“Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor”. William Shakespeare
A filantropia designa, em geral, o amor à espécie humana e a tudo o que diz respeito à humanidade, expresso na ajuda altruísta ao próximo. A palavra vem do grego φίλος (amor) e άνθρωπος (homem), e significa “amor à humanidade”. O seu antônimo é a misantropia. Os donativos a organizações humanitárias, pessoas, comunidades, ou o trabalho para ajudar os demais, direta ou indiretamente através de “organizações não governamentais sem fins lucrativos”, assim como o chamado “trabalho voluntário” para apoiar instituições que têm o propósito específico de ajudar os seres vivos humanos e melhorar as suas vidas, são considerados atos filantrópicos. O trabalho voluntário (cf. Wilson, 2000; Georgeou, 2012) ou voluntariado, é ato de fato o desenvolvimento de trabalho voluntário individual ou por um grupo de indivíduos que “doam livremente” seu tempo e trabalho social para o serviço comunitário. Muitos são treinados especificamente nas áreas em que sabem e trabalham, comumente na medicina, educação ou resgate de emergência, e necessidade em resposta a um “desastre natural”.
Instituições de ensino filantrópicas são mantidas por entidades sem fins lucrativos, que desempenha atividades, paralelas ou em conjunto com o Estado, sem remuneração, diferente das instituídas com fins lucrativos que são mantidas por uma ou mais pessoas físicas e/ou jurídicas de direito privado, que se constituem em entidades comerciais, sendo esta missão maior, não sendo obrigadas a fazer atividades de cunho beneficente, embora, se quiserem, possam lhes desempenhar. Um playboy é uma representação jornalística de “estilo de vida” ou estereótipo, associado a homens jovens, solteiros, com intensa vida social e relações com mulheres. No Brasil, o termo adquiriu um sentido pejorativo, degradante, para designar homens bem-nascidos e exibidos, que não trabalham e esnobam outras pessoas. É usado como um estereótipo de insulto, muitas vezes também referenciado como um “filhinho de papai”, ou, melhor dizendo, pessoas que não trabalham e vivem às custas dos pais. O termo inglês playboy é formado pela junção dos termos play (brincar, se divertir) e boy (moço, garoto). Portanto, playboy significa, literalmente, “menino de diversão”. O termo foi criado no início da década de 1950 quando os Estados Unidos da América passavam por grande onda de prosperidade. Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu “tempo integral a festas, relacionamentos e a esbanjar dinheiro”. Em 1953, uma reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles, descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade.
A revista Playboy foi criada pensando em difundir esse estilo de vida. Na década dos anos 1960, os playboys eram homens ou jovens que, através de herança das gerações passadas, viviam “a vida como uma grande festa” e estavam quase sempre namorando as filhas de outros milionários. Utilizavam roupas finas apenas para a conquista de mulheres e não para a vivência do círculo social de determinada elite social. Ser playboy era gozar de uma vida de diversão. Eram ricos per se o prazer material, e não conviviam com contatos milionários e nem seguiam as regras comportamentais da alta classe econômica. No final do século XX, com a massificação da cultura pop, a representação sociológica de um playboy passou a significar “um jovem na faixa dos 13 aos 25 anos que dirige carro, pratica esporte, e é cobiçado pelas meninas de seu círculo social”. Esse estereótipo foi reforçado com a divisão internacional do trabalho em vários filmes e séries de TV. Em Amor Não Tem Preço (2019), interagimos com o romance da paramédica Lilly Springer (Adelaide Kane) com o playboy Jeff Alexander (Ben Hollingsworth) que através da filantropia desenvolve a prática de ajudar o próximo, por meio de ações solidárias e altruístas, para melhorar as condições sociais e promover os laços de bem-estar no âmbito dos seres humanos.
Apesar
de ela achá-lo um rapaz “metido mimado”, em um primeiro momento de aproximação,
“faíscas voam” e sensações relacionadas ao trabalho e ambos se verão forçados a
domar seus instintos para fazerem com que o relacionamento tenha êxito.
Enquanto Lilly tenta aprender a confiar nele, Jeff terá que demonstrar
que é mais do que um socialite. Melhor dizendo, se o termo socialite foi
introduzido na língua inglesa em 1928, pela revista Time, com o sentido
de “pertencente à alta sociedade”, grande parte das chamadas socialites
envolviam-se em trabalhos filantrópicos. A Time tem a maior circulação social
do mundo contemporâneo para uma revista semanal de notícias e tem um público de
26 milhões de pessoas, 20 milhões das quais baseadas nos Estados Unidos da
América. Socialite historicamente é uma palavra inglesa que designa “uma pessoa
de destaque” nas camadas, por assim podermos nos referir, aos mais altos níveis da estratificação de toda e qualquer sociedade, e
frequentemente muito citada nas colunas sociais por participar de
eventos midiáticos públicos, como programas beneficentes, festivos, culturais,
tornando-se pública e famosa por suas aparições sociais. Geralmente tem meios
para manter um padrão de consumo identificado com o da elite.
O nome “Coluna” surgiu em virtude da diagramação original dos textos não-noticiosos publicados regularmente em espaço predeterminado no jornal. Nos periódicos do século XIX, tudo que não era notícia era diagramado numa única coluna vertical, de alto a baixo da página, à parte do resto do conteúdo — exceto pelos folhetins, que eram publicados geralmente na parte inferior da primeira página, ocupando todas as colunas da esquerda até a direita. Com o passar do tempo, os textos de colunas deixaram de ser limitados a uma coluna de diagramação e passaram a ter qualquer formato, mas mantendo o caráter de informações curtas, em notas, ou observações do cotidiano, em linguagem de crônica. O colunista é a categoria social um profissional do jornalismo que trabalha escrevendo regularmente para veículos de comunicação, isto é, jornais, revistas, rádio, TV, websites, produzindo textos não necessariamente noticiosos denominados colunas. Um tipo muito comum na esfera da vida social de colunismo é a Coluna Social, que consiste em reunir informações hic et nunc, nem sempre compreendidas sob a forma de notícias sobre personalidades de uma cidade, região ou país. Colunistas sociais trabalham “caçando”, na falta de melhor expressão, notas sobre artistas, celebridades, milionários, figuras excêntricas, autoridades em geral. Este tipo de trabalho é vezes criticado por borrar, manchar, o limite entre jornalismo e boataria. Do ponto de vista do seu enquadramento no campo jornalismo, o colunismo é classificado como subgênero.
A sinceridade é uma virtude
valorizada em circunstâncias onde as divisórias entre “amigo” e “inimigo” eram
geralmente distintas e tensas. A vasta extensão de sistemas sociais abstratos
associada à modernidade transforma a natureza da amizade. Não por acaso o
sociólogo inglês percebe que a amizade é com frequência um modo do que ele
chama de reencaixe, mas ela não está diretamente envolvida nos próprios
sistemas abstratos, que superam explicitamente a dependência ligada a laços
pessoais. O oposto de “amigo”, discursivamente enquanto categoria social já não
é mais “inimigo”, nem mesmo “estranho”; ao invés disto é “conhecido”, “colega”,
ou “alguém que não conheço”. Acompanhando esta transição, a honra é
substituída pela lealdade que não tem outro apoio a não ser o afeto
pessoal, e a sinceridade substituída pelo que podemos chamar de autenticidade:
a exigência de que o outro seja aberto e bem intencionado. Embora estas
conexões sociais possam envolver “intimidade emocional”, isto não é uma
condição da manutenção da confiança pessoal. Laços pessoais institucionalizados
e códigos de sinceridade e honra informais ou informalizados fornecem
estruturas de confiança. É bastante errôneo, contudo, realçar a impessoalidade
dos sistemas abstratos contra as intimidades da vida pessoal como a maior parte
das explicações sociológicas correntes tendem a fazer. A vida pessoal e os
laços sociais que ela envolve estão profundamente entrelaçados com os sistemas
abstratos de mais longo alcance como ocorre com o partido político. O termo
“confiança” aflora com muita frequência na linguagem cotidiana.
A questão para Anthony Giddens é: como estas mudanças afetaram as relações de intimidade pessoal e sexual? Pois estas não são apenas simples extensões da organização da comunidade ou do parentesco. A amizade, por exemplo, desde Georg Simmel (1858-1918) ou Friedrich Nietzsche (1844-1900), foi pouco estudada pelos sociólogos, mesmo se considerarmos a intuição de Alain Touraine a respeito, mas ela proporciona uma pista sociológica importante para fatores de amplo alcance que influenciam a vida pessoal. Os escritos de Georg Simmel sobre vitalismo ou filosofia de vida, quase no final de sua vida, dimensionam não tanto a tragédia da cultura (cf. Simmel, 1988), mas a ambivalência do sujeito frente à cultura: o conflito da cultura. Entende Simmel que, ainda que as formas culturais na sociedade mercantil tornem difícil ao homem exprimir criatividade, o mesmo não consegue viver sem elas. A comodidade, as formas de simbolização e informação, as novas normas legais, a liberação da sexualidade, dentre outras, são manifestações de vidas de uma espécie de outro lado da modernidade. Não obstante, essa percepção sensível de um maior avanço da cultura subjetiva não foi suficiente para alterar o “nó duro” de sua análise. A imaginação se desenvolve em torno da crítica da dimensão de massa dos bens culturais, os quais deixam os homens deprimidos por não poder assimilá-los todos no mesmo momento em que não podem excluí-los, pela fragmentação da existência em razão da separação crescente das esferas da vida e a erosão da cultura pessoal em correspondência com o avanço dos multivariados objetos os quais ganham e exigem conotação cultural. Temos de compreender o caráter da amizade em contextos pré-modernos precisamente em associação com a comunidade local e o parentesco.
Os
processos qualitativos, no entanto, que assumiam tais formas também deveriam
ser estudados pela sociologia geral, subproduto da sociologia formal, como a
concebia o filósofo Georg Simmel. Estudando o conflito, o autor não conferia
aos grupos unidades hipostasiadas, supervalorizadas com relação ao indivíduo,
como ocorre comumente no jornalismo de guerra. Antes via neste o fundamento dos
grupos, daí que as “formas”, constituem-se em um processo de interação entre
tais indivíduos, seja por aproximação, seja pelo distanciamento, competição,
subordinação, e assim por diante no âmbito do conflito. Melhor dizendo, a
investigação entre o número de indivíduos no seio das formas de vida coletiva.
O modo como o aspecto quantitativo afeta o tipo de relação social existente.
Simmel analisa uma relação exclusiva entre duas pessoas e, por fim, entre três,
produz diferentes tipos de interação entre as pessoas. Se as relações de poder
não são unilaterais é preciso explicar como as formas de comando e obediência
estão relacionadas, como a obediência do grupo a um indivíduo, a dominação do
grupo ou a dominação de regras impessoais. Segundo a interpretação sociológica
de Simmel (1988), “traduz claramente o papel social desse modo de casamento
eminentemente pouco individual”. A humanidade sempre atravessa
estágios em que: a) opressão da individualidade é o ponto de passagem
obrigatório de seu livre desabrochar superior, em que a pura exterioridade das
condições de vida se torna a escola da interioridade, b) em que a violência da
modelagem produz uma acumulação de energia, destinada, em seguida, a gerar toda
a especificidade pessoal. Do alto desse ideal é que, c) a individualidade desenvolvida, tais períodos parecerão, é claro, grosseiros e
indignos.
Mas, para dizer a verdade, atenta Georg Simmel que, além de semear os germes positivos do progresso vindouro, já é em si uma manifestação do espírito exercendo uma dominação organizadora sobre a matéria-prima das impressões flutuantes, uma aplicação das personalidades especificamente humanas, procurando-as fixar suas normas de vida - do modo mais brutal, exterior ou, mesmo, estúpido que seja -, em vez de recebê-las das simples forças da natureza. A horda “não protege mais a moça e rompe suas relações com ela, porque nenhuma contrapartida foi obtida por sua pessoa”. Desnecessário dizer que o desvio às normas sociais ou normas morais dominantes de uma sociedade implica “coragem e determinação”. Contudo é frequentemente um processo social para garantir as mudanças políticas que mais tarde vêm a ser consideradas como sendo de interesse geral. Uma sociedade tolerante em relação ao comportamento desviante não sofrerá necessariamente uma ruptura social. O conceito sociológico de desvio aplica-se às condutas individuais ou coletivas que transgride as normas de uma dada sociedade, ou de um grupo. Refere-se à ausência ou falha de conformidade face às normas ou obrigações sociais. Um comportamento só pode ser qualificado de desviante por referência à sociedade em que surge. Pode, ser “como um atentado à ordem social”.
Tal como na arte, a ideologia pode se expressar na ética de maneiras muito distintas. Pode, por exemplo, representar as manifestações de vida individual e coletiva na disposição subjetiva, como indicamos pistas na concepção de Georg Simmel, implícita ou explícita, no sentido de abandonar o envolvimento com a comunidade. E mesmo decorrente no sentido de cancelar qualquer compromisso com ela. Como a comunidade representa socialmente a matriz dos valores, basta lembrarmos historicamente que “ethos”, comparativamente, em grego, e “mores” em latim, significam costumes; normas de conduta estabelecidas pela comunidade, onde os indivíduos que negam o vínculo que os liga à comunidade são, de fato, pessoas que renegam por assim dizer a ética. É neste sentido que este tipo de distorção se liga a formas extremas de egoísmo, que ultrapassam amplamente o chamado “egoísmo saudável”, ligado à autopreservação e à afirmação pessoal de si mesmo. Os indivíduos cuja vida interior se enriquece em diálogo constante dialeticamente com os outros, não se resignam a ser apenas aquilo que já se tornaram, e querem ser mais do que estão sendo pelo fato de poder pensar juntos. Cultivam, um lado deles que os impele na direção de uma busca de universalização e sentido da vida. A confiança nos amigos era frequentemente de importância central. Nas culturas tradicionais, com a exceção parcial de algumas vizinhanças citadinas em Estados agrários, havia uma divisão bem clara entre membros reconhecidos como “os de dentro e os de fora ou estranhos”. As amplas arenas de interação não hostil com outros anônimos, característica da atividade social moderna, não existia.
Nestas
circunstâncias sociais, a amizade era institucionalizada e vista como meio social
objetivando criar alianças mais ou menos duradouras com outros contragrupos
potencialmente hostis. Amizades institucionalizadas eram formas de camaradagem,
assim como mormente ocorrem nas reconhecidas “fraternidades de sangue”,
socialmente, ou dentre “companheiros de armas”. Institucionalizada ou não, a
amizade era em geral baseada em valores de sinceridade e honra. Alguns sentidos
do termo, embora compartilhem amplas afinidades eletivas como é
recorrente na literatura de Johann von Goethe e Max Weber, com outras
utilidades de uso, são de implicação relativamente desimportante. Quer dizer,
alguém que diz: “confio que você esteja bem”, normalmente quer dizer algo mais
com esta fórmula de polidez do que “espero que você esteja com boa saúde” –
embora mesmo aqui “confio” tenha uma conotação algo mais forte que “espero”,
implicando algo mais próximo a “espero não ter motivos para duvidar”. A atitude
de crença ou credulidade que entra em confiança em alguns contextos mais
significativos já se encontra aqui. Quando alguém diz: “confio em que X se
comportará desta maneira”, esta implicação social é mais evidente, embora não
muito além do nível do “conhecimento indutivo fraco”. É reconhecido que se
conta com X para produzir o comportamento, dadas as circunstâncias
normais apropriadas.
Uma forma de atividade generalizada que tomou lugar na vida social não pode, evidentemente, permanecer tão desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas sofrer no trabalho não é uma fatalidade. É, em particular, como decorre e testemunhamos, uma fonte de desmoralização geral real. Pois, precisamente porque as funções econômicas absorvem o maior número de cidadãos, para o pleno desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese funcionalista expressa na pena de Émile Durkheim, como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias circunstâncias em que vivemos permanentemente desperto. A atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento, para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações destas”. O único grupo que corresponde a essas condições é o que seria formado por todos os agentes de uma mesma condição reunidos num mesmo corpo. E que a sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral profissional. Desde que, com a supressão das antigas corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas para reconstituí-las em novas bases sociais.
Os
únicos dotados de permanência são os que se chamam sindicatos,
seja de patrões, seja de operários. Historicamente, temos aí in statu nascendi
o começo e o princípio ético de uma organização profissional, mas ainda de
forma rudimentar. Isto porque, em primeiro lugar, um sindicato é uma associação
privada, sem autoridade legal, desprovida, por conseguinte, de qualquer poder
regulamentador. O número deles é teoricamente ilimitado, mesmo no interior de
uma categoria industrial; e, como cada um é independente dos outros, se não se
constituem em federação e se unificam, não há neles nada que exprima a unidade
da profissão em seu conjunto de práticas e saberes sociais. Não só os
sindicatos de patrões e de empregados são distintos uns dos outros, o que é
legítimo e necessário, como não há entre eles contatos regulares. Não existe
organização comum que os aproxime sem fazê-los perder sua individualidade e na
qual possam elaborar em comum uma regulamentação que, estabelecendo suas
relações mútuas, imponha-se a ambas as partes com a mesma autoridade; por
conseguinte, é sempre a “lei dos mais forte” que resolve os conflitos, e o
estado de guerra subiste inteiro. Salvo no caso de seus atos pertencentes à
esfera moral comum estão na mesma situação. A tese sociológica é a seguinte:
para que uma moral e um direito profissionais possam se estabelecer nas
diferentes profissões, é necessário, pois, que a corporação, em vez de
permanecer um agregado confuso e sem unidade, se torne, ou antes, volte a ser,
um grupo definido, organizado, uma instituição pública. A primeira observação
familiar da crítica é que a corporação tem contra si seu próprio passado
histórico.
De
fato, ela é tida como intimamente solidária do antigo regime político e, por
conseguinte, como incapaz de sobreviver a ele. Na história da filosofia, o que
permite considerar as corporações uma organização temporária, boa apenas para
uma época e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua grande
antiguidade e a maneira como se desenvolveram na história. Se elas datassem
unicamente da Idade Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com um
sistema político, deviam necessariamente desaparecer com ele. Mas, na
realidade, têm uma origem bem mais antiga. Em geral, elas aparecem desde que as
profissões existem, isto é, desde que a atividade deixa de ser puramente
agrícola. Se não parecem ter sido conhecidas na Grécia, até o tempo da
conquista romana, é porque os ofícios, sendo desprezados, eram exercidos
exclusivamente por estrangeiros e, por isso mesmo, achavam-se excluídos da
organização legal da cidade. Mas em Roma, comparativamente, elas datam pelo
menos dos primeiros tempos da República; uma tradição chegava até a atribuir
sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido como segundo rei de Roma. Sábio,
pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim
como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É
verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde,
pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos
muito bem como eram organizadas. Desde de Cícero, sua quantidade tornara-se
considerável e elas começavam a desempenhar um papel. Nesse momento, diz Jean-Pierre
Waltzing (1857-1929), “todas as classes de trabalhadores parecem possuídas pelo
desejo de multiplicar as associações profissionais” (cf. Durkheim, 2010).
Mas o caráter desses agrupamentos se modificou; eles acabaram tornando-se “verdadeiras engrenagens da administração”. Desempenhavam funções oficiais; cada profissão era vista como um serviço público, cujo encargo e cuja responsabilidade ante o Estado cabiam à corporação correspondente. Foi a ruína da instituição. Porque, segundo Durkheim, essa dependência em relação ao Estado não tardou a degenerar numa servidão intolerável que os imperadores só puderam manter pela coerção. Todas as sortes de procedimentos foram empregadas para impedir que os trabalhadores escapassem das pesadas obrigações que resultavam, para eles, de sua própria profissão. Evidentemente, tal sistema de trabalho só podia durar enquanto o poder político fosse o bastante para impô-lo. É por isso que ele não sobreviveu à dissolução do Império. Aliás, as guerras civis e as invasões haviam destruído o comércio e a indústria; os artesãos aproveitaram essas circunstâncias para fugir das cidades e se dispersar nos campos. Assim, os primeiros séculos de nossa era viram produzir-se um fenômeno que devia se repetir tal qual no fim do século XVII: a vida corporativa se extinguiu quase por completo. Mal subsistiram alguns vestígios seus, na Gália e na Germânia, nas cidades de origem romana. Portanto, naquele momento, um teórico tivesse tomado consciência da situação, teria provavelmente concluído, como o fizeram mais tarde os economistas, que as corporações não tinham, ou, em todo caso, não tinham mais razão de ser, que haviam desaparecido irreversivelmente, e sem dúvida teria tratado de retrógrada e irrealizável toda tentativa de reconstituí-las. Os acontecimentos desmentiriam uma tal profecia. De fato, politicamente após um “eclipse da razão” de algum tempo vindo para os nossos dias, as corporações recomeçaram nova existência em todas as sociedades europeias.
Elas
renasceram por volta dos séculos XI e XII. Desde esse momento, diz Emile
Levasseur, “os artesãos começam a sentir a necessidade de se unir e formam suas
primeiras associações”. Em todo caso, no
século XII, elas estão outra vez florescentes e se desenvolvem até o dia em que
começa para elas uma nova decadência. Uma instituição tão persistente assim não
poderia depender de uma particularidade contingente e acidental; muito menos
ainda é possível admitir que tenha sido o produto de não sei que “aberração
coletiva”. Se, desde a origem da cidade até o apogeu do Império, desde o
alvorecer das sociedades cristãs aos tempos modernos, elas foram necessárias, é
porque correspondem a necessidades duradouras e profundas. Sobretudo, vale
lembrar que o próprio fato de que, depois de terem desaparecido uma primeira
vez, reconstituíram-se por si mesmas e sob uma nova forma, retira todo e
qualquer valor ao argumento que apresenta sua desaparição violenta no fim do
século passado como uma prova de que não estão mais em harmonia com as novas
condições de existência coletiva. A necessidade que todas as grandes sociedades
civilizadas sentem de chamá-las de volta à vida é o mais seguro sintoma
evidente dessa supressão radical não era um remédio e de que a reforma de
Jacques Turgot requeria outra que não poderia ser indefinidamente adiada. Mas
nem toda organização corporativa é anacronismo histórico. Acreditamos que ela
seria chamada a desempenhar, nas sociedades contemporâneas, menos pelo papel
considerável que julgamos indispensável, por causa não dos serviços econômicos
que ela poderia prestar, mas da influência moral que poderia ter. O que vemos antes de mais nada no grupo organizado profissionalmente é o fortalecimento de um poder moral capaz de conter os egoísmos individuais, de
manter no coração dos trabalhadores um sentimento vivo de solidariedade comum,
de impedir que a “lei do mais forte” se aplique de maneira brutal nas relações
industriais e comerciais.
Mas é preciso evitar estender a todo regime corporativo o que pode ter sido válido para certas corporações e durante um curto lapso de tempo de seu desenvolvimento. Longe de ser atingido por uma sorte de enfermidade moral devida à sua própria constituição, foi sobretudo um papel moral que ele representou e continua representando ainda, na maior parte de sua história. Isso é particularmente evidente no caso das corporações romanas. Sem dúvida, a associação lhes dava mais forças para salvaguardar, se necessário, seus interesses comuns. Mas era isso apenas um dos contragolpes úteis que a instituição produzia, lembra Durkheim: “não era sua razão de ser, sua função principal. Antes de mais nada, a corporação era um colégio religioso”. Cada uma tinha seu deus particular, cujo culto quando ela tinha meios, era celebrado num templo especial. Do mesmo modo que cada família tinha seu Lar Familiaris, cada cidade seu Genius Publicus, cada colégio tinha seu deus tutelar, Genius Collegi. Naturalmente, o culto profissional não se realizava sem festas, reunindo por assim dizer, o útil ao agradável, eram celebradas em comum sem sacrifícios e banquetes. Todas as espécies de circunstâncias serviam, aliás, de ocasião para alegres reuniões, além disso, distribuições de víveres ou de dinheiro ocorriam com frequência às expensas da comunidade. Indagou-se se a corporação tinha uma caixa de auxílio, se ela assistia regularmente seus membros necessitados, e as opiniões a esse respeito são divididas. Mas o que retira da discussão parte de seu interesse e de seu alcance é que esses banquetes comuns, mais ou menos periódicos, e as distribuições que os acompanharam serviam de auxílios e faziam não raro as vezes de uma assistência direta. Os infortunados sabiam que podiam contar com essa subvenção dissimulada. Como corolário do caráter religioso, o colégio de artesãos era, ao mesmo tempo, um colégio funerário. Unidos, como gentiles, num mesmo culto durante sua vida, os membros da corporação queriam, como eles, dormir juntos seu derradeiro sono.
A
importância tão considerável que a religião tinha em sua vida, tanto em Roma
quanto na Idade Média, põe particularmente em evidência a verdadeira natureza
de suas funções; porque toda comunidade religiosa constituía, então, um
ambiente moral, do mesmo modo que toda disciplina moral tendia necessariamente
a adquirir uma forma religiosa. A partir do instante em que, no seio de uma
sociedade política, certo número de indivíduos tem em comum ideias, interesses,
sentimentos, ocupações que o resto da população não partilha com eles, é
inevitável que, sob a influência dessas similitudes eles sejam atraídos uns
para os outros, que se procurem, teçam relações, se associem e que se forme
assim, pouco a pouco, um grupo restrito, com sua fisionomia especial da sociedade
em geral. Porque é impossível que homens vivam juntos, estejam regularmente em
contato, sem adquirirem o sentimento do todo que formam por sua união, sem que
se apeguem a esse todo, se preocupem com seus interesses e o levem em conta em
sua conduta. Enfim, basta que esse sentimento se precise e se determine, que,
aplicando-se às circunstâncias mais ordinárias e mais importantes da vida, se
traduza em fórmulas definidas, para que se tenha um corpo de regras morais em
via de se constituir. Ao mesmo tempo que se produz por si mesmo e pela força
das coisas, esse resultado é útil e o sentimento de sua utilidade contribui
para confirma-lo. A vida em comum é atraente, ao mesmo tempo que coercitiva.
Para o ponto de vista conservantista do método analítico durkheimiano, a estratégia
de coerção é necessária para levar o homem a se superar, a acrescentar à sua
natureza física outra natureza; mas, à medida que aprende a apreciar os
encantos dessa nova existência, ele contrai a sua necessidade e não há ordem moralmente
de atividade social que não os busque com paixão.
A
moral doméstica não se formou de outro modo. Por causa do prestígio que a
família conserva ante nossos olhos, parece-nos que, se e ela foi e é sempre uma
escola de dedicação e de abnegação, o foco por excelência da moralidade, é em
virtude de características bastante particulares que teria o privilégio e que
não se encontrariam em ouro lugar em nenhum grau. Costuma-se crer que exista na
consanguinidade uma causa excepcionalmente poderosa de aproximação moral. A
prova está em que, num sem-número de sociedades, os não-consanguíneos são
muitos no seio da família; o parentesco dito artificial se contrai então com
grande facilidade e exerce todos os efeitos do parentesco natural.
Inversamente, acontece com grande frequência consanguíneos bem próximos serem,
moral ou juridicamente, estranhos uns aos outros; é, por exemplo, o caso dos
cognatos na família romana. Portanto, a família não deve suas virtudes à
unidade de descendência: ela é, simplesmente, um grupo de indivíduos que foram
aproximados uns dos outros, no seio da sociedade política, por uma comunidade
mais particularmente estreita de ideias, sentimentos e interesses. A
consanguinidade pode ter facilitado essa concentração, pois ela tem por efeito
natural inclinar as consciências umas em relação às outras. Outros fatores
intervieram: a proximidade material, a solidariedade de interesses, a
necessidade de união contra um perigo comum, ou simplesmente de se unir, foram
causas muito mais poderosas de comunicação social no processo produtivo.
Mas,
para dissipar todas as prevenções, adverte Durkheim, para mostrar bem que o
sistema corporativo não é apenas uma instituição do passado, seria necessário
mostrar que transformações ele deve e pode sofrer para se adaptar às sociedades
modernas, pois é evidente que ele não pode ser o que era na Idade Média. Para
tanto, seriam necessários estudos comparativos que não estão feitos e que não
podemos fazer de passagem. Talvez, porém, não seja impossível perceber desde
já, mas apenas em suas linhas mais gerais, o que foi esse desenvolvimento. O
historiador que empreende resolver em seus elementos a organização política dos
romanos não encontra, no decurso de sua análise, nenhum fato que possa
adverti-lo da existência das corporações. Elas não entravam na constituição
romana, na qualidade de unidades definidas e reconhecidas. Em nenhuma das
assembleias eleitorais, em nenhuma das reuniões do exército, os artesãos se
reuniam por colégios, em parte alguma o grupo profissional tomava parte, como
tal, na vida pública, seja em corpo, seja por intermédio de representantes
regulares. No máximo, a questão pode se colocar a propósito de três ou quatro
colégios que se imaginou poder identificar com algumas das centúrias
constituídas por Sérvio Túlio, a saber: tignari (construtores de casas),
aerari (corporação clerical), tibicines (monumento funerário),
corporações cornicínes (espécie comestível de pizza enrolada), mas o
fato social não está bem estabelecido.
Quanto
às outras corporações, estavam certamente fora da organização oficial do povo
romano. Ora, por muito tempo os ofícios não foram mais do que uma forma
acessória e secundária da atividade social dos romanos. Roma era essencialmente
uma sociedade agrícola e guerreira. No primeiro era dividida em gentes e em
cúrias; a assembleia por centúrias refletia antes a organização militar. Quanto
às funções industriais, eram demasiado rudimentares para afetar a estrutura
política da cidade. Aliás, até um momento bem avançado da história romana, os
ofícios permaneceram marcados por um descrédito moral que não lhes permitia
ocupar uma posição regular no Estado. Sem dúvida, veio um tempo em que sua
condição social melhorou. Mas a própria maneira como foi obtida essa melhora é
significativa. Para conseguir fazer respeitar seus interesses e desempenhar um
papel na vida pública, os artesãos tiveram de recorrer a procedimentos
irregulares e extralegais. Só triunfaram sobre o desprezo de que eram objeto
por meios de intrigas, complôs, agitação clandestina. E, se, mais tarde,
acabaram sendo integrados ao Estado para se tornar engrenagens da máquina
administrativa, essa situação como foi, para eles, uma conquista gloriosa, mas
uma penosa dependência; se entraram então no Estado, não foi para nele ocupar a
posição a que seus serviços sociais podiam lhes dar direito, mas simplesmente
para poder ser mais bem vigiados, para lembrarmos de Michel Foucault, pelo poder governamental.
Quando as cidades se emanciparam da tutela senhorial, quando a comuna se formou, o corpo de ofícios, que antecipara e preparara esse movimento, tornou-se a base da constituição comunal. De fato, segundo J.-P Waltzing, “em quase todas as comunas, o sistema político e a eleição dos magistrados baseiam-se na divisão dos cidadãos em corpos de ofícios”. Era costumeiro votar-se por corpos de ofícios e elegiam-se ao mesmo tempo os chefes da corporação e os da comuna. – Em Amiens, por exemplo, os artesãos se reuniam todos os anos para eleger os prefeitos de cada corporação ou bandeira (bannière); os prefeitos eleitos nomeavam em seguida doze escabinos, que nomeavam outros doze, e o escabinato apresentava, por sua vez, aos prefeitos das bandeiras três pessoas, dentre as quais eles escolhiam o prefeito da comuna... Em algumas cidades, o modo de eleição era ainda mais complicado, mas, em todas, a organização política e municipal era intimamente ligada à organização do trabalho. Inversamente, assim como a comuna era um agregado de “corpos de ofícios”, o corpo de ofício era uma comuna em miniatura, pelo próprio fato de que fora o modelo do qual a instituição comunal era a forma ampliada e desenvolvida. Queremos dizer com isso, que sabemos o que a comuna foi na história de nossas sociedades, de que se tornou, com o tempo, a pedra angular. Ipso facto, já que era uma reunião de corporações e que se formou com base no tipo da corporação, foi esta em última análise, que serviu de base a todo o sistema político oriundo do movimento comunal. Vê-se que, em sua trajetória, ela cresceu singularmente em importância e dignidade. Em Roma, começou estando quase fora dos contextos normais, ela serviu de marco elementar para sociedades contemporâneas. É um motivo para que recusemos a considera-la uma instituição arcaica, destinada a desaparecer.
A
obra do sociólogo não é a do homem público, assevera Émile Durkheim. O que a
experiência do passado demonstra, antes de mais nada, é que os marcos do grupo
profissional devem guardar sempre uma relação com os marcos da vida econômica;
foi por ter faltado com essa condição que o regime corporativo desapareceu.
Portanto, já que o mercado, de municipal que era, tornou-se nacional e
internacional, a corporação deve adquirir a mesma extensão. Em vez de ser
limitada apenas aos artesãos de uma cidade, ela deve ampliar-se, de maneira a
compreender todo os membros da profissão, dispersos em toda a extensão do
território, porque, qualquer que seja a região em que se encontram, quer no
campo, todos são solidários uns com os outros e participam da vida comum. Já
que essa vida comum é, sob certos aspectos, independentemente de qualquer
determinação territorial, tem que ser criado um órgão apropriado, que a exprima
e regularize seu funcionamento. Por causa de suas dimensões, tal órgão estaria
necessariamente em contato relacional com o órgão central da vida coletiva,
pois os acontecimentos importantes o bastante para envolverem toda uma
categoria de empresas industriais num país tem necessariamente repercussões
bastante gerais, que o Estado não pode sentir, o que o leva a intervir. Não foi
sem fundamento que o poder real tendeu indistintamente a não deixar fora de sua
ação a grande indústria. Era impossível que ele se desinteressasse por uma
forma de atividade que por sua natureza, é capaz de afetar o conjunto da sociedade.
Essa organização unitária para o conjunto de um mesmo país não exclui, de modo
algum, a formação de órgãos secundários, que compreendam os trabalhadores
similares de uma mesma região ou localidade, e cujo papel seria especializar
ainda mais a regulamentação profissional segundo as necessidades locais ou
regionais. A vida econômica poderia ser regulada e determinada, sem nada perder
de sua diversidade. Por isso mesmo, o regime corporativo seria protegido contra
essa propensão ao imobilismo, que lhe foi frequente e justamente criticada no
passado, porque é um defeito que resultava do caráter estreitamente comunal da
corporação.
Na
síntese durkheimiana representada sobre o lugar de análise das corporações
deve-se até supor que esteja destinada a se tornar a base, ou uma das bases
essenciais de nossa organização política. Ela começa por ser exterior ao
sistema social, tenderá a se empenhar de forma cada vez mais profunda nele, à
medida que a vida econômica se desenvolve. Ela foi outrora a divisão elementar
da organização comunal. Agora que a comuna, de organismo autônomo que era
outrora, veio se perder no Estado, como o mercado municipal no mercado
nacional, acaso não é legítimo pensar que a corporação também deveria sofrer
uma transformação correspondente e tornar-se a divisão elementar do Estado, a
unidade política fundamental? A sociedade, em vez de continuar sendo o que
ainda é hoje, um agregado de distritos territoriais justapostos, tornar-se-ia
um vasto sistema de corporações nacionais. Mas essas divisões geográficas são,
em sua maioria, artificiais e já não despertam em nós sentimentos profundos. O
espírito provinciano desapareceu irremediavelmente: o patriotismo de paróquia
tornou-se um arcaísmo que não se pode restaurar à vontade. Para o sociólogo uma
nação só se pode manter se, entre o Estado e os particulares, se intercalar
toda uma série de grupos secundários bastante próximos dos indivíduos para
atraí-los fortemente em sua esfera de ação e arrastá-los, assim, na torrente
geral da vida social. Isso não quer dizer, porém, que a corporação seja uma
espécie de panaceia capaz de servir a tudo. Será necessário que, em cada profissão,
um corpo de regras se constitua, fixando a quantidade de trabalho, a justa
remuneração dos diferentes funcionários, seu dever para com os demais e para
com a comunidade, etc. pois,
não menos que atualmente, em presença de uma tábula rasa.
A
vida social deriva inexoravelmente de uma dupla fonte: a similitude das
consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no
primeiro caso, porque, não tendo individualidade própria, confunde-se como seus
semelhantes, no seio de um mesmo tipo coletivo; no segundo, porque, tendo uma
fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles
na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade que
resulta de sua união. Esta divisão dá origem às regras jurídicas que determinam
as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas medidas
reparadoras sem caráter expiatório. De todos os elementos técnicos e sociais da
civilização, a ciência nada mais é que a consciência levada a seu mais alto
ponto de clareza. Nunca é demais repetir que para que as sociedades possam
viver nas condições de existência que lhes são dadas, é necessário que o campo
da consciência se estenda e se esclareça. Quanto mais obscura uma consciência,
mais é refratária à mudança social, porque não vê depressa o que é necessário
mudar. Nem em que sentido é preciso mudar. Uma consciência esclarecida sabe
preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança risível. Eis porque
é necessário que a inteligência guiada disciplinarmente pela ciência adquira
uma importância maior no curso da vida coletiva. Tais sentimentos são capazes
de inspirar não apenas esses sacrifícios cotidianos, mas também atos de
renúncia completa e de abnegação exclusiva. A sociedade aprende a ver os
membros que a compõem como cooperadores que ela não pode dispensar e para com
os quais tem deveres. Na realidade, a cooperação também tem sua moralidade
intrínseca. Há apenas motivos para crer, que, em nossas sociedades, essa
moralidade ainda não tem todo o desenvolvimento que lhes seria necessário. Daí
resulta duas grandes correntes da vida social, que correspondem dois tipos de
estrutura não menos diferentes. Dessas correntes, devemos prestar melhor atenção a que tem sua origem nas
similitudes sociais ocorre quando um grupo é capaz de criar e reproduzir para
si e para os outros a princípio só e sem rival.
Eles
não se relacionam aos sistemas perpetuadores de confiança, mas são designações
referentes aos comportamentos dos outros; quer dizer, o indivíduo envolvido não
é requisitado a demonstrar aquela “fé” religiosa que a confiança envolve em
seus significados. A principal definição de “confiança” no Oxford English
Dictionary é descrita como “crença ou crédito em alguma qualidade ou
atributo de uma pessoa ou coisa, ou a verdade de uma afirmação”, e esta
definição proporciona um ponto de partida útil. “Crença” e “crédito” estão
claramente ligados de alguma forma à “fé”, da qual, seguindo Simmel, mas embora
reconhecendo que a fé e confiança são intimamente aliadas, Niklas Luhmann faz
uma distinção entre as duas que é a base de sua obra sobre o tema. A confiança,
diz ele, deve ser compreendida especificamente em relação ao risco, um termo
que passa a existir apenas no período moderno. A noção se originou com a
compreensão de que resultados inesperados podem ser uma consequência de nossas
próprias atividades ou decisões, ao invés de exprimirem significados ocultos de
natureza ou intenções inefáveis da Deidade. Mas “risco”, substitui em grande
parte o que antes era pensado como fortuna (fortuna ou destino) e torna-se
separado das cosmologias. A confiança pressupõe, segundo Giddens, consciência
das circunstâncias de risco, o que não ocorre com a crença. Tanto a confiança
como a crença se referem a expectativas que podem ser frustradas ou
desencorajadas. A crença, como Niklas Luhmann a emprega, se refere a atitude
mais ou menos certa de que as coisas similares permanecerão estáveis.
Quando
se trata da questão de confiança, o indivíduo considera conscientemente as
alternativas para seguir um curso específico de ação. Alguém que compra um
carro usado, ao invés de um novo, “arrisca-se a adquirir uma dor de cabeça”.
Ele ou ela deposita confiança na pessoa do vendedor ou na reputação da firma
para tentar evitar que isto ocorra. Deste modo, um indivíduo que não considera
alternativas está numa situação de crença, enquanto alguém que reconhece essas
alternativas e tenta calcular os riscos assim reconhecidos, engaja-se em
confiança. Numa situação de crença, uma pessoa reage ao despontamento culpando
outros, em circunstâncias de confiança ela ou ele deve assumir parcialmente a
responsabilidade e pode “se arrepender de ter depositado confiança em alguém ou
algo”. A distinção entre confiança e crença depende de a possibilidade de
frustração ser influenciada pelo próprio comportamento prévio da pessoa e,
portanto, de uma discriminação correlata “entre risco e perigo”. Isto é,
Luhmann alega a possibilidade de separar risco e perigo deve derivar de
características sociais da modernidade. Ela surge, essencialmente, de uma
compreensão do fato de que a maioria das contingências que afetam a atividade
humana são humanamente criadas, “e não meramente dadas por Deus ou pela
natureza”. A abordagem sociológica é importante e dirige nossa atenção para
várias discriminações conceituais que deve ser feita na compreensão da
confiança.
O
que indica isto em termos de confiança pessoal? A resposta a esta questão
segundo Giddens, é fundamental para a transformação da intimidade no século XX.
A confiança em pessoas não é enfocada por conexões personalizadas no interior
da comunidade local e das redes de parentesco. A confiança pessoal torna-se um
projeto, a ser “trabalhado” pelas partes envolvidas, e requer a abertura do
indivíduo para o outro. Onde ela não pode ser controlada por códigos normativos
fixos, a confiança tem que ser ganha, e o meio de fazê-lo consiste em abertura
e cordialidade demonstráveis. Nossa preocupação peculiar com “relacionamentos”,
no sentido em que a palavra é agora tomada, é expressiva deste fenômeno.
Relacionamentos são laços baseados em confiança, onde a confiança não é
pré-dada, em termos de doação, mas trabalhada, e onde o trabalho envolvido
significa um processo mútuo de autorrevelação. A confiança pessoal, tem que ser estabelecida através do processo de
autoquestionamento: a descoberta de si torna-se um projeto diretamente
envolvido com a reflexividade na modernidade sociológica. Para Christopher
Lasch: - conforme o mundo vai assumindo um aspecto cada vez mais ameaçador, a
vida torna-se busca de bem-estar através de exercícios, dietas, drogas, regimes
espirituais típicos, autoajuda psíquica e psiquiatria.
Um playboy, por outro lado, tem
como representação social um estilo de vida ou estereótipo associado a
homens jovens, solteiros, com intensa vida social e relações com mulheres. O
termo inglês playboy é formado pela junção dos termos play
(brincar, se divertir) e boy (moço, garoto). Portanto, playboy
significa, literalmente, “menino de diversão”. Foi criado no início da década
de 1950 quando os Estados Unidos passavam por grande onda de prosperidade.
Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu tempo
integral a festas, relacionamentos e a esbanjar dinheiro. Em 1953, uma
reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles,
descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade. A revista masculina Playboy
foi criada pensando em difundir esse estilo de vida. Nos anos 1960, os
playboys eram homens ou jovens que, através de herança herdada das gerações
prósperas passadas, viviam a vida como uma grande festa e estavam sempre
namorando as filhas de outros milionários. Utilizavam roupas finas apenas para
a conquista de mulheres e não para a vivência do círculo social de elite. Ser playboy
era gozar de uma vida de diversão. Eram ricos exclusivamente para o prazer
material, e não conviviam com contatos milionários e nem seguiam as regras
comportamentais da alta classe econômica. No final do século XX, com a
massificação da cultura pop, um playboy passou a significar um jovem na faixa
dos 13 aos 25 anos que dirige carro, pratica esporte, e é “cobiçado” pelas
meninas de seu círculo social. Esse estereótipo foi reforçado em vários filmes
e séries de TV.
A paramedicina é baseada no conceito
emergente da teoria paramédica, que é o estudo e a análise de como os três
pilares da paramedicina: assistência médica e medicina, saúde pública e
segurança pública interagem e se cruzam. Conforme declarado no Relatório do
IoM Emergency Medical Services At the Crossroads (2006), o EMS está
fragmentado e amplamente separado do ponto de vista da divisão do trabalho
social e do sistema geral de assistência médica. Uma ênfase importante
socialmente falando da teoria paramédica diz respeito à integração de serviços
médicos de emergência, que ocorre tanto intraprofissionalmente quanto
extraprofissionalmente em função das ocorrências não planejadas que se originam
mormente da vida cotidiana. Do ponto de
vista médico a integração intraprofissional representa o estudo empírico da
alocação, distribuição, implantação e eficiência de recursos. Entretanto, em
termos de planejamento no âmbito das cidades contemporâneas o estudo
extraprofissional envolve a integração entre a parte e todo complexo de
urbanização do Emergency Medical Services no sistema de
assistência médica e de emergência existente (e futuro) do país.
Uma profissão de saúde que tem como
escopo auxiliar indivíduos, famílias e comunidades após o início clínico agudo
ou repentino de emergências médicas ou eventos traumáticos, a paramedicina é
praticada predominantemente no ambiente pré-hospitalar e é baseada nas ciências
da anatomia humana, fisiologia e fisiopatologia. O objetivo profissional da
paramédica é promover a qualidade de vida ideal do nascimento ao fim da vida.
Nos Estados Unidos da América, clinicamente muitas tarefas regulamentadas como
iniciar uma intravenosa, administrar medicamentos e procedimentos invasivos são
realizadas sob a direção de um médico licenciado. No Reino Unido, os
paramédicos exercem a profissão como “clínicos independentes sob sua própria
licença”, conforme regulamentado pelo Health and Care Professions Council,
com autonomia para declarar as condições da morte, administrar medicamentos
controlados e, em geral, tratar metodologicamente os pacientes como acharem
mais adequado. É formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do
Norte, é conceituado geograficamente como uma nação insular situada no Noroeste
da Europa. A Inglaterra, local de nascimento do extraordinário William Shakespeare e da maior banda de música popular chamada Beatles, abriga a capital, Londres, um centro financeiro e cultural globalmente
influente. Também na Inglaterra, ficam o neolítico Stonehenge, as termas
romanas de Bath e as centenárias universidades de Oxford e Cambridge.
A “explosão” do conhecimento
científico, na falta de melhor expressão, que se seguiu à Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) trouxe procedimentos de diagnóstico e tratamento médico especializado
com base microeletrônica cada vez mais sofisticados e complexos. A crescente
demanda pública por serviços médicos combinada com custos mais altos de
assistência médica provocou uma tendência à expansão da prestação de serviços,
do tratamento de pacientes em hospitais para a ampla prestação de cuidados em
consultórios médicos particulares e formação de grupo, clínicas médicas
ambulatoriais e de emergência, clínicas móveis e cuidados comunitários. No
mundo em desenvolvimento, a assistência internacional ao desenvolvimento levou
a inúmeras iniciativas para fortalecer a capacidade da força de trabalho em
saúde para fornecer serviços essenciais de assistência médica. O que se seguiu
foi um aumento proporcional na necessidade de pessoal qualificado em prestação
de assistência médica em todo o mundo. As mudanças na indústria da saúde e a
ênfase em soluções de baixo custo para cuidados de saúde segue a encorajar a expansão da força de trabalho da saúde aliada.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja atualmente uma
escassez mundial de cerca de 2 milhões de profissionais de saúde aliados,
considerando todos os trabalhadores da saúde, além do pessoal médico e de
enfermagem necessários para atingir as metas globais de saúde. Em reconhecimento
ao crescimento do número e da diversidade de profissionais de saúde aliados nos
últimos anos, a versão de 2008 da Classificação Internacional Padrão de
Ocupações aumentou o número de grupos dedicados a profissões de saúde aliadas.
Dependendo do nível de habilidade presumido, eles podem ser identificados como
“profissionais de saúde” ou “profissionais associados de saúde”. Por exemplo,
novas categorias sociais foram criadas para delinear “praticantes paramédicos”,
agrupando profissões setoriais como oficiais clínicos, associados clínicos,
assistentes médicos, Feldshers e oficiais médicos assistentes - bem como para
agentes de saúde comunitários; dietistas e nutricionistas; audiologistas e
fonoaudiólogos; e outros.
Nos Estados Unidos da América, uma
proporção maior da força de trabalho de saúde aliada já está empregada em
ambientes ambulatoriais. Na Califórnia, quase metade (49,4 por cento) da força
de trabalho de saúde aliada está empregada em ambientes de saúde ambulatorial,
em comparação com 28,7 por cento e 21,9 por cento empregados em hospitais e
cuidados de enfermagem, respectivamente. Uma fonte relatou que os profissionais
de saúde aliados representam 60 por cento da força de trabalho total de saúde
dos Estados Unidos da América. No Reino Unido, união política de quatro “países
constituintes” há 12 profissões distintas consideradas profissionais de saúde
aliados; em conjunto, elas representam cerca de 6% da força de trabalho do
National Health Service (NHS) provê cobertura universal, baseando-se nos
princípios de equidade e integralidade, com exceção dos serviços oftálmicos,
dentários e de dispensação de medicamentos. Por ter o princípio de cobertura
universal, têm direito ao atendimento gratuito do NHS: residentes legais com
residência permanente; refugiados; estudantes matriculados em um curso de, no
mínimo, 15 horas semanais e com visto de estudante regularmente válido por mais
de seis meses, assim como seus familiares; solicitantes de asilo; pessoas com
permissão para trabalhar na Inglaterra. Em 2013, estatisticamente a despesa
anualmente com serviços prestados por profissionais de saúde aliados ascendeu a
cerca de 2 mil milhões de libras, embora haja uma falta de provas sobre a
extensão em que estes serviços melhoram a qualidade dos cuidados. Os avanços na
tecnologia médica permitem serviços que exigiam internações hospitalares
prestados por meio de cuidados ambulatoriais.
Por
exemplo, na Califórnia, a pesquisa previu que o consumo total de dias de
internação hospitalar por pessoa diminuirá de 4 dias em 2010 para 3,2 dias em
2020 e 2,5 dias em 2030. Em contraste, o número de consultas ambulatoriais por
pessoa aumentará de 3,2 consultas por pessoa em 2010 para 3,6 consultas por
pessoa em 2020 e 4,2 consultas em 2030. É o estado no Oeste dos EUA, estende-se
da fronteira mexicana ao longo da costa do Pacífico por quase 1.500 km. Seu
território inclui praias à beira de penhascos, floresta de sequoias, montanhas
na Serra Nevada, campos agrícolas no Central Valley e o deserto de Mojave. A
cidade de Los Angeles tem como representação a sede da indústria do
entretenimento de Hollywood. A cidade de São Francisco é reconhecida pela ponte
Golden Gate, a Ilha de Alcatraz e os bondes. Nos países em desenvolvimento,
muitos planos estratégicos nacionais de recursos humanos para a saúde e
iniciativas de desenvolvimento internacional estão a concentrar-se na
intensificação da formação de profissionais de saúde afins, como conselheiros
em matéria de imunodeficiência, agentes clínicos e profissionais de saúde
comunitários, na prestação de serviços essenciais de prevenção e tratamento em
contextos de cuidados ambulatórios e comunitários. Com esta crescente dimensão
da procura de cuidados de saúde ambulatórios, os investigadores esperam
testemunhar uma procura mais elevada de profissões que sejam empregadas no
sector ambulatório e em outros não hospitalares, por outras palavras, na saúde
aliada.
No que se refere à temática comédia
romântica é o subgênero cinematográfico dos gêneros comédia e romance, que são
formas utilizadas para se distinguir os variados tipos de filmes, numa
classificação derivada dos estudos literários, e serve como instrumento útil
para a análise do cinema. Normalmente utilizados para fins de categorização
comercial. Nos últimos tempos têm-se vindo a abandonar a divisão dos filmes por
gêneros. O formato básico de uma comédia romântica é muito anterior ao cinema.
Muitas das peças de teatro de William Shakespeare (1564-1616), como “Muito
barulho por Nada”, que tem como cenário a cidade italiana de Messina (Sicília),
tendo sua primeira apresentação ocorrida em 1598/1599. É considerado um dos
textos mais categórico e hilariantes de Shakespeare. A trama gira em torno do
casal de namorados, Cláudio e Hero, que tiveram consentimento dos pais para
casarem-se. O melhor amigo de Cláudio, Benedito, está apaixonado pela bela,
porém venenosa Beatriz, mas não ousa reconhecer seu amor por ela. Beatriz está
na mesma situação. Os dois vivem discutindo e brigando. Cláudio, Hero, Dom
Pedro de Aragão, entre outros resolvem divertir-se com a situação dos
apaixonados. Eles dizem para Beatriz que Benedito está apaixonado por ela, e para Benedito que Beatriz está apaixonada e os dois acabam
virando namorados.
Tudo acontece enquanto o malvado Dom João,
irmão bastardo de Dom Pedro, planeja beijar Margarida na frente de Cláudio,
para que ele achasse que fosse sua amada Hero. Cláudio, quando vê a cena,
realmente acha que Hero estava o traindo, e briga com ela. No final, tudo fica
esclarecido e Cláudio e Hero se casam, assim como Beatriz e Benedito e “Sonho
de Uma Noite de Verão” se situam dentro do gênero da comédia romântica. Neste
caso, é uma peça teatral também de Shakespeare, uma comédia escrita em meados
da década de 1590. Não se sabe ao certo quando a peça foi escrita e apresentada
ao público pela primeira vez, mas crê-se que terá sido entre 1594 e 1596.
Alguns autores defendem que a peça possa ter sido escrita para o casamento de
Sir Thomas Berkeley e Elizabeth Carey, em fevereiro de 1596. Não existe uma
fonte direta que tenha servido de inspiração para a peça, ainda que se possam
encontrar elementos relacionados com a mitologia greco-romana e respectiva
literatura clássica. Por exemplo, a história de Píramo e Tisbe é contada por
Ovídio, nas suas Metamorfoses, assim como a transformação de Fundilhos
em burro se pode relacionar com “O Asno de Ouro de Apuleio”, único romance
latino historicamente da Antiguidade a sobreviver na íntegra até os nossos dias.
Pensa-se que Shakespeare tenha escrito o “Sonho de Uma Noite de Verão”
sensivelmente ao mesmo tempo que o Romeu e Julieta e, de facto, existem muitos
pontos de contacto entre as histórias: Egeu quer casar Hérmia à força com
Demétrio, assim como Píramo e Tisbe acabam mortos por questões de amor, ainda
que numa perspectiva cômica.
Suas peças foram traduzidas para
todas as principais línguas modernas e são mais encenadas comparativamente do que
as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas permanecem vivos
até os nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro,
na televisão, no cinema e na literatura. Shakespeare nasceu e foi criado em
Stratford-upon-Avon, na Era Elizabetana, época especialmente estimulante para
os artistas. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos:
Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592 William começou uma
carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da
companhia de teatro chamada Lord Chamberlain`s Men, mais tarde reconhecida como
King`s Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613,
morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de
Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência
física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são
atribuídas teriam sido escritas por outros autores.
Shakespeare
produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram
principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos,
gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do
século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608,
incluindo Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais
importantes na língua inglesa. Na sua última fase, escreveu um conjunto de
peças classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros
dramaturgos. Diversas de suas peças foram publicadas, em edições com variados
graus de qualidade e precisão, durante sua vida. Em 1623, John Heminges e Henry
Condell, dois atores e antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado
First Folio, uma coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças
(com a exceção de duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria. Shakespeare
foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só
viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. Os românticos,
especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos
idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw
chamava de “bardolatria”. No século XX sua obra foi adotada e redescoberta
repetidamente por novos movimentos, tanto na academia quanto na performance.
Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas,
encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e
políticos, por todo o mundo.
Bibliografia
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