domingo, 22 de junho de 2025

A Lista da Minha Vida – Penetração no Corpo & Controle Disciplinar.

O tempo penetra o corpo, e com ele todos os controles minuciosos do poder”. Michel Foucault

                    

Uma lista tem como representação social um conjunto de itens discretos de informação coletados e dispostos em algum formato para utilidade de uso, entretenimento ou outros propósitos. O desenvolvimento do tema da justiça na concepção de teoria de Aristóteles, discípulo de Platão, tem sede no campo ético, ou seja, no campo de um saber que vem definido em sua teoria como saber prático. É da reunião das opiniões dos sábios, dentro de uma visão de todo o problema que surgiu uma concepção propriamente aristotélica. O mestre do Liceu tratou também a justiça a entendendo como virtude, assemelhada a todas as demais tratadas no curso. A justiça, assim definida como virtude, torna-se o escopo das atenções de um ramo do conhecimento humano que se dedica ao estudo próprio do comportamento humano; à ciência prática, intitulada ética, cumpre investigar e definir o que é o justo e o injusto, o que é ser temperante e o que é ser corajoso, o que é ser jactante, etc. Somente a “educação ética” (um hábito em grego), a criação do hábito do comportamento ético, o que se faz com a prática à conduta diuturna do que é deliberado pela reta razão à esfera das ações humanas, pode construir um comportamento virtuoso, ou seja, um comportamento justo. A justiça, em meio as demais virtudes, que se opõem a dois extremos e por uma peculiaridade: trata-se de uma virtude à qual não se opõe dois vícios diferentes, mas um único vício, que é a injustiça.

Teoria da ação é um nível abstrato de conhecimento da filosofia que se dedica à análise de processos que causam os movimentos humanos voluntários de um tipo mais ou menos complexo. Este nível de análise tem sido regra dos filósofos, principalmente desde a obra de Aristóteles, Ética a Nicômaco, a principal interpretação de Aristóteles sobre Ética. Nela se expõe sua concepção teleológica e eudaimonista de racionalidade prática, sua concepção da virtude como mediania e suas considerações acerca do papel do hábito e da prudência. Em Aristóteles, toda racionalidade prática é teleológica, quer dizer, orientada para um fim, ou um bem, como está no texto. À Ética cabe determinar a “finalidade suprema” (summum bonum), que preside e justifica todas as demais, e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia), que não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude, por sua vez, se encontra no justo meio de trabalho entre os extremos, da divisão do trabalho intelectual e, será encontrada por aquele “dotado de prudência” (phronesis) e educado pelo hábito no seu exercício. Vale destacar ipso facto que a ideia de virtude, na Grécia Antiga, não é idêntica ao conceito atualmente, muito influenciado pelo cristianismo. Virtude tinha o sentido da “excelência de cada ação”, ou seja, de fazer bem feito, na justa medida, cada pequeno ato. Os valores da conjuntura em que ele escreveu eram bem diferentes dos leitores atuais; a palavra bem ou mal por exemplo apresenta significados totalmente opostos. Quer dizer, o que é injusto ocupa na teoria dois polos diversos, é ora injustiça por excesso, ora é injustiça por defeito.   

Desse modo, como o homem sem lei é injusto e o cumpridor da lei é justo, evidentemente todos os atos conforme à lei são atos justos em certo sentido, pois os atos prescritos pela arte do legislador são conforme a lei, e dizemos que cada um dele é justo. Aristóteles desenvolveu uma concepção de justiça muito eficiente sobre a qual vários países do mundo ocidental elaboraram medidas pragmáticas de punições para pessoas que cometerem crimes graves na sociedade, baseadas nos métodos de justiça criados por ele. A palavra equidade, por exemplo, carregada de conteúdo de sentido, tem origem no latim “aequitas” e quer dizer característica de algo ou alguém que “revela senso de justiça, imparcialidade, isenção e neutralidade: duvidou da equidade das eleições”. Correção no modo de agir ou de opinar; lisura; honestidade; igualdade: tratou-a com equidade. Disposição elementar para reconhecer a imparcialidade do direito de cada indivíduo. Assim, Aristóteles (322 a. C.) em sua obra Ética a Nicômaco, Livro V, aborda a questão da originalmente em torno da equidade enquanto princípio norteador indispensável para a efetivação da justiça. Para o referido filósofo, o maior pensador da Antiguidade, segundo Marx, a singularidade é que “o equitativo é justo, porém não o legalmente justo, e sim uma correção da justiça legal. A razão disto é que toda lei é universal, mas a respeito de certas coisas não é possível fazer uma afirmação universal que seja correta”.                           

O controle disciplinar não consiste simplesmente em ensinar ou impor atravésde um mecanismo uma série de gestos definidos; impõe a melhor relação entre um gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição de eficácia e de rapidez. No bom emprego do corpo, que permite um bom emprego do tempo, nada deve ficar ocioso ou inútil: tudo deve ser chamado a formar parte do ato requerido. Um corpo bem-disciplinado forma o contexto de realização mínima do gesto. Uma boa caligrafia, por exemplo, supõe uma ginástica – uma rotina cujo rigoroso código abrange o corpo por inteiro, da ponta do pé à extremidade do indicador. Um corpo disciplinado é a base do gesto eficiente. Segundo Foucault (2014: 150 e ss.), a articulação corpo-objeto a disciplina define cada uma das relações que o corpo deve manter com o objeto que manipula. Ela estabelece cuidadosa engrenagem entre um e outro. Temos aí um exemplo de double face do que se poderia chamar a “codificação instrumental” do corpo. Isto é, consiste em uma decomposição do gesto global em duas séries paralelas, significativamente: a dos elementos do corpo que serão postos em jogo (mão direita, mão esquerda, diversos dedos da mão, joelho, olho, cotovelo etc.), a dos elementos do objeto manipulado (cano, alça de mira, cão, parafuso etc.,); coloca-os depois em correlação uns com os outros, analogamente, segundo um certo número de gestos simples (apoiar, dobrar); finalmente fixa a ordem canônica em que cada uma dessas relações ocupa um lugar determinado.

Diante de tal raciocínio, é possível constatar que para Aristóteles, a lei não é totalmente plena, no sentido de abranger todas as situações e problemas jurídicos aos quais a sociedade possa estar sujeita, ou seja, existe uma determinada lei, entretanto, podem existir situações que não foram pensadas pelo legislador e consequentemente não estão abrangidas por esta lei, mas que também necessitam de amparo legal. Desse modo, não seria justo que tal situação ou caso fosse ignorado por uma “falha” do legislador, sendo necessário então a aplicação do princípio da equidade para permitir que aquele caso seja conhecido e apreciado quanto ao seu mérito de maneira justa, levando-se em consideração as peculiaridades do caso concreto. Aristóteles menciona ainda que “essa é a natureza do equitativo: uma correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua universalidade”, sendo que é justamente essa correção que torna justa a resolução do caso concreto. Desse modo é possível depreender por meio de um raciocínio lógico que toda lei é justa, mas nem tudo que é justo é abarcado pela lei, sendo necessário então a aplicação do princípio da equidade para que aquela situação que não foi abrangida pela lei tenha seu mérito analisado de maneira justa. E é justamente por ter esse caráter corretivo e, diga-se também, complementarmente, que para Aristóteles, o equitativo é uma espécie superior de justiça: por se amoldar as mais diversas situações existentes no mundo fático, afinal, é claro e notório que a sociedade tem uma mutação/mudança social muito mais acelerada do que a legislação posta para a regular, até mesmo porque são as próprias mudanças da sociedade que vão embasar alterações na legislação.

Da perspectiva da teoria da ação social, é só de maneira insatisfatória que as atividades do espírito humano podem ser restritas à confrontação cognitivo-instrumental, segundo Habermas (2012) com a natureza exterior; ações sociais orientam-se por valores culturais. Estes últimos, porém, não contam com um referencial de verdade. Assim, coloca-se a seguinte alternativa: ou negamos aos componentes “não cognitivos” da tradição cultural o status assumido pelas entidades do terceiro mundo graças à alojação delas em uma esfera de nexos de validade, e então nivelamos esses mesmos componentes de maneira empirista, como formas enunciativas do espírito subjetivo; ou procuramos equivalentes para o referencial de verdade que está ausente. Essa segunda via, como veremos, é escolhida por Max Weber. Ele distingue diversas esferas culturais de valor – ciência e técnica, direito e moral, bem como arte e crítica. E também as esferas de valor não cognitivas constituem esferas de validade. Noções jurídicas e morais podem ser criticadas e analisadas sob o ponto de vista da correção normativa; obras de arte, sob o ponto de vista da autenticidade (ou beleza). Pode-se trabalhá-las como campo autônomos de problemas. Entende que a tradição cultural no todo como uma provisão de saber, a partir da qual se podem formar “esferas especiais de valor” e “sistemas especiais de validade distintas”. Por isso ele atribuiria ao terceiro mundo tanto os componentes culturais avaliativos e expressivos quanto os cognitivos-instrumentais.

Quando se escolhe essa alternativa, é preciso esclarecer o que podem significar “validade” e “saber” em face dos componentes “não cognitivos” da cultura. Este aspecto é muito importante na análise. Estes últimos, diversamente de teorias e enunciados, não podem ser ordenados a entidades do primeiro mundo. Valores culturais não cumprem uma função representativa. Segundo Habermas, desde Aristóteles, o conceito de agir teleológico está no centro da teoria filosófica da ação. O ator realiza um propósito ou ocasiona o início de um estado almejado, à medida que escolhe em dada situação meios auspiciosos, para então empregá-los de modo adequado. O conceito central é o da decisão entre diversas alternativas, voltada à realização de um propósito, derivada de máximas e apoiada em uma interpretação. O modelo teleológico do agir é ampliado a modelo estratégico quando pelo menos um ator que atua orientado a determinados fins revela-se capaz de integrar ao cálculo do êxito a expectativa de decisões. Esse modelo de ação é frequentemente interpretado de maneira utilitarista; aí se supõe que o ator escolhe e calcula as relações comportamentais entre os meios e fins, provavelmente no trabalho, segundo aspectos da maximização do proveito ou das expectativas de proveito. Esse modelo de ação, em economia, sociologia e psicologia social, está subjacente às abordagens vinculadas à decisão ou à teoria lúdica. 

O conceito de agir regulado por normas não se refere ao comportamento de um ator, que encontra outros no entorno, mas a membros de um grupo social, que orientam seu agir segundo valores em comum. O ator individual segue uma norma (ou colide com ela), tão logo as condições se apresentem em uma dada situação na qual se possa emprega-las. As normas expressam o comum acordo subsistente em um grupo social. Todos os membros de um grupo social em que vale determinada norma podem esperar uns dos outros que cada um execute ou omita as ações preceituadas de acordo com determinadas situações. O conceito central de cumprimento da norma significa a satisfação de uma expectativa de comportamento generalizada. A expectativa de comportamento não tem o sentido cognitivo da expectativa de um acontecimento prognosticado, mas o sentido normativo de que o partícipe goze do direito à expectativa de um comportamento. Esse modelo normativo de ação subjaz à teoria dos papéis. O conceito do “agir dramatúrgico” não se refere primeiramente ao ator solitário, nem ao membro de um grupo social, mas aos participantes de uma interação que constituem uns para os outros um público a cujos olhos eles se apresentam. O ator suscita em seu público uma determinada imagem, uma impressão de si mesmo, ao desvelar sua subjetividade em maior ou menor medida. Todo aquele que age pode controlar socialmente o acesso público à esfera de suas próprias intenções, pensamentos, posicionamentos, desejos, sentimentos, etc., à qual somente ele mesmo tem acesso. 

No “agir dramatúrgico”, os partícipes usam essa circunstância e monitoram sua interação por meio da regulação do acesso recíproco à subjetividade própria. Portanto, filosoficamente o conceito central de autorrepresentação não significa um comportamento expressivo espontâneo, mas per se a “estilização da expressão de vivências próprias endereçadas a expetadores”. Esse modelo dramatúrgico de ação serve em primeira linha a descrições da interação fenomenologicamente orientadas; até o momento, porém, ele não foi elaborado a ponto de construir uma abordagem teoricamente generalizante. Enfim, para sermos breves, o conceito do agir comunicativo, refere-se à interação de pelo menos dois sujeitos capazes de falar e agir que estabeleçam uma relação interpessoal (seja com meios verbais ou extraverbais). Os atores buscam um entendimento sobre a situação da ação para, de maneira concordante, coordenar seus planos de ação e, com isso, suas ações. O conceito central de interpretação refere-se em primeira linha à negociação de definições situacionais passíveis de consenso. Nesse modelo de ação a linguagem assume uma posição proeminente. O conceito de ação teleológico tornou-se produtivo pelas mãos dos fundadores do neoclassicismo, isto é, para uma teoria econômica das ações eletivas, e por John von Neumann (1903-1957) e Oskar Morgenstern (1902-1977) para a representação da teoria dos jogos estratégicos.

Para a formação de teorias no campo das ciências sociais, o “conceito de agir regulado” por normas alcançou importância paradigmática por meio de Émile Durkheim e Talcott Parsons; o conceito de agir dramatúrgico por meios de Erving Goffman; e o de agir comunicativo por meio de George Herbert Mead (1863-1931) e, mais tarde, Harold Garfinkel (1917-2011). Não podemos apresentar aqui em maiores detalhes a explanação analítica desses quatro conceitos. Interessa-nos muito mais as implicações das respectivas estratégias conceituais para a racionalidade. À primeira vista, apenas o conceito teleológico de ação parece colocar à disposição um aspecto da racionalidade da ação; o agir concebido como atividade propositada pode ser considerado sob o aspecto da racionalidade teleológica. Eis um ponto de vista sob o qual as ações podem ser planejadas ou cumpridas de maneira de maneira mais ou menos racional por uma terceira pessoa. Nos casos elementares da atividade propositada, pode-se representar o plano de ação sob a forma de um raciocínio prático. Os três outros modelos de ação aparentemente não posicionam o agir sob o ângulo da racionalidade e da possibilidade da questão em torno da racionalização. Mas bem se vê que essa aparência engana quando se têm presentes as pressuposições “ontológicas” em sentido mais amplo que, de maneira conceitual, estão necessariamente ligadas a esses modelos de ação. Nos modelos teleológico, normativo e dramatúrgico, nessa sequência, as pressuposições tornam-se não apenas mais complexas, mas desvelam do pontode vista da interpretação sociológica ao mesmo tempo implicações para a racionalidade sempre mais intensas.  

E a essa técnica mesma que era usada nos famosos regulamentos da infantaria prussiana que a Europa inteira imitou depois das vitórias de Frederico II: quanto mais se decompõe o tempo, quanto mais se multiplicaram suas subdivisões, quanto melhor o desarticulamos desdobrando seus elementos internos sob o olhar que os controla, mais então se pode acelerar uma operação, ou pelo menos regulá-la segundo um rendimento ótimo de velocidade; daí que essa regulamentação do tempo da ação que foi tão importante no exército e que devia sê-lo para toda a tecnologia  da atividade humana: o regulamento prussiano de 1743 previa 6 tempos para por a arma ao pé, 4 para estendê-la, 13 para colocá-la ao contrário sobre o ombro etc. Por outros meios, a escola mútua também foi disposta como um aparelho para intensificar a utilização do tempo; sua organização permitia desviar o caráter linear e sucessivo do ensino do mestre; regulava o contraponto de operações feitas, ao mesmo tempo, por diversos grupos de alunos sob a direção dos monitores e dos adjuntos, de maneira que cada instante que passava era povoado de atividades múltiplas, mas ordenadas; e por outro lado o ritmo imposto por sinais, apitos, comandos impunha a todos normas temporais que deviam ao mesmo tempo acelerar o processo de aprendizagem e ensinar a própria rapidez como uma virtude. Finalmente, estabelecer séries; prescrever a cada um, de acordo com seu nível, sua antiguidade, seu posto, os exercícios que lhe convêm; os exercícios comuns têm um papel diferenciador e cada diferença comporta exercícios específicos. Ao termo de cada série, começam outras, formam uma ramificação e se subdividem por sua vez. 

De maneira que cada indivíduo se encontra preso a uma série temporal, que define especificamente seu nível ou sua categoria. Esse é o tempo disciplinar que se impõe pouco a pouco à prática pedagógica – especializando o tempo de formação e destacando-o do tempo adulto, do tempo do ofício adquirido; organizando diversos estágios separados uns dos outros por provas graduadas; determinando programas, que devem se desenrolar cada um durante uma determinada fase, e que comportam exercícios de dificuldade; qualificando os indivíduos de acordo com a maneira como percorreram essas séries. O tempo “iniciático” da formação tradicional (tempo global, controlado só pelo mestre, sancionado por uma única prova) foi substituído pelo tempo disciplinar com suas séries múltiplas e progressivas. Forma-se toda uma pedagogia analítica, muito menos minuciosa (decompõe até aos mais simples elementos a matéria de ensino, hierarquiza no maior número possível de graus cada fase do progresso) e também muito precoce em sua história (antecipa largamente as análises genéticas dos ideólogos dos quais aparece como o modelo técnico). Demia, bem no começo do século XVIII, queria que o aprendizado da leitura fosse historicamente dividido em sete níveis: o primeiro para os que aprendem a conhecer as letras, o segundo para os que aprendem a soletrar, o terceiro para os que aprendem a juntar as sílabas, para formas palavras, o quarto para os que leem o latim por frase ou pontuação em pontuação, o quinto para os que começam a ler o francês, o sexto para os mais capazes na leitura, o sétimo para os que leem os manuscritos. Enfim, cada patamar na combinatória dos elementos deve inserir numa grande série temporal, que é ao mesmo tempo uma marcha natural do espírito e um código para os processos educativos.    

Não por acaso, enquanto muitos anjinhos descansam, vamos ao trabalho. Esta data significativamente é o Dia Mundial da Paz, além de Dia da Fraternidade Universal, sendo assim, um feriado internacional, adotado por quase todas as nações do planeta. O número de nações no mundo pode variar de acordo com os critérios estatísticos utilizados para contagem, e a instituição que serve de fonte. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existem 193 países no mundo. No entanto, se considerarmos os países observadores, a ONU contabiliza 195 países. Por outro lado, o número de nações pode variar de acordo com o contexto: No mundo olímpico, existem 206 nações. Isso porque, durante a maior parte da história dos Jogos Olímpicos, desde a antiguidade na Grécia, “não era necessário ser um país independente para participar.”  Quer dizer, pensando assim, a quantidade de países pode variar de 193 a 211, dependendo da fonte consultada. O número de países pode ser afetado sociologicamente por vários fatores socioambientais e geopolíticos, como, por exemplo: A definição de “país”. Questões geopolíticas de reconhecimento por nações-chave. Reconhecimento por organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas. Quais são os países existentes do mundo globalizado? Conforme a classificação institucionalmente, há atualmente 193 países. A esta síntese forçada é que os teóricos militares do século XVIII chamavam “manobra”. A receita tradicional dá lugar prescrições explícitas e coercitivas.

Sobre toda a superfície de contato entre o corpo e o objeto que o manipula, o poder vem se introduzir, amarra um ao outro. Constitui um complexo corpo-arma, corpo-instrumento, corpo-máquina. Estamos inteiramente longe daquelas de sujeição que só pediam ao corpo sinais ou produtos, formas de expressão ou o resultado de um trabalho. A regulamentação imposta pelo poder é ao mesmo tempo a lei de construção da operação. E assim aparece esse caráter do poder disciplinar: tem uma função menos de retirada que de síntese, menos de extorsão do produto que de laço coercitivo com o aparelho de produção que estava subjacente ao horário em sua forma tradicional era essencialmente negativo; princípio da não-ociosidade: é proibido perder um tempo que é contado por Deus e pago pelos homens; o horário devia conjurar o perigo de desperdiçar tempo – erromoral e desonestidade econômica. A disciplina organiza uma economia positiva; de uma utilização teoricamente sempre crescente do tempo: mais exaustão que emprego; importa extrair do tempo sempre mais instantes disponíveis e de cada instante sempre mais forças úteis. O que significa que se deve procurar intensificar o uso do mínimo instante, como se o tempo, em seu próprio fracionamento, fosse inesgotável; ou pelo menos, por uma organização interna cada vez mais detalhada, se pudesse tender para um ponto ideal em que o máximo de rapidez encontra o máximo de eficiência.

E a essa técnica mesma que era usada nos famosos regulamentos da infantaria prussiana que a Europa inteira imitou depois das vitórias de Frederico II: quanto mais se decompõe o tempo, quanto mais se multiplicaram suas subdivisões, quanto melhor o desarticulamos desdobrando seus elementos internos sob o olhar que os controla, mais então se pode acelerar uma operação, ou pelo menos regulá-la segundo um rendimento ótimo de velocidade; daí que essa regulamentação do tempo da ação que foi tão importante no exército e que devia sê-lo para toda a tecnologia  da atividade humana: o regulamento prussiano de 1743 previa 6 tempos para por a arma ao pé, 4 para estendê-la, 13 para colocá-la ao contrário sobre o ombro etc. Por outros meios, a escola mútua também foi disposta como um aparelho para intensificar a utilização do tempo; sua organização permitia desviar o caráter linear e sucessivo do ensino do mestre; regulava o contraponto de operações feitas, ao mesmo tempo, por diversos grupos de alunos sob a direção dos monitores e dos adjuntos, de maneira que cada instante que passava era povoado de atividades múltiplas, mas ordenadas; e por outro lado o ritmo disciplinar geralmente imposto por sinais, apitos, comandos impunha a todos normas temporais que deviam, ao mesmo tempo, poder acelerar o processo de aprendizagem e ensinar a rapidez como uma virtude.

Finalmente, estabelecer séries; prescrever a cada um, de acordo com seu nível, sua antiguidade, seu posto, os exercícios que lhe convêm; os exercícios comuns têm um papel diferenciador e cada diferença comporta exercícios específicos. Ao termo de cada série, começam outras, formam uma ramificação e se subdividem por sua vez. De maneira que cada indivíduo se encontra preso a uma série temporal, que define especificamente seu nível ou sua categoria. Esse é o tempo disciplinar que se impõe pouco a pouco à prática pedagógica – especializando o tempo de formação e destacando-o do tempo adulto, do tempo do ofício adquirido; organizando diversos estágios separados uns dos outros por provas graduadas; determinando programas, que devem se desenrolar cada um durante uma determinada fase, e que comportam exercícios de dificuldade; qualificando os indivíduos de acordo com a maneira como percorreram essas séries. O tempo “iniciático” da formação tradicional (tempo global, controlado só pelo mestre, sancionado por uma única prova) foi substituído pelo tempo disciplinar com suas séries múltiplas e progressivas. Forma-se toda uma pedagogia analítica, muito menos minuciosa (decompõe até aos mais simples elementos a matéria de ensino, hierarquiza no maior número possível de graus cada fase do progresso) e também muito precoce em sua história (antecipa largamente as análises genéticas dos ideólogos dos quais aparece como o modelo técnico). Demia, bem no começo do século XVIII, queria que o aprendizado da leitura fosse historicamente dividido em sete níveis: o primeiro para os que aprendem a conhecer as letras, o segundo para os que aprendem a soletrar, o terceiro para os que aprendem a juntar as sílabas, para formas palavras, o quarto para os que leem o latim por frase ou pontuação em pontuação, o quinto para os que começam a ler o francês, o sexto para os mais capazes na leitura, o sétimo para os que leem os manuscritos. Enfim, cada patamar na combinatória dos elementos deve inserir numa grande série temporal, que é ao mesmo tempo uma marcha naturalmente do espírito e um código que emerge historicamente para os processos educativos.

The Life List (2025), é um filme norte-americano de comédia romântica e drama.  Comédia romântica é um subgênero cinematográfico dos gêneros comédia e romance. O termo teve origem na Grécia Antiga: na democracia ateniense, a opinião pública dos eleitores era influenciada pela sátira política realizada por poetas cômicos nos teatros. O gênero teatral da comédia grega pode ser descrito como uma performance dramática que coloca dois grupos, idades, gêneros ou sociedades uns contra os outros em um divertido agon ou conflito. Northrop Frye (1812-1991) descreveu esses dois opostos como uma “Sociedade da Juventude” e uma “Sociedade dos Velhos”. Uma visão revisada caracteriza o agon essencial da comédia como uma luta entre um jovem relativamente impotente e as convenções sociais conservadoras que colocam obstáculos às suas esperanças. Nessa luta, o jovem fica então constrangido por sua falta de “autoridade social”, e não tem escolha a não ser recorrer a artimanhas que engendram a ironia dramática, que provoca o riso.  A sátira e a sátira política usam a comédia para retratar pessoas ou instituições sociais como ridículas ou corruptas, afastando o público do objeto de humor. A paródia subverte gêneros populares, criticando essas formas sem necessariamente condená-las. Herman Northrop Frye (1912-1991) foi um crítico literário canadense, havendo sido considerado um dos tipos sociais mais célebres do século XX. 

Frye ganhou visibilidade internacional com seu primeiro livro, Fearful Symmetry (1947), que sugere uma reinterpretação da obra poética de William Blake, um poeta, pintor e tipógrafo inglês. Em grande parte, não reconhecido durante sua vida, Blake é agora considerado uma figura seminal na história da poesia e das artes visuais da Era Romântica. Frye foi responsável pela elaboração da teoria dos arquétipos da literatura. Ao contrário de Carl Jung, Frye não se interessava pelo inconsciente coletivo, pois, como o inconsciente é incognoscível, não pode ser estudado. Como os arquétipos surgiram também não interessava a Frye, seu interesse é exclusivamente na função e o efeito dos arquétipos. Para Frye, os arquétipos literários "desempenham um papel essencial na remodelação do universo material em um universo verbal alternativo humanamente inteligível e viável, porque é adaptado às necessidades e preocupações humanas essenciais”. O crítico norte-americano, Harold Bloom, comentou na época da publicação de Anatomia da Crítica, um dos mais importantes trabalhos de teoria literária publicados no século XX, que esta obra estabeleceu Frye como o melhor acadêmico vivo de seus tempos da literatura ocidental

A trama segue Alex, que, após a morte da mãe, revisita seus “sonhos de infância” e “decide correr atrás de antigos objetivos”. No entanto, ela logo descobre que perseguir esses desejos de uma vida inteira a leva por uma jornada inesperada e transformadora. Adam Brooks nascido em 3 de setembro de 1956 é um diretor de cinema, roteirista e ator canadense. Ele é mais reconhecido por escrever e dirigir Definitely, Maybe (2008) e por escrever roteiros para French Kiss (1995), Wimbledon (2004) e Bridget Jones: The Edge of Reason (2004). Seu primeiro filme como roteirista e diretor, Almost You, ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Sundance em 1985. Adam Brooks serviu como membro do conselho do Writers Guild of America East e atua faz parte do conselho da Writers Guild of America East Foundation. E também e principalmente leciona cinema no âmbito de artes visuais na Escola de Pós-Graduação em Artes da Universidade de Columbia, reconhecida como Escola das Artes (School of the Arts - SoA), é uma escola profissional de pós-graduação tem como escopo artes visuais, cinema, teatro e escrita.

Ela oferece mestrados em Belas Artes (MFA) e Artes (MA) em áreas de conhecimento como cinema, artes visuais, teatro e escrita. A escola está localizada no bairro de Morningside Heights, em Nova Iorque, e é legitimada por sua abordagem imersiva e prática para o estudo das artes, além de sua forte conexão afetivamente com a cidade de Nova Iorque. A Escola de Artes da Universidade de Columbia é uma das principais instituições para o estudo de artes visuais e cênicas nos Estados Unidos. Ela foi fundada em 1965 e faz parte da estrutura da Universidade de Columbia, que oferece uma variedade de programas de pós-graduação em diversas áreas. A SoA se destaca por sua abordagem interdisciplinar e pela interação entre seus alunos e a cena artística de Nova Iorque. Brooks mora na cidade de Nova York. Elizabeth, mãe de Alex Rose, morre em decorrência de um câncer metastático. Em seu testamento, Alex é demitida do seu cargo na Rose Cosmetics, e sua cunhada assume como nova CEO. A casa da família permanecerá fora do mercado por um ano, podendo ser usada pelos herdeiros durante esse período. Todos, exceto Alex, recebem 20% das ações da empresa. Já a herança de Alex será revelada apenas após ela cumprir uma determinada série de tarefas. Sozinha, Alex assiste ao vídeo deixado por Elizabeth, onde sua mãe explica que o testamento só será revelado depois que ela cumprir uma lista de metas que escreveu aos 13 anos - uma forma aparente jurídica de evitar que Alex se acomode em uma vida por obrigação. 

O advogado responsável pela execução do testamento, Brad Ackerman, será o encarregado de verificar o cumprimento de cada tarefa e, a cada conquista, liberar um novo vídeo. Uma das primeiras missões envolve o teste do amor verdadeiro, com quatro critérios: 1) Alex deve abrir completamente o coração para a pessoa; 2) ela deve ser gentil; 3) inspirá-la a ser sua melhor versão; e 4) ela deve conseguir se imaginar tendo filhos com essa pessoa. Alex mostra a lista para seu namorado, Finn, que se empolga com a ideia de abrirem juntos uma empresa de jogos eletrônicos. Chocada com a visão dele para o futuro, ela decide terminar o relacionamento. Em seguida, Alex procura Brad e aceita oficialmente o desafio deixado por sua mãe. Em uma noite de microfone aberto em um clube de comédia, Alex lida com confiança com um cara provocando-a da plateia, após ela tê-lo rejeitado anteriormente. Sua próxima tarefa é sair da chamada “zona de conforto” diariamente por uma semana. Uma zona de conforto tem como representação um estado psicológico familiar onde as pessoas estão à vontade e (percebem que estão) no controle de seu ambiente, experimentando baixos níveis de ansiedade e estresse. Um diagrama de Venn da zona de conforto, fora da qual se encontra a zona de desempenho idealmente. Como parte disso, ela começa a dar aulas voluntárias para adolescentes em situação de “vulnerabilidade social”. Ao enfrentar dificuldades com um dos alunos, ela busca a ajuda de Garrett Taylor, o coordenador do abrigo, com quem já havia visto no metrô. Ele lhe dá conselhos sobre como lidar com o jovem.

Durante um jantar de reconciliação com seu pai distante, Sam, Alex acaba descobrindo acidentalmente que seu pai biológico é o músico Johnny Alvarez. Ela propõe aos irmãos que tentem encontrá-lo - ideia apoiada por Lucas, mas desencorajada por Julian, que teme um escândalo público. Alex então procura sua antiga professora de piano da infância para aprender “Clair de Lune”, mas descobre que precisará participar de um recital em grupo mais adiante. Ainda enfrentando dificuldades para se conectar com o aluno rebelde do abrigo, ela procura Garrett novamente. Como ele precisa comparecer a um evento beneficente, ela o acompanha. Lá, Brad também está presente com sua namorada, Nina, que está prestes a se mudar de volta para Nova York. Ao ver o ex-jogador de basquete Patrick Ewing no local, Alex o aborda com carisma e simpatia. Namorando Garrett, Alex consegue convencer Patrick Ewing a participar de outro evento beneficente, no qual jogam basquete juntos, completando mais itens da lista. Como as atividades do casal costumam girar em torno dos interesses de Garrett, Alex o convence a ir a um jantar com seus amigos barulhentos e extrovertidos. Depois da festa, eles discutem: Garrett se sentiu desconfortável e a acusa de estar apenas usando-o para concluir a lista e receber sua herança, saindo irritado. Sem ter como viajar para procurar seu pai, Alex pega carona com Brad e Nina até Vermont para fazer surpresa a Johnny.

Percebendo a “química” ocorrida entre Alex e Brad, Nina vai embora discretamente. Na apresentação, Johnny nota os olhares deles e se aproxima entre duas músicas. Eles conversam e combinam de se encontrar na manhã seguinte. Depois, Alex e Brad saem para beber e acabam fazendo sexo. Na manhã seguinte, Johnny não aparece. Decepcionada, mas não surpresa, Alex volta em silêncio com Brad. Ao chegar ao seu prédio, ela agradece pela companhia, e ele a beija. Sentindo-se ingênua por acreditar que reencontrar Johnny resolveria tudo, ela se culpa. Brad tenta confortá-la, mas ao ouvir Alex chamar a noite deles de "um erro", ele revela que terminou com Nina por causa dela. Chateada por não ter sido informada disso antes de dormirem juntos, Alex se afasta, ainda mais ao ver Garrett por perto. Brad insiste que ela não o ama, e ela, furiosa, vai embora. No reencontro com Garrett, apesar de ele admitir que sentiu sua falta, Alex destaca que os aspectos sociais dela que ele rejeitou naquela noite, por exemplo, sua espontaneidade e círculo de amizades, em verdade são partes essenciais de quem ela é.

Com isso, ambos reconhecem suas diferenças e decidem seguir em frente. Mais tarde, Lucas reúne os irmãos na casa da família, supostamente para discutir a venda do imóvel, mas os surpreende com um acampamento improvisado sob a lua cheia. Apesar da resistência inicial, Alex e Julian acabam ficando. Durante a noite, Alex conta sobre a viagem a Vermont, e os irmãos confessam terem sentido inveja da relação próxima que ela tinha com Elizabeth. Em um momento de união, ela compartilha com eles os vídeos deixados por sua mãe. Alex também se reconcilia, finalmente, com Sam. Em dezembro, ao visitar o escritório de advocacia, ela se surpreende ao não ver Brad e já espera não receber a herança, pois não completou toda a lista. Para sua surpresa, ela a escritura da casa. No vídeo final, Elizabeth a encoraja a continuar buscando o amor verdadeiro. Alex, emocionada, abraça a tela. Logo depois, Alex procura Brad e admite que, na última vez em que conversaram, sentiu-se sobrecarregada. Ela afirma que ele preenche todos os quatro critérios do teste do amor verdadeiro, e os dois se abraçam. Na festa de Ano Novo, realizada na casa, Julian agradece à mãe por tê-los ajudado a superar o ano.

Outras formas de comédia incluem a “comédia maluca”, que deriva seu humor em grande parte de situações ou personagens bizarros, surpreendentes (e improváveis), e a comédia obscura, caracterizada por uma forma de humor que inclui aspectos sociais mais sombrios do comportamento humano ou da chamada natureza humana. Da mesma forma, o humor escatológico, o humor sexual e o humor tipicamente racial criam comédia ao violar convenções sociais ou tabus de maneira cômica, o que muitas vezes pode ser considerado ofensivo pelos sujeitos da piada. Uma comédia de costumes normalmente toma como assunto uma parte específica da sociedade (geralmente a sociedade de classe alta) e usa o humor para parodiar ou satirizar o comportamento e os maneirismos de seus membros. A comédia romântica é um gênero popular que retrata o romance florescente em termos humorísticos e se concentra nas fraquezas daqueles que estão se apaixonando.

Foi escrito e dirigido por Adam Brooks e adaptado do romance homônimo de Lori Nelson Spielman, nascida em 30 de abril de 1961, em Lansing, Michigan, um dos estados mais industrializados do país. É o maior produtor de carros e caminhões dos Estados Unidos da América. A capital nacional da indústria automobilística está localizada na maior cidade do estado, Detroit. Além disso, Michigan é o segundo maior produtor de ferro dos Estados Unidos. Um dos cognomes mais reconhecidos do Michigan é The Great Lakes State (“O Estado dos Grandes Lagos”). De fato, o Michigan limita-se com quatro dos cinco Grandes Lagos. Seu litoral possui 5 292 km de extensão, e é um dos mais extensos de todo os Estados Unidos. Nenhuma parte do estado localiza-se a mais do que 137 km do litoral. O Michigan pode ser dividido em duas áreas distintas - a Península Superior e a Península Inferior, conectadas entre si apenas pela Ponte de Mackinac, uma ponte de 8 km de comprimento. Outro cognome do Michigan é The Wolverine State (“O Estado Glutão”). Durante os primórdios da colonização europeia na região, caçadores e comerciantes de peles caçaram e comercializaram com indígenas da região grandes quantidades de peles de glutão. Outro cognome menos conhecido de Michigan é Water Wonderland, por causa de seus vários lagos e rios. A do nome Michigan vem de uma palavra chippewa, michigama, que significa “grande lago”.

Etimologicamente chippewa é da família das línguas algonquinas e uma língua indígena da América do Norte. Trata-se de um dialeto dentro do continuum dialetal da língua ojíbua que inclui também as línguas otawwa, algonquina, oji-cree, a qual se relaciona com a língua potawatomi. É falada às margens Sul do Lago Superior em Michigan e no Sul de Ontário (conf. Densmore). Os seus falantes geralmente a chamam de Anishinaabemowin (língua dos Anishinaabe) ou de forma mais específica de Ojibwemowin (língua dos Ojibwa). Há muitas variantes da língua, algumas causadas por razões de etnia ou de localização geográfica. Sendo parte de um continuum de dialetos, a língua ainda não tem uma padronização, pois existe uma cadeia de variedades locais interconectadas, convencionalmente chamadas de dialetos. Há inclusive variáveis bem diferentes, cujos falantes de locais diferentes podem não conseguir possivelmente se entender. Os falantes das variantes meridionais são principalmente pessoas mais velhas, enquanto que ordinariamente há muitos dos que falam Chippewa também falam o inglês.

O Michigan foi colonizado primariamente pelos franceses. A colonização francesa da região foi limitada. A França “cedeu” o Michigan ao Reino Unido em 1764. Em 1783, após o fim da Guerra da Independência dos Estados Unidos, o Michigan passou a fazer parte dos Estados Unidos, tornando-se parte do Território do Noroeste em 1787, um território independente em 1805, e elevado à categoria de estado em 26 de janeiro de 1837, tornando-se o 26° estado norte-americano a entrar à União. Lori Nelson Spielman é uma autora norte-americana, mais reconhecida por seu best-seller intitulado: The Life List, publicado pela Bantam Books/Random House em julho de 2013 e traduzido para 27 idiomas em 30 países. Em dezembro de 2018, mais dois de seus livros foram publicados: Sweet Forgiveness (Plume, 2015) e Quote Me (temporário, 2018). Spielman nasceu em 1961, em Lansing, Michigan, a quarta filha de um casal católico da classe trabalhadora, Franc e Joan Nelson, e a primeira deles a frequentar a universidade. Após se formar (Bachelor of Arts (BA), Central Michigan University; Master of Arts (MA), Michigan State University), ela se tornou fonoaudióloga e, em seguida, professora domiciliar, ensinando portadores com doenças mentais ou físicas em suas casas ou no hospital. A profissão de sua primeira heroína de livro é isso: uma professora domiciliar.

Curiosamente Spielman começou a escrever somente após atingir 48 anos de idade. Foi em outubro de 2009 que ela começou o primeiro rascunho de seu primeiro livro The Life List, objeto de nossa interpretação; quatro anos depois, foi publicado. No meio da promoção do livro, ela foi diagnosticada com câncer de mama. Após duas cirurgias, ela foi informada de que estava livre do câncer. Em 2015, tendo escrito e publicado seu segundo romance, Sweet Forgiveness, ela se aposentou do ensino e se tornou uma escritora em tempo integral. Nelson Spielman mora em East Lansing com o marido, Bill Spielman. Ela não tem filhos. O filme é estrelado por Sofia Carson, Carson nasceu em Fort Lauderdale, Flórida, tem uma irmã mais nova chamada Paulina Daccarett Char, e é filha de José F. Daccarett e Laura Char Carson que haviam se mudado para a Colômbia. Através a relação de parentesco de sua mãe, Carson está relacionada com a família Char de Políticos Colombianos. Sofia é fluente em inglês, francês e espanhol. Ela frequentou a St. Hugh School e se formou na Carrollton School em Miami. Posteriormente, frequentou a UCLA, especializando-se em comunicação. Sofia é irmã-de-criação de Ella Anderson, pois a mãe de Sofia Carson era prima de quinto-grau do pai da Ella.

Com 3 anos de idade, Carson começou a fazer sua carreira de dança. Por 17 anos, ela treinou ballet, pointe, jazz, dança de teatro musical, hip hop, flamenco, moderna, contemporânea e sapateado. Em 2001, estrelou na sua primeira produção musical como Dorothy do “Mágico de Oz” no Teatro Riviera em Miami. Um ano depois, ela foi aceita na Universidade de Teatro Musical de Verão de Miami Intensiva, onde ela treinou dança e performance vocal, e realizando em vários musicais durante todo o verão. Ela já competiu em várias renomadas Competições de Dança Nacional: Star Power, Onstage, e Hall of Fame, onde ganhou prêmios de desempenho superior: First Place Award para o grupo e performance solo, Triple Threat Award, e Broadway Diva Award, para citar alguns. Kyle Hamilton Allen nascido em 10 de outubro de 1994 é um ator norte-americano reconhecido socialmente por seus papéis em The Path (2016–2018), American Horror Story: Apocalypse (2018), West Side Story (2021), The Map of Tiny Perfect Things (2021), The In Between (2022) e The Life List (2025). Natural de Livermore, Califórnia, Allen começou a treinar acrobacia e frequentou a Kirov Academy of Ballet em Washington, D. C., onde, ao assistir à apresentação de Taras Domitro em Romeu e Julieta no Kennedy Center, sentiu-se desencorajado a prosseguir com o balé.

Após a formatura, morou em Los Angeles, onde começou a trabalhar em comerciais e também como dublador em um videoclipe do Master P. Em julho de 2015, Allen foi “escalado” para um papel principal na série dramática do Hulu, The Path, coestrelada por Aaron Paul e Michelle Monaghan, aparecendo em todos os 36 episódios. Após o término da série em 2018, Allen apareceu em um papel recorrente em American Horror Story, e em 2019, ele foi “escalado” como Balkan, um dos Jets em West Side Story de Steven Spielberg, uma adaptação do musical da Broadway de mesmo nome. Em 2021, Allen foi “escalado” como Romeu em Rosaline, uma releitura moderna de Romeu e Julieta, coestrelado por Kaitlyn Dever e Isabela Merced, e em The Greatest Beer Run Ever, coestrelado por Zac Efron e Russell Crowe. Em 28 de janeiro de 2022, Allen foi “escalado” como He-Man no reboot do filme live-action da Netflix de Masters of the Universe, antes de ser cancelado. Em outubro de 2022, Allen foi anunciado para estrelar A Haunting in Venice, a terceira parcela das adaptações de Hercule Poirot de Kenneth Branagh. Ele terminou as filmagens do novo longa-metragem de Kathryn Bigelow, cineasta norte-americana que se tornou a primeira mulher a ganhar um Óscar de melhor direção por The Hurt Locker. Em 2025, Kyle Allen estrelou com Sofia Carson na mais nova comédia romântica da Netflix, The Life List.

Britton, nome artístico de Constance Elaine Womack Embaixador (a) da boa vontade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é o órgão da Organização das Nações Unidas que tem por mandato promover o desenvolvimento e erradicar a pobreza no mundo. Nascida em 6 de março de 1967 é uma atriz e cantora norte-americana, célebre pelas personagens Vivien Harmon na série de horror americana American Horror Story, pela qual recebeu uma indicação ao Prêmio Emmy para Melhor Atriz em Minissérie ou filme, e Rayna Jaymes na série musical de televisão Nashville, onde foi novamente foi indicada ao Emmy Awards, mas na categoria de Melhor Atriz em Série dramática e a um globo de ouro de melhor atriz em série dramática. Britton nasceu como Constance Womack, filha de Linda e Allen Womack. Quando ela tinha sete anos, mudou-se com seus pais e sua irmã gêmea fraterna, Cynthia, para Lynchburg, Virgínia, onde estudou na E.C. Glass High School. Britton passou a frequentar Dartmouth College, onde formou-se em estudos Asiáticos e viveu por um tempo em Pequim, China. Depois de se formar em 1989, Britton mudou-se para Nova Iorque, onde passou dois anos na Neighborhood Playhouse, estudando com Sanford Meisner e um adicional de dois anos atuando no teatro regional e produções da Broadway. Ela se mudou para Los Angeles após o sucesso de Os Irmãos Mcmullen (1995). Britton usa seu nome de casada como seu nome artístico, embora já tenha se divorciado de seu marido. Em 16 de novembro de 2011, Britton revelou que adotou um garotinho da Etiópia chamado Eyob, a quem ela chama de “Yoby”. Em seu tempo livre, Britton, que reside em Nova Iorque e Los Angeles, gosta de caminhadas, yoga, e ajudar em trabalhos voluntários.

Enquanto estudava na Neighborhood Playhouse, Britton (então Womack) fez sua estreia na peça de teatro Caroline Kava`s The Early Girl at The Courtyard Playhouse. Britton interpretou a prostituta Laurel, ao lado de Cooper Lawrence, que interpretou Joan. Britton quase foi expulsa do programa de Neighborhood Playhouse, pela imposição trabalhista que proibia que os estudantes trabalhassem durante o período de estudos. Britton teve um papel regular em Spin City, interpretando Nikki Faber de 1996 a 2000. Também teve um papel recorrente em 24 Horas durante a quinta temporada da série, interpretando Diane Huxley, dona-de-casa e namorada do protagonista Jack Bauer (Kiefer Sutherland). Ela coestrelou o thriller indie Colapso no Ártico em 2006. Britton estrelou na série de drama Tudo Pela Vitória e também o filme homônimo lançado em 2006, interpretando Abby Sellers, a esposa do treinador. Participou de alguns episódios de Nos Bastidores do Poder em 2009 e em 2010 no filme-remake A Hora do Pesadelo, interpretando a Dr. Gwendoline Holbrook. Em 2011, Britton interpretou Vivien Harmon, na série de horror American Horror Story da FX. Vivien recentemente mudou-se com sua família para a Califórnia após de uma série de trágicos problemas conjugais e familiares, para os Harmons, a nova casa que compraram revela ser assombrada.

Bibliografia Geral Consultada.

ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos. Trad. do grego, introdução e notas de Mário da Gama Kury. Brasília: Editora da UnB, 1985; GEERTZ, Clifford, Interpretación de las Culturas. Barcelona: Ediciones Gedisa, 1993; ELIAS, Norbert; SCOTSON, John, Os Estabelecidos e os Outsiders: Sociologia das Relações de Poder a Partir de Uma Pequena Comunidade. Rio de Janeiro: Editor Jorge Zahar, 2000; ABRÊU, João Azevêdo, A Questão Mente-corpo em “A Interpretação dos Sonhos” de Freud. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2003; GREENE, Brian, O Tecido do Cosmo. O Espaço, o Tempo e a Textura da Realidade. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2005; SCHOPENHAUER, Arthur, O Mundo Como Vontade e Como Representação. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2005; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editor Contraponto, 2008; GUEDES, Maria do Carmo; CAMPOS, Regina Helena de Freitas (Org.), História da Psicologia: Pesquisa, Formação, Ensino. Rio de Janeiro: Editor Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008; BORGES, Jóima Freitas, Os Senhores das Dunas e os Adventícios d`Além-Mar: Primeiros Contatos, Tentativas de Colonização e Autonomia Tremembé na Costa Leste-Oeste (Séculos XVI e XVII). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2010; CARVALHO, Marçal Luis Ribeiro, A Questão Punitiva na Pós-modernidade: Desafios Contemporâneos à Luz da Ética da Alteridade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010; FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 42ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; LELOUP, Jean-Yves, Une Danse Immobile. Paris: Éditions Du Relie, 2015; ROMANETTO, Matheus Capovilla, Clínica e Política: Bases Subjetivas da Transformação Social em Eric Fromm. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Departamento de Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2021; ROBSON, David, “Por Que Amigos Prolongam Nossas Vidas”. In: https://www.bbc.com/portuguese/01/08/2024; entre outros.          

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Aurora – Literatura, Filme Mudo & Indícios da Arte Cinematográfica.

A possibilidade de reprodução técnica transforma a relação das massas com a arte”. Walter Benjamin

A versatilidade e mobilidade do flâneur no interior da cidade dão a ele um sentimento de poder e a ilusão de estar isento de condicionamentos históricos e sociais. Por isso, ele parte para o mercado, imaginando que é só para dar uma olhada. As fantasmagorias da representação do espaço a que o flâneur se entrega, tentando conquistar a simbólica da rua, escondem a magia que transforma o pequeno burguês em proletário, o poeta em assalariado, o ser humano em mercadoria, como Charles Chaplin viria representar a figura de “um vagabundo, um cavalheiro, um poeta, um sonhador, um solitário que sempre tem ânsias de romances e aventuras” (cf. Chaplin, 1981: 233). Em 1839, o panorama de Daguerre é destruído por um incêndio quando ele anuncia a invenção do daguerrreótipo. Arago apresenta a fotografia num discurso da Câmara. Prenuncia seu lugar na história da técnica. Prevê suas aplicações científicas. Os artistas, ao contrário, começam a debater seu valor artístico. A fotografia provoca a ruína da grande corporação dos pintores miniaturistas. A razão técnica para tanto reside no longo tempo de exposição que exige a máxima concentração por parte do retratado. O significado desta torna-se tanto maior quanto mais questionável se considera o caráter subjetivo da informação pictórica e gráfica diante da nova realidade técnica e social.

É Walter Benjamin quem percebe que a maioria das “passagens de Paris” surge nos anos após 1822 como condição para seu aparecimento a conjuntura favorável do comércio têxtil. Os “magasins de nouveautés”, os primeiros estabelecimentos a manter grandes estoques de mercadorias, precursores das lojas de departamentos. As “passagens” são o centro das mercadorias de luxo. Durante muito tempo permanecerá uma atração para os forasteiros. A segunda condição para o surgimento das passagens advém dos primórdios das construções de ferro. O Império percebeu nesta técnica uma contribuição para renovar a arquitetura no espírito da Grécia antiga. O Império é o estilo do terrorismo revolucionário, para o qual o Estado é um fim em si. O conceito de “engenheiro”, que tem suas origens nas guerras da revolução, começa a se impor do ponto de vista da arte e da técnica e tem início as rivalidades entre o construtor e o decorador, entre a École Polvtechinique e a École des Beaux-Arts. Os panoramas que, segundo Benjamin, anunciam uma revolução nas relações da arte com a técnica são ao mesmo tempo expressão de um novo sentimento de vida. Nos panoramas, a cidade amplia-se, transformando-se em paisagem, como ela o fará mais tarde e de maneira mais sutil para o flâneur. Ele não existe não existe sem a multidão, mas não se confunde com ela. Perfeitamente à vontade no espaço público, caminha no meio da multidão “como se fosse uma personalidade”, desafiando a divisão do trabalho, negando a sua “porosidade” e a eficiência do especialista. Submetido ao ritmo de seu próprio devaneio, ele sobrepõe o ócio ao lazer e resiste ao tempo matematizado da indústria.  

A Sociologia e a Modernidade surgem na mesma época, na mesma idade. Talvez se possa dizer que a revolução popular de 1848 despertou o Mundo para algo novo, que não havia sido ainda plenamente percebido. A multidão aparecia no primeiro plano, no horizonte da história. E aparecia como multidão, massa, povo e classe. A revolução de 48 em Paris repercutiu em toda a França, na Europa e em muitas partes do mundo. Via-se que a multidão se tornava classe revolucionária em conjunturas críticas. A metamorfose pode ser brusca, inesperada, assustadora, fascinante. Em Paris de 1848 viviam, trabalhavam, produziam e lutavam Tocqueville, Proudhon, Comte, Marx, Blanqui e Baudelaire. Na capital do século XIX, quando se revelam os primeiros sinais de que a sociedade burguesa também é histórica, transitória, nesse momento nascem a Sociologia e a Modernidade. É daí que nasce o herói solitário e triste de Chaplin. Numa das mais avançadas expressões da Modernidade que é o cinema, surge o lumpen-proletariat olhando espantado para os outros, as coisas, o mundo. Carlitos é um herói trágico. Solitário e triste, vaga perdido no meio da cidade, um deserto povoado pela multidão. Farrapo coberto de farrapos. Fragmento de um todo no qual não se encontra; desencontra-se. Caminha perdido e só, no meio da estrada sem-fim. Parece ele e outros, muitos e outros, todos os que formam e conformam a multidão gerada pela sociedade moderna. Um momento excepcional da épica da Modernidade. Carlitos revela a poética da vida e do mundo a partir da visão paródica do lumpen que “olha a vida e o mundo a partir dos farrapos da extrema carência, de baixo-para-cima, de ponta-cabeça”.               

Mosaico é provavelmente uma palavra de origem grega, “obra das musas”, embora a técnica seja antiquíssima. É uma modalidade de arte decorativa milenar, que nos remete à Antiguidade greco-romana, quando teve seu apogeu. Na sua elaboração eram utilizados diversos tipos de materiais. Portanto, a técnica da arte musiva consiste na colocação de tesselas, que são pequenos fragmentos de pedras, como mármore e granito moldados com tagliolo e martellina, pedras semipreciosas, pastilhas de vidro, seixos e outros materiais disponíveis, sobre qualquer superfície. Na modernidade contemporânea, o mosaico ressurgiu, despertando grande interesse, inclusiva à teoria, sendo cada vez mais utilizado artisticamente na decoração de ambientes. No mundo islâmico, por exemplo, a arte do mosaico teve importante aplicação na ornamentação de edifícios e mesquitas. Outro tipo de mosaico, comparativamente, foi originário tipicamente de pequenas tesselas de madeira, usado para decoração de móveis, caixas e outros objetos. Eram também comercializados e utilizados pedaços de marfim e madrepérolas. No século XIX, só aparentemente caiu quase em abandono. Foram os estetas que reproduziram a produção em artes maiores: pinturas a óleo, afresco, têmpera e esculturas, e em artes menores: cerâmica, esmalte sobre metal, tapeçaria e o mosaico. 

Mas o brilho de suas tesselas não foi apagado pelo tempo, se compreendermos que seu sentido de pintura do eterno, esperavam novamente o gênio e a mão do homem, para continuar a policromia narração do sentir humano. Na América Central é que esta forma de decoração mais se difundiu, alcançando no México e no Peru, antes da destruição das velhas e milenares culturas no âmbito da colonização e das conquistas, suas mais perfeitas realizações. No período moderno, o mosaico, arte mural por excelência, conseguiu a metamorfose espetacular do trabalho de parede-cimento-pedra-cor e consegue harmonizar a arquitetura moderna. Para Walter Benjamin, todo texto se constitui a partir da absorção e transformação de outros textos, artísticos, históricos, estéticos, filosóficos e científicos, que se constrói como mosaico de citações. Como o mosaico é constituído da diversidade que constituem o todo, o texto também é formado de fragmentos, recortes, citações de outros textos que, por meio da técnica de montagem, certamente formam uma construção histórica, teórica explicativa. A Excursão a Tilsit é uma coletânea de contos ou novelas de 1917 do escritor Hermann Sudermann. Seu título é Litauische Geschichten, que significa “histórias lituanas”. 

O livro consiste em quatro histórias ambientadas na Lituânia rural em meados do século XIX. A área rural da Lituânia é caracterizada por uma agricultura diversificada, com a produção de carne, leite e culturas como linho, beterraba, batata e vegetais sendo predominantes. A maior parte do cultivo é mecanizada, mas a colheita de outono ainda requer bastante trabalho manual. A Lituânia é um pequeno exportador líquido de produtos alimentícios, e a maioria das fazendas é privada e de produção mista, combinando agricultura e pecuária. Oficialmente República da Lituânia (Lietuvos Respublika), é uma das três repúblicas bálticas. Limita ao Norte com a Letônia, ao Leste e ao Sul com a Bielorrússia, ao Sul com a Polônia, ao Sul e ao Oeste com o enclave russo de Kaliningrado e ao Oeste com o mar Báltico. Sua capital é a cidade de Vilnius, no Leste do país. Outras cidades importantes são Kaunas e Klaipėda.  O primeiro registo do nome Lituânia (em Lituano: Lietuva) aparece a 9 de março de 1009 na história de São Bruno, parte da Crônica de Quedlinburg. A Crônica recorda uma forma latinizada do nome Lietuva: Litua. Devido à falta de testemunhos confiáveis, o verdadeiro significado do nome é desconhecido, e ainda debatido por especialistas sobre o tema, mas existem algumas hipóteses plausíveis. Considerando que Lietuva tem um sufixo (-uva), a palavra original não tinha, e um bom candidato é Lietā. Visto que muitos etnônimos bálticos têm origem em hidrônimos, linguistas têm procurado a origem do nome entre os hidrônimos.

O pequeno rio Lietava é considerado como a origem do nome, pois passa pela cidade de Kernavė, que poderá ter sido a primeira capital do eventual Grão-Ducado da Lituânia e núcleo dos primeiros estados Lituanos. No entanto, devido ao pequeno tamanho do rio, muitos pensam que é improvável que algo tão diminutivo tenha dado o nome a toda uma nação, embora não fosse sem precedentes na história do mundo. Outra hipótese é a possibilidade proposta de que Lietuva advém da palavra usada para designar uma casta de guerreiros que surgiu na Lituânia no século XIII. Esta palavra foi mais tarde usada como um etnônimo para os Lituanos, e ainda é parcialmente usada dessa forma em Letão, uma língua fortemente relacionada com Lituano. Mencionada pela primeira vez a 14 de fevereiro de 1009, a Lituânia cresceu até se tornar uma nação relevante na Idade Média. Considera-se que a data de constituição do estado é a da coroação oficial do rei Mindaugas, a 6 de julho de 1253 em Voruta (atualmente Vilnius), que uniu os duques lituanos rivais numa nação e Estado. Em 1241, 1259, 1275 e 1277 o reino foi alvo de reis mongóis vindos da Horda de Ouro, era o apanágio europeu do Império Mongol (1206-1368). Iniciado efetivamente por Batu Khan em 1227, o território que depois se tornaria a Horda Dourada veio a englobar partes da Ásia Central, boa parte da Rússia e outras partes do Leste Europeu. Convertendo-se mais tarde ao Islã, a Horda Dourada mesclaria aspectos de culturas oriundas da Europa, da Ásia e do Oriente Médio ao governar a Rússia por dois séculos. No seu apogeu, as incursões mongóis da Horda Dourada se estenderam do Cáucaso à Hungria e Constantinopla, inspirando o medo, do mundo conhecido, dos temíveis cavaleiros mongóis ou, como eram conhecidos, tártaros. 

Em 1385 uniu-se à Polônia em união pessoal quando o rei lituano Jogaila (Jagiello, em polaco) foi coroado rei da Polônia. Em 1569, a Polônia e a Lituânia formaram a Comunidade Polaco-Lituana. Com a união com a Polônia, a Lituânia transformou-se num reino independente e multiétnico que na sua máxima extensão, no século XV, ocupou a maior parte da Europa de Leste desde o mar Báltico até ao mar Negro. Essa união manteve-se até às partições territoriais da Polônia em 1795, quando a própria Lituânia foi anexada pelo Império Russo. A Lituânia restabeleceu a sua independência a 16 de fevereiro de 1918. Em seguida, envolveu-se em disputas territoriais ocupados pelos polacos e com a Alemanha (acerca de Klaipėda), a Polônia (acerca da capital, Vilnius, e da Lituânia Oriental). Foi anexada pela União Soviética em 1940 durante a Segunda Guerra Mundial graças a um pacto secreto germano-soviético assinado pelos ministros dos negócios estrangeiros dos dois países, Ribbentrop e Molotov (Pacto Molotov-Ribbentrop). O período socialista finda depois da glasnost e a Lituânia, liderada pelo movimento pela Independência Sajūdis, anticomunista e antissoviético, proclamou a Independência a 11 de março de 1990. 

Foi a primeira República soviética a fazê-lo, embora as forças soviéticas tivessem sem sucesso tentado suprimir a revolta independentista até agosto de 1991, o que iria levar ao desmembramento da própria União Soviética. As últimas tropas russas saíram do país a 31 de agosto de 1993, antes mesmo que da Alemanha Oriental. A 4 de fevereiro de 1991, a Islândia tornou-se o primeiro país a reconhecer a Independência da Lituânia e a Suécia foi o primeiro país a abrir uma embaixada. Os Estados Unidos da América e vários outros países ocidentais, socialmente, nunca reconheceram as reivindicações da União Soviética sobre a Lituânia admitida nas Nações Unidas a 16 de setembro de 1991. A 31 de maio de 2001, o país tornou-se o 141º membro da Organização Mundial do Comércio (OMC). Desde 1988, a Lituânia tem procurado estreitar os laços com o ocidente e a 4 de janeiro de 1994 tornou-se o primeiro estado báltico a pedir a entrada na OTAN, sendo convidada a iniciar as negociações a 21 de novembro de 2002 e tornando-se membro de pleno direito a 29 de março de 2004. Em 1° de fevereiro de 1998, o país tornou-se Membro Associado da União Europeia, a 16 de abril de 2003 assinou o Tratado de Adesão à UE, a 11 de maio de 2003 91% dos eleitores aprovaram em referendo a adesão à União e a 1° de maio de 2004 como membro da UE, regressando ao objetivo proclamado em 1254 pelo rei Mindaugas de se tornar parte do ocidente e da Europa.  Foi publicado em inglês em 1930, traduzido por Lewis Galantière. Várias histórias do livro foram adaptadas para o cinema. A mais famosa delas diz respeito ao filme Sunrise: A Song of Two Humans, de F. W. Murnau, de 1927, que é vagamente baseado na história que dá título ao livro.

Aurora (Sunrise - A Song of Two Humans) é um filme mudo de 1927, o primeiro dirigido por F. W. Murnau em Hollywood, símbolo épico do show business, Hollywood atrai turistas com pontos de referência como o TCL Chinese Theatre e a Calçada da Fama, repleta de estrelas. Os destaques incluem os estúdios da Paramount Pictures, espaços históricos da música como o Hollywood Bowl e o Dolby Theatre, que abriga a premiação do Oscar. Os fãs podem escolher entre clubes com apresentações de comédias e improvisações, bares retrô descolados e casas noturnas privadas. Os moradores originalmente locais frequentam os restaurantes em Thai Town, nas proximidades. Seu roteiro foi adaptado a partir do conto Viagem a Tilsit, do escritor alemão Herrman Suderman (1857-1828), embora nele possam ser encontrados vários elementos do romance Uma história Americana, de Theodore Dreiser (1871-1945), lançado dois anos antes e o posterior sucesso comercial literário na história dos Estados Unidos da América. um dos mais importantes realizadores do cinema mudo, do cinema expressionista alemão e do movimento Kammerspiel (do alemão, “teatro de câmara”) consiste em um movimento do cinema alemão que ocorreu na década de 1920.  Historicamente um filme mudo é um artefato cinematográfico que não possui a trilha sonora de acompanhamento, mas que corresponde do ponto de vista técnico-metodológico diretamente às imagens exibidas, sendo esta aparente lacuna substituída normalmente de forma complementar por músicas, orquestras automáticas ou alguns instrumentos rudimentares com efeitos sonoros executados no momento da exibição. 

Nos filmes mudos para o entretenimento, o diálogo é transmitido através de gestos suaves, mímica e letreiros explicativos. A ideia de combinar filmes com sons gravados é quase tão antiga quanto o próprio cinema, mas antes do fim dos anos 1920, os filmes eram mudos em sua maior parte, devido à inexistência de tecnologia para tornar isso possível. Os anos anteriores à chegada do som ao cinema são reconhecidos como “era muda” ou “era silenciosa” entre os estudiosos de cinema e historiadores. Considera-se que a arte cinematográfica atingiu a maturidade plena antes da substituição dos filmes mudos por “filmes sonoros” e alguns cinéfilos defendem, talvez com razão, que a qualidade dos filmes baixou durante alguns anos, até que a introdução do novo meio de trabalho sonoro estivesse totalmente adaptado ao imprinting do cinema. A qualidade visual e comunicativa dos filmes mudos, especialmente aqueles produzidos na década de 1920, foi surpreendentemente muitas vezes vista como alta. No entanto, há um equívoco extensamente divulgado sobre esses filmes, quando comparativamente, no âmbito da modernidade, serem “primitivos e mal assistíveis para os padrões modernos”. Este equívoco resulta de filmes mudos sendo reproduzidos na “velocidade errada e em estado deteriorado”. Muitos desses filmes do ponto de vista da memória só existem apenas em “cópias de segunda ou terceira geração, muitas vezes copiadas do estoque de filmes já danificado e negligenciado”.

            O filme mudo necessitava ênfase maior na expressão corporal e facial, para que a audiência compreendesse melhor a representação. Pode-se considerar estranho o “overacting” ou super-representação dos atores, o que pode ter contribuído para que as comédias mudas se tornassem mais populares do que os dramas, haja vista o exagero representativo ser mais próprio a uma comédia. Mesmo assim, há maior ou menor sutileza de representação, dependendo da habilidade do diretor e dos atores na participação dos do filme. O “overacting” era, muitas vezes, decorrente da atuação teatral, e alguns diretores preferiam, talvez por receio de ousar, manter a tradicional forma de representar. Mediante os exageros, muitos filmes silenciosos mediante as plateias podem parecer simplistas demais ou próprios da cultura camp. Entertanto, é uma gíria para comportamento social, atitude ou interpretação exagerada, artificial ou teatral; ou ainda um adjetivo que significa algo de mau gosto, muito artificial, exagerado. Também pode ser interpretado como sinônimo de exagero, ou como uma “afetação a uma estética especial que ironiza ou ridiculariza o que é dominante”, como disse Susan Sontag em seu artigo clássico de 1964. O surgimento da palavra Camp em seu novo significado data-se em torno de 1909. Na época, começou a ser utilizada por homens gays que lutavam contra os meios “hétero normativos” em que viviam, isso é, situações nas quais orientações sexuais diferentes da heterossexual são marginalizadas, ignoradas ou perseguidas por práticas sociais, crenças ou políticas. Era comum usarem palavras já conhecidas, porém com significados diferentes, como forma de código, para mascarar sua homossexualidade nesses espaços. Assim, “camp” que antes significava apenas “acampar”, conforme são reconhecidos militarmente ganhou um novo significado, como forma de expressarem sua homoafetividade. O camp, nesse sentido, foi derivado do francês: “se camper”, que significa “posar de forma exagerada”.

O camp decola ao final do século XVII e início do XVIII, surgindo por causa da imensa sensibilidade daquela época ao exagerado, à aparência, ao seu gosto pelo novo e pelo excitante. Em 1954, o termo foi apresentado pelo escritor Christopher Isherwood no romance The World in the Evening (O Mundo ao Entardecer) e dez anos depois analisado com profundidade por Susan Sontag, que fala: “camp é um certo tipo de esteticismo. É uma maneira de ver o mundo como um fenômeno estético. Essa maneira não se refere à beleza, mas ao grau de artifício, de estilização”. Seu artigo ficou conhecido na área acadêmica como a primeira tentativa de se compreender uma espécie de sensibilidade estética que se tornou “um elemento definidor, sem ser totalizador, da identidade homossexual”. A partir da metade da década de 1970, entretanto, a definição também passou a incorporar em seu significado o tom da banalidade, artificialidade, mediocridade e ostentação. A escritora estadunidense enfatizou os elementos-chave da cultura camp como sendo a artificialidade, a frivolidade, a pretensão ingênua da classe média e os excessos provocados pelo choque. A estética camp é popular desde a década de 1960 até o século XXI e seu auge nas décadas de 1970, 1980 e início dos anos 1990.

O estilo de atuação melodramática era, em alguns casos, transferido de experiências anteriores de uns atores para outros, de forma que havia uma persistente presença de atores de palco no filme, ao que consta uma explosão do diretor Marshall Neilan, em 1917. Em outros casos, diretores tais como John Griffith Wray (1881-1929) pediam aos seus atores expressões maiores para dar ênfase. Porém, já em 1914 os espectadores americanos tinham começado a demonstrar a sua preferência pela maior naturalidade na tela. O alcance da imagem e a intimidade sem precedentes do ator com o público começou a afetar o estilo de agir, trazendo maior sutileza da expressão. Atrizes como Mary Pickford, em todos os seus filmes, Eleonora Duse no filme italiano “Cenere” (1916), Janet Gaynor em “Sunrise: A Song of Two Humans”, Priscilla Dean em “Outside the Law” (1920) e “White Tiger”, Lillian Gish e Greta Garbo na maioria de suas atuações, transformam um naturalismo fácil em uma virtude de qualidade da atuação. Diretores como Albert Capellani (1874-1931) francês que também trabalhou nos Estados Unidos dirigindo Alla Nazimova e Maurice Tourneur (1876-1961) insistiram no naturalismo em seus filmes. Em meados da década de 1920, muitos filmes mudos americanos adotaram um estilo mais naturalista de agir, embora nem todos os atores e diretores tenham aceitado; até 1927, filmes com estilos de atuação expressionista, como “Metropolis” (1827), estavam sendo lançados. Mediante a desculpa de que alguns espectadores gostavam da atuação extravagante, vários países foram tardios em abraçar o estilo natural em seus filmes. Apenas atualmente, o sucesso de filmes depende da configuração, do humor, do script, das habilidades do diretor e do talento global do elenco.

É característico deste movimento o pouco uso de diálogos tendo seu objetivo principal a personalidade dos personagens. Dentre os diretores que fizeram parte deste movimento, destacam-se o Friedrich Wilhelm Murnau, Carl Mayer e o Georg Wilhelm Pabst. Antes de ser cineasta, Murnau estudou filosofia, literatura, música, e história das Artes nas universidades de Heidelberg e Berlim. Frequentou a escola de arte dramática de Max Reinhhardt, que exerceu grande influência em seu estilo cinematográfico. Iniciou a carreira no cinema em 1919. Em 1920, realizou uma versão do O Médico e o Monstro de Robert L. Stevenson, (Der Januskopf). Em 1922, filmou Nosferatu, um dos clássicos do expressionismo no cinema. Em 1924, realizou o filme “O último Homem” e Fausto, baseado na obra do escritor Johann Wolfgang Goethe, em 1926. A obra-prima de Murnau foi o filme Aurora, em 1927, considerado um dos pontos altos do cinema ocidental. Friedrich Wilhelm Plumpe nasceu em Bielefeld, província de Vestfália, em 28 de dezembro de 1889, e depois foi viver em Kassel a partir dos sete anos. Ele tinha dois irmãos, Bernhard e Robert, e duas irmãs, Ida e Anna, se refere ao filme polonês “Ida”, dirigido por Pawel Pawlikowski, em que a personagem Anna (Agata Trzebuchowska), uma noviça, descobre ser, na verdade, Ida, uma judia polonesa, e embarca numa jornada para descobrir mais sobre o seu passado e o da sua família. A Mãe, Otilie Volbracht, foi a segunda esposa de seu pai Heinrich Plumpe, proprietário de uma fábrica de roupas na parte Noroeste da Alemanha. Sua casa muitas vezes se transformou em um palco teatral para pequenas peças dirigidas por ele, que leu livros de Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche, William Shakespeare e peças de Ibsen quando tinha 12 anos.

Ele tomou o nome de “Murnau” de Murnau am Staffelsee, cidade da Baviera, a cerca de 70 km ao Sul de Munique. Abertamente homossexual, Murnau nunca se casou, dedicando-se somente aos filmes. Estudou Filologia e, posteriormente, História da Arte e Literatura nas universidades de Heidelberg e Berlim. Em 1910, o diretor Max Reinhardt compreendeu no seu desempenho de estudante um talento promissor e decidiu convidá-lo para a sua escola de atores. Ele logo se tornou amigo de Franz Marc (1880-1916), pintor e uma das figuras femininas mais importantes do movimento expressionista alemão, Else Lasker-Schüler (1869-1945), poetisa de origem judia afiliada ao movimento expressionista e Hans Ehrenbaum-Degele (1889-1915) um escritor alemão. Ele nasceu em Berlim, Alemanha, filho de um rico banqueiro judeu. Era o parceiro de Friedrich Wilhelm Murnau e músico e escreveu mais de 100 peças diversas, falecido no front russo durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Durante a Guerra, Murnau serviu como comandante de uma companhia na frente oriental e juntou-se à força aérea alemã no Norte da França anos depois. Ele sobreviveu a oito acidentes sem ferimentos graves, permanecendo na Suíça até o fim da guerra, quando retornou à Alemanha.

         De volta ao seu país de origem, Murnau estabeleceu seu próprio estúdio com o ator Conrad Veidt, e seu primeiro filme foi “O Garoto Vestido de Azul” (Der Knabe in Blau), um drama com cerca de uma hora de duração inspirado em uma pintura famosa de Thomas Gainsborough (1727-1788), lançado em 1919. O filme seguinte, “Satanás”, foi produzido por Robert Wiene (1873-1938), baseado em roteiro de sua autoria, mas também considerado perdido – somente se reconhece um fragmento do filme, de propriedade da Cinémathèque Française. Financiada em grande parte pelo Estado, a Cinémathèque Française dedica-se arqueologicamente à preservação, restauração e a divulgação do patrimônio cinematográfico. Com mais de 40 mil filmes e milhares de documentos e objetos relacionados ao cinema, ela constitui uma das maiores bases de dados técnicos e estatísticos globais sobre a sétima arte. No mesmo ano, Murnau lançou seu terceiro filme, Der Bucklige und  Die Tänzerin, com roteiro de Carl Mayer, considerado perdido, e “Der Janus-Kopf” (The Head of Janus), estrelado por Conrad Veidt e Bela Lugosi, no qual Murnau explorou o tema da dupla personalidade, inspirando-se em “The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson (1850-1954). O filme, uma versão “não-autorizada” da obra de Stevenson, mas escapou aos “olhos da mídia”, no ano em que a Paramount Pictures filmou uma versão do romance Dr. Jekyll and Mr. Hyde, estrelada por John Barrymore (1882-1942). Produzido por Erich Pommer (1889-1966), este também é considerado filmes perdidos de Murnau. O roteiro foi escrito por Hans Janowitz (1890-1954), que colaborou com Carl Meyer (1851-1922) no roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari”, de 1919.

            Se tomarmos como analogia a reflexão realizada por Foucault, para identificar as condições e possibilidades nas “formações discursivas” entre arqueologia e história das ideias, pode-se agora inverter o procedimento; pode-se descer no sentido da corrente e, uma vez percorrido o domínio das formações discursivas e dos enunciados, uma vez esboçada sua teoria geral, correr para os domínios possíveis de sua aplicação. Recorrer sobre a utilidade dessa análise que ele batizou de “arqueologia” recoloca o problema da escansão do discurso segundo grandes unidades que não eram as das obras, dos autores, dos livros ou dos temas. Metodologicamente importante para o que nos interessa, na medida em que o Autor, com o único fim de estabelecê-las trabalhou com algumas séries de noções: formações discursivas, positividade, arquivo, definindo um domínio (os enunciados, o campo enunciativo, as práticas discursivas), tentando fazer surgir a singularidade de um método que não seria nem formalizado, nem interpretativo, “pois já existem muitos métodos capazes de descrever e analisar a linguagem, para que não seja presunção querer acrescentar-lhes outro”. Entre “análise arqueológica” e “história das ideias”, os pontos de separação são numerosos para Foucault, mas simplificadamente apresentam quatro distinções: 1ª) A arqueologia busca definir não os pensamentos, as representações, as imagens, os temas, as obsessões que se ocultam ou se manifestam nos discursos; mas os próprios discursos, enquanto práticas que obedecem a regras. 

        Ela não trata o discurso como um documento, mas onde se mantém a parte, a profundidade do essencial; ela se dirige ao discurso em seu volume próprio, na qualidade de monumento. Não busca um “outro discurso” mais oculto. Recusa-se a ser “alegórica”; 2ª) A arqueologia não procura encontrar a transição contínua e insensível que liga, em declive os discursos ao que os precede, envolve ou segue. O problema dela é, pelo contrário, definir os discursos em sua especificidade; mostrando em que sentido o jogo das regras que utilizam é irredutível a qualquer outro; segui-los ao longo de suas arestas exteriores para melhor salientá-los. Ela não vai, afirma, em progressão lenta, do campo do confuso da opinião à singularidade do sistema ou à estabilidade definitiva da ciência; não é uma “doxologia”, mas uma análise diferencial das modalidades de discurso; 3ª) A arqueologia não é ordenada pela figura soberana da obra; não busca compreender o momento em que esta se destacou no horizonte anônimo. Não quer reencontrar o ponto enigmático em que o individual e o social se invertem um no outro. Ela não é nem psicologia, nem sociologia, nem, num sentido mais geral, “antropologia da criação”. A obra não é para ele um recorte pertinente, mesmo se se tratasse de recolocá-la em seu contexto mais global ou na rede das causalidades que a sustentam. Ela define tipos e regras de práticas discursivas que atravessam obras individuais, às vezes as comandam inteira e as dominam sem que nada lhes escape; mas às vezes, só lhes rege uma parte.

A instância do sujeito criador, enquanto razão de ser de uma obra e princípio de sua unidade lhe é estranha. A arqueologia não procura reconstituir o que pôde ser pensado, desejado, visado, experimentado, almejado pelos homens no próprio instante em que proferiam o discurso; ela não se propõe a recolher esse núcleo fugidio onde autor e obra trocam de identidade; onde o pensamento permanece ainda o mais próximo de si, na forma ainda não alterada do mesmo, e onde a linguagem não se desenvolveu ainda na dispersão espacial e sucessiva do discurso. Não tenta repetir o que foi dito, reencontrando-o em sua própria identidade. Não se pretende apagar na modéstia ambígua de uma leitura que deixaria voltar, em sua pureza, a luz longínqua, precária, quase extinta da origem. Não é nada além e diferente de uma reescrita; isto é, na forma mantida da exterioridade, uma transformação regulada do que já foi escrito. Não é o retorno ao próprio segredo da origem; é a descrição sistemática de um discurso-objeto. O primeiro filme de Murnau foi Nosferatu (1922), que incorpora inovações técnicas e efeitos especiais, como a “imagem em negativo de árvores brancas sobre o céu negro e rompe com os modelos cenográficos” no estilo d “O Gabinete do Dr. Caligari”, outra obra marcante do expressionismo. F. W. Murnau prefere filmar toda ação em cenários naturais, nesta adaptação não oficial do “Dracula” de Bram Stoker (1847-1912), com a viúva do autor chegando inclusive a processar judicialmente Murnau e a justiça exigindo a destruição dos negativos. Murnau conseguiu salvar algumas cópias, e por isso o filme sobreviveu do ponto de vista da memória da arte. A origem do título consta do romance de Stoker, onde é usada pelos romenos para se referirem ao Conde Drácula e, presumivelmente, aos não-mortos.

Nosferatu é um filme que permanece admirável, talvez o mais belo do expressionismo alemão, com seu castelo assombrado, o porto onde desembarca o navio infestado de ratos, a cidadezinha de Wisborg e o próprio Conde Orlock, um personagem fictício que apareceu pela primeira vez no filme mudo Nosferatu, dirigido por F. W. Murnau, interpretado por Max Schreck (1879-1836) “com seu crânio careca e seus dentes salientes”. Tão importante quanto Nosferatu na filmografia de Murnau, e com roteiro de Carl Meyer (1894-1944), é “A Última Gargalhada” (Der letzte Mann, de 1924), que firmou a reputação de Murnau como um grande e talentoso cineasta.  Os movimentos da câmera, que acompanha a ação e contribui para transmitir o estado psicológico dos personagens, tiveram grande impacto social no mundo extraordinário do cinema. Murnau surpreende ao filmar a história a partir de uma vista subjetiva e antecipou o movimento reconhecido como Kammerspielfilm – um tipo social de filmagem que oferecia uma visão intimista na vida dos personagens, geralmente representantes das classes trabalhadoras, expressivo com poucos diálogos, movimentos de câmera mais complexos, iluminação sofisticada e cenários mais realistas. O termo se origina de um teatro, o Kammerspiele, inaugurado em 1906 por Max Reinhardt, foi produtor e diretor de teatro austríaco que se tornou famoso por suas grandes produções. Nasceu em Baden, perto de Viena numa família judia. Seu nome de nascimento era Maximilian Goldmann. Fez experiências com diversas formas de arte e estilos teatrais. Na montagem da pantomima religiosa O Milagre, reformou o interior de um teatro a fim de dar a impressão de catedral. Ele é famoso pela produção de “O Milagre” (Das Mirakel), uma peça de pantomima extraordinariamente sem diálogos, que envolveu mais de 2.000 pessoas e foi um sucesso comercialmente de bilheteria. Encenou também Sonho de uma noite de verão (1590) de William Shakespeare, e mais tarde fez um filme baseado na peça.

Convidado por William Fox para trabalhar em Hollywood, Murnau partiu para os Estados Unidos da América em 1926. No ano seguinte, realizou para os estúdios Fox aquela que é considerada por muitos sua obra-prima: Aurora (Sunrise, 1927), novamente com roteiro de Carl Mayer, baseado na novela “Die Reise Nach Tilsit” do romancista Herman Sudermann, e cenários de Rochus Gliese. Embora o filme não tenha sido um sucesso de bilheteria, last but not least, recebeu três prêmios na primeira cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências de Hollywood, em 1927: melhor atriz (Janet Gaynor), melhor fotografia (Charles Rosher e Karl Struss) e melhor qualidade artística. Além da bela fotografia que faz um excelente jogo de luzes e sombras, e recursos revolucionários (travellings, fusões, contrastes e enquadramentos criativos) a força expressiva do filme se mantém no drama vigoroso e atual. Numa pesquisa realizada entre críticos para este mesmo instituto, Aurora foi considerado o sétimo maior filme da história do cinema, ao lado de O Encouraçado Potemkin, do cineasta soviético Sergei Eisenstein. Tido como genioso e de temperamento difícil, ele também logo entraria em conflito com os chefes do estúdio. Apesar dos problemas internos e de relacionamento, Murnau ainda fez mais dois filmes para a Fox. O primeiro, “Os Quatro Demônios” (Four Devils, de 1928), é baseado no livro De Fire Djævle, do escritor dinamarquês Herman Bang (1857-1912), estrelado por Janet Gaynor e considerado outro de seus filmes perdidos – embora biógrafos de Murnau afirmem que uma cópia dos negativos ainda se encontra nos arquivos da Fox Film Corporation. O final do filme teve quatro diferentes versões, uma delas escolhida à revelia de Murnau, já tinha abandonado a Fox na desastrosa pré-estreia do filme, relançado no ano seguinte em versão semissonora

O último filme de Murnau para a Fox, City Girl, de 1930, baseado na peça The Mud Turtle, de Elliott Lester, deveria chamar-se “Our Daily Bread”, conforme a vontade do cineasta, mas o estúdio recusou. Murnau ficou ainda mais irritado quando o estúdio decidiu refazer partes do filme acrescentando exatamente som e diálogos. Afirmando que não queria nada com “talkies”, Murnau abandonou o filme, obrigando o estúdio a contratar um assistente de direção para terminá-lo. Por ironia, a versão sonora acabou se perdendo. Insatisfeito com Hollywood, Murnau traçou planos de ir para a Oceania, a fim de produzir um “filme independente” sobre as ilhas dos mares do Sul. Ficou sabendo que o diretor estadunidense Robert Flaherty (1884-1951) também havia se decepcionado com os grandes estúdios de cinema dos Estados Unidos e o convidou para participar do projeto. Murnau, um perfeccionista técnico e dotado de recursos financeiros para produzir o filme, precisava de alguém familiarizado sociologicamente com os costumes locais como Flaherty, que já havia morado em Samoa para as filmagens de Moana. Fundaram então a Flaherty-Murnau Production. Inicialmente, Flaherty escreveu um roteiro intitulado Turia, uma docuficção sobre o romance entre uma nativa e um coletador de pérolas. Os escritos iniciais tiveram de ser alterados para evitar processos decorrentes da rescisão de contrato com a Colorat, empresa que iria patrocinar o filme.

As alterações foram feitas por Murnau, que mudou o nome do roteiro para Tabu e nele introduziu, de maneira bem trabalhada, valores ocidentais na tragédia da cultura polinésia, resultando num drama universal em um lugar exótico e distante. Flaherty iniciou as filmagens com as sequências de pescaria e quedas d’água, quando sua câmera Akeley apresentou problemas tecnológicos. Floyd Crosby, cinematografista que já havia trabalhado com Flaherty no Novo México, acabou sendo chamado. Crosby assumiu daí por diante as filmagens e a direção de fotografia enquanto Murnau se tornou o único responsável pela direção, restando a Flaherty fazer os arranjos com os nativos e supervisionar a revelação dos filmes. A première de Tabu ocorreu no Central Park Theatre, Nova Iorque, no dia 18 de março de 1931, uma semana após o falecimento de F. W. Murnau. O filme foi selecionado, em 1994, para preservação na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América com a classificação de “significância cultural, histórica e estética”. Murnau morreu em 11 de março de 1931 em um acidente automobilístico em Santa Bárbara. O carro era dirigido por “um jovem empregado filipino de 14 anos”. Quando os restos mortais de Murnau chegaram ao cemitério de Stanhsdorf, mas apenas um pequeno grupo de pessoas presenciou a cerimônia, entre eles Fritz Lang, o diretor de Metrópolis, Robert J. Flaherty, Emil Jannings e Greta Garbo. Está localizado ao Sudoeste de Berlim, entretanto, fora dos limites desta cidade, em área da comunidade brandem burguesa de Stahnsdorf, com área total de aproximadamente 206 hectares um dos maiores cemitérios da Europa bem como depois do Cemitério de Ohlsdorf em Hamburgo o segundo maior cemitério da Alemanha.

Bibliografia Geral Consultada.

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