sábado, 1 de março de 2025

Amor Não Tem Preço – Sinceridade, Paramedicina & Saber Filantrópico.

         “Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor”. William Shakespeare 

        A filantropia designa, em geral, o amor à espécie humana e a tudo o que diz respeito à humanidade, expresso na ajuda altruísta ao próximo. A palavra vem do grego φίλος (amor) e άνθρωπος (homem), e significa “amor à humanidade”. O seu antônimo é a misantropia. Os donativos a organizações humanitárias, pessoas, comunidades, ou o trabalho para ajudar os demais, direta ou indiretamente através de “organizações não governamentais sem fins lucrativos”, assim como o chamado “trabalho voluntário” para apoiar instituições que têm o propósito específico de ajudar os seres vivos humanos e melhorar as suas vidas, são considerados atos filantrópicos. O trabalho voluntário (cf. Wilson, 2000; Georgeou, 2012) ou voluntariado, é ato de fato o desenvolvimento de trabalho voluntário individual ou por um grupo de indivíduos que “doam livremente” seu tempo e trabalho social para o serviço comunitário. Muitos são treinados especificamente nas áreas em que sabem e trabalham, comumente na medicina, educação ou resgate de emergência, e necessidade em resposta a um “desastre natural”. 

        Instituições de ensino filantrópicas são mantidas por entidades sem fins lucrativos, que desempenha atividades, paralelas ou em conjunto com o Estado, sem remuneração, diferente das instituídas com fins lucrativos que são mantidas por uma ou mais pessoas físicas e/ou jurídicas de direito privado, que se constituem em entidades comerciais, sendo esta missão maior, não sendo obrigadas a fazer atividades de cunho beneficente, embora, se quiserem, possam lhes desempenhar. Um playboy é uma representação jornalística de “estilo de vida” ou estereótipo, associado a homens jovens, solteiros, com intensa vida social e relações com mulheres. No Brasil, o termo adquiriu um sentido pejorativo, degradante, para designar homens bem-nascidos e exibidos, que não trabalham e esnobam outras pessoas. É usado como um estereótipo de insulto, muitas vezes também referenciado como um “filhinho de papai”, ou, melhor dizendo, pessoas que não trabalham e vivem às custas dos pais. O termo inglês playboy é formado pela junção dos termos play (brincar, se divertir) e boy (moço, garoto). Portanto, playboy significa, literalmente, “menino de diversão”. O termo foi criado no início da década de 1950 quando os Estados Unidos da América passavam por grande onda de prosperidade. Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu “tempo integral a festas, relacionamentos e a esbanjar dinheiro”. Em 1953, uma reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles, descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade. 

            A revista Playboy foi criada pensando em difundir esse estilo de vida. Na década dos anos 1960, os playboys eram homens ou jovens que, através de herança das gerações passadas, viviam “a vida como uma grande festa” e estavam quase sempre namorando as filhas de outros milionários. Utilizavam roupas finas apenas para a conquista de mulheres e não para a vivência do círculo social de determinada elite social. Ser playboy era gozar de uma vida de diversão. Eram ricos per se o prazer material, e não conviviam com contatos milionários e nem seguiam as regras comportamentais da alta classe econômica. No final do século XX, com a massificação da cultura pop, a representação sociológica de um playboy passou a significar “um jovem na faixa dos 13 aos 25 anos que dirige carro, pratica esporte, e é cobiçado pelas meninas de seu círculo social”. Esse estereótipo foi reforçado com a divisão internacional do trabalho em vários filmes e séries de TV. Em Amor Não Tem Preço (2019), interagimos com o romance da paramédica Lilly Springer (Adelaide Kane) com o playboy Jeff Alexander (Ben Hollingsworth) que através da filantropia desenvolve a prática de ajudar o próximo, por meio de ações solidárias e altruístas, para melhorar as condições sociais e promover os laços de bem-estar no âmbito dos seres humanos. 

Apesar de ela achá-lo um rapaz “metido mimado”, em um primeiro momento de aproximação, “faíscas voam” e sensações relacionadas ao trabalho e ambos se verão forçados a domar seus instintos para fazerem com que o relacionamento tenha êxito. Enquanto Lilly tenta aprender a confiar nele, Jeff terá que demonstrar que é mais do que um socialite. Melhor dizendo, se o termo socialite foi introduzido na língua inglesa em 1928, pela revista Time, com o sentido de “pertencente à alta sociedade”, grande parte das chamadas socialites envolviam-se em trabalhos filantrópicos. A Time tem a maior circulação social do mundo contemporâneo para uma revista semanal de notícias e tem um público de 26 milhões de pessoas, 20 milhões das quais baseadas nos Estados Unidos da América. Socialite historicamente é uma palavra inglesa que designa “uma pessoa de destaque” nas camadas, por assim podermos nos referir, aos mais altos níveis da estratificação de toda e qualquer sociedade, e frequentemente muito citada nas colunas sociais por participar de eventos midiáticos públicos, como programas beneficentes, festivos, culturais, tornando-se pública e famosa por suas aparições sociais. Geralmente tem meios para manter um padrão de consumo identificado com o da elite.  

O nome “Coluna” surgiu em virtude da diagramação original dos textos não-noticiosos publicados regularmente em espaço predeterminado no jornal. Nos periódicos do século XIX, tudo que não era notícia era diagramado numa única coluna vertical, de alto a baixo da página, à parte do resto do conteúdo — exceto pelos folhetins, que eram publicados geralmente na parte inferior da primeira página, ocupando todas as colunas da esquerda até a direita. Com o passar do tempo, os textos de colunas deixaram de ser limitados a uma coluna de diagramação e passaram a ter qualquer formato, mas mantendo o caráter de informações curtas, em notas, ou observações do cotidiano, em linguagem de crônica. O colunista é a categoria social um profissional do jornalismo que trabalha escrevendo regularmente para veículos de comunicação, isto é, jornais, revistas, rádio, TV, websites, produzindo textos não necessariamente noticiosos denominados colunas. Um tipo muito comum na esfera da vida social de colunismo é a Coluna Social, que consiste em reunir informações hic et nunc, nem sempre compreendidas sob a forma de notícias sobre personalidades de uma cidade, região ou país. Colunistas sociais trabalham “caçando”, na falta de melhor expressão, notas sobre artistas, celebridades, milionários, figuras excêntricas, autoridades em geral. Este tipo de trabalho é vezes criticado por borrar, manchar, o limite entre jornalismo e boataria. Do ponto de vista do seu enquadramento no campo jornalismo, o colunismo é classificado como subgênero.

           A sinceridade é uma virtude valorizada em circunstâncias onde as divisórias entre “amigo” e “inimigo” eram geralmente distintas e tensas. A vasta extensão de sistemas sociais abstratos associada à modernidade transforma a natureza da amizade. Não por acaso o sociólogo inglês percebe que a amizade é com frequência um modo do que ele chama de reencaixe, mas ela não está diretamente envolvida nos próprios sistemas abstratos, que superam explicitamente a dependência ligada a laços pessoais. O oposto de “amigo”, discursivamente enquanto categoria social já não é mais “inimigo”, nem mesmo “estranho”; ao invés disto é “conhecido”, “colega”, ou “alguém que não conheço”. Acompanhando esta transição, a honra é substituída pela lealdade que não tem outro apoio a não ser o afeto pessoal, e a sinceridade substituída pelo que podemos chamar de autenticidade: a exigência de que o outro seja aberto e bem intencionado. Embora estas conexões sociais possam envolver “intimidade emocional”, isto não é uma condição da manutenção da confiança pessoal. Laços pessoais institucionalizados e códigos de sinceridade e honra informais ou informalizados fornecem estruturas de confiança. É bastante errôneo, contudo, realçar a impessoalidade dos sistemas abstratos contra as intimidades da vida pessoal como a maior parte das explicações sociológicas correntes tendem a fazer. A vida pessoal e os laços sociais que ela envolve estão profundamente entrelaçados com os sistemas abstratos de mais longo alcance como ocorre com o partido político. O termo “confiança” aflora com muita frequência na linguagem cotidiana.  

A questão para Anthony Giddens é: como estas mudanças afetaram as relações de intimidade pessoal e sexual? Pois estas não são apenas simples extensões da organização da comunidade ou do parentesco. A amizade, por exemplo, desde Georg Simmel (1858-1918) ou Friedrich Nietzsche (1844-1900), foi pouco estudada pelos sociólogos, mesmo se considerarmos a intuição de Alain Touraine a respeito, mas ela proporciona uma pista sociológica importante para fatores de amplo alcance que influenciam a vida pessoal. Os escritos de Georg Simmel sobre vitalismo ou filosofia de vida, quase no final de sua vida, dimensionam não tanto a tragédia da cultura (cf. Simmel, 1988), mas a ambivalência do sujeito frente à cultura: o conflito da cultura. Entende Simmel que, ainda que as formas culturais na sociedade mercantil tornem difícil ao homem exprimir criatividade, o mesmo não consegue viver sem elas. A comodidade, as formas de simbolização e informação, as novas normas legais, a liberação da sexualidade, dentre outras, são manifestações de vidas de uma espécie de outro lado da modernidade. Não obstante, essa percepção sensível de um maior avanço da cultura subjetiva não foi suficiente para alterar o “nó duro” de sua análise. A imaginação se desenvolve em torno da crítica da dimensão de massa dos bens culturais, os quais deixam os homens deprimidos por não poder assimilá-los todos no mesmo momento em que não podem excluí-los, pela fragmentação da existência em razão da separação crescente das esferas da vida e a erosão da cultura pessoal em correspondência com o avanço dos multivariados objetos os quais ganham e exigem conotação cultural. Temos de compreender o caráter da amizade em contextos pré-modernos precisamente em associação com a comunidade local e o parentesco.

Os processos qualitativos, no entanto, que assumiam tais formas também deveriam ser estudados pela sociologia geral, subproduto da sociologia formal, como a concebia o filósofo Georg Simmel. Estudando o conflito, o autor não conferia aos grupos unidades hipostasiadas, supervalorizadas com relação ao indivíduo, como ocorre comumente no jornalismo de guerra. Antes via neste o fundamento dos grupos, daí que as “formas”, constituem-se em um processo de interação entre tais indivíduos, seja por aproximação, seja pelo distanciamento, competição, subordinação, e assim por diante no âmbito do conflito. Melhor dizendo, a investigação entre o número de indivíduos no seio das formas de vida coletiva. O modo como o aspecto quantitativo afeta o tipo de relação social existente. Simmel analisa uma relação exclusiva entre duas pessoas e, por fim, entre três, produz diferentes tipos de interação entre as pessoas. Se as relações de poder não são unilaterais é preciso explicar como as formas de comando e obediência estão relacionadas, como a obediência do grupo a um indivíduo, a dominação do grupo ou a dominação de regras impessoais. Segundo a interpretação sociológica de Simmel (1988), “traduz claramente o papel social desse modo de casamento eminentemente pouco individual”. A humanidade sempre atravessa estágios em que: a) opressão da individualidade é o ponto de passagem obrigatório de seu livre desabrochar superior, em que a pura exterioridade das condições de vida se torna a escola da interioridade, b) em que a violência da modelagem produz uma acumulação de energia, destinada, em seguida, a gerar toda a especificidade pessoal. Do alto desse ideal é que, c) a individualidade desenvolvida, tais períodos parecerão, é claro, grosseiros e indignos.

Mas, para dizer a verdade, atenta Georg Simmel que, além de semear os germes positivos do progresso vindouro, já é em si uma manifestação do espírito exercendo uma dominação organizadora sobre a matéria-prima das impressões flutuantes, uma aplicação das personalidades especificamente humanas, procurando-as fixar suas normas de vida - do modo mais brutal, exterior ou, mesmo, estúpido que seja -, em vez de recebê-las das simples forças da natureza. A horda “não protege mais a moça e rompe suas relações com ela, porque nenhuma contrapartida foi obtida por sua pessoa”.  Desnecessário dizer que o desvio às normas sociais ou normas morais dominantes de uma sociedade implica “coragem e determinação”. Contudo é frequentemente um processo social para garantir as mudanças políticas que mais tarde vêm a ser consideradas como sendo de interesse geral. Uma sociedade tolerante em relação ao comportamento desviante não sofrerá necessariamente uma ruptura social. O conceito sociológico de desvio aplica-se às condutas individuais ou coletivas que transgride as normas de uma dada sociedade, ou de um grupo. Refere-se à ausência ou falha de conformidade face às normas ou obrigações sociais. Um comportamento só pode ser qualificado de desviante por referência à sociedade em que surge. Pode, ser “como um atentado à ordem social”.        

Tal como na arte, a ideologia pode se expressar na ética de maneiras muito distintas. Pode, por exemplo, representar as manifestações de vida individual e coletiva na disposição subjetiva, como indicamos pistas na concepção de Georg Simmel, implícita ou explícita, no sentido de abandonar o envolvimento com a comunidade. E mesmo decorrente no sentido de cancelar qualquer compromisso com ela. Como a comunidade representa socialmente a matriz dos valores, basta lembrarmos historicamente que “ethos”, comparativamente, em grego, e “mores” em latim, significam costumes; normas de conduta estabelecidas pela comunidade, onde os indivíduos que negam o vínculo que os liga à comunidade são, de fato, pessoas que renegam por assim dizer a ética. É neste sentido que este tipo de distorção se liga a formas extremas de egoísmo, que ultrapassam amplamente o chamado “egoísmo saudável”, ligado à autopreservação e à afirmação pessoal de si mesmo. Os indivíduos cuja vida interior se enriquece em diálogo constante dialeticamente com os outros, não se resignam a ser apenas aquilo que já se tornaram, e querem ser mais do que estão sendo pelo fato de poder pensar juntos. Cultivam, um lado deles que os impele na direção de uma busca de universalização e sentido da vida. A confiança nos amigos era frequentemente de importância central. Nas culturas tradicionais, com a exceção parcial de algumas vizinhanças citadinas em Estados agrários, havia uma divisão bem clara entre membros reconhecidos como “os de dentro e os de fora ou estranhos”. As amplas arenas de interação não hostil com outros anônimos, característica da atividade social moderna, não existia.

Nestas circunstâncias sociais, a amizade era institucionalizada e vista como meio social objetivando criar alianças mais ou menos duradouras com outros contragrupos potencialmente hostis. Amizades institucionalizadas eram formas de camaradagem, assim como mormente ocorrem nas reconhecidas “fraternidades de sangue”, socialmente, ou dentre “companheiros de armas”. Institucionalizada ou não, a amizade era em geral baseada em valores de sinceridade e honra. Alguns sentidos do termo, embora compartilhem amplas afinidades eletivas como é recorrente na literatura de Johann von Goethe e Max Weber, com outras utilidades de uso, são de implicação relativamente desimportante. Quer dizer, alguém que diz: “confio que você esteja bem”, normalmente quer dizer algo mais com esta fórmula de polidez do que “espero que você esteja com boa saúde” – embora mesmo aqui “confio” tenha uma conotação algo mais forte que “espero”, implicando algo mais próximo a “espero não ter motivos para duvidar”. A atitude de crença ou credulidade que entra em confiança em alguns contextos mais significativos já se encontra aqui. Quando alguém diz: “confio em que X se comportará desta maneira”, esta implicação social é mais evidente, embora não muito além do nível do “conhecimento indutivo fraco”. É reconhecido que se conta com X para produzir o comportamento, dadas as circunstâncias normais apropriadas.

Uma forma de atividade generalizada que tomou lugar na vida social não pode, evidentemente, permanecer tão desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas sofrer no trabalho não é uma fatalidade. É, em particular, como decorre e testemunhamos, uma fonte de desmoralização geral real. Pois, precisamente porque as funções econômicas absorvem o maior número de cidadãos, para o pleno desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese funcionalista expressa na pena de Émile Durkheim, como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias circunstâncias em que vivemos permanentemente desperto. A atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento, para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações destas”. O único grupo que corresponde a essas condições é o que seria formado por todos os agentes de uma mesma condição reunidos num mesmo corpo. E que a sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral profissional. Desde que, com a supressão das antigas corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas para reconstituí-las em novas bases sociais. 

Os únicos dotados de permanência são os que se chamam sindicatos, seja de patrões, seja de operários. Historicamente, temos aí in statu nascendi o começo e o princípio ético de uma organização profissional, mas ainda de forma rudimentar. Isto porque, em primeiro lugar, um sindicato é uma associação privada, sem autoridade legal, desprovida, por conseguinte, de qualquer poder regulamentador. O número deles é teoricamente ilimitado, mesmo no interior de uma categoria industrial; e, como cada um é independente dos outros, se não se constituem em federação e se unificam, não há neles nada que exprima a unidade da profissão em seu conjunto de práticas e saberes sociais. Não só os sindicatos de patrões e de empregados são distintos uns dos outros, o que é legítimo e necessário, como não há entre eles contatos regulares. Não existe organização comum que os aproxime sem fazê-los perder sua individualidade e na qual possam elaborar em comum uma regulamentação que, estabelecendo suas relações mútuas, imponha-se a ambas as partes com a mesma autoridade; por conseguinte, é sempre a “lei dos mais forte” que resolve os conflitos, e o estado de guerra subiste inteiro. Salvo no caso de seus atos pertencentes à esfera moral comum estão na mesma situação. A tese sociológica é a seguinte: para que uma moral e um direito profissionais possam se estabelecer nas diferentes profissões, é necessário, pois, que a corporação, em vez de permanecer um agregado confuso e sem unidade, se torne, ou antes, volte a ser, um grupo definido, organizado, uma instituição pública. A primeira observação familiar da crítica é que a corporação tem contra si seu próprio passado histórico.

De fato, ela é tida como intimamente solidária do antigo regime político e, por conseguinte, como incapaz de sobreviver a ele. Na história da filosofia, o que permite considerar as corporações uma organização temporária, boa apenas para uma época e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua grande antiguidade e a maneira como se desenvolveram na história. Se elas datassem unicamente da Idade Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com um sistema político, deviam necessariamente desaparecer com ele. Mas, na realidade, têm uma origem bem mais antiga. Em geral, elas aparecem desde que as profissões existem, isto é, desde que a atividade deixa de ser puramente agrícola. Se não parecem ter sido conhecidas na Grécia, até o tempo da conquista romana, é porque os ofícios, sendo desprezados, eram exercidos exclusivamente por estrangeiros e, por isso mesmo, achavam-se excluídos da organização legal da cidade. Mas em Roma, comparativamente, elas datam pelo menos dos primeiros tempos da República; uma tradição chegava até a atribuir sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido como segundo rei de Roma. Sábio, pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde, pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos muito bem como eram organizadas. Desde de Cícero, sua quantidade tornara-se considerável e elas começavam a desempenhar um papel. Nesse momento, diz Jean-Pierre Waltzing (1857-1929), “todas as classes de trabalhadores parecem possuídas pelo desejo de multiplicar as associações profissionais” (cf. Durkheim, 2010).  

Mas o caráter desses agrupamentos se modificou; eles acabaram tornando-se “verdadeiras engrenagens da administração”. Desempenhavam funções oficiais; cada profissão era vista como um serviço público, cujo encargo e cuja responsabilidade ante o Estado cabiam à corporação correspondente. Foi a ruína da instituição. Porque, segundo Durkheim, essa dependência em relação ao Estado não tardou a degenerar numa servidão intolerável que os imperadores só puderam manter pela coerção. Todas as sortes de procedimentos foram empregadas para impedir que os trabalhadores escapassem das pesadas obrigações que resultavam, para eles, de sua própria profissão. Evidentemente, tal sistema de trabalho só podia durar enquanto o poder político fosse o bastante para impô-lo. É por isso que ele não sobreviveu à dissolução do Império. Aliás, as guerras civis e as invasões haviam destruído o comércio e a indústria; os artesãos aproveitaram essas circunstâncias para fugir das cidades e se dispersar nos campos. Assim, os primeiros séculos de nossa era viram produzir-se um fenômeno que devia se repetir tal qual no fim do século XVII: a vida corporativa se extinguiu quase por completo. Mal subsistiram alguns vestígios seus, na Gália e na Germânia, nas cidades de origem romana. Portanto, naquele momento, um teórico tivesse tomado consciência da situação, teria provavelmente concluído, como o fizeram mais tarde os economistas, que as corporações não tinham, ou, em todo caso, não tinham mais razão de ser, que haviam desaparecido irreversivelmente, e sem dúvida teria tratado de retrógrada e irrealizável toda tentativa de reconstituí-las. Os acontecimentos desmentiriam uma tal profecia. De fato, politicamente após um “eclipse da razão” de algum tempo vindo para os nossos dias, as corporações recomeçaram nova existência em todas as sociedades europeias.

Elas renasceram por volta dos séculos XI e XII. Desde esse momento, diz Emile Levasseur, “os artesãos começam a sentir a necessidade de se unir e formam suas primeiras associações”.  Em todo caso, no século XII, elas estão outra vez florescentes e se desenvolvem até o dia em que começa para elas uma nova decadência. Uma instituição tão persistente assim não poderia depender de uma particularidade contingente e acidental; muito menos ainda é possível admitir que tenha sido o produto de não sei que “aberração coletiva”. Se, desde a origem da cidade até o apogeu do Império, desde o alvorecer das sociedades cristãs aos tempos modernos, elas foram necessárias, é porque correspondem a necessidades duradouras e profundas. Sobretudo, vale lembrar que o próprio fato de que, depois de terem desaparecido uma primeira vez, reconstituíram-se por si mesmas e sob uma nova forma, retira todo e qualquer valor ao argumento que apresenta sua desaparição violenta no fim do século passado como uma prova de que não estão mais em harmonia com as novas condições de existência coletiva. A necessidade que todas as grandes sociedades civilizadas sentem de chamá-las de volta à vida é o mais seguro sintoma evidente dessa supressão radical não era um remédio e de que a reforma de Jacques Turgot requeria outra que não poderia ser indefinidamente adiada. Mas nem toda organização corporativa é anacronismo histórico. Acreditamos que ela seria chamada a desempenhar, nas sociedades contemporâneas, menos pelo papel considerável que julgamos indispensável, por causa não dos serviços econômicos que ela poderia prestar, mas da influência moral que poderia ter.  O que vemos antes de mais nada no grupo organizado profissionalmente é o fortalecimento de um poder moral capaz de conter os egoísmos individuais, de manter no coração dos trabalhadores um sentimento vivo de solidariedade comum, de impedir que a “lei do mais forte” se aplique de maneira brutal nas relações industriais e comerciais. 

Mas é preciso evitar estender a todo regime corporativo o que pode ter sido válido para certas corporações e durante um curto lapso de tempo de seu desenvolvimento. Longe de ser atingido por uma sorte de enfermidade moral devida à sua própria constituição, foi sobretudo um papel moral que ele representou e continua representando ainda, na maior parte de sua história. Isso é particularmente evidente no caso das corporações romanas. Sem dúvida, a associação lhes dava mais forças para salvaguardar, se necessário, seus interesses comuns. Mas era isso apenas um dos contragolpes úteis que a instituição produzia, lembra Durkheim: “não era sua razão de ser, sua função principal. Antes de mais nada, a corporação era um colégio religioso”. Cada uma tinha seu deus particular, cujo culto quando ela tinha meios, era celebrado num templo especial. Do mesmo modo que cada família tinha seu Lar Familiaris, cada cidade seu Genius Publicus, cada colégio tinha seu deus tutelar, Genius Collegi. Naturalmente, o culto profissional não se realizava sem festas, reunindo por assim dizer, o útil ao agradável, eram celebradas em comum sem sacrifícios e banquetes. Todas as espécies de circunstâncias serviam, aliás, de ocasião para alegres reuniões, além disso, distribuições de víveres ou de dinheiro ocorriam com frequência às expensas da comunidade. Indagou-se se a corporação tinha uma caixa de auxílio, se ela assistia regularmente seus membros necessitados, e as opiniões a esse respeito são divididas. Mas o que retira da discussão parte de seu interesse e de seu alcance é que esses banquetes comuns, mais ou menos periódicos, e as distribuições que os acompanharam serviam de auxílios e faziam não raro as vezes de uma assistência direta. Os infortunados sabiam que podiam contar com essa subvenção dissimulada. Como corolário do caráter religioso, o colégio de artesãos era, ao mesmo tempo, um colégio funerário. Unidos, como gentiles, num mesmo culto durante sua vida, os membros da corporação queriam, como eles, dormir juntos seu derradeiro sono.                      

A importância tão considerável que a religião tinha em sua vida, tanto em Roma quanto na Idade Média, põe particularmente em evidência a verdadeira natureza de suas funções; porque toda comunidade religiosa constituía, então, um ambiente moral, do mesmo modo que toda disciplina moral tendia necessariamente a adquirir uma forma religiosa. A partir do instante em que, no seio de uma sociedade política, certo número de indivíduos tem em comum ideias, interesses, sentimentos, ocupações que o resto da população não partilha com eles, é inevitável que, sob a influência dessas similitudes eles sejam atraídos uns para os outros, que se procurem, teçam relações, se associem e que se forme assim, pouco a pouco, um grupo restrito, com sua fisionomia especial da sociedade em geral. Porque é impossível que homens vivam juntos, estejam regularmente em contato, sem adquirirem o sentimento do todo que formam por sua união, sem que se apeguem a esse todo, se preocupem com seus interesses e o levem em conta em sua conduta. Enfim, basta que esse sentimento se precise e se determine, que, aplicando-se às circunstâncias mais ordinárias e mais importantes da vida, se traduza em fórmulas definidas, para que se tenha um corpo de regras morais em via de se constituir. Ao mesmo tempo que se produz por si mesmo e pela força das coisas, esse resultado é útil e o sentimento de sua utilidade contribui para confirma-lo. A vida em comum é atraente, ao mesmo tempo que coercitiva. Para o ponto de vista conservantista do método analítico durkheimiano, a estratégia de coerção é necessária para levar o homem a se superar, a acrescentar à sua natureza física outra natureza; mas, à medida que aprende a apreciar os encantos dessa nova existência, ele contrai a sua necessidade e não há ordem moralmente de atividade social que não os busque com paixão.

A moral doméstica não se formou de outro modo. Por causa do prestígio que a família conserva ante nossos olhos, parece-nos que, se e ela foi e é sempre uma escola de dedicação e de abnegação, o foco por excelência da moralidade, é em virtude de características bastante particulares que teria o privilégio e que não se encontrariam em ouro lugar em nenhum grau. Costuma-se crer que exista na consanguinidade uma causa excepcionalmente poderosa de aproximação moral. A prova está em que, num sem-número de sociedades, os não-consanguíneos são muitos no seio da família; o parentesco dito artificial se contrai então com grande facilidade e exerce todos os efeitos do parentesco natural. Inversamente, acontece com grande frequência consanguíneos bem próximos serem, moral ou juridicamente, estranhos uns aos outros; é, por exemplo, o caso dos cognatos na família romana. Portanto, a família não deve suas virtudes à unidade de descendência: ela é, simplesmente, um grupo de indivíduos que foram aproximados uns dos outros, no seio da sociedade política, por uma comunidade mais particularmente estreita de ideias, sentimentos e interesses. A consanguinidade pode ter facilitado essa concentração, pois ela tem por efeito natural inclinar as consciências umas em relação às outras. Outros fatores intervieram: a proximidade material, a solidariedade de interesses, a necessidade de união contra um perigo comum, ou simplesmente de se unir, foram causas muito mais poderosas de comunicação social no processo produtivo.

Mas, para dissipar todas as prevenções, adverte Durkheim, para mostrar bem que o sistema corporativo não é apenas uma instituição do passado, seria necessário mostrar que transformações ele deve e pode sofrer para se adaptar às sociedades modernas, pois é evidente que ele não pode ser o que era na Idade Média. Para tanto, seriam necessários estudos comparativos que não estão feitos e que não podemos fazer de passagem. Talvez, porém, não seja impossível perceber desde já, mas apenas em suas linhas mais gerais, o que foi esse desenvolvimento. O historiador que empreende resolver em seus elementos a organização política dos romanos não encontra, no decurso de sua análise, nenhum fato que possa adverti-lo da existência das corporações. Elas não entravam na constituição romana, na qualidade de unidades definidas e reconhecidas. Em nenhuma das assembleias eleitorais, em nenhuma das reuniões do exército, os artesãos se reuniam por colégios, em parte alguma o grupo profissional tomava parte, como tal, na vida pública, seja em corpo, seja por intermédio de representantes regulares. No máximo, a questão pode se colocar a propósito de três ou quatro colégios que se imaginou poder identificar com algumas das centúrias constituídas por Sérvio Túlio, a saber: tignari (construtores de casas), aerari (corporação clerical), tibicines (monumento funerário), corporações cornicínes (espécie comestível de pizza enrolada), mas o fato social não está bem estabelecido.

Quanto às outras corporações, estavam certamente fora da organização oficial do povo romano. Ora, por muito tempo os ofícios não foram mais do que uma forma acessória e secundária da atividade social dos romanos. Roma era essencialmente uma sociedade agrícola e guerreira. No primeiro era dividida em gentes e em cúrias; a assembleia por centúrias refletia antes a organização militar. Quanto às funções industriais, eram demasiado rudimentares para afetar a estrutura política da cidade. Aliás, até um momento bem avançado da história romana, os ofícios permaneceram marcados por um descrédito moral que não lhes permitia ocupar uma posição regular no Estado. Sem dúvida, veio um tempo em que sua condição social melhorou. Mas a própria maneira como foi obtida essa melhora é significativa. Para conseguir fazer respeitar seus interesses e desempenhar um papel na vida pública, os artesãos tiveram de recorrer a procedimentos irregulares e extralegais. Só triunfaram sobre o desprezo de que eram objeto por meios de intrigas, complôs, agitação clandestina. E, se, mais tarde, acabaram sendo integrados ao Estado para se tornar engrenagens da máquina administrativa, essa situação como foi, para eles, uma conquista gloriosa, mas uma penosa dependência; se entraram então no Estado, não foi para nele ocupar a posição a que seus serviços sociais podiam lhes dar direito, mas simplesmente para poder ser mais bem vigiados, para lembrarmos de Michel Foucault, pelo poder governamental.

Quando as cidades se emanciparam da tutela senhorial, quando a comuna se formou, o corpo de ofícios, que antecipara e preparara esse movimento, tornou-se a base da constituição comunal. De fato, segundo J.-P Waltzing, “em quase todas as comunas, o sistema político e a eleição dos magistrados baseiam-se na divisão dos cidadãos em corpos de ofícios”. Era costumeiro votar-se por corpos de ofícios e elegiam-se ao mesmo tempo os chefes da corporação e os da comuna. – Em Amiens, por exemplo, os artesãos se reuniam todos os anos para eleger os prefeitos de cada corporação ou bandeira (bannière); os prefeitos eleitos nomeavam em seguida doze escabinos, que nomeavam outros doze, e o escabinato apresentava, por sua vez, aos prefeitos das bandeiras três pessoas, dentre as quais eles escolhiam o prefeito da comuna... Em algumas cidades, o modo de eleição era ainda mais complicado, mas, em todas, a organização política e municipal era intimamente ligada à organização do trabalho. Inversamente, assim como a comuna era um agregado de “corpos de ofícios”, o corpo de ofício era uma comuna em miniatura, pelo próprio fato de que fora o modelo do qual a instituição comunal era a forma ampliada e desenvolvida. Queremos dizer com isso, que sabemos o que a comuna foi na história de nossas sociedades, de que se tornou, com o tempo, a pedra angular. Ipso facto, já que era uma reunião de corporações e que se formou com base no tipo da corporação, foi esta em última análise, que serviu de base a todo o sistema político oriundo do movimento comunal. Vê-se que, em sua trajetória, ela cresceu singularmente em importância e dignidade. Em Roma, começou estando quase fora dos contextos normais, ela serviu de marco elementar para sociedades contemporâneas. É um motivo para que recusemos a considera-la uma instituição arcaica, destinada a desaparecer.      

A obra do sociólogo não é a do homem público, assevera Émile Durkheim. O que a experiência do passado demonstra, antes de mais nada, é que os marcos do grupo profissional devem guardar sempre uma relação com os marcos da vida econômica; foi por ter faltado com essa condição que o regime corporativo desapareceu. Portanto, já que o mercado, de municipal que era, tornou-se nacional e internacional, a corporação deve adquirir a mesma extensão. Em vez de ser limitada apenas aos artesãos de uma cidade, ela deve ampliar-se, de maneira a compreender todo os membros da profissão, dispersos em toda a extensão do território, porque, qualquer que seja a região em que se encontram, quer no campo, todos são solidários uns com os outros e participam da vida comum. Já que essa vida comum é, sob certos aspectos, independentemente de qualquer determinação territorial, tem que ser criado um órgão apropriado, que a exprima e regularize seu funcionamento. Por causa de suas dimensões, tal órgão estaria necessariamente em contato relacional com o órgão central da vida coletiva, pois os acontecimentos importantes o bastante para envolverem toda uma categoria de empresas industriais num país tem necessariamente repercussões bastante gerais, que o Estado não pode sentir, o que o leva a intervir. Não foi sem fundamento que o poder real tendeu indistintamente a não deixar fora de sua ação a grande indústria. Era impossível que ele se desinteressasse por uma forma de atividade que por sua natureza, é capaz de afetar o conjunto da sociedade. Essa organização unitária para o conjunto de um mesmo país não exclui, de modo algum, a formação de órgãos secundários, que compreendam os trabalhadores similares de uma mesma região ou localidade, e cujo papel seria especializar ainda mais a regulamentação profissional segundo as necessidades locais ou regionais. A vida econômica poderia ser regulada e determinada, sem nada perder de sua diversidade. Por isso mesmo, o regime corporativo seria protegido contra essa propensão ao imobilismo, que lhe foi frequente e justamente criticada no passado, porque é um defeito que resultava do caráter estreitamente comunal da corporação.

Na síntese durkheimiana representada sobre o lugar de análise das corporações deve-se até supor que esteja destinada a se tornar a base, ou uma das bases essenciais de nossa organização política. Ela começa por ser exterior ao sistema social, tenderá a se empenhar de forma cada vez mais profunda nele, à medida que a vida econômica se desenvolve. Ela foi outrora a divisão elementar da organização comunal. Agora que a comuna, de organismo autônomo que era outrora, veio se perder no Estado, como o mercado municipal no mercado nacional, acaso não é legítimo pensar que a corporação também deveria sofrer uma transformação correspondente e tornar-se a divisão elementar do Estado, a unidade política fundamental? A sociedade, em vez de continuar sendo o que ainda é hoje, um agregado de distritos territoriais justapostos, tornar-se-ia um vasto sistema de corporações nacionais. Mas essas divisões geográficas são, em sua maioria, artificiais e já não despertam em nós sentimentos profundos. O espírito provinciano desapareceu irremediavelmente: o patriotismo de paróquia tornou-se um arcaísmo que não se pode restaurar à vontade. Para o sociólogo uma nação só se pode manter se, entre o Estado e os particulares, se intercalar toda uma série de grupos secundários bastante próximos dos indivíduos para atraí-los fortemente em sua esfera de ação e arrastá-los, assim, na torrente geral da vida social. Isso não quer dizer, porém, que a corporação seja uma espécie de panaceia capaz de servir a tudo. Será necessário que, em cada profissão, um corpo de regras se constitua, fixando a quantidade de trabalho, a justa remuneração dos diferentes funcionários, seu dever para com os demais e para com a comunidade, etc. pois, não menos que atualmente, em presença de uma tábula rasa.  

A vida social deriva inexoravelmente de uma dupla fonte: a similitude das consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso, porque, não tendo individualidade própria, confunde-se como seus semelhantes, no seio de um mesmo tipo coletivo; no segundo, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade que resulta de sua união. Esta divisão dá origem às regras jurídicas que determinam as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas medidas reparadoras sem caráter expiatório. De todos os elementos técnicos e sociais da civilização, a ciência nada mais é que a consciência levada a seu mais alto ponto de clareza. Nunca é demais repetir que para que as sociedades possam viver nas condições de existência que lhes são dadas, é necessário que o campo da consciência se estenda e se esclareça. Quanto mais obscura uma consciência, mais é refratária à mudança social, porque não vê depressa o que é necessário mudar. Nem em que sentido é preciso mudar. Uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança risível. Eis porque é necessário que a inteligência guiada disciplinarmente pela ciência adquira uma importância maior no curso da vida coletiva. Tais sentimentos são capazes de inspirar não apenas esses sacrifícios cotidianos, mas também atos de renúncia completa e de abnegação exclusiva. A sociedade aprende a ver os membros que a compõem como cooperadores que ela não pode dispensar e para com os quais tem deveres. Na realidade, a cooperação também tem sua moralidade intrínseca. Há apenas motivos para crer, que, em nossas sociedades, essa moralidade ainda não tem todo o desenvolvimento que lhes seria necessário. Daí resulta duas grandes correntes da vida social, que correspondem dois tipos de estrutura não menos diferentes. Dessas correntes, devemos prestar melhor atenção a que tem sua origem nas similitudes sociais ocorre quando um grupo é capaz de criar e reproduzir para si e para os outros a princípio só e sem rival.

Eles não se relacionam aos sistemas perpetuadores de confiança, mas são designações referentes aos comportamentos dos outros; quer dizer, o indivíduo envolvido não é requisitado a demonstrar aquela “fé” religiosa que a confiança envolve em seus significados. A principal definição de “confiança” no Oxford English Dictionary é descrita como “crença ou crédito em alguma qualidade ou atributo de uma pessoa ou coisa, ou a verdade de uma afirmação”, e esta definição proporciona um ponto de partida útil. “Crença” e “crédito” estão claramente ligados de alguma forma à “fé”, da qual, seguindo Simmel, mas embora reconhecendo que a fé e confiança são intimamente aliadas, Niklas Luhmann faz uma distinção entre as duas que é a base de sua obra sobre o tema. A confiança, diz ele, deve ser compreendida especificamente em relação ao risco, um termo que passa a existir apenas no período moderno. A noção se originou com a compreensão de que resultados inesperados podem ser uma consequência de nossas próprias atividades ou decisões, ao invés de exprimirem significados ocultos de natureza ou intenções inefáveis da Deidade. Mas “risco”, substitui em grande parte o que antes era pensado como fortuna (fortuna ou destino) e torna-se separado das cosmologias. A confiança pressupõe, segundo Giddens, consciência das circunstâncias de risco, o que não ocorre com a crença. Tanto a confiança como a crença se referem a expectativas que podem ser frustradas ou desencorajadas. A crença, como Niklas Luhmann a emprega, se refere a atitude mais ou menos certa de que as coisas similares permanecerão estáveis.

            Quando se trata da questão de confiança, o indivíduo considera conscientemente as alternativas para seguir um curso específico de ação. Alguém que compra um carro usado, ao invés de um novo, “arrisca-se a adquirir uma dor de cabeça”. Ele ou ela deposita confiança na pessoa do vendedor ou na reputação da firma para tentar evitar que isto ocorra. Deste modo, um indivíduo que não considera alternativas está numa situação de crença, enquanto alguém que reconhece essas alternativas e tenta calcular os riscos assim reconhecidos, engaja-se em confiança. Numa situação de crença, uma pessoa reage ao despontamento culpando outros, em circunstâncias de confiança ela ou ele deve assumir parcialmente a responsabilidade e pode “se arrepender de ter depositado confiança em alguém ou algo”. A distinção entre confiança e crença depende de a possibilidade de frustração ser influenciada pelo próprio comportamento prévio da pessoa e, portanto, de uma discriminação correlata “entre risco e perigo”. Isto é, Luhmann alega a possibilidade de separar risco e perigo deve derivar de características sociais da modernidade. Ela surge, essencialmente, de uma compreensão do fato de que a maioria das contingências que afetam a atividade humana são humanamente criadas, “e não meramente dadas por Deus ou pela natureza”. A abordagem sociológica é importante e dirige nossa atenção para várias discriminações conceituais que deve ser feita na compreensão da confiança.     

O que indica isto em termos de confiança pessoal? A resposta a esta questão segundo Giddens, é fundamental para a transformação da intimidade no século XX. A confiança em pessoas não é enfocada por conexões personalizadas no interior da comunidade local e das redes de parentesco. A confiança pessoal torna-se um projeto, a ser “trabalhado” pelas partes envolvidas, e requer a abertura do indivíduo para o outro. Onde ela não pode ser controlada por códigos normativos fixos, a confiança tem que ser ganha, e o meio de fazê-lo consiste em abertura e cordialidade demonstráveis. Nossa preocupação peculiar com “relacionamentos”, no sentido em que a palavra é agora tomada, é expressiva deste fenômeno. Relacionamentos são laços baseados em confiança, onde a confiança não é pré-dada, em termos de doação, mas trabalhada, e onde o trabalho envolvido significa um processo mútuo de autorrevelação. A confiança pessoal, tem que ser estabelecida através do processo de autoquestionamento: a descoberta de si torna-se um projeto diretamente envolvido com a reflexividade na modernidade sociológica. Para Christopher Lasch: - conforme o mundo vai assumindo um aspecto cada vez mais ameaçador, a vida torna-se busca de bem-estar através de exercícios, dietas, drogas, regimes espirituais típicos, autoajuda psíquica e psiquiatria.

            Um playboy, por outro lado, tem como representação social um estilo de vida ou estereótipo associado a homens jovens, solteiros, com intensa vida social e relações com mulheres. O termo inglês playboy é formado pela junção dos termos play (brincar, se divertir) e boy (moço, garoto). Portanto, playboy significa, literalmente, “menino de diversão”. Foi criado no início da década de 1950 quando os Estados Unidos passavam por grande onda de prosperidade. Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu tempo integral a festas, relacionamentos e a esbanjar dinheiro. Em 1953, uma reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles, descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade. A revista masculina Playboy foi criada pensando em difundir esse estilo de vida. Nos anos 1960, os playboys eram homens ou jovens que, através de herança herdada das gerações prósperas passadas, viviam a vida como uma grande festa e estavam sempre namorando as filhas de outros milionários. Utilizavam roupas finas apenas para a conquista de mulheres e não para a vivência do círculo social de elite. Ser playboy era gozar de uma vida de diversão. Eram ricos exclusivamente para o prazer material, e não conviviam com contatos milionários e nem seguiam as regras comportamentais da alta classe econômica. No final do século XX, com a massificação da cultura pop, um playboy passou a significar um jovem na faixa dos 13 aos 25 anos que dirige carro, pratica esporte, e é “cobiçado” pelas meninas de seu círculo social. Esse estereótipo foi reforçado em vários filmes e séries de TV.

            A paramedicina é baseada no conceito emergente da teoria paramédica, que é o estudo e a análise de como os três pilares da paramedicina: assistência médica e medicina, saúde pública e segurança pública interagem e se cruzam. Conforme declarado no Relatório do IoM Emergency Medical Services At the Crossroads (2006), o EMS está fragmentado e amplamente separado do ponto de vista da divisão do trabalho social e do sistema geral de assistência médica. Uma ênfase importante socialmente falando da teoria paramédica diz respeito à integração de serviços médicos de emergência, que ocorre tanto intraprofissionalmente quanto extraprofissionalmente em função das ocorrências não planejadas que se originam mormente da vida cotidiana.  Do ponto de vista médico a integração intraprofissional representa o estudo empírico da alocação, distribuição, implantação e eficiência de recursos. Entretanto, em termos de planejamento no âmbito das cidades contemporâneas o estudo extraprofissional envolve a integração entre a parte e todo complexo de urbanização do Emergency Medical Services no sistema de assistência médica e de emergência existente (e futuro) do país.

            Uma profissão de saúde que tem como escopo auxiliar indivíduos, famílias e comunidades após o início clínico agudo ou repentino de emergências médicas ou eventos traumáticos, a paramedicina é praticada predominantemente no ambiente pré-hospitalar e é baseada nas ciências da anatomia humana, fisiologia e fisiopatologia. O objetivo profissional da paramédica é promover a qualidade de vida ideal do nascimento ao fim da vida. Nos Estados Unidos da América, clinicamente muitas tarefas regulamentadas como iniciar uma intravenosa, administrar medicamentos e procedimentos invasivos são realizadas sob a direção de um médico licenciado. No Reino Unido, os paramédicos exercem a profissão como “clínicos independentes sob sua própria licença”, conforme regulamentado pelo Health and Care Professions Council, com autonomia para declarar as condições da morte, administrar medicamentos controlados e, em geral, tratar metodologicamente os pacientes como acharem mais adequado. É formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, é conceituado geograficamente como uma nação insular situada no Noroeste da Europa. A Inglaterra, local de nascimento do extraordinário William Shakespeare e da maior banda de música popular chamada Beatles, abriga a capital, Londres, um centro financeiro e cultural globalmente influente. Também na Inglaterra, ficam o neolítico Stonehenge, as termas romanas de Bath e as centenárias universidades de Oxford e Cambridge.

            A “explosão” do conhecimento científico, na falta de melhor expressão, que se seguiu à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe procedimentos de diagnóstico e tratamento médico especializado com base microeletrônica cada vez mais sofisticados e complexos. A crescente demanda pública por serviços médicos combinada com custos mais altos de assistência médica provocou uma tendência à expansão da prestação de serviços, do tratamento de pacientes em hospitais para a ampla prestação de cuidados em consultórios médicos particulares e formação de grupo, clínicas médicas ambulatoriais e de emergência, clínicas móveis e cuidados comunitários. No mundo em desenvolvimento, a assistência internacional ao desenvolvimento levou a inúmeras iniciativas para fortalecer a capacidade da força de trabalho em saúde para fornecer serviços essenciais de assistência médica. O que se seguiu foi um aumento proporcional na necessidade de pessoal qualificado em prestação de assistência médica em todo o mundo. As mudanças na indústria da saúde e a ênfase em soluções de baixo custo para cuidados de saúde segue a encorajar a expansão da força de trabalho da saúde aliada.  

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja atualmente uma escassez mundial de cerca de 2 milhões de profissionais de saúde aliados, considerando todos os trabalhadores da saúde, além do pessoal médico e de enfermagem necessários para atingir as metas globais de saúde. Em reconhecimento ao crescimento do número e da diversidade de profissionais de saúde aliados nos últimos anos, a versão de 2008 da Classificação Internacional Padrão de Ocupações aumentou o número de grupos dedicados a profissões de saúde aliadas. Dependendo do nível de habilidade presumido, eles podem ser identificados como “profissionais de saúde” ou “profissionais associados de saúde”. Por exemplo, novas categorias sociais foram criadas para delinear “praticantes paramédicos”, agrupando profissões setoriais como oficiais clínicos, associados clínicos, assistentes médicos, Feldshers e oficiais médicos assistentes - bem como para agentes de saúde comunitários; dietistas e nutricionistas; audiologistas e fonoaudiólogos; e outros.

            Nos Estados Unidos da América, uma proporção maior da força de trabalho de saúde aliada já está empregada em ambientes ambulatoriais. Na Califórnia, quase metade (49,4 por cento) da força de trabalho de saúde aliada está empregada em ambientes de saúde ambulatorial, em comparação com 28,7 por cento e 21,9 por cento empregados em hospitais e cuidados de enfermagem, respectivamente. Uma fonte relatou que os profissionais de saúde aliados representam 60 por cento da força de trabalho total de saúde dos Estados Unidos da América. No Reino Unido, união política de quatro “países constituintes” há 12 profissões distintas consideradas profissionais de saúde aliados; em conjunto, elas representam cerca de 6% da força de trabalho do National Health Service (NHS) provê cobertura universal, baseando-se nos princípios de equidade e integralidade, com exceção dos serviços oftálmicos, dentários e de dispensação de medicamentos. Por ter o princípio de cobertura universal, têm direito ao atendimento gratuito do NHS: residentes legais com residência permanente; refugiados; estudantes matriculados em um curso de, no mínimo, 15 horas semanais e com visto de estudante regularmente válido por mais de seis meses, assim como seus familiares; solicitantes de asilo; pessoas com permissão para trabalhar na Inglaterra. Em 2013, estatisticamente a despesa anualmente com serviços prestados por profissionais de saúde aliados ascendeu a cerca de 2 mil milhões de libras, embora haja uma falta de provas sobre a extensão em que estes serviços melhoram a qualidade dos cuidados. Os avanços na tecnologia médica permitem serviços que exigiam internações hospitalares prestados por meio de cuidados ambulatoriais.  

Por exemplo, na Califórnia, a pesquisa previu que o consumo total de dias de internação hospitalar por pessoa diminuirá de 4 dias em 2010 para 3,2 dias em 2020 e 2,5 dias em 2030. Em contraste, o número de consultas ambulatoriais por pessoa aumentará de 3,2 consultas por pessoa em 2010 para 3,6 consultas por pessoa em 2020 e 4,2 consultas em 2030. É o estado no Oeste dos EUA, estende-se da fronteira mexicana ao longo da costa do Pacífico por quase 1.500 km. Seu território inclui praias à beira de penhascos, floresta de sequoias, montanhas na Serra Nevada, campos agrícolas no Central Valley e o deserto de Mojave. A cidade de Los Angeles tem como representação a sede da indústria do entretenimento de Hollywood. A cidade de São Francisco é reconhecida pela ponte Golden Gate, a Ilha de Alcatraz e os bondes. Nos países em desenvolvimento, muitos planos estratégicos nacionais de recursos humanos para a saúde e iniciativas de desenvolvimento internacional estão a concentrar-se na intensificação da formação de profissionais de saúde afins, como conselheiros em matéria de imunodeficiência, agentes clínicos e profissionais de saúde comunitários, na prestação de serviços essenciais de prevenção e tratamento em contextos de cuidados ambulatórios e comunitários. Com esta crescente dimensão da procura de cuidados de saúde ambulatórios, os investigadores esperam testemunhar uma procura mais elevada de profissões que sejam empregadas no sector ambulatório e em outros não hospitalares, por outras palavras, na saúde aliada.

            No que se refere à temática comédia romântica é o subgênero cinematográfico dos gêneros comédia e romance, que são formas utilizadas para se distinguir os variados tipos de filmes, numa classificação derivada dos estudos literários, e serve como instrumento útil para a análise do cinema. Normalmente utilizados para fins de categorização comercial. Nos últimos tempos têm-se vindo a abandonar a divisão dos filmes por gêneros. O formato básico de uma comédia romântica é muito anterior ao cinema. Muitas das peças de teatro de William Shakespeare (1564-1616), como “Muito barulho por Nada”, que tem como cenário a cidade italiana de Messina (Sicília), tendo sua primeira apresentação ocorrida em 1598/1599. É considerado um dos textos mais categórico e hilariantes de Shakespeare. A trama gira em torno do casal de namorados, Cláudio e Hero, que tiveram consentimento dos pais para casarem-se. O melhor amigo de Cláudio, Benedito, está apaixonado pela bela, porém venenosa Beatriz, mas não ousa reconhecer seu amor por ela. Beatriz está na mesma situação. Os dois vivem discutindo e brigando. Cláudio, Hero, Dom Pedro de Aragão, entre outros resolvem divertir-se com a situação dos apaixonados. Eles dizem para Beatriz que Benedito está apaixonado por ela, e para Benedito que Beatriz está apaixonada e os dois acabam virando namorados.

 Tudo acontece enquanto o malvado Dom João, irmão bastardo de Dom Pedro, planeja beijar Margarida na frente de Cláudio, para que ele achasse que fosse sua amada Hero. Cláudio, quando vê a cena, realmente acha que Hero estava o traindo, e briga com ela. No final, tudo fica esclarecido e Cláudio e Hero se casam, assim como Beatriz e Benedito e “Sonho de Uma Noite de Verão” se situam dentro do gênero da comédia romântica. Neste caso, é uma peça teatral também de Shakespeare, uma comédia escrita em meados da década de 1590. Não se sabe ao certo quando a peça foi escrita e apresentada ao público pela primeira vez, mas crê-se que terá sido entre 1594 e 1596. Alguns autores defendem que a peça possa ter sido escrita para o casamento de Sir Thomas Berkeley e Elizabeth Carey, em fevereiro de 1596. Não existe uma fonte direta que tenha servido de inspiração para a peça, ainda que se possam encontrar elementos relacionados com a mitologia greco-romana e respectiva literatura clássica. Por exemplo, a história de Píramo e Tisbe é contada por Ovídio, nas suas Metamorfoses, assim como a transformação de Fundilhos em burro se pode relacionar com “O Asno de Ouro de Apuleio”, único romance latino historicamente da Antiguidade a sobreviver na íntegra até os nossos dias. Pensa-se que Shakespeare tenha escrito o “Sonho de Uma Noite de Verão” sensivelmente ao mesmo tempo que o Romeu e Julieta e, de facto, existem muitos pontos de contacto entre as histórias: Egeu quer casar Hérmia à força com Demétrio, assim como Píramo e Tisbe acabam mortos por questões de amor, ainda que numa perspectiva cômica.

            Suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas comparativamente do que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas permanecem vivos até os nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Shakespeare nasceu e foi criado em Stratford-upon-Avon, na Era Elizabetana, época especialmente estimulante para os artistas. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592 William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da companhia de teatro chamada Lord Chamberlain`s Men, mais tarde reconhecida como King`s Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros autores.

Shakespeare produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na língua inglesa. Na sua última fase, escreveu um conjunto de peças classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas de suas peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e precisão, durante sua vida. Em 1623, John Heminges e Henry Condell, dois atores e antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado First Folio, uma coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças (com a exceção de duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria. Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de “bardolatria”. No século XX sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente por novos movimentos, tanto na academia quanto na performance. Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo.

Bibliografia Geral Consultada.

BOUDON, Raymond, Effets Pervers et Ordre Social. Paris: Presses Universitaires de France, 1977; LINTON, Ralph, Cultura y Personalidad. México: Fondo de Cultura Económica, 1992; SIMMEL, Georg, Filosofia do Amor. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; GEERTZ, Clifford, Interpretación de las Culturas. Barcelona: Ediciones Gedisa, 1993; WAIZBORT, Leopoldo, Vamos Ler Georg Simmel? linhas para uma interpretação. Tese de Doutorado. Departamento de Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1996; WILSON, John, “Volunteering”. In: Annual Review of Sociology, 26 (26): 215, 2000; GIL, Célia Regina Rodrigues, Práticas Profissionais em Saúde da Família: Expressões de um Cotidiano em Construção. Tese de Doutorado em Saúde Pública. Rio de Janeiro: Editor Fundação Oswaldo Cruz, 2006; MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.), Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 27ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; 2008; NAKAMURA, Eunice; MARTIN, David, “El Método Etnográfico en Investigaciones sobre Necesidades en Salud: Un Análisis Sociocultural”. In: EGRY, Emiko Yoshikawa; HINO, Paula (Org.), Las Necesidades en Salud en la Perspectiva de la Atención Básica: Guía para Investigadores. São Paulo: Dedone Editorial, 2009; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2010; FREUD, Sigmund, O Mal-estar na Civilização. 1ª edição. São Paulo: Editor Penguin Classics Companhia das Letras, 2011; GEORGEOU, Nichole, Neoliberalism, Development, and Aid Volunteering. New York: Editor Routledge, 2012; CARVALHO, Manuela, Contribuições ao Planejamento da Força de Trabalho em Saúde para a Atenção Básica. Tese de Doutorado em Saúde Coletiva. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2012; GIOVANELLA, Ligia, et al, “Panorama de la Atención Primaria de Salud en Suramérica: Concepciones, Componentes y Desafios”. In: Saúde em Debate. Rio de Janeiro, vol. 39, n° 105, pp. 300-322, abr./jun. 2015; ALVAREZ, Gabriel, A Problemática do Direito à Cidade no Urbano Contemporâneo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2023; BRASIL, Ubiratan, “Quais foram as estratégias de Hollywood para consolidar a hegemonia do cinema americano”. In: https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2024/08/21/; LÓPEZ, Mercedes, Minha Culpa. São Paulo: Editor Universo dos Livros, 2024; entre outros.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Uma Linda Vida – Cinema, Introversão & Uma Estética Apaixonante.

              É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor”. William Shakespeare  

O entendimento moderno é distinto da visão historicamente tradicionalista. Os seres humanos desejam aquilo que amam, e odeiam coisas pelas quais têm aversão. Com o desejo significamos a ausência do objeto; com amor, sua presença. Com aversão a ausência e, com ódio, a presença do objeto. Primeiro filósofo moderno a articular “uma teoria detalhada do contrato social”, com sua obra Leviatã, escrita em 1651, Thomas Hobbes foi um filósofo inglês do século XVII, reconhecido como um dos fundadores da filosofia política e ciência política moderna. Desde Hobbes o poder de um homem, universalmente considerado, consiste nos meios de trabalho de que dispõe para alcançar, algum bem evidente tanto original (natural) como instrumental (político). O maior de todos os poderes humanos é o poder integrado de vários homens unidos com o consentimento de uma pessoa naturalmente ou civil: é o poder do Estado ou aquele feito representativo de um número de pessoas, cujas ações estão sujeitas à vontade de determinadas pessoas em particular, como é representado o poder de uma facção ou de facções coligadas no mundo contemporâneo. Ter servos é poder, como também ter amigos, pois isso significa união de forças. Igualmente, a riqueza, unida à liberalidade, é poder, pois congrega, une amigos & servos. Mas, sem a liberalidade, a riqueza não é protetora; pelo contrário, com grande facilidade expõe o homem à inveja e à traiçoeira rapina no processo de comunicação social. Reputação é o processo mediante o qual “o poder é representação de poder” (cf. Crignon, 2007), porque, por meio delas, obtemos a adesão e conquistamos o afeto político dos homens que precisam ser em tese protegidos.

Êxito, analogamente também é poder, pois a reputação da sabedoria ou da “boa fortuna” faz com que os outros homens temam, idolatrem ou confiem. O valor ou conceito de um homem é, como para todas as outras mercadorias, seu preço; isto é, depende de quanto seria dado pelo uso de seu poder. Assim, não é absoluto, mas apenas uma consequência da necessidade e do julgamento alheio, através do macróbio senhor dos códigos, escritor, filósofo e filólogo romano, autor das Saturnais e do Comentário ao Sonho de Cipião. Segundo uma das versões, nasceu por volta de 370 na Numídia, na África. Exerceu grande influência na Idade Média pela transmissão e elaboração de uma parte da tradição filosófica grega pagã no período pré-nissênico da escola neoplatônica do Ocidente latino. A estima pública de um homem, que é o valor que lhe é conferido pelo Estado, é o que denominamos ordinariamente dignidade. Essa valorização pelo Estado é expressa pelo cargo público para o qual é designado, tanto na magistratura como em funções públicas, ou quando esse valor é expresso por títulos e honrarias que lhe são concedidos. A fonte da honra é o Estado, e depende da vontade do soberano.  A honra não sofre alterações se uma ação é justa ou injusta. A honra consiste unicamente na opinião de poder. O medo é a única paixão que impede o homem de violar leis. O medo pode levar a cometer um crime expressando o que o influente cientista político canadense C. B. Macpherson (1911-1997) denominou de “individualismo possessivo” demonstra que há uma tradição política na qual a propriedade é constitutiva através da individualidade, da liberdade e da igualdade.

Fisiocracia tem como representação uma teoria econômica desenvolvida por um grupo de economistas franceses do século XVIII, que acreditavam que a riqueza das nações era derivada unicamente do valor de “terras agrícolas” ou do “desenvolvimento da terra” e que produtos agrícolas deveriam ter preços elevados na economia. Suas teorias surgiram na França e foram mais populares durante a segunda metade do século XVIII. A fisiocracia talvez seja a primeira teoria bem desenvolvida da economia. A fisiocracia foi formada por filósofos, negociantes, médicos, editores e intelectuais franceses que, sobretudo durante a década de 1760, buscavam realizar um sistema de filosofia fundado na noção de ordem naturalizada e no chamado jusnaturalismo, isto é a existência de leis naturais. No sistema filosófico moderno elaborado pelos fisiocratas, a compreensão dos fenômenos econômicos e sua explicação passa a assumir um papel invariavelmente preponderante. O movimento foi liderado por François Quesnay (1694-1774), mas contava com figuras importantes como Victor Riquetti de Mirabeau (1715-1789), Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), Nicolas Baudeau, Pierre Samuel Du Pont de Nemours e Le Mercier de la Rivière. Esse movimento imediatamente precedeu a primeira escola moderna, a economia clássica, que se iniciou com a publicação da “mão invisível” de Adam Smith (1793-1790), em seu livro clássico, intitulado: A Riqueza das Nações, em 1776, um filósofo e economista escocês, que teve como cenário da modernidade para a sua vida o atribulado no Século das Luzes, o século XVIII. A contribuição mais significativa dos fisiocratas tinha per se como primícias a sua ênfase humanamente possibilitada no trabalho produtivo como fonte de riqueza nacional.

Este pensamento abstrato econômico no âmbito de formação das sociedades europeias é contrastante, comparativamente, em relação ao das escolas anteriores, em particular o mercantilismo, que muitas vezes centralizava na riqueza do governante, no acúmulo de ouro, ou no saldo da balança comercial. Enquanto a escola Mercantilista de economia dizia que o valor dos produtos da sociedade era criado seu ponto de venda, com o vendedor vendendo seus produtos por mais dinheiro do que estes tinham originalmente valido, a escola Fisiocrática de economia foi a primeira a ver o trabalho como a única fonte de valor. No entanto, para os fisiocratas, apenas o trabalho agrícola criava este valor nos produtos da sociedade. Todo o trabalho incipiente industrial e não agrícola eram, por assim dizer, “apêndices improdutivos” para o trabalho agrícola. Na época historicamente em que fisiocratas estavam formulando suas ideias sociais e econômicas, a economia era quase totalmente agrária. Esse talvez seja o motivo pelo qual realmente a teoria tenha considerado apenas o trabalho agrícola como sendo valioso. No mundo dos fisiocratas estes viam a produção de bens e serviços como etapa de produção e consumo do excedente agrícola, uma vez que a principal fonte de energia era simultânea o músculo humano ou animal, e toda a energia era derivada a partir do excedente de produção agrícola. O lucro na produção pré-capitalista representava apenas o contrato social referente ao aluguel pelo proprietário na produção agrícola ocorrendo como capacidade de trabalho.

A percepção do reconhecimento dos Fisiocratas da importância fundamental do terreno foi reforçada no meio século seguinte, quando os combustíveis fósseis foram aproveitados pelo meio de trabalho e utilidade de uso da máquina a vapor. A produtividade aumentou consideravelmente. Ferrovias, e sistemas de abastecimento de água e saneamento a vapor, possíveis cidades de vários milhões de pessoas com valores da terra muitas vezes maior do que as terras produtivas agrícolas. Assim, enquanto os economistas modernos também reconhecem manufatura e serviços como produtivos e geradores de riqueza, os princípios econômicos estabelecidos pelos fisiocratas permanecem válidos. A Fisiocracia tem uma relevância importante em que toda a vida permanece dependente da produtividade do solo bruto e a capacidade do meio ambiente natural se renovar. O historiador David B. Danbom, autor e professor de história agrícola, na Universidade Estadual de Dakota do Norte por mais de quarenta anos explica: “Os fisiocratas condenavam as cidades pela sua artificialidade e elogiavam estilos mais naturais de vida. Eles celebravam os agricultores”. Eles se chamavam économistes, mas são geralmente referidos como fisiocratas para distingui-los das muitas escolas do pensamento que os seguia. O Confucionismo, per se um sistema filosófico desenvolvido a partir das ideais de Confúcio, foi adotado por fisiocratas como Quesnay. A Fisiocracia é uma filosofia de caráter agrário. No final da República Romana, a classe senatorial dominante não era autorizada a participar do setor bancário ou do comércio, mas dependia de seus latifúndios, grandes plantações, para a renda.

Eles contornaram esta regra socialmente estabelecida por meio de procurações dos chamados “homens livres” que vendiam bens agrícolas excedentes. Após o declínio do Império Romano, a desurbanização levou à cessação do comércio e ao declínio da comercialização de produtos agrícolas na maior parte da Europa Ocidental. As economias centraram-se nas casas senhoriais agrícolas onde guerreiros-proprietários, a nobreza medieval, coletavam alugueis de seus servos na forma exploratória de parte da produção. Este foi o sistema econômico dominante até que o comércio começou a ser revivido no final da Idade Média, promovendo a ascensão da classe mercantil. Outra inspiração veio do sistema econômico da China, considerado o maior do mundo. A sociedade chinesa amplamente distinguiu quatro ocupações, com bolsas de estudo burocratas, que também eram proprietários agrários, na parte superior e na parte inferior comerciantes, porque eles não produziam bens, apenas distribuíam os produtos fabricados por terceiros. Líderes como François Quesnay (1664-1774) eram confucionistas ávidos que defendiam as políticas agrárias da China, uma nação muito populosa da Ásia Oriental cuja ampla paisagem abrange pradarias, desertos, montanhas, lagos, rios e mais de 14.000 km de litoral. A capital Pequim combina a arquitetura moderna com locais históricos, como o complexo de palácios da Cidade Proibida e a Praça da Paz Celestial. Xangai é um centro financeiro globalmente repleto de arranha-céus. A Muralha da China corta de forma exuberante a região verdejante do Norte do país de Leste a Oeste. Estudiosos têm defendido ligações com a escola agriculturalista, que promoveu o “comunismo utópico”. Quesnay defendia que a terra era a única fonte de riqueza, considerando a agricultura como fonte principal da riqueza do Estado.

Uma questão muito importante foi levantada a respeito das ideias abstratas, ou gerais, a saber, se são concebidas pela mente como gerais ou particulares. É evidente que, ao formar a maior parte de nossas ideias gerais, se não todas elas, fazemos abstração de todo e qualquer grau particular de quantidade e qualidade; e que um objeto não deixa de pertencer a uma espécie particular cada vez que ocorre uma pequena alteração em sua extensão, duração ou outras propriedades. Pode-se pensar, portanto, em tese que existe um claro dilema, decisivo para a determinação da natureza das ideias abstratas, a qual tem sido motivo de tanta especulação por parte dos filósofos. Como a ideia abstrata de David Hume de homem de todos os tamanhos e todas as qualidades, conclui-se que ela só será capaz de fazer isso, se de fato poder representar ao mesmo tempo, abstratamente, todos os tamanhos e todas as qualidades possíveis, ou então se não representar nenhum tamanho ou qualidade particular. A primeira proposição tendo sido considerada formalmente absurda, porque implicaria uma capacidade infinita da mente, costumou-se inferir que a segunda seria a correta – e por isso se supôs que nossas ideias abstratas não representam nenhum grau particular de quantidade ou qualidade. A confusão que por vezes envolve as impressões procede somente de sua fraqueza e instabilidade, e não de uma capacidade que teria a mente de receber uma impressão que, em sua existência real, não possua um grau ou proporção particulares. Isso representaria uma contradição complexa em termos, e implicaria mesmo assim, a mais absoluta das contradições, a saber, que é possível que uma mesma coisa seja e não seja como vemos.

Pois uma das circunstâncias mais extraordinárias da presente questão é o fato de que, se por acaso formamos um raciocínio que não concorda com uma ideia individual produzida pela mente, e acerca da qual raciocinamos, o costume que a acompanha, reanimado pelo termo geral ou abstrato, sugere imediatamente qualquer outro indivíduo. Assim, se mencionamos a palavra triângulo e formamos a ideia de um triângulo equilátero particular que lhe corresponda, e se depois afirmamos que os três ângulos de um triângulo são iguais entre si, os outros casos individuais de triângulos escalenos e isósceles, que a princípio negligenciamos, imediatamente se amontoam à nossa frente, fazendo-nos perceber a falsidade dessa proposição, que, entretanto, é verdadeira em relação à ideia que havíamos formado. Se a mente nem sempre sugere tais ideias na ocasião apropriada, isso se deve a alguma imperfeição de suas faculdades, imperfeição esta que frequentemente gera raciocínios falsos e sofismas. Mas tal fato socialmente interpretado ocorre, sobretudo, no caso das ideias abstrusas (cf. Braga, 2020) e compostas. O costume é mais perfeito, e é raro cometermos esse tipo de erro. O costume, aliás, é tão perfeito nesses casos que se pode vincular a mesma ideia a diversas palavras diferentes, e emprega-la em diferentes raciocínios, sem qualquer perigo de erro. A ideia de um triângulo equilátero pode servir para uma figura regular, de um triângulo e de um triângulo equilátero. Uma ideia particular se torna geral quando a vinculamos a um termo que, por conjunção habitual, relaciona-se a outras ideias particulares, evocando-as na imaginação. Ao rejeitar a capacidade infinita da mente, supomos que ela pode atingir na divisão de suas ideias. Não há como fugir à evidência dessa conclusão.  

A divisibilidade infinita do espaço implica a do tempo, como fica evidente pela natureza do movimento. Mas podemos aqui observar, seguindo a trilha aberta por Hume (2009), que nada pode ser mais absurdo que “esse costume arraigado de atribuir uma dificuldade aquilo que pretende ser uma demonstração”. As demonstrações não são como as probabilidades, quer dizer, em que podem ocorrer dificuldades, e um argumento pode contrabalançar outro, diminuindo sua autoridade. Uma demonstração ou é irresistível, ou não tem força alguma no pensamento. Portanto, falar em objeções e respostas, em contraposição de argumentos numa questão como essa, é o mesmo que confessar que a razão humana é um simples jogo de palavras, ou que a pessoa que assim se exprime não está à altura desses assuntos. Há demonstrações difíceis de compreender, por causa do caráter abstrato de seu tema; nenhuma demonstração, porém, uma vez compreendida, pode conter dificuldades que enfraqueçam sua autoridade. É uma máxima estabelecida da metafísica que tudo que a mente concebe claramente inclui a ideia da existência possível, ou, em outras palavras, que anda que imaginamos é absolutamente impossível. Não poderia haver descoberta mais feliz na vida para a solução de todas as controvérsias em torno das ideias que as impressões sempre precedem as ideias, e que toda ideia contida na imaginação apareceu primeiro em uma impressão correspondente. As percepções deste tipo são todas tão claras e evidentes que não admitem discussão, ao passo que muitas ideias são tão obscuras que é quase impossível, mesmo para a mente que as forma, dizer qual é exatamente sua natureza e composição. Uma aplicação desse princípio, histórica e filosoficamente revela per ser algo mais sobre a natureza de nossas ideias de espaço e tempo. Isto é importante.

O arquiteto divino aparece também como uma derivação conceitual do artesão. Em todo lugar em que surge uma vontade capaz de dar forma ao projeto que ela mesma concebeu, o arranjo mecânico dos elementos, sustentado pelo decreto inicial, compõe uma totalidade externa cuja finalidade escapa por natureza aos componentes para se transportar inteira para a mente do organizador. O lucro do negociante sugere o lucro da nação. A balança é sua imagem obrigatória. O produto artesanal sugere o produto divino: o relógio, divisor do tempo, a máquina se torna sua representação privilegiada. Equilíbrio, ajuste e adaptação dos meios aos fins se unem no trabalho de montagem que supõe ao mesmo tempo um projeto humano, um plano, um construtor, condicionando uma escolha entre as diferentes séries de objetos manufaturados. Sem dúvida, é por ter apreendido nessas falências a lógica da argumentação, que Hume sugere nos seus Diálogos, a “fábula de uma repartição de tarefas”. Seus personagens debatem uma série perfeita de ideias e argumentos cujos proponentes acreditam que através do qual poderemos vir a conhecer a natureza de Deus. Os artesãos divinos contra os que persistem em considerar a questão da divisão do trabalho como conveniência comandada pela providência divina, mais do que a solução do problema que tem sido colocado como sobrevivência para a espécie.

Reconhecido pelo padrão demonstrado de que não há ideias inatas na vida e que todo o conhecimento vem da experiência rigorosamente ao nexo de causalidade e necessidade, David Hume em vez de tomar a noção de causalidade, como concedido, desafia-nos a considerar o que a experiência nos permite saber sobre a relação estabelecida entre causa e efeito, pois nada é mais usual e natural, para aqueles que pretendem oferecer ao mundo novas descobertas filosóficas e científicas que insinuar elogios ao seu próprio sistema de pensamento. O homem de discernimento e de saber percebe facilmente a fragilidade do fundamento, até mesmo daqueles sistemas bem aceitos e com maiores pretensões de conter raciocínios precisos e profundos. Isto é, alguns princípios acolhidos da confiança; consequências deles deduzidas de maneira defeituosa; falta de coerência entre as partes, e de evidência no todo – tudo isso se pode encontrar nos sistemas dos mais eminentes filósofos, e parece cobrir de opróbrio a própria filosofia, pois mesmo “a plebe lá fora é capaz de julgar, pelo barulho e vozerio que ouve, que nem tudo vai bem aqui dentro”.   Neste âmbito tampouco é necessário um conhecimento muito profundo para se descobrir a distância e imperfeição na sociedade moderna e contemporânea e que de fato, na análise histórica comparada, não há nada que não seja objeto de discussão e sobre o qual os estudiosos não manifestam opiniões contrárias. Se por um lado multiplicam-se as disputas, como se tudo fora incerto; e essas disputas são conduzidas da maneira mais acalorada, como se tudo fora certo na vida cotidiana. É daí que surge no século de David Hume, o preconceito comum contra todo tipo de raciocínio metafísico, como se a importância desse extraordinário conhecimento considerasse qualquer determinismo sobre a forma de fatos e explicações empíricas. 

Mesmo por parte daqueles que são doutos e que costumam avaliar de maneira justa todos os outros gêneros da literatura. E realmente nada, a não ser o mais determinado ceticismo, isto é, juntamente como um elevado grau de indolência, pode justificar tal aversão à metafísica. Pois se a verdade está ao alcance da capacidade humana, é certo que ela deva esconder em algum lugar muito profundo e abstruso. Não por acaso, devemos reunir nossos experimentos mediante a observação cuidadosa concernente da vida. Tomando-os tais aspectos como aparecem no curso habitual do mundo vivido, no comportamento dos homens em suas ocupações e prazeres. E criteriosamente reunidos e comparados, podemos estabelecer, com base neles, uma ciência, que não será inferior em certeza, mas superior em utilidade, a qualquer outra que esteja ao alcance da compreensão humana. Assim Hume sustenta que nossas ideias são imagens de nossas impressões, assim também podemos formar ideias secundárias, que são imagens das ideias primárias. Não se trata de uma exceção à regra, mas de uma explicação. As ideias produzem as imagens de si mesmas em novas ideias; mas como supomos que as primeiras são derivadas de impressões, continua sendo verdade que todas as nossas ideias simples procedem, mediata ou imediatamente, de suas impressões correspondentes. Esse é o primeiro princípio que Hume estabelece na ciência da natureza humana. Pois cabe notar que a presente questão, a respeito da anterioridade de nossas impressões ou ideias, é a mesma que produziu tanto barulho sob outra formulação, quando se discutiu se haveria ideias inatas, ou se todas as ideias derivam da sensação e da reflexão. A fim de provar que as ideias de extensão e de cor não são inatas, os filósofos nada mais fazem que mostrar que elas são transmitidas por nossos sentidos. Para provar que as ideias de paixão e desejo são inatas, eles observam que experimentamos previamente em nós mesmos essas emoções. A faculdade pela qual repetimos nossas impressões da primeira maneira quando a abstraimos se chama memória, a outra, imaginação. Mas se examinarmos cuidadosamente esses argumentos, veremos que eles nada comprovam, senão que as ideias são precedidas por outras percepções mais vívidas, das quais derivam e as quais elas representam a existência.

O amor é significativamente uma das grandes categorias sociais que dá forma ao existente, mas isso é dissimulado tanto por certas realidades psíquicas como in fieri por certos modos de representações teóricas. Não há dúvida que o efeito amoroso desloca e falsifica inúmeras vezes a imagem objetivamente reconhecível de seu objeto e, nessa medida, é decerto geralmente reconhecido, segundo Simmel, como “formativo”, mas de uma maneira que não pode visivelmente parecer coordenada com as outras forças espirituais que dão forma. Trata-se, portanto, aqui, de uma imagem já existente que se encontra modificada em sua determinação qualitativa, sem que se tenha abandonado seu nível de existência teórica, abstratamente, nem criado um produto de uma nova categoria. Essas modificações que o amor já presente traz à exatidão objetiva da representação nada têm a ver com a criação inicial que produz o ser amado como tal. Na verdade, todas essas categorias são coordenadas, por sua significação, quaisquer que sejam o momento ou as circunstâncias em que elas atuam. E o amor é uma delas, na medida em que cria seu objeto como produto totalmente original. Conforme a ordem cronológica (cf. Jung, 1991; 2000), é preciso, antes, que o ser humano exista e seja conhecido, antes de ser amado. Mas, então, esse algo que acontece na vida cotidiana não tem lugar com esse ser existente que permaneceria não modificado, foi, ao contrário, no descobrimento do sujeito que uma nova categoria fundamental se tornou criadora.

Do mesmo modo que Eu, enquanto amante, sou diferente do quer era antes – pois não é determinado “aspecto” meu, determinada energia que ama em mim, mas meu ser inteiro, o que não precisa significar uma transformação visível de todas as minhas outras manifestações -, também o amado enquanto tal, é um outro, nascendo de outro a priori que não o ser conhecido ou temido, indiferente ou venerado. Por que o amor está, antes de mais anda, absolutamente intricado em seu objeto, e não simplesmente associado a ele: o objeto do amor em toda a sua significação categorial não existe antes do amor, mas apenas por intermédio dele. O que faz aparecer de maneira bem clara que o amor – e, no sentido lato, todo o comportamento do amante enquanto tal – é algo absolutamente unitário, que não pode se compor a partir de elementos preexistentes. Totalmente inúteis parecem, pois, as tentativas de considerar o amor como um produto secundário, no sentido de que seria motivado como resultante de outros fatores psíquicos primários. No entanto, ele pertence a um estágio demasiado elevado da natureza humana para que possamos situá-lo no mesmo plano cronológico e genético da respiração ou da alimentação, ou mesmo do instinto sexualmente. Tampouco podemos safar-nos do embaraço por esta escapatória fácil: em virtude de seu sentido metafísico de irradiação e volição, de seu significado atemporal, o amor permanece sem dúvida à primeira – ou última - ordem dos valores e das ideias, sua realização humana ou psicológica colocá-lo-ia num estágio ulterior da série complexa na contínua evolução da vida terrena.

Não podemos nos satisfazer com essa estranheza recíproca de seus significados ou de suas areações na vida. De fato, o problema factual de seu dualismo certamente é aí, reconhecido e nitidamente expresso, mas não resolvido; determo-nos nessa conclusão seria duvidar de sua solubilidade. O amor é sempre uma dinâmica que se gera, Para Simmel (1993) por assim dizer, a partir de uma autossuficiência interna, sem dúvida trazida, por seu objeto exterior, do estado latente ao estado atual, mas que não pode ser, propriamente falando, provocada por ele; a alma o possui enquanto realidade última, ou não o possui, e nós não podemos remontar, para além dele, a um dos movens exterior ou interior que, de certa forma, seria mais que sua causa ocasional. É esta a razão mais profunda que torna o procedimento de exigi-lo, a qualquer título legítimo que seja totalmente desprovido de sentido. Sequer sua atualização dependa sempre de um objeto, e se aquilo que chamamos de desejo ou necessidade de amor – esse impulso surdo e sem objeto, em particular na juventude, em direção a qualquer coisa a ser amada – já não é amor, que por enquanto só se move em si mesmo, digamos um amor em roda livre.

   

 Seguramente, a pulsão em direção a um comportamento social poderá ser considerada como o aspecto afetivo do próprio comportamento humano, ele próprio já iniciado; o fato de nos sentirmos “levados” a uma ação significa que a ação já começou anteriormente e que seu acabamento não é outra coisa que o desenvolvimento ulterior dessas primeiras inervações. Onde, apesar do impulso sentido, não passamos à ação, isso se dá seja porque a energia não basta, de pronto, para ir além desses primeiros elos da ação, seja porque ela é contrariada por forças opostas, antes mesmo que esses primeiros elos já anunciados à consciência tenham podido se prolongar num ato visível. Do mesmo modo, a possibilidade real, a ocasião apriorística desse modo de comportamento que chamamos amor, fará surgir, se for o caso, e levará à consciência, como um sentimento obscuro e geral, um estágio inicial de sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto determinado para levá-lo a seu efeito acabado. A existência desse impulso sem objeto, por assim dizer incessantemente fechado em si, acento premonitório do amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor.

A cultura da Grécia Antiga é a base sobre a qual se eleva acultura da civilização ocidental. Como sabemos, exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência na linguagem, na política, no sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna, particularmente durante a renascença da Europa ocidental e de resto durante os diversos reviverem neoclássicos dos séculos XVIII e XIX. Conceitos sociológicos como cidadania e democracia são gregos, ou pelo menos de pleno desenvolvimento nos manuscritos dos gregos. Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos sobreviveram ao tempo eram, em sua maioria, atenienses ou pró-atenienses e todos conservadores. Por isso se conhece melhor a história de Atenas do que a história das cidades. Além disso, esses homens concentraram seus trabalhos em aspectos políticos, militares e diplomáticos, ignorando o que veio a se conhecer por áreas de conhecimento em história econômica e social. O homem é uma criação propiciada pelo processo real de transformação da realidade e por uma formação ideal exagerada da faculdade da imaginação que faz a essência do homem criadora.

Para que a espécie humana pudesse sobreviver, a psique precisou ser socializada e dar sentido a um mundo aparentemente sem-sentido natural-biológico. Ao criar as significações, institui-se a sociedade que é a origem de si mesma. Não se poderia pensar a humanidade fora do mundo de significações, ou a subjetividade, a partir do termo “para si”, das representações das instituições sociais. O “para si” é inferido a partir das instancias, interdependentes, em que todas existem, mas nenhuma se mantém sem a outra, numa completa relação de atividade e reciprocidade representando a totalidade do sujeito. O filósofo Cornelius Castoriadis admite que é impossível fazer filosofia sem uma ontologia, isto é, sem uma interrogação sobre o ser, mas, ao contrário do que possa pensar aquele para quem ontologia soa como “palavra proibida”, sua reflexão é inteiramente articulada à questão política. Não sendo, pois, uma idealização, mas um pensamento radical sobre a possibilidade de uma sociedade na qual os homens tenham consciência de seu poder. Por sua vez, o imaginário radical enquanto imaginário social aparece como corrente do coletivo anônimo, traduzindo-se na sociedade e no que para o social-histórico é posição, criação e fazer ser. Duas dimensões não incomunicáveis nem estáticas, embora a dimensão psíquica, especificamente nesse campo abstratamente a todo tempo, tenha a sua participação oculta na formação do que é próprio na criação.

 Muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior, tendo su símbolo mais pertinente no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de ser, de uma modalidade e de uma orientação que a vida como tal toma por si mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade social, vai em direção a ele. De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos de domínio meramente religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. O que é decisivo aqui é que nenhuma instância de caráter geral vem se interpor. Se venero alguém. É pela mediação da qualidade de certo modo geral de venerabilidade que, em sua realidade particular, permanece ligada à imagem desse por tanto tempo quanto eu o venerar. Do mesmo modo, no homem que temo, o caráter terrível e o motivo que o provocou estão intimamente ligados; mesmo o homem que odeio não é, na maioria dos casos separado em minha representação da causa desse ódio – é esta uma das diferenças entre amor e ódio que desmente a assimilação que comumente se faz deles. Mas o específico do amor é excluir do amor existente a qualidade mediadora de seu objeto, sempre relativamente geral, que provocou o amor por ele. Ele permanece como intenção direta e dirigida para esse objeto, e revela a sua natureza verdadeira e incomparável nos casos em que sobrevive ao desaparecimento indubitável do que foi sua razão de nascer.

  

Essa constelação, que engloba inúmeros graus, desde a frivolidade até a mais alta intensidade, é vivida segundo o mesmo modelo, seja em relação a uma mulher ou a um objeto, a uma ideia ou a um amigo, à pátria ou a uma divindade. Isso deve ser solidamente estabelecido em primeiro lugar, se quisermos elucidar em sua estrutura seu significado mais restrito, o que se eleva no terreno da sexualidade. A ligeireza com que a opinião corrente alia instinto sexual a amor lança talvez uma das pontes mais enganadoras na paisagem psicológica exageradamente rica em construções desse gênero. Quando, ademais, ela penetra no domínio da psicologia que se dá por científica, temos com demasiada frequência a impressão de que esta última caiu nas mãos de açougueiros. Por outro lado, o que é óbvio, não podemos afastar pura e simplesmente essa relação. Nossa emoção sexual, afirma Simmel, desenrola-se em dois níveis de significação. Por trás do arrebatamento e do desejo, da realização e do prazer sentidos, diretamente subjetivos, delineia-se, consequência disso tudo, a reprodução da espécie. Pela propagação contínua do plasma germinal, a vida corre infinitamente, atravessando todos estágios ou levada por eles de ponta a ponta. Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato) mas a mediações psíquicas complexas.

Enfim, a pulsão, dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro, a pulsão não se torna amor pelo simples fato de sua individualização; esta última pode ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto a procriar os melhores filhos.  Mas, indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto que no seio desejante do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum, ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida se metamorfoseia também nessa produção, traz sua corrente à altura dessa onda, cuja crista, porém, sobressai livremente acima dela. Se considerarmos o processo da vida absolutamente como um dispositivo discursivo de meios afetivos particularmente a serviço desse objetivo, e se levarmos em conta o significado simples e efetivo do amor para a propagação unicamente da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para si e a partir de si na humanidade. 

 Durante o Renascimento, a cidade serviu como capital de fato da União de Kalmar, sendo a sede da monarquia, governando a maior parte da atual região nórdica em uma união pessoalmente com a Suécia e a Noruega governada pelo monarca dinamarquês servindo como chefe de Estado. É a capital e a maior cidade da Dinamarca, situada na costa oriental das ilhas da Zelândia e de Amager, ambas “banhadas pelas águas do estreito de Øresund, tendo do outro lado do referido estreito a cidade sueca de Malmö”. A “cidade de Copenhaga”, ou København em sentido mais restrito, abarca as três comunas de Copenhaga, Frederiksberg e Gentofte, e tem uma população em torno de 643 613 habitantes (2021). A “Grande Copenhague”, isto é, Hovedstadsområdet num sentido mais lato, abrange 18 comunas, e tem uma população de 1 360 000 pessoas (2023). A Electric and Musical Industries (EMI Group), também reconhecida como EMI Music, ou simplesmente EMI, representou uma empresa multinacional britânica competitiva do ramo fonográfico com sede na cidade de Londres, Inglaterra. No momento da sua dissolução, em 2012, é o quarto maior grupo de gravadoras e uma das quatro grandes majors fonográficas, sendo que agora apenas três.

Uma Linda Vida é um filme dinamarquês de 2023 que tem como background a vida de um jovem pescador que se torna uma estrela musical. O filme está disponível na Netflix.  Uma Linda Vida narra a história de Elliott (Christopher Nissen), um pescador da Dinamarca que tem a música como hobby. Ele se transforma em uma revelação musical, mas seu passado de traumas e inseguranças é um grande obstáculo. O filme foi dirigido por Mehdi Avaz, Mehdi Avaz nascido em 11 de março de 1982 em Irã. É diretor e autor, reconhecido pelo seu trabalho em Børnene fra Sølvgade (2024), Uma Linda Vida (2023) e que também dirigiu o filme Toscana (2022). O roteiro é de Stefan Jaworski. O filme demonstra a ascensão de Elliott e sua luta para superar os seus traumas e conquistar a fama e o amor. Christopher Nissen, nascido em 31 de janeiro de 1992, é um cantor dinamarquês de Copenhague, contratado pela EMI Dinamarca. A trama é desenvolvida originalmente uma vila de pescadores viking historicamente estabelecida no século X nas proximidades do que atualmente é Gammel Strand, Copenhague quando se tornou a capital da Dinamarca no século XV. A partir do século XVII, consolidou o centro de poder com instituições próprias, defesas e forças armadas. 

Seus selos incluíam a EMI Records, Parlophone e Capitol Records. EMI Group também teve uma grande editora musical, a EMI Music Publishing, também com sede em Londres, com escritórios no mundo ocidental. A empresa foi certa vez componente do índice FTSE 100, mas enfrentou problemas financeiros e 4 bilhões de dólares em dívidas, levando a sua aquisição pelo Citigroup em fevereiro de 2011. Em novembro de 2011, foi anunciado que o braço de gravação musical seria vendido para a Universal Music Group e a parte da editora musical seria adquirida por um consórcio liderado pela Sony/ATV Music Publishing. Tanto antes como depois do anúncio da venda, a Universal Music Group se comprometeu a vender ativos da EMI no valor especulativo de ½ bilhão de euros. Em 2020 seu “braço musical” foi relançado, sendo distribuído pela empresa Universal Music Group. O retorno da EMI buscava primeiramente substituir a Virgin Records. A presidente da editora fonográfica é Rebecca Allen, que, experiente, vem trabalhando no grupo há mais de 20 anos.  Seu single de estreia é “Against the Odds” de coautoria e parceria com Kay & Ndustry, Larsen Kasper, Brodersen Ole, Richa Curtis e Wetterberg Johan e produzido por Kay & Ndustry e GL Music Lasse Lindorff. Notável é que rapidamente “Against the Odds” foi lançado na indústria cultural em setembro de 2011 atingindo o #23 lugar no Singles Chart dinamarquês.

O vídeo da música foi dirigido por Nicolas Tobias Følsgaard & Lodahl Jonas Andersen. Seu segundo single, “Nothing in Common” lançado em 2012 entrou no topo do Singles Chart dinamarquesa na #5 posição. Seu primeiro álbum, chamado “Colours” foi lançado em 19 de março de 2012, pela gravadora EMI Music, tendo alcançado o #4 das paradas dinamarquesas. Em setembro de 2013, foi iniciado os trabalhos referentes ao seu futuro álbum. Com objetivo de dar “uma cara mais pop” para o som de Christopher, a faixa “Told You So” foi escolhida como primeiro single do projeto. O single conquistou o Certificado de Ouro em vendas na Dinamarca, se estabelecendo como a faixa de melhor desempenho do cantor. O álbum, também chamado “Told You So” foi lançado em 24 de março de 2014 e é Certificado de Ouro na Dinamarca, após vender mais de 10 mil cópias no país. O álbum também rendeu os singles “Crazy”, “Mama”, “Nympho” e “CPH Girls”. Em novembro de 2012, ele ganhou um prêmio no Danish Music Awards 2012 como artista “Revelação do Ano”, concedido pela plataforma de streaming Spotify. Possui três álbuns lançados, o debut Colors (2012), seguido por Told You So (2014) e Closer (2016). A cinematografia Uma Linda Vida (2023) acompanha Elliott, um jovem pescador com uma bela voz, que sofre uma reviravolta em sua vida, quando é descoberto por Suzanne, uma empresária famosa no mundo da música. A profissional inventa “uma dupla, formada por Elliott e a produtora musical Lilly”. No entanto, segredos dissimulados do passado recente ameaçam a ascensão do jovem ao estrelato e sua possibilidade simultaneamente de viver um grande amor.

Do ponto de vista filosófico Georg Simmel (1993) foi, sem dúvida nenhuma, a “figura de transição”, segundo Georg Lukács, o mais importante e interessante de toda a filosofia moderna. Por esse motivo metodologicamente exerceu uma atração sobre todos os verdadeiros talentos filosóficos da nova geração de pensadores. Simmel apresentou sua Soziologie em 1908 e contribuiu decisivamente para a consolidação desta ciência na Alemanha. Ele trata especificamente da sociologia e aprofunda a análise abstrata de seu objeto, a “sociação”, através de categorias sociais formais como a dominação, o conflito, o segredo, os círculos sociais e a questão da pobreza. Ao mesmo tempo, reflete sobre os determinantes quantitativos da vida social, bem como sobre a relação entre a vida grupal e a individualidade. Simmel sociologicamente desenvolveu a “sociologia formal”, ou das “formas sociais”, influenciado pela filosofia kantiana que distinguia a forma do conteúdo dos objetos de estudo do conhecimento humano. Tal distinção pretendia tornar possível o entendimento hic et nunc da vida já que no processo interativo de “sociação”, cunhou como objeto, o invariante eram as formas em que os indivíduos se agregavam e não os indivíduos em si. Para Simmel diante do “conflito” os indivíduos vivem em relações de cooperação, mas também de oposição, os conflitos são parte mesma da constituição da sociedade. Seriam momentos de crise, um intervalo entre dois momentos de harmonia, vistos, portanto, numa função positiva de superação das divergências.

Fundamenta uma episteme em torno da ideia de movimento, da relação, da pluralidade, da inexorabilidade do conhecimento, de seu caráter construtivista, cuja dimensão central realça o fugidio, o fragmento e o imprevisto. Por isso, seu panteísmo estético, como episteme, no qual se entende que cada ponto, cada fragmento superficial e fugaz é passível de significado estético absoluto, de compreender o sentido total, os traços significativos, do fragmento à totalidade. O significado sociológico do “conflito”, em princípio, nunca foi contestado. Conflito é admitido no âmbito da teoria sociológica por causar ou modificar grupos de interesse, unificações, organizações. Por outro lado, pode parecer paradoxal na visão comum se alguém pergunta se independentemente de quaisquer fenômenos que resultam de condenar ou que a acompanha, o conflito é uma forma de “sociação”. À primeira vista, este aspecto soa como uma pergunta retórica. Se todas as interações entre os homens é uma sociação, o conflito, - entendido afinal, como uma das interações mais vivas, que, além disso, não pode ser exercida por um indivíduo sozinho, deve certamente ser considerado como sociação. Os fatores socialmente de dissociação, enfim, o ódio, inveja, necessidade, desejo, são as causas da condenação, que irrompe por eles.

Conflito é, portanto, destinado a resolver os “dualismos divergentes”, é uma maneira de conseguir algum tipo de unidade, mesmo que seja através da aniquilação de uma das partes em litígio. A vida de Simmel apresenta-se entremeada de ensaios escritos em estilo brilhante, que representam uma parte de sua vasta obra, onde se revela também como filósofo. Seus escritos sobre “vitalismo”, ou filosofia de vida, quase no final de sua vida, dimensionam não tanto a “tragédia da cultura”, mas a ambivalência do sujeito frente à cultura, ou melhor dizendo, o conflito da cultura. Entende Simmel que, ainda que as formas culturais na sociedade mercantil avançada tornem difícil ao homem exprimir criatividade, o mesmo não consegue no sentido pleno viver sem elas. A comodidade, as construções simbólicas e de informação, as normas legais, a liberação da sexualidade, são manifestações sociais de uma espécie de outro lado da modernidade. Não obstante, essa percepção sensível de um maior avanço da cultura subjetiva não foi suficiente para cingir de sua análise em torno da crítica da dimensão dos bens culturais, os quais deixam os homens deprimidos por não assimilá-los todos no momento em que não podem excluí-los, pela fragmentação da existência em razão da separação crescente das esferas objetivadas e a erosão da cultura em correspondência com o avanço dos multivariados objetos que ganham e exigem conotação cultural (cf. Gombrich, 1994).

Embora os registros históricos mais antigos de Copenhaga sejam do final do século XII, achados arqueológicos recentes em conexão com o trabalho no sistema ferroviário metropolitano da cidade revelaram os restos de uma grande mansão de um comerciante perto da atualmente Kongens Nytorv de c. 1020. As escavações em Pilestræde também levaram à descoberta de um poço do final do século XII. Os restos de uma antiga igreja, com túmulos que datam do século XI, foram desenterrados perto de onde Strøget encontra Rådhuspladsen. Essas descobertas indicam que as origens de Copenhaga como cidade remontam pelo menos ao século XI. Descobertas substanciais de ferramentas de sílex na área fornecem evidências de assentamentos humanos que datam da Idade da Pedra. Muitos historiadores acreditam que a cidade data do final da Era Viking e possivelmente foi fundada por Sueno I da Dinamarca (963 d. C.-1014). O porto natural e os bons estoques de arenque parecem ter atraído pescadores e comerciantes para a área sazonalmente desde o século XI e de forma permanente no século XIII. As primeiras habitações foram centradas em Gammel Strand (“costa antiga”) no século XI. Sueno I reconhecido na Dinamarca como Svend Tveskæg, também chamado de Sueno Barba-Bifurcada, foi o Rei da Dinamarca de 986 até sua morte, Rei da Noruega entre 986-995 e 1000-1014, e Rei da Inglaterra a partir de 1013. 

Era filho do rei Haroldo I da Dinamarca e sua primeira esposa Gyrid Olafsdottir da Suécia. O reino unificado da Dinamarca foi fundado pelos reis viquingues Gormo e Haroldo I no século X, fazendo da monarquia dinamarquesa a mais antiga da Europa junto com a da Inglaterra. Originalmente uma monarquia eletiva, ela passou a ser hereditária apenas no século XVII durante o reinado de Frederico III. Uma decisiva transição para uma monarquia constitucional ocorreu em 1849 com a aprovação da primeira constituição do país. A casa real dinamarquesa é um ramo da Casa de Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Glucksburgo, originalmente de Eslésvico-Holsácia na Alemanha, sendo também a atual casa real da família real norueguesa e da deposta família real grega. Ao ascender em 1972, a rainha Margarida II tornou-se a primeira soberana da Dinamarca desde Margarida I na União de Calmar entre 1375 e 1412.  

A menção escrita mais antiga da cidade ocorre no século XII, quando Saxo Grammaticus (1150-1220) em Gesta Danorum se referiu a ela como Portus Mercatorum, que significa “Porto dos Mercadores”, ou, in statu nascendi dinamarquês dos povos originários, Købmannahavn. Foi um historiador da Dinamarca medieval, que se julga ter sido um escrivão secular do arcebispo Absalão de Lund. É o autor da primeira história da Dinamarca. A fundação de Copenhague foi datada da construção pelo Bispo Absalão de uma modesta fortaleza na pequena ilha de Slotsholmen em 1167, onde fica o Palácio de Christiansborg. A construção da fortaleza foi uma resposta aos ataques de piratas Vendos que assolaram a costa durante o século XII. Muralhas defensivas e fossos foram concluídos e em 1177 a Igreja de St. Clemens foi construída. Os ataques dos Wends continuaram, e depois que a fortaleza original foi finalmente destruída pelos saqueadores, os ilhéus a substituíram pelo Castelo de Copenhague. Originalmente uma vila de pescadores viking estabelecida no século X nas proximidades do que hoje é Gammel Strand, Copenhaga tornou-se a capital da Dinamarca no início do século XV. A partir do século XVII, consolidou-se como centro regional de poder com suas instituições, defesas e forças armadas. Durante o Renascimento, a cidade serviu como capital de fato da União de Kalmar, sendo a sede da monarquia, governando a maior parte da atual região nórdica em uma união pessoal com a Suécia e a Noruega governada pelo monarca dinamarquês servindo como chefe de estado. A cidade floresceu como o centro cultural e econômico da Escandinávia por mais de 120 anos, no século 15 até o século 16, quando foi “dissolvida” com a Suécia deixando-a por meio de uma rebelião. Após um surto de peste e incêndio no século 18 passou por um período de reconstrução.

 Isto incluiu a construção do prestigioso distrito de Frederiksstaden e a fundação de instituições culturais como o Teatro Real da Dinamarca e a Academia Real de Belas Artes. Depois de mais desastres no início do século 19, quando Horatio Nelson (1758-1805) atacou a frota Dano-Norueguesa e bombardeou a cidade, a reconstrução durante a Era de Ouro dinamarquesa trouxe um visual neoclássico à arquitetura de Copenhaga. Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o Plano Finger promoveu suas formas de moradias e negócios ao redor das cinco linhas ferroviárias urbanas que se estendiam a partir do centro da cidade. Desde a virada do século XXI, Copenhaga tem visto um forte desenvolvimento urbano e cultural, facilitado pelo investimento em suas instituições e infraestrutura. A cidade é o centro cultural, econômico e governamental da Dinamarca; é um dos principais centros financeiros do norte da Europa com a Bolsa de Valores de Copenhaga. A economia de Copenhagen tem visto um rápido desenvolvimento no setor de serviços, especialmente por meio de iniciativas em tecnologia da informação, produtos farmacêuticos e tecnologia limpa. Desde a conclusão da ponte de Øresund, Copenhaga tornou-se integrada à província sueca de Scania e sua maior cidade, Malmö, formando a região de Øresund. Com várias pontes conectando distritos, paisagem urbana caracterizada por parques, passeios e orlas.

Os marcos realizados na história social de Copenhague, como os Jardins de Tivoli, a estátua da Pequena Sereia, os palácios Amalienborg e Christiansborg, o Castelo Rosenborg, a Igreja de Mármore, Børsen e muitos museus, restaurantes e casas noturnas são atrações turísticas importantes. Copenhaga é o lar da Universidade de Copenhaga, da Technical University of Denmark, da Copenhagen Business School e da IT University of Copenhagen. A Universidade de Copenhaga, fundada em 1479, é a instituição de ensino universitário mais antiga da Dinamarca. Copenhague é a casa dos clubes de futebol F.C. Copenhague e Brøndby IF. A Maratona Anual de Copenhague foi criada em 1980. Copenhague é uma das cidades e last but not least “mais amigas da bicicleta do mundo”. A Movia é a empresa de transporte público de massa que atende todo o leste da Dinamarca, exceto Bornholm. O Metrô de Copenhaga, lançado em 2002, serve o centro de Copenhaga. Além disso, o Copenhagen S-train, o Lokaltog (ferrovia privada) e a rede Coast Line conectam o centro de Copenhague aos bairros periféricos. Atendendo a cerca de 2,5 milhões de passageiros por mês, o Aeroporto de Copenhague, Kastrup, é o mais movimentado no círculo de comuicação espacial dos países nórdicos. A “comuna de Copenhaga” (Københavns Kommune) tem uma população de 643 613 habitantes (2021).

Bibliografia Geral Consultada.

GOMBRICH, Ernest Hans Joseph, Para Uma História Cultural. Editora Gradiva, 1994; JUNG, Carl, Sincronicidade. 5ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1991; Idem, Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. 2ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2000; AGAMBEN, Giorgio, Profanaciones. 1ª edición. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora, 2005; WEBER, Max, Objetividade  do Conhecimento nas Ciências Sociais. Tradução de Gabriel Cohn. São Paulo: Editora Ática, 2006; BLANCHOT, Maurice, A Conversa Infinita: A Experiência Limite. São Paulo: Editora Escuta, 2007; LAGO, Gustavo de Carvalho Pinheiro, Conectividade: Um Estudo sobre o Amor Pós-Moderno. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009; BURTON, Robert, A Anatomia da Melancolia. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 2011; BUÑEL, Luís, Mi Último Suspiro. Barcelona: Edición Debolsillo, 2012; COLLOT, Michel, Poética e Filosofia da Paisagem. Rio de Janeiro: Editora Oficina Raquel, 2013; ROSSI, Túlio Cunha, Projetando a Subjetividade: A Construção Social do Amor a Partir do Cinema. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; DORNELES, Giele Rocha, Melancolia, Memória e Subjetividade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Instituto de Letras. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015; GREVE, Sabrina Tozatti, O Ator do Teatro ao Cinema: Um Estudo sobre Apropriação. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; MOSCHETTA, Pedro Henrique; VIERA, Jorge, “Música na Era do Streaming: Curadoria e Descoberta Musical no Spotify”. In: Sociologias 20 (49) • Dezembro 2018; FREITAS, Flávio Luiz de Castro, A Discordância Conciliável em Relação à Psicanálise: Um Estudo sobre o Percurso que vai da Sintomatologia à Topologia dos Níveis Diferenciais na Filosofia de Gilles Deleuze. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2018; SCHACHT, Eduardo Calliari, Na Trilha de El Palomar a Los Angeles: A Música de Gustavo Santaolalla no Cinema. Dissertação de Mestrado.  Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2024; RODRIGUES, Jayanne, “Veja os passos para uma pessoa introvertida ser um líder bem-sucedido”. In: https://www.terra.com.br/noticias/26/01/2025; entre outros.