “racionalidade cognitiva”, segundo Habermas (2012), tão complexo como a ciência moderna aplica-se a outras formas de espírito objetivo, ou seja, a corporificação da racionalidade ora cognitiva e instrumental, ora até mesmo prático-estética. Quanto aos conceitos fundamentais, é preciso que investigações desse tipo, empiricamente direcionadas, se apresentem de tal modo que seja possível associá-la a reconstruções racionais de nexos de sentido e soluções de problemas. Nas ciências é a sociologia que está mais intimamente ligada à problemática da racionalidade, cuja competência abrangeria exatamente os problemas deixados pela política e economia em parcours até se tornarem ciências especializadas.

Seu tema são as transformações da integração social ocasionadas na estrutura de sociedades europeias mais antigas mediante a autonomização e diferenciação de um sistema econômico regulado pelo mercado. A sociologia torna-se ciência da crise par excellence, que se ocupa sobretudo dos aspectos anômicos da dissolução de sistemas sociais tradicionais e da formação de sistemas sociais modernos. Os pensadores clássicos da sociologia, quase sem exceção, procuram apresentar sua teoria da ação de maneira que as categorias sociais que a integram atinjam os aspectos mais importantes da transição progressiva de “comunidade” para “sociedade”. Esse nexo entre a) a questão metateórica de âmbito vinculado à teoria da ação e concebido mediante aspectos do agir possíveis de racionalização e b) a questão metodológica de uma teoria da compreensão de sentido que aclare aas relações internas entre significação e validade (entre a explanação do significado de uma externação simbólica e o posicionamento em face de suas pretensões de validade implícitas) será associado por fim c) à questão empírica sobre a possibilidade de descrever a modernização da sociedade sob o ponto de vista de uma racionalização cultural e social e, caso essa descrição seja possível, sobre o sentido em que ela ocorre. Esse nexo está particularmente marcado em Max Weber. Sua hierarquia dos conceitos de ação social está voltada ao tipo do agir racional-finalista, de tal maneira que todas as demais ações podem ser niveladas como desvios específicos em relação a esse tipo de racionalidade. Ao analisar o método da compreensão de sentido, o sociólogo procede de tal modo que se precisam referir à passagem dos casos mais complexos ao caso-limite da compreensão do agir racional-finalista: isto é, a compreensão do agir subjetivamente orientado ao êxito requer ao mesmo tempo uma valoração objetiva desse mesmo agir comunicativo. Evidencia-se, assim, um parti pris epistemológico entre o nexo e decisões metodológicas vinculadas à conceitualidade básica e a questão do ponto de vista sobre como o racionalismo pode ser explicado.        

GI Jane é um filme de ação e drama norte-americano de 1997, dirigido por Ridley Scott e estrelado por Demi Moore, Viggo Mortensen e Anne Bancroft. O filme narra a história fictícia da “primeira mulher a passar por um treinamento de operações especiais semelhante ao dos Seals da Marinha dos Estados Unidos da América”. O filme foi produzido pela Largo Entertainment, Scott Free Productions e Caravan Pictures, e distribuído pela Buena Vista Pictures através do selo Hollywood Pictures. Embora tenha recebido críticas favoráveis e a atuação de Moore tenha recebido alguns elogios, ela ainda ganhou o prêmio Framboesa de Ouro de Pior Atriz, que é comumente atribuído ao seu papel no criticamente criticado Strip-tease no ano anterior. Estreou em primeiro lugar nas bilheterias dos EUA, onde permaneceu por duas semanas, arrecadando US$ 98,4 milhões em todo o mundo com um orçamento de US$ 50 milhões. O filme arrecadou mais de US$ 22 milhões em aluguéis de VHS e DVD. Em sua autobiografia Inside Out (2019), Moore chamou GI Jane de sua maior conquista profissional. As Equipes de Mar, Ar e Terra (SEAL) da Marinha dos Estados Unidos, comumente reconhecidas como Navy Seals, representam a principal força de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos e um componente do Comando de Guerra Especial Naval dos Estados Unidos.

Entre as principais funções estão a condução de missões de operações especiais de pequenas unidades em ambientes marítimos, de selva, urbanos, árticos, montanhosos e desérticos. São normalmente ordenados a capturar ou matar alvos de alto nível ou a reunir inteligência atrás das linhas inimigas. Embora não tenham sido formalmente fundados até 1962, os atuais Seals da Marinha têm suas raízes na 2ª guerra mundial (1939-1945). O Exército dos Estados Unidos da América percebeu a necessidade dinâmica do reconhecimento secreto de praias de desembarque e defesas costeiras. Como resultado, a Escola Anfíbia de Escoteiros e Invasores do Exército, Corpo de Fuzileiros Navais e Marinha foi estabelecida em 1942 em Fort Pierce, Flórida. Os Escoteiros e Invasores foram formados em setembro daquele ano, apenas nove meses após o ataque a Pearl Harbor, a partir do Grupo de Observadores, uma unidade conjunta do Exército, Fuzileiros Navais e Marinha dos Estados Unidos da América. Reconhecendo a necessidade historicamente de uma força de reconhecimento de praia, um grupo seleto de militares do Exército e da Marinha se reuniu na Base de Treinamento Anfíbio (ATB) Little Creek, Virgínia, em 15 de agosto de 1942 para iniciar o treinamento conjunto de batedores e invasores anfíbios. A missão dos batedores e invasores era identificar e reconhecer a praia-alvo, manter uma posição na praia antes do desembarque e guiar as ondas de assalto até a praia de desembarque. A unidade era liderada pelo 1º Tenente do Exército dos Estados Unidos Lloyd Peddicord como comandante e pelo Alferes da Marinha John Bell como oficial executivo.

Os suboficiais e marinheiros da Marinha vieram da piscina de barcos da Base de Treinamento Anfíbio Naval dos Estados Unidos da América, Solomons, Maryland, e o pessoal dos invasores do Exército veio das 3ª e 9ª Divisões de Infantaria. Eles treinaram em Little Creek até embarcar para a campanha do Norte da África em novembro seguinte. A Operação Tocha foi lançada em novembro de 1942 na costa atlântica do Marrocos Francês, no Norte da África. O primeiro grupo incluía Phil H. Bucklew (1914-1992), reconhecido disciplinarmente como o Pai da Guerra Especial Naval, que deu nome ao edifício do Centro de Guerra Especial Naval. Comissionado em outubro de 1942, este grupo participou de combate em novembro de 1942 durante a Operação Tocha na Costa Norte da África. Batedores e Raiders. Os Marine Raiders são forças de operações especiais originalmente criadas pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial para conduzir operações de infantaria leve anfíbia. Apesar da intenção original de os Raiders servirem em operações especiais, a maioria das operações de combate os viu empregados como infantaria convencional. Isso, somado ao ressentimento do restante do Corpo de Fuzileiros Navais por eles serem uma “força de elite dentro de uma força de elite”, levou à dissolução das unidades Raider originais com desembarques na Sicília, Salerno, Anzio, Normandia e Sul da França.

O segundo grupo de Scouts e Raiders, codinome Special Service Unit N° 1, foi estabelecido em 7 de julho de 1943, como uma organização de força de operações conjuntas e combinadas. A primeira missão, em setembro de 1943, foi em Finschhafen, na Papua Nova Guiné. As operações posteriores foram em Gasmata, uma vila na costa sul da Nova Bretanha, Papua Nova Guiné, Arawe, uma região geográfica e um povo na ilha de Nova Bretanha, que deu nome ao porto de Arawe e à pequena península, Cabo Glouceste é um cabo na ilha da Nova Bretanha, na Papua-Nova Guiné. Durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses capturaram a ilha e trasladaram a maioria da população nativa da zona do cabo Gloucester para construir dois campos de aviação e nas costas Leste e Sul da Nova Bretanha, “todas sem nenhuma perda de pessoal”. Conflitos surgiram sobre questões operacionais e todo o pessoal não pertencente à Marinha foi realocado. A unidade, renomeada 7th Amphibious Scouts, recebeu uma nova missão tática e estratégica: desembarcar com os barcos de assalto, balizar canais, erguer marcadores para as embarcações que chegavam, lidar com baixas, fazer sondagens offshore, sondagens em terrenos sob lâmina d`água, limpar obstáculos na praia e manter comunicações de voz ligando as tropas, os barcos e os navios próximos. O 7th Amphibious Scouts conduziu operações no Pacífico durante o conflito, participando de mais de 40 desembarques.

A terceira e última organização de Escoteiros e Invasores operou na China. Escoteiros e Invasores foram destacados para lutar com a Organização Cooperativa Sino-Americana (SACO). Para ajudar a reforçar o trabalho da SACO, o Almirante Ernest Joseph King (1878-1956) ordenou que 120 oficiais e 900 homens fossem treinados para “Invasores Anfíbios” na escola de Escoteiros e Invasores em Fort Pierce, Flórida. Eles formaram o núcleo do que foi imaginado como uma “organização anfíbia de guerrilha de americanos e chineses operando em águas costeiras, lagos e rios, empregando pequenos barcos a vapor e sampanas”. Enquanto a maioria das forças de Invasores Anfíbios permaneceu em Camp Knox, em Calcutá, três dos grupos prestaram serviço ativo. Eles conduziram um levantamento do alto rio Yangtzé na primavera de 1945 e, disfarçados de coolies, conduziram um levantamento detalhado de três meses da costa chinesa de Xangai a Kitchioh Wan, perto de Hong Kong. “Coolie” é um termo historicamente usado para se referir a “trabalhadores braçais asiáticos”, especialmente da China e Índia, que realizavam trabalhos pesados por baixo pagamento, sendo atualmente considerado um termo ofensivo e pejorativo. Entretanto, o termo é de origem indiana, significando “trabalhador diário”, e foi popularizado pelos comerciantes europeus na Ásia no século XVI.

Um Comitê do Senado dos Estados Unidos entrevista um candidato para o cargo de Secretário da Marinha dos Estados Unidos. A senadora Lillian DeHaven (Anne Bancroft), do Texas, critica a Marinha “por não ser neutra em termos de gênero”. Por trás das cortinas, um acordo é feito: se as mulheres se comparam favoravelmente com os homens em uma série de testes, os militares integrarão plenamente as mulheres em todas as ocupações da Marinha. O primeiro teste é o curso de treinamento da Marinha dos EUA. A senadora DeHaven escolhe a tenente e analista de topografia Jordan O'Neil (Demi Moore), porque ela é fisicamente mais feminina do que as outras candidatas. Para obter a nota, O`Neil deve sobreviver a um programa de seleção esgotante, no qual quase 60% de todos os candidatos são eliminados, a maioria antes da quarta semana, com a terceira semana sendo particularmente intensa (“semana do inferno”). O enigmático comandante John James Urgayle (Viggo Mortensen) dirige o brutal programa de treinamento que envolve 20 horas diárias de tarefas destinadas a desgastar a força física e mental dos recrutas, incluindo empurrar gigantescos para-lamas nas dunas da praia, trabalhando em obstáculos, e transportar jangadas de desembarque. Dado um subsídio de 30 s em uma pista de obstáculos, O`Neil exige ser mantida nos mesmos padrões que os estagiários do sexo masculino. O comandante observa O`Neil ajudando os outros candidatos, permitindo que eles subam de costas para atravessar a pista de obstáculo da parede.

Oito semanas no programa, durante outro treinamento, ela é amarrada a uma cadeira com as mãos atrás das costas, agarrada e jogada através da porta, em seguida, a levanta do chão e repetidamente afunda a cabeça na água fria na frente dos outros membros da sua equipe. O`Neil luta com Urgayle e é bem sucedida em causar-lhe alguma lesão, apesar de seus braços imobilizados. Ao fazê-lo, ela adquire respeito dele, bem como dos outros estagiários. Líderes da Marinha, confiantes de que uma mulher sairia rapidamente, ficam preocupados. A mídia civil aprende sobre o envolvimento de O`Neil, e ela se torna uma sensação conhecida como “GI Jane”. Em breve, ela deve lutar com acusações forjadas de que é lésbica ao confraternizar com mulheres. O`Neil é informada de que receberá uma carteira durante a investigação e, se liberada, precisará repetir seu treinamento. Ela decide “tocar fora” uma campainha três vezes, sinalizando sua retirada voluntária do programa ao invés de aceitar um trabalho de secretária. Mais tarde é revelado que a evidência fotográfica da suposta confraternização de O`Neil veio do escritório da senadora DeHaven que nunca pretendeu que O`Neil tivesse sucesso; ela usou O`Neil como moeda de barganha para impedir o fechamento de bases militares em seu Estado natal (Texas). O`Neil ameaça expor DeHaven, que então tem as acusações anuladas e O`Neil retornando aos treinamentos.

A fase final do treinamento, um exercício de prontidão operacional, é interrompida por uma emergência que requer o apoio dos soldados. A situação envolve um satélite espião alimentado por plutônio para uso militar que caiu no deserto da Líbia. Uma equipe de Rangers do Exército dos EUA é enviada para recuperar o plutônio, mas seu plano de evacuação falha, e os soldados são enviados para ajudar os Rangers. O tiro de Urgayle em um soldado líbio para proteger O`Neil leva a um confronto com uma patrulha militar líbia. Durante a missão, O`Neil, usando sua experiência como analista topográfica, percebe quando vê o mapa da equipe que o comandante não vai usar a rota que os outros acreditam que ele irá reagrupar com os outros. Ela também exibe uma habilidade definitiva em liderança e estratégia ao resgatar o comandante ferido, a quem ela e McCool retiram de um local carregado de explosivos. Com helicópteros armados para auxílio, a missão de resgate na costa da Líbia é um sucesso. Após o seu retorno, todos aqueles que participaram da missão são aceitos. Urgayle dá a O`Neil sua Cruz da Marinha e um livro de poesia contendo um pequeno poema, “Self-Pity”, de D.H. Lawrence (1885-1930), um escritor inglês, cuja carreira abrangeu vários gêneros, incluindo romance, poesia, teatro e crítica literária como reconhecimento de sua realização e em gratidão por resgatá-lo.       

Em “Autopiedade”, o narrador afirma que os animais não sentem autopiedade, mesmo diante da adversidade cultural. Essa observação serve como uma crítica ao comportamento humano, sugerindo que a autopiedade é uma emoção improdutiva que pode prejudicar a resiliência. A brevidade e a simplicidade do poema aumentam seu impacto. Sua linguagem direta e a ausência de adjetivos criam um senso de objetividade e autoridade. O foco do poema na natureza contrasta com sua aplicação pretendida ao comportamento humano, criando uma ironia sutil, mas eficaz. Comparado a outras obras de Lawrence, "Autopiedade" se distancia de sua poesia mais emocional e introspectiva. É um poema curto e didático que oferece uma clara lição moral. Essa mudança de tom e propósito demonstra a versatilidade de Lawrence como escritor. No geral, “Autopiedade” é um poema poderoso e instigante que explora a natureza das emoções humanas e oferece uma perspectiva valiosa sobre a importância de superar a autopiedade. No contexto “Autopiedade” alinha-se às tendências modernistas em direção à objetividade do conhecimento e à rejeição do sentimentalismo. Sua ênfase na importância da resiliência e da autoconfiança também ressoa com os valores pragmáticos vitorianos.

Demi Moore vive Jordan O`Neill, a atriz precisou fazer uma rotina de engajamento verdadeiramente militar. Exercícios cardiovasculares, artes marciais, corrida de obstáculos, natação, maratonas, flexões de braço, abdominais e agachamentos faziam parte do seu preparo para o papel. A dieta da atriz também era controlada e restrita. Apenas frango, salmão e verduras estavam no seu cardápio. O responsável pela transformação física da atriz foi o ex-fuzileiro Scott Helvenston, que perdeu a vida em uma missão no Iraque em março de 2004. Ele é o responsável pela emblemática cena em que a atriz faz flexão de braço com o apoio de apenas um braço. Na cena onde Demi Moore interage com outras mulheres, são identificadas duas garotas cujos nomes são Thelma e Louise. Trata-se de uma homenagem do diretor Ridley Scott ao filme Thelma & Louise (1991) dirigido por ele. O ator Sam Rockwell chegou a ensaiar algumas cenas, mas acabou tendo que deixar a produção. O diretor Ridley Scott filmou um final alternativo no qual a personagem de Demi Moore perde a vida durante uma missão secreta na Líbia. A atriz Anne Bancroft disse que ela e Scott eram a favor do final alternativo, mas finalmente decidiram o final mais “heroico”, que seria mais popular entre o público. G.I. Jane recebeu críticas mistas dos críticos, onde detém atualmente uma classificação de 53% no Rotten Tomatoes com base em 32 avaliações, com uma classificação média de 5.8/10. Demi Moore ganhou o Framboesa de Ouro como pior atriz em 1997.

Nos estudos sobre a gênese da profissão naval nos Escritos & Ensaios, de Elias (2006: 69 e ss.), ele resgata do ponto de vista histórico, a crítica metodológica sobre a condição do fazer sociológico. Assim, infere o contexto social, se forem seres humanos que desempenharam papel importante na determinação do destino de seu próprio país, a briga interessará ao métier dos historiadores. Estes considerarão a briga como um acontecimento único, tentarão descobrir os motivos pessoais dos envolvidos e situa-los no interior de seu contexto histórico irrepetível. Mas e os sociólogos? Tendemos a pensar que cabe aos sociólogos se ocuparem com os problemas sociais. E, pela maneira como as palavras “sociedade” e “coletividade” são atualmente compreendidas, isso implica que os sociólogos não podem ou não deveriam se ocupar com os problemas dos indivíduos isolados. Em sua análise, um exame mais atento poderia revelar que há algo que não funciona bem nessa separação do trabalho intelectual, praticamente absoluta entre o estudo das sociedades e o dos seres humanos individuais. A regra do pensamento e expressão universalmente aceita, segundo a qual o que é “social” não pode ser “individual” e o que é “individual” não pode ser “social” é um desses axiomas fossilizados que têm a tendência a serem aceitos na medida em que em regra geral, todos parecem aceita-los, mas que desaparecem como “a roupa nova do rei” quando na medida certa com o desenvolvimento histórico-social são examinados sem preconceitos sociais.

As sociedades não são nada além do que indivíduos conectados entre si; cada um dos indivíduos é dependente de outros, de seu (deles e dele e dela) amor, de sua língua, de seu conhecimento, de sua identidade, da manutenção da paz e de muitas outras coisas. Até mesmo os conflitos de classe são também – independentemente do que mais possam ser – conflitos entre seres humanos individuais. E um conflito entre dois seres humanos, por mais que possam ser algo único e pessoal, pode ser ao mesmo tempo representativo de uma luta entre diversos estratos sociais, remontando a várias gerações. O que aqui se expõe é o relato de um tal conflito. O material foi tomado em prestado da história. Não seria difícil encontrar, em nossa própria época, um material do mesmo tipo. Mas, como material para uma investigação paradigmática, é vantajosa a utilização de um conflito ocorrido em uma outra época. Fora de dúvida, afirma Elias, as paixões foram arrefecidas pela distância temporal. A história pode ser construída sem que o narrador seja distraído pelos argumentos convencionais de partidários e oponentes de sua própria época que, independentemente de sua vontade, repercutiriam em seus ouvidos. Além dos mais, nas sociedades passadas os seres humanos eram habitualmente menos ambíguos. Em geral, não se deixava pairar nenhuma dúvida sobre as linhas de divisão do trabalho social, no sentido sociológico de ÉmileDurkheim que atravessavam a sociedade, e em que ponto da escala social alguém estava situado. A ambiguidade do status, que pode surgir quando alguém ascende, tinha pouca influência sobre a avaliação da posição hierarquicament estamental, realizada pelos contemporâneos, em sociedades com uma camada aristocrática superior que atribuía grande valor à origem social e ao berço.              

Não é, portanto, particularmente difícil estabelecer a hierarquia em um período passado e a posição nele ocupada por um determinado indivíduo, quando se observa bem o que seus contemporâneos tinham a dizer a respeito. A maioria das dificuldades possivelmente experimentadas pelos pesquisadores na reconstrução dessa hierarquia decorre do procedimento anacrônico utilizado: eles examinam as desigualdades de poder e status nas sociedades antigas como se elas tivessem necessariamente o mesmo caráter das existentes em sua própria sociedade. Um exemplo notável deste método de trabalho é a tendência atual de pretender descrever a desigualdade de poder e prestígio em geral em termos de classes sociais e estamentos. Tanto na literatura elizabetana e jacobita, sendo cristão ortodoxo monofisista da Igreja síria, na Inglaterra quanto na literatura francesa do mesmo período, de fato em todo o século XVII e em parte do século XVIII, essa divisão é mencionada. Essa separação social estava ligada, na história da religião, mas não era idêntica, à divisão em diversos estamentos, tais como na Inglaterra, entre a nobreza e os comuns. Nem todos os cortesãos eram nobres, assim como, nem todos os membros da nobreza eram cortesãos. Para o que nos interessa, neste aspecto, durante a sua famosa viagem pelo mundo, Francis Drake (1540-1596) teve uma briga com um outro membro da expedição, seu antigo amigo Thomas Doughty (1793-1856).

A briga tomou seu curso lentamente, mas no final inflamou-se em tal proporção que o empreendimento inteiro ameaçava naufragar. Apesar de Francis Drake e Thomas Doughty terem sido inicialmente amigos, suas origens sociais e competências específicas eram totalmente diferentes. Drake era um marítimo profissional, Doughty, um militar profissional, que pertencia às altas esferas da corte da rainha Elizabeth e, ao contrário de Drake, era educado e se comportava como um gentleman. Até onde se pode saber, não era um homem de posses. Durante a expedição, provavelmente se encontrava em uma situação pior do que a de Drake. Em dezembro de 1577, com uma pequena frota e uma tripulação de cerca de 160 homens, partiram de Falmouth, supostamente em direção a Alexandria. Apenas Drake, Doughty e alguns outros líderes da expedição sabiam qual era o verdadeiro objetivo da viagem: regiões desconhecidas no Pacífico Sul, que não pertenciam ao rei da Espanha, mas que, esperava-se, seriam provavelmente tão ricas em ouro e prata quanto as colônias espanholas. Aparentemente, Drake planejava atingir o Pacífico Sul através do estreito de Magalhães, entre o continente a Norte e a Terra do Fogo e cabo Horn a Sul. Este estreito é a maior e mais importante passagem natural entre os oceanos Atlântico e Pacífico. E, tanto quanto possível, tomar o rumo das costas da desconhecida Terra Australis, circulavam muitas lendas e/ou histórias míticas, mas sobre a qual ninguém sabia algo concretamente com absoluta certeza. A expedição também tinha um segundo objetivo, este mais concreto. Em viagens anteriores, Drake esperava conquistar um butim de espanhóis e portugueses, principalmente atacando seus navios.                 

Drake gozava já naquele tempo de certa reputação como pirata e capitão de corsários. A postura da rainha Elizabeth e seus conselheiros em relação a essa forma irregular de guerra combinada com pirataria dependia da situação política. Atualmente, tende-se a considerar as circunstâncias políticas, militares e comerciais como funções independentes. Naquele tempo não era assim. Na Irlanda, Drake encontrou Thomas Doughty, oficial com certa reputação, então secretário do conde de Essex. Drake e Doughty tornaram-se bons amigos. Juntos, os dois homens sonhavam com uma nova e maior expedição à parte Sul do continente americano e, se possível, ainda além, até o oceano pacífico. Começaram a fazer seus planos na Irlanda e provavelmente iniciaram conjuntamente os preparativos após seu retorno à Inglaterra, em 1576. Posteriormente, Doughty lembraria a Drake tudo o que fizera por ele. Não é improvável que houvesse algo de verdade nisso, apesar de Drake negar tudo peremptoriamente. Doughty, sem dúvida, estava mais à vontade na corte do que Drake. Havia tido o tipo de educação indispensável para a vida na corte – ao contrário de Drake, que havia sido criado como marítimo. Além disso, após seu retorno a Londres, Doughty havia se tornado secretário de Christopher Hatton, um dos amis importantes favoritos da rainha, e fora nomeado capitão da Guarda. Não é, portanto, improvável que tenha sido ele quem apresentou seu amigo Drake a Hatton. Parece, contudo, que Doughty recebeu uma participação menor do que esperava. Mais tarde ele diria, desdenhosamente, que Drake lhe havia concebido apenas “a cota de um pobre gentleman”.  Apesar de na história ter ficado ressentido com Drake por causa desse fato histórico e socialmente relevante, entretanto, não levou a um rompimento explícito. Ambos partiram da Inglaterra como dois grandes amigos.

Profissões, despojadas de suas roupagens próprias, são funções técnicas e sociais especializadas que as pessoas desempenham em resposta a necessidades especializadas de outras; são, ao menos em sua forma mais desenvolvida, segundo Norbert Elias, conjuntos especializados de relações humanas. Para ele, o estudo da gênese de uma profissão, portanto, não é simplesmente a apreciação de um certo número de indivíduos que tenham sido os primeiros a desempenhar certas funções para outros e a desenvolver certas relações, mas sim a análise de tais funções e relações. Toas as profissões, ocupações, ou qualquer que seja o nome que tenham, são, de uma forma peculiar, independentes, não das pessoas, mas daquelas pessoas em particular pelas quais elas são representadas em uma época determinada. Elas continuam existindo depois que esses seus representantes morrem. Como as línguas, pressupõem a existência de um grupo. Descobertas científicas, invenções e o surgimento de novas necessidades humanas e de meios especializados para satisfazê-las são indubitavelmente fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma nova profissão. O processo social como tal nível abstrato de análise sociológico, a gênese e o desenvolvimento de uma profissão ou de qualquer outra ocupação social, é mais que a soma total de atos individuais, do ponto de vista da função, tem em sua constituição seu modelo próprio de origem e significado.

A profissão naval tomou forma em um tempo em que a Marinha era uma frota de embarcações a vela. Em muitos sentidos, portanto, o treinamento, as tarefas e padrões dos oficiais eram diferentes dos padrões de nossa época. Diz-se que o comando de um navio de um navio moderno, com seus equipamentos técnicos elaborados, requer uma mente cientificamente treinada. O comando de um navio a vela requeria a mente de um artesão. Apenas algumas pessoas iniciadas em tenra idade na vida do mar poderiam esperar dominar essa técnica. “Recrutá-los jovens” era um reconhecido lema da antiga Marinha. Era norma que um jovem começasse sua futura carreira de oficial naval aos 9 ou 10 anos diretamente a bordo. Pessoas experientes achavam que poderia ser tarde demais, caso se começasse a ir a bordo somente aos 14 anos, não apenas porque quem o fizesse teria que se acostumar ao balanço do mar e superar o enjoo o mais rapidamente possível, mas também por que a arte de amarrar e dar nós em cordas, a maneira correta de subir ao mastro – seguramente o ovém, isto é, ovém de avante e ovém de ré, para servir de apoio aos mastros e mastaréus de um navio, e não a enfechadura – e várias outras operações mais complicadas somente poderiam ser aprendidas com uma prática longa e exaustiva.         

Ao mesmo tempo, todos os oficiais navais, ao menos do século XVIII em diante, se viam, e queriam ser vistos pelos outros, como gentleman. Dominar a arte do marinheiro era apenas uma das suas funções. Antes como depois, oficiais navais eram líderes militares que comandavam homens. Uma de suas mais importantes era lutar contra um inimigo, comandar a tripulação na batalha e, se necessário, abordar um navio hostil em uma luta corpo a corpo até a vitória. Ademais, em tempos de paz como em tempos de guerra, oficiais navais frequentemente entravam em contato com representantes de outros países. Esperava-se que soubessem utilizar línguas estrangeiras, que agissem como representantes de seus próprios países com firmeza, dignidade e uma certa dose de diplomacia, e que se comportassem conforme as regras do que “era considerado boa educação e civilidade”. Um oficial da velha Marinha tinha que reunir algumas das qualidades de artesão experiente e gentleman militar.  À primeira vista essa combinação de deveres pode não parecer surpreendente nem problemática. No curso do século XX, “gentlemen” tornou-se um termo genérico, vago, que se refere mais à conduta que à posição social. Pode-se aplica-lo a trabalhadores manuais, a mestres-artesãos e aos nobres. Durante os séculos XVII e XVIII, no entanto, tinha um significado social muito estrito. Tratava-se, durante o período de formação da profissão naval, da marca distintiva dos homens das classes altas e de algumas porções das classes médias, uma designação que os diferenciava do restante do povo. Inclusive a mera suspeita de que tivesse feito trabalho manual em alguma etapa de sua vida era degradante para gentlemen. 

Enfim, a fusão das tarefas de um marinheiro com as de um gentleman, como vemos mais tarde na história da profissão naval, não era, portanto, o arranjo simples e óbvio que parece ser quando se aplicam os conceitos sociais do nosso tempo. Era, outrossim, consequência de uma luta prolongada e de um processo de tentativa e erro que durou mais de um século. Da época de Elizabeth à da rainha Ana, e mesmo depois, os responsáveis pela Marinha lutaram contra esse problema sem muito sucesso imediato. Condições especiais – reinantes apenas na Inglaterra e parcialmente na Holanda, dentre todos os países da Europa Ocidental – tornaram possível superar gradualmente essas dificuldades em certa medida. E tanto os obstáculos quanto os próprios conflitos deles resultantes identificados per se na pena de Norbert Elias, além da maneira lenta como se resolveram, foram responsáveis por algumas das mais notáveis características da profissão naval inglesa. No entanto, para entender tudo isso, é necessário ter em mente as atitudes sociais e os padrões daquele período e visualizar os problemas inerentes ao crescimento da profissão naval tal como se apresentavam àquelas pessoas, e não como parecem ser para nós, segundo nossas próprias referências sociais contemporâneas.

Para o crítico Rubens Ewald Filho, o filme ficou bem aquém de outros trabalhos de Ridley Scott, que não conseguiu controlar o elenco e deu ao filme um tom “fútil e militarista”, o que acabaria prejudicando até a carreira de Demi Moore, irreconhecível “de cabeça raspada e corpo de halterofilista”. Tallulah Willis, filha de Bruce Willis e Demi Moore raspou os cabelos, como sua mãe fez após ver o filme. O filme foi um sucesso moderado, mas foi considerado uma decepção nas bilheterias. G.I. Jane abriu em #1 arrecadando $11,094,241 no seu fim de semana de estreia, apresentado em um total de 1,945 cinemas. Em seu segundo fim de semana, o filme ficou em primeiro lugar, arrecadando $8,183,861 em 1,973 cinemas. No final, o filme foi exibido em um lançamento mais amplo de 2,043 cinemas e arrecadou US$48,169,156 no mercado estadunidense, ficando um pouco abaixo de seu orçamento de US$50,000,000. O filme fez um total de $97,169,156 no mundo. G.I. Jane foi lançado em DVD em 22 de abril de 1998. O único recurso extra foi um trailer. Foi lançado em Blu-ray em 3 de abril de 2007, sem recursos extras, além de trailers de outros filmes. O filme também foi lançado em Laserdisc; este lançamento contou com um comentário em áudio do diretor Ridley Scott.

Bibliografia Geral Consultada.

SCHEIBE, Karl, Self Studies. The Psychology of Self and Identity. London: Editor Praeger, 1985; BLUMER, Herbert, Filmes e Conduta. Nova York: Maximillan Editor, 1983; SCOTT, Joan, Gender and the Politics of History. New York: Columbia University Press, 1989; DENZIN, Norman, A Sociedade Cinematográfica. Londres: Sage, 1995; APPLEMAN, Roy, Desastre na Coreia: Os Chineses Confrontam MacArthur. College Station. Texas: Texas A&M University Press, 1989; WENTZ, Gene; JURUS, B. Abell, Homens de Rosto Verde. St. Martin`s Paperback, 1993; RANDLES, William Graham Lister, Da Terra Plana ao Globo Terrestre. Uma Mutação Epistemológica Rápida (1480-1520). Campinas: Papirus Editora, 1994; TODOROV, Tzvetan, Los Abusos de la Memoria. Barcelona: Paidós Asterisco, 2000; ELIAS, Norbert, A Sociedade dos Indivíduos. 1ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1994; Idem, “Estudos sobre a Gênese da Profissão Naval”. In: Escritos & Ensaios (1): Estado, Processo, Opinião Pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006; pp. 69-113; TOCQUEVILLE, Alexis de, De La Démocratie en Amérique. Paris: Éditions Gallimard, 2006; GREITENS, Eric, O Coração e o Punho: A Educação de um Humanitário, a Formação de um SEAL da Marinha. Boston: Houghton Mifflin Harcourt, 2011; HABERMAS, Jürgen, Teoria do Agir Comunicativo. 1. Racionalidade da Ação e Racionalização Social. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012; ROBINSON, Patrick, Honra e Traição: A História Não Contada dos Navy SEALs que Capturaram o “Açougueiro de Fallujah” — e a Vergonhosa Provação que Mais Tarde Sofreram. Cambridge, Massachusetts: Da Capo Press, 2013; McEWEN, Scott e Richard Miniter, Olhos no Alvo: Histórias Internas da Irmandade dos SEALs da Marinha dos EUA. Nova York: Editor Center Street, 2014; PARRON, Tamis Peixoto, A Política da Escravidão na Era da Liberdade: Estados Unidos, Brasil e Cuba, 1787-1846. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; MARQUESE, Rafael; FAN, Ritter, “Até o Limite da Honra. Demi Moore Em Seu Melhor Papel”. In: https://www.planocritico.com/28/01/2023; Artigo: “Demi Moore: conheça a história da jovem prostituída pela mãe à atriz que quase venceu o Oscar”. In: https://www.brasilparalelo.com.br/04/03/2025; entre outros.

Dia dos Mortos – Celebração & Tradição Mexicana de Povos Indígenas.

 Um país sem acesso às várias formas de cultura é um país fadado a ser conservador”. Lilia Schwarcz         

 Día de los Muertos ou Dia dos Mortos é um feriado tradicionalmente celebrado nos dias 1° e 2 de novembro, embora outros dias, como 31 de outubro ou 6 de novembro, possam ser incluídos dependendo da região. O feriado de vários dias envolve a reunião de familiares e amigos para prestar homenagens e rememorar amigos e familiares que morreram. Essas celebrações podem ter um tom humorístico, pois os celebrantes lembram eventos divertidos e anedotas sobre os que partiram. É observado no México, onde se desenvolveu amplamente, e também em outros lugares, especialmente por pessoas de ascendência mexicana. A observância ocorre durante o período cristão do Dia de Todos os Santos. A “observação participante” é um tipo de coleta de dados tipicamente usado em pesquisa qualitativa e na etnografia. Este tipo de metodologia é empregado em muitas disciplinas, particularmente na antropologia, incluindo antropologia cultural e etnologia europeia, sociologia, estudos comunicativos, geografia humana e psicologia social. Seu objetivo é ganhar uma intimidade familiar e próxima com um certo grupo de indivíduos, como religiosos, ocupacionais, subgrupos culturais ou uma comunidade particular, e suas práticas através de envolvimento intenso com pessoas em seu espaço cultural, usualmente sob certo período de tempo. Alguns estudiosos argumentam que há influências indígenas mexicanas ou astecas sobre o costume, embora outros o vejam como uma expressão da temporada do Dia de Todos os Santos que foi trazida para a região pelos espanhóis; O Dia dos Mortos tornou-se uma forma de recordar os antepassados da cultura mexicana.

No México, onde a maioria dos habitantes pertencem à religião católica, mas mantém forte apelo de ricas tradições mesoamericanas, há cerimônias sincréticas em torno da morte, que misturam o sagrado e o profano de uma maneira irônica, que pode ser considerado um deboche desse sentimento; a ironia, a brincadeira, o tratamento familiar e amistoso, respeito, temor e deboche, são formas de “exorcizar” a morte, tornando-a distante e ao mesmo tempo próxima. Esta forma de celebração remonta às culturas do México antigo. De fato, a forma de celebrar o dia dos mortos encontra suas origens pré-hispânicas nas culturas indígenas. Há relatos de que os povos indígenas Astecas, Maias, Nahuatls e Totonecas praticavam o culto aos mortos. Os rituais que celebram a vida dos ancestrais se realizavam nestas civilizações pelo menos há três mil anos. Na Era pré-hispânica era comum a prática de conservar “os crânios como troféus, e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento”. A festa dos mortos, por exemplo, era vinculada ao calendário agrícola pré-hispânico e realizada na época da colheita. Seria como o primeiro período de fartura, o primeiro banquete, depois da escassez dos meses anteriores. O catolicismo introduzido pelos espanhóis, não mudou o passado pré-hispânico; ao contrário, fomentou a forma religiosa de culto indígena aos mortos, criando um sincretismo religioso. Antes da invasão dos Espanhóis, os indígenas acreditavam que a vida continuava após a morte, de fato, a vida mesma se alimentava da morte. Se para nós, cristãos, a morte é a passagem para a vida eterna, para os astecas a morte era a maneira de participar das forças criadoras dos deuses.

Eles acreditavam que nem a vida, nem a morte, lhes pertencia, tudo era “um capricho dos deuses”. A religião dos povos indígenas Maias e Astecas era politeísta, tendo os deuses uma base na natureza. Os deuses da morte estavam representados por meio de caveiras; de fato, a morte para estas culturas era identificada por medo da imagem da caveira. O deus da morte dos Maias era representado pela imagem de um corpo humano esquelético. Para os povos Mexicas, os que morressem poderiam ir para um dos três lugares nos quais se acreditava, dependendo da causa da morte. Se se morresse por enfermidade ia-se para um lugar sem luz e sem janelas, sem oportunidade de sair; se se morresse por afogamento ou por doenças contagiosas ia-se para o paraíso, onde havia muita comida e diversões; quando se morria em batalhas ou as mulheres morriam durante o parto, iam subir ao céu onde vive o Sol. Os Mexicas foram um povo que habitou a América do Norte conemporaneamente e estabeleceu o Império Asteca, fundando a cidade de Tenochtitlán no Vale do México por volta de 1325. Eles desenvolveram uma sociedade urbana complexa com instituições políticas, religiosas e económicas, que se tornou um grande centro de desenvolvimento cultural, e foram uma civilização que dominou grande parte da região, formando um império com diversos povos. As culturas pré-colombianas acreditavam na imortalidade da alma e na sua vida além-túmulo ao se desprender do corpo. Para eles, a morte não significava o fim da existência, mas uma mudança. Os Maias enrolavam os corpos em panos e enchiam suas bocas de alimento para que na outra vida não lhes faltasse o que comer. Os corpos eram incinerados ou enterrados no fundo das casas ou em túmulos comuns. Os Astecas incineravam ou enterravam seus mortos, embora as práticas dependessem do estrato social ao qual celebração historicamente a qual se pertencia.                                



As pessoas eram enterradas com suas roupas e joias, as cinzas dos que eram incinerados eram depositadas em panelas (ou recipientes) de barro e nelas ficavam também as joias como propriedades do falecido. Outra tradição era de cantar, comer e beber durante o transcurso da cerimônia. Os quatro planetas “mais próximos” do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, possuem em comum uma crosta sólida e rochosa, razão pela qual se classificam no grupo dos planetas telúricos ou rochosos. Mais afastados, os quatro gigantes gasosos, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, são os componentes de maior massa do sistema logo após o próprio Sol. Dos cinco planetas anões, Ceres é o que se localiza “mais próximo” do centro do Sistema Solar, enquanto Plutão, Haumea, Makemake e Éris, encontram-se além da órbita de Netuno. Permeando praticamente toda a extensão do Sistema Solar, existem incontáveis objetos que constituem a classe técnica dos corpos menores. Os asteroides, essencialmente rochosos, concentram-se numa faixa entre as órbitas de Marte e Júpiter que se assemelha a um cinturão. Além da órbita do “último planeta”, a temperatura é suficientemente baixa para permitir a existência de fragmentos de gelo, que se aglomeram sobretudo nas regiões do Cinturão de Kuiper, teorizado na década de 1950 e teve sua comprovação final somente nos anos 1990, como disco disperso e na nuvem de Oort; esporadicamente são desviados para o interior do sistema onde, pela ação do calor do Sol, transformam-se em cometas. Muitos corpos, por sua vez, possuem força gravitacional suficiente para manter orbitando em torno de si objetos menores, os satélites naturais, com as mais variadas formas e dimensões. Os planetas gigantes apresentam sistemas de anéis planetários, uma faixa composta por minúsculas partículas de gelo e poeira.

As teorias que buscam explicar como ocorreu a formação do Sistema Solar começaram a surgir no século XVI, a partir da observação mais acurada do movimento dos corpos. Ao longo do tempo, algumas dessas hipóteses foram ganhando importância. Descartes, por exemplo, sugeriu que o Sol e os planetas surgiram a partir de um vórtice existente no universo primordial. A teoria da captura dos protoplanetas, por seu lado, sugere que estes corpos coalesceram de uma nuvem molecular e, posteriormente, foram capturados pela gravidade do recém-formado Sol, juntaram-se e formaram os planetas. Uma variante deste conceito propõe que os protoplanetas foram capturados pelo Sol a uma estrela de baixa densidade que passou nas proximidades. Laplace foi o responsável por desenvolver a hipótese de que o Sol teria se formado a partir de uma nuvem que girava e se contraía e, ao seu redor, os restantes materiais se condensaram nos demais corpos. Essa teoria, comumente referida como hipótese nebular, passou por algumas adaptações e se tornou a mais aceita no meio científico, especialmente após observações recentes da composição de meteoritos, que conservam características do período em que se formaram, nos primórdios do Sistema Solar, de acordo com a teoria moderna mais aceita, teve origem a partir de uma nuvem molecular que, por alguma perturbação gravitacional, entrou em colapso e formou a estrela central, enquanto seus remanescentes geraram os demais corpos. Em sua configuração atual, todos os componentes descrevem órbitas praticamente elípticas ao redor do Sol, constituindo um sistema no qual os corpos estão em mútua interação mediada pela força gravitacional.

A hipótese moderna para a origem do sistema solar é baseada na hipótese nebular, sugerida em 1755 pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), e desenvolvida em 1796 pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace (1749-1827), em seu livro Exposition du Système du Monde. Laplace, que desenvolveu a teoria das probabilidades, calculou que como todos os planetas descobertos estão no mesmo plano, giram em torno do Sol na mesma direção, e também giram em torno de si mesmo na mesma direção, com exceção de Vênus, mas que só poderiam ter se formado de uma mesma grande nuvem discoidal de partículas em rotação, a nebulosa solar. A versão moderna da teoria nebular propõe que uma grande nuvem rotante de gás interestelar colapsou para dar origem ao Sol e aos planetas. Uma vez que a contração iniciou, a força gravitacional da nuvem atuando em si mesma acelerou o colapso. À medida que a nuvem colapsava, a rotação da nuvem aumentava por conservação do momentum angular e, com o passar do tempo, a massa de gás rotante assumiria uma forma discoidal, com uma concentração central que deu origem ao Sol. Os planetas teriam se formado a partir do material no disco. As observações indicam que muitas nuvens de gás interestelar estão no processo de colapsar em estrelas, e os físicos que predizem o achatamento e o aumento da taxa de spin estão corretos.

A contribuição moderna à hipótese nebular diz respeito principalmente a como os planetas se formaram a partir do gás no disco, e foi desenvolvida nos anos 1940 pelo físico alemão Carl Friedrich Freiherr von Weizsäcker (1912-2007). Após o colapso da nuvem, ela começou a esfriar; apenas o Proto-sol, no centro, manteve sua temperatura. O resfriamento acarretou a condensação rápida do material, o que deu origem aos planetesimais, agregados de material com tamanhos da ordem de quilômetros de diâmetro, cuja composição dependia da distância ao Sol: regiões mais externas tinham temperaturas mais baixa, e mesmo os materiais voláteis tinham condições de se condensar, ao passo que nas regiões mais internas e quentes, as substâncias voláteis foram perdidas. Os planetesimais a seguir cresceram por acreção de material para dar origem a objetos maiores, os núcleos planetários. Na parte externa do sistema solar, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos cresceram até atingiram massas da ordem de 10 vezes a massa da Terra, ficando tão grandes a ponto de poderem atrair o gás a seu redor, e então cresceram mais ainda por acreção de grande quantidade de hidrogênio e hélio da nebulosa solar. É neste sentido que os cientistas deram origem assim aos planetas jovianos. Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos planetários não puderam crescer muito, dando origem aos planetas terrestres.

A sua estrutura tem sido objeto de estudos desde a Antiguidade, mas somente há cinco séculos a humanidade reconheceu o fato astronômico de que o Sol, e não o planta Terra, constitui o centro do movimento planetário. Desde então, a evolução dos equipamentos de pesquisa, como telescópios, possibilitou uma maior compreensão do sistema. Entretanto, detalhes sem precedentes foram obtidos somente após o envio de sondas espaciais a todos os planetas, que retornam imagens e dados com uma precisão nunca antes alcançada. Há cerca de 4,66 bilhões de anos, toda a matéria que hoje forma o Sistema Solar se encontrava sob a forma de gás e poeira pertencentes a uma grande nebulosa com extensão estimada entre cinquenta e cem anos-luz, composta sobretudo por hidrogênio e uma considerável fração de hélio, além de traços de elementos mais pesados como carbono e oxigênio e alguns compostos silicados que formavam a “poeira interestelar”. Em algum momento, por conta de uma provável influência externa, como uma onda de choque provocada pela explosão de uma supernova nas proximidades, uma região em seu interior começou a se tornar mais densa e, por causa da gravidade, progressivamente passou a atrair mais gás em sua direção, dando origem a um núcleo que se aquecia conforme ganhava massa.

Os missionários católicos durante a colonização espanhola, embora tentassem acabar com os costumes indígenas do culto aos mortos, apenas conseguiram modificar essas tradições e transferir o culto aos mortos para a data da festa cristã do dia de “todos os santos” e dos “fiéis defuntos”, nos dias 01 e 02 de novembro de cada ano. A tradição da celebração dos mortos, entretanto, permaneceu mais ou menos igual aos costumes originais dos diversos povos indígenas. Assim, a população deu destaque à festa do dia dos mortos, sendo parte do imaginário e da cultura popular mexicana, passando a ser vivida de maneira sincrética, misturando culturas indígenas e catolicismo popular. Esta festa é parte da “resistência indígena”, na falta de melhor expressão, das raízes nativas das culturas Asteca e Maia e outras, destruídas, em grande parte, pelos colonizadores espanhóis. Atualmente é a festa em que a morte invade a vida e a vida invade a morte, como dois movimentos do mesmo evento. As tradições incluem homenagear os falecidos usando calaveras e flores de calêndula como cempazúchitl, construir altares chamados ofrendas com as comidas e bebidas favoritas e visitar túmulos com esses itens como presentes para os falecidos.  

Em razão sua para a cultura, Día de los Muertos foi eleito em 2003 pela Unesco, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A celebração não é centralizada apenas nos mortos, pois também é comum dar presentes aos amigos, como caveiras de açúcar, compartilhar o tradicional “pan de muerto” com a família e amigos e escrever versos alegres e muitas vezes irreverentes na forma de epitáfios falsos, dedicados a amigos e conhecidos vivos, uma forma literária conhecida como calaveras literarias, que são composições poéticas tradicionais do México, especialmente celebradas no Dia dos Mortos. Caracterizam-se por versos curtos, rimas, tom irônico e satírico, escritos em forma de epitáfios para os vivos e mortos, abordando temas e pessoas de forma humorística para expressar sentimentos difíceis. Elas combinam arte e literatura, muitas vezes acompanhadas de desenhos de caveiras, e servem para homenagear, criticar e canalizar emoções sociais de forma criativa. Em 2008, a tradição foi inscrita na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) com sede em Paris, fundada em 16 de novembro de 1945 com o objetivo de contribuir para a paz e segurança com a educação, ciências naturais, sociais/humanas e comunicações/informação.

A celebração ocorre durante a festividade de 31 de outubro a 2 de novembro, celebrada há cerca de três mil anos pelos povos mesoamericanos pré-hispânicos: astecas, maias, purépechas, náuatles e totonacas. Além do México, também é celebrada em outros países da América Central e em algumas regiões dos Estados Unidos das América, onde a população mexicana é grande. Inicialmente, a celebração era realizada durante todo o mês de agosto pelos povos mesoamericanos pré-hispânicos, que faziam muitos sacrifícios de seres humanos para aplacar a fúria dos deuses, onde os crânios eram guardados como troféus e expostos em templos e nas estátuas do deus da morte durante rituais que celebravam a morte e renascimento. Com a chegada dos colonizadores espanhóis, foi alterada para a passagem do mês de outubro ao mês de novembro, devido o choque cultural com o ritual indígena e, de forma a ficar próximo ao Dia dos Fiéis Defuntos/Dia de Finados e ao Dia de Todos os Santos, celebrados pelo catolicismo nos dias primeiro e dois de novembro respectivamente.  A festividade que se tornou o Dia dos Mortos era comemorada no nono mês do calendário solar asteca, por volta do início do mês de agosto, e era celebrado por um mês completo. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, reconhecida como a “Dama da Morte”, atualmente relacionada à La Catrina, personagem de José Guadalupe Posada e esposa de Mictlantecuhtli, isto é, senhor do reino dos mortos. As festividades eram dedicadas às crianças e aos parentes falecidos.

É uma das festas mexicanas mais animadas, pois segundo relatos, os mortos vêm visitar os parentes. Esta é celebrada com comida, bolos, festa, música e doces preferidos dos mortos, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar. Segundo a crença popular, nos dias 1 e 2, chamados de Días de Muertos, os mortos têm permissão divina para visitar parentes e amigos. Por isso, as pessoas enfeitam suas casas com flores, velas e incensos, e preparam as comidas preferidas dos que já partiram. As pessoas fazem máscaras de caveira, vestem roupas com esqueletos pintados ou se fantasiam de morte. Para os mesoamericanos a morte não tinha as conotações morais da religião cristã, comparativamente, nas quais as ideias do inferno e do paraíso servem para punir ou recompensar. Pelo contrário, eles acreditavam que os cursos destinados às almas dos mortos eram determinados pelo tipo social de morte que tiveram, e não pelo seu comportamento na vida cotidiana. As principais civilizações representativas da área mesoamericana, asteca e maia desenvolveram um rico ritualístico em torno da adoração dos ancestrais e da própria morte, que foi o precedente do atual Dia dos Mortos, no qual a visão de mundo desses povos ainda sobrevive. Os astecas acreditavam que a vida exterior do falecido poderia ter quatro destinos. Tlalocan ou paraíso de Tláloc, deus da chuva. 

Este local era chefiado por aqueles que morreram em circunstâncias relacionadas à água: os afogados, aqueles que morreram de raios, aqueles que morreram de doenças como gota ou hidropisia, sarna ou boubas, bem como crianças sacrificadas ao deus. O Tlalocan era um lugar de descanso e abundância. Omeyocán, paraíso do Sol, presidido por Huitzilopochtli, o deus da guerra. Apenas os mortos em combate, os cativos que se sacrificaram e as mulheres que morreram no parto chegaram aqui. O Omeyocan era um lugar de alegria permanente, onde o sol era celebrado e acompanhado de música, canções e danças. Os mortos que foram para o Omeyocan, depois de quatro anos, voltaram ao mundo, transformaram-se em pássaros de belas penas multicoloridas. Mictlán, destinado àqueles que morreram de morte natural. Este lugar era habitado por Mictlantecuhtli e Mictecacíhuatl, “senhor e senhora da morte”. Era um lugar muito escuro, sem janelas, do qual não era mais possível sair. Chichihuacuauhco, onde as crianças mortas foram antes de sua consagração à água onde havia uma árvore cujos galhos o leite estava pingando, para se alimentar. As crianças que vieram aqui voltariam à Terra quando a raça que a habitava fosse destruída. Desta forma, a morte renasceria. O caminho para o Mictlán era tortuoso e difícil, porque para alcançá-lo as almas tinham que viajar por lugares por quatro anos. Depois desse tempo, as almas chegaram a Chicunamictlán, onde descansavam ou desapareçam. Para trilhar esse caminho, o falecido foi enterrado com um cão chamado Xoloitzcuintle, que o ajudaria a atravessar um rio e chegar a Mictlantecuhtli, a quem ele deveria dar, como oferenda, amarrado com chás e bucos de perfume, algodão (ixcátl), fios vermelhos e cobertores.      

Aqueles que foram ao Mictlán receberam, como oferenda, quatro flechas e quatro chás amarrados com fio de algodão. Os enterros pré-colombianos, eram acompanhados por oferendas contendo dois tipos de objetos: aqueles que, em vida, tinham sido usados pelos mortos, e aqueles que ele poderia precisar em seu trânsito para o submundo. Dessa forma, a elaboração de objetos funerários foi muito variada: instrumentos musicais de argila, como ocarinas, flautas, timbales e sonajas na forma de crânios; esculturas representando os deuses mortuários, crânios de vários materiais (pedra, jade, vidro), braseiros, incensários e urnas. A cena que inicia o filme “007 Contra Spectre” da saga James Bond foi um divisor de águas depois na Cidade do México. No filme lançado em 2015, o ator Daniel Craig aparece disfarçado de esqueleto humano ao lado da atriz e modelo mexicana Stephanie Sigman, a Bond girl chamada Estrella, no centro histórico da capital mexicana. Ambos caminham no meio de um grande tumulto. Nas ruas, há centenas de pessoas curtindo um desfile. Enormes caveiras e esqueletos em carros alegóricos avançam. Há pessoas com máscaras e fantasias em todos os lugares. A música dá ritmo ao burburinho de uma grande festa pelo tradicional Dia dos Mortos. Embora cheguem juntos a um hotel, James Bond não tem tempo para par romântico com Estrella, pois deve perseguir um vilão, Marco Sciarra, que está perdido na multidão do desfile no movimentado centro da Cidade do México.

Começa então uma perseguição espetacular que enche de emoção os primeiros 10 minutos do filme. O diretor Sam Mendes usou a tradição mexicana do Dia dos Mortos como pano de fundo com alguma licença poética, como um desfile que era fictício. Desde a estreia do filme, no entanto, as autoridades culturais e turísticas do México começaram a realizar um enorme Desfile do Dia dos Mortos todos os anos. A celebração que lembra os mortos, realizada todo dia 2 de novembro, é uma tradição das regiões onde as culturas pré-hispânicas do México estavam presentes, principalmente no centro e sul do país. Na cultura indígena mexicana havia um ritual para guiar os mortos em sua jornada para Mictlan, o “submundo” de sua mitologia. De acordo com seu calendário, a comemoração ocorreu no final do que é julho ou início de agosto. Com a conquista espanhola e o estabelecimento do catolicismo, a tradição foi adaptada. Passou para o penúltimo mês do ano para coincidir com a tradição da “Comemoração de Finados”, em 2 de novembro. A combinação de rituais deu origem a uma tradição cujo centro é uma oferenda de flores e alimentos em um altar, em casa ou no cemitério, iluminado por velas para os entes falecidos fazerem uma visita naquela data. Embora essas ofertas tenham motivado alguns festivais, em que vários participantes apresentam sua melhor oferta do Dia dos Mortos em grande escala, nunca houve um desfile como o do roteiro cinematográfico 007 Contra Spectre

Mais de 1.500 pessoas participaram das filmagens como figurantes, muitas delas com os rostos pintados ou vestindo alguma roupa ou fantasia. Tracy Smith, uma das supervisoras de figurino, disse que eles tinham muita “liberdade criativa”. Para a coreógrafa mexicana Priscila Hernández, o trabalho teve “uma inspiração” nas raízes da tradição, mas ao mesmo tempo foi “uma mistura com uma visão mais contemporânea” que refletiu o grande momento cultural e artístico do México. Os pedaços gigantes de crânios e esqueletos foram feitos por mexicanos, segundo os produtores, dando a entender que sua visão da representação simbólica/etnográfica do Dia dos Mortos foi respeitada. “Os artistas e artesãos foram fantásticos e realmente apreciaram o que estávamos fazendo e queriam fazer o melhor possível porque era o país deles e eles queriam vê-lo na tela”, disse a produtora Barbara Broccoli. Ortiz acredita que o trabalho essencialmente foi “Hollywood assimilar um estilo típico de como os mexicanos encaram a morte”. No filme de James Bond, “há caveiras com charutos e gravatas. Essas caveiras gigantescas mudam e são decoradas com caveiras de açúcar, com muitos elementos mexicanos, como a flor cempasuchil”, diz Ortiz. “O figurino está se tornando parte daquela que é a grande tradição mexicana do Dia dos Mortos. Está tomando não apenas forma, mas também substância”. Para Sam Mendes, a capital mexicana era o local perfeito para “recapturar um pouco do glamour” de James Bond. “Se eu quiser que haja um grande e magnífico festival em uma cidade grande, bem, não há nada maior do que a Cidade do México e o Dia dos Mortos”.

No ano seguinte ao lançamento de 007 Contra Spectre, a Cidade do México teve seu primeiro desfile do Dia dos Mortos com alguns dos grandes cenários usados ​​no filme. O governo da Cidade do México e as autoridades federais de promoção do turismo pensaram que o filme do agente 007 mostrava algo que poderia se tornar um sucesso. Com o longa-metragem criou-se uma “expectativa de que haveria algo mais”, disse a então diretora geral do Conselho Mexicano de Promoção do Turismo, Lourdes Berho. - “Sabíamos que isso iria gerar um desejo por parte de mexicanos e turistas de vir e participar de uma festa ou um grande desfile”. Para a coreógrafa Priscila Hernández, o desfile “foi um burburinho internacional depois do filme”. Ela fez parte da produção das três primeiras edições do festival na Cidade do México. “Foi muito bom poder transmitir aos mexicanos e estrangeiros um pouco de nossas tradições, mas respeitando Mictlantecuhtli, Coatlicue, Mictlan, o que a morte significa para nós mexicanos por meio de uma perspectiva visual”, disse ele à revista Chilango. “Não vejo mal, são simplesmente as mudanças que uma tradição secular está passando, são as mudanças dos novos tempos”, diz Ortiz. No século XVIII, durante o vice-reinado, a tradição era ir à igreja rezar no dia 1º de novembro, Dia de Todos os Santos, pedir a intercessão pelos pecados dos mortos e que eles recebessem essas indulgências no dia 2 de novembro.

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