sábado, 2 de agosto de 2025

Encurralado – Caminhões-tanque & Estado de Sofrimento Profundo.

 Não há angústia nem fantasia por trás da felicidade, é esta que não toleramos mais”. Michel Foucault                        

Os duelos humanos tiveram origem na Idade Média, na Europa, como “uma forma de resolução de conflitos entre nobres, onde a honra era restaurada através de combate ritualizado”. Essa prática evoluiu com o tempo, sendo formalizada em códigos de honra e estendendo-se para outras classes sociais, como estudantes e militares. Duelos surgiram como uma forma de “julgamento por combate”, onde a honra era defendida em confrontos individuais. Inicialmente restritos à nobreza, os duelos eram uma maneira de resolver disputas, muitas vezes envolvendo questões de honra, reputação ou ofensas pessoais.  A palavra angústia tem origem no latim angustia, que significa estreiteza ou aperto. Essa palavra latina, por sua vez, deriva do verbo angere, que significa “estreitar”, “sufocar” ou “apertar”. Portanto, a ideia central por trás da palavra angústia é a de algo que “comprime, restringe ou limita”. A palavra evoluiu do latim para o português através de um processo natural de transformação da linguagem. O termo latino angustia passou a ser usado para descrever um estado emocional de sofrimento, opressão e ansiedade intensa. Em resumo, a origem da palavra angústia remonta ao latim, com raízes na ideia de aperto, estreiteza e restrição, que evoluiu psicologicamente para descrever in limine um estado emocional de sofrimento profundo. Com o decorrer do tempo, códigos de honra foram desenvolvidos para regular os duelos, estabelecendo regras, procedimentos e armas permitidas. A prática do duelo sociologicamente se espalhou para outras classes sociais, como estudantes e militares, tornando-se uma forma comum de resolver conflitos, especialmente na Europa e nos Estados Unidos da América. 

Com o avanço da lei e da moralidade pública, os duelos foram gradualmente proibidos ou se tornaram incomuns, embora continuem a existir em algumas formas, como a Mensur na Alemanha. Os duelos eram vistos como uma forma de julgamento por combate, onde a vitória confirmava a inocência ou a razão da parte vencedora. Os duelos se tornaram mais populares entre a nobreza e a classe alta, com códigos de honra elaborados para regular os confrontos. Os duelos foram proibidos em muitos países, mas ainda eram praticados em algumas regiões, como o sul dos Estados Unidos e em algumas culturas isoladas. Na Europa, duelos eram comuns entre nobres e militares, onde a honra era defendida através do combate. A prática evoluiu para o uso de espadas e pistolas, com regras e procedimentos específicos. Na América do Norte, duelos com pistolas eram comuns no Velho Oeste, muitas vezes relacionados a questões de honra e vingança. Os duelos foram criticados por líderes religiosos e condenados com punição por governos, que os consideravam uma forma de violência injustificável na modernidade contemporânea. A maioria dos países proibiu os duelos, com penalidades que variam de multas a prisão. Apesar do declínio, os duelos deixaram um legado cultural ou social irradiado, inspirando romances, filmes e outras expressões artísticas.

Antes da distribuição em tanques, mutatis mutandis, o óleo era entregue em latas. A partir da década de 1880, ele foi distribuído em tanques puxados por cavalos. Em 1910, a Standard Oil começou a utilizar tanques motorizados. A Anglo American Oil introduziu tanques subterrâneos e navios-tanque de entrega no Reino Unido em 1920. A Pickfords assumiu uma empresa de navios-tanque de petróleo em 1921 e logo teve navios-tanque de 4.500 litros em meados da década de 1930. Em outros lugares, o desenvolvimento foi mais lento. Por exemplo, na Nova Zelândia, Sir Robert Waley Cohen (1877-1952), da British Imperial Oil, propôs pela primeira vez a utilização de petroleiros em 1925 e o primeiro petroleiro (910 litros ou 240 galões) norte-americanos de Auckland a chegar à Hamilton foi recebido por uma fabulosa banda de metais em 1927. Robert Cohen nasceu em uma proeminente família judia. Seu pai era Nathaniel Louis Cohen, um corretor da bolsa, e sua mãe era Julia Matilda Waley. Charles Cohen, um soldado, advogado e político do Partido Liberal era seu irmão, e Dorothea Waley Singer, uma paleógrafa e historiadora, era sua irmã. O jurista e economista inglês Jacob Waley (1818-1873) era seu avô materno, enquanto o orientalista Arthur Waley (1889-1966) era seu primo. Robert foi educado no Clifton College e no Emmanuel College, Cambridge. Profissionalmente Cohen ingressou na Shell Company em 1901 e negociou sua fusão com a Royal Dutch Oil em 1906. Ele era diretor da empresa resultante da fusão e assistente-chefe de seu diretor administrativo.                        

Cohen foi conselheiro de petróleo do Conselho do Exército durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pela qual recebeu um KBE em 1920. A sigla refere-se a Knight Commander of the Order of the British Empire, uma honraria concedida pelo Império Britânico, especificamente a Ordem do Império Britânico é uma ordem de cavalaria britânica estabelecida em 1917 pelo Rei George V para homenagear aqueles que prestaram serviços ao Reino Unido. O KBE é o segundo nível mais alto dentro dessa ordem, concedido a pessoas que se destacam em suas áreas, como artes, esportes ou música. Se a pessoa for um cidadão britânico, ela pode usar o título Sir antes de seu nome, enquanto cidadãos não britânicos podem usar KBE após o nome. O KBE é o segundo nível mais alto, logo abaixo de GBE (Knight/Dame Grand Cross), e acima de CBE (Commander), OBE (Officer) e MBE (Member). A honraria pode ser concedida a pessoas de qualquer nacionalidade que tenham prestado serviços relevantes ao Reino Unido. KBE é concedido a pessoas que se destacam em suas áreas como: artistas: músicos, atores, diretores, etc.; esportistas: atletas de alto desempenho. E profissionais em diversas áreas: Cientistas, médicos, empresários, etc. Paul McCartney recebeu o KBE em 1997 e é chamado de Sir Paul pelos britânicos, mas não por não britânicos, pois ele não é cidadão do Reino Unido. Bono (U2): Recebeu o título de Honorary KBE em 2007 e usa Bono, KBE. Pelé: Recebeu o título de KBE em 1997 e usava Pelé, KBE.        

Cohen se aposentou da Shell em 1928, mas se tornou presidente da African & Eastern Trade Corporation em 1929. Ele negociou uma fusão com a Niger Company na United África Company em 1929; ele renunciou em 1931. Embora se opusesse ao sionismo, Cohen foi o principal criador da Corporação Palestina, um conglomerado com diversos interesses comerciais. Foi vice-presidente do University College de Londres e presidente da Sinagoga Unida. Como parte dos preparativos da Alemanha imperialista para a proposta geopolítica de invasão da Grã-Bretanha, Cohen foi listado no chamado Livro Negro dos residentes britânicos proeminentes que deveriam evidentemente ser presos. Caen Wood Towers, Highgate, Londres, c.1920, residencia de Robert Waley Cohen entre 1919 e 1942. A casa foi construída para Edward Brooke, que nasceu em Manchester em 1832. Ele se casou com Jane Emily Alston em 1857; eles tiveram muitos filhos. Ele também era dono do Pabo Hall em Conwy, País de Gales, que ainda guarda seu retrato no corredor. Em 1869, Brooke veio de Manchester para Londres e comprou a propriedade de Lord Dufferin em Highgate. Pouco depois, ele mandou construir a casa, originalmente chamada de Caen Wood Towers, nesta propriedade.

A casa  principalmente temcomo representação social uma mistura ou combinação de arquitetura clássica e ameia neogótica, com um alto frontão holandês constituindo o ápice da fachada, em frente a uma torre com múltiplas torres, e com longas e estreitas chaminés em estilo Tudor na ala esquerda. Uma variedade de materiais de pedra e tijolo é, portanto, utilizada em seções apropriadas, e o edifício assemelha-se às casas follies, geralmente menores, de seu tempo. Em 1877, a primeira esposa de Brooke, Jane, morreu e no ano seguinte ele se casou com Frances Amyand Bellairs, filha do reverendo Henry Walford Bellairs. Brooke era sócio da empresa Brooke, Simpson e Spiller, fabricantes de corantes de anilina em Londres. Tornou-se Juiz de Paz do Condado de Middlesex, da Cidade de Londres e do Condado de Carnarvon. Foi também um dos Comissários de Sua Majestade para a Tenência da Cidade de Londres. Um livro publicado em 1880, intitulado Uma série de vistas pitorescas dos assentos dos nobres e cavalheiros da Grã-Bretanha e Irlanda, incluía uma gravura a cores das Torres de Caen Wood e um artigo descritivo sobre Edward Brooke e a casa. Brooke deixou Caen Wood Towers por volta de 1885 e Francis Reckitt e sua família vieram morar exatamente nesta casa. Francis Reckitt era sócio da Reckitt and Sons. Seu pai, Isaac, havia fundado a empresa, e ele e seu irmão, Sir James Reckitt, eram diretores da empresa em que ele morava em Caen Wood Towers. Reckitt nasceu em 1827 em Lincolnshire, Inglaterra.

Ele viveu por alguns anos em Hull, onde a empresa Reckitt and Sons estava sediada e mais tarde mudou-se para Hessle. Ele ficou viúvo duas vezes e teve vários filhos antes de se casar com Eliza Louisa Whitlock em 1877. O censo de 1891 demonstra a família morando em Caen Wood Towers e, nessa época, como vimos pela paternidade que havia quatro filhos ainda morando com eles. Um deles era seu filho Francis William Reckitt, que era artista. Francis Reckitt enriqueceu e doou muito dinheiro para estabelecer instituições públicas. Por exemplo, em 1897, ele pagou pela Newland Homes Francis Reckitt House para crianças. Ele também forneceu fundos para estabelecer uma nova biblioteca de referência dentro de uma biblioteca existente em Hull em 1890. A Reckitt Convalescent Home foi construída em 1907 com dinheiro doado por Francis. Reckitt deixou a Caen Wood Towers em 1900 e Sir Francis Cory-Wright se tornou o proprietário. Em 1904, Cohen se casou com Alice Violet Beddington; o casal teve dois filhos e uma filha. Em 1919, Cohen comprou Caen Wood Towers no prestigioso subúrbio de Highgate, Norte de Londres, onde a família realizou eventos sociais; Lady Waley Cohen frequente permitia que os jardins fossem usados para festas e eventos para clubes de meninas e escoteiros, e para arrecadar dinheiro para os menos afortunados.

Lady Cohen morreu em 1935, mas Sir Robert continuou a viver em Caen Wood Towers até cerca de 1942, quando foi assumida pela RAF e usada como Escola de Treinamento de Inteligência. Em 1924, Cohen alugou do Conde Fortescue a propriedade de Honeymead, em Simonsbath, Somerset, no pântano alto do centro de Exmoor, vagamente definida como uma área de charneca aberta e montanhosa no oeste de Somerset e no norte de Devon, no Sudoeste da Inglaterra. Seu nome é uma homenagem ao rio Exe, cuja nascente está situada no centro da área, a duas milhas a noroeste de Simonsbath. Exmoor é mais precisamente definida como a área da antiga floresta de caça real, também chamada de Exmoor, que foi oficialmente pesquisada entre 1815 e 1818 como tendo 18.810 acres (7.610 ha) de extensão. A charneca deu nome a um Parque Nacional, que inclui as colinas de Brendon, o vale de East Lyn, o vale de Porlock e 55 km (34 mi) da costa do canal de Bristol. Honeymead foi uma das primeiras fazendas construídas por John Knight logo após sua compra da coroa da antiga floresta real de Exmoor, em grande parte inculta, em 1818. Em 1927, Cohen comprou Honeymead com uma propriedade de 1.745 acres (706 ha), incluindo Winstitchen Allotment e Exe Cleave Allotment, juntas com as fazendas de Pickedstones, Winstitchen e Red Deer, também reconhecida como Gallon House e passou a introduzir técnicas agrícolas modernas. Em 1961, seu filho Bernard Waley-Cohen foi nomeado baronete “de Honeymead, no condado de Somerset”. Em 2018 ainda pertencia a seus descendentes.

No filme Encurralado, um clássico cinematográfico de 1971, um enferrujado caminhão tanque Peterbilt 281 é usado por um motorista invisível para perseguir e irritar o vendedor de eletrônicos David Mann, que a qualquer custo tenta matá-lo. Encurralado (Duel) é um premiado filme norte-americano de 1971, gênero suspense, dirigido por Steven Spielberg. Originalmente realizado para entretenimento e consumo na televisão, o filme foi surpreendentemente produzido em somente 13 dias. Inspirado em fatos reais, o longa-metragem se passa em estradas quase ou semidesertas, retratando um duelo anônimo, em oposição assimétrica, entre um caminhoneiro que aparenta ter “uma irresponsabilidade inconsequente pela vida humana” e um pacato vendedor varejista de eletrônicos. A obra é de análise psicológica, e busca fazer uma menção a fragilidade do homem moderno. Entretanto, se tudo na vida e no mundo do trabalho tem um começo, “Duel” irradiou o pragmatismo do “ilustre desconhecido”, o cineasta Steven Spielberg ao mercado cinematográfico. Com suas técnicas inovadoras, Spielberg mantém uma sensação de angústia nos espectadores durante quase todo o filme, e aplica elementos que fazem com que o motorista do caminhão, apesar de ser o algoz da amarga situação social, não passe de um simples figurante - o próprio Peterbilt 281 torna-se o “monstro” em discussão no filme, não como veículo, mas no que ele representa socialmente, nesta inquietante abordagem cinematográfica sobre o destino medonho de um anônimo.

O pragmatismo que em diferentes variantes apresenta-se como uma forma de filosofia capaz de enfrentar os desafios próprios de nosso tempo, certamente, pode ser compreendido do ponto de vista de suas raízes, como sendo originário, de um lado, ao pragmatismo clássico dos pensadores norte-americanos Peirce, Dewey, James, Schiller, são figuras centrais no desenvolvimento do pragmatismo, uma corrente filosófica americana. Peirce é frequentemente considerado o fundador do pragmatismo, enquanto James popularizou a filosofia e Dewey a desenvolveu ainda mais, integrando-a a outras áreas como a educação. Schiller, embora menos conhecido, contribuiu com sua perspectiva pragmática inglesa, destacando a importância da experiência e da utilidade na definição da verdade. Charles Sanders Peirce: Considerado o pai do pragmatismo, Peirce formulou a máxima pragmática, um princípio de clareza conceitual que estabelece que o significado de um conceito reside em suas consequências práticas, ou seja, como ele afetaria a nossa ação. Ele enfatizou a importância da investigação científica e do método científico como um processo contínuo de teste de hipóteses e revisão de crenças.

William James: Amigo e discípulo de Peirce, James popularizou o pragmatismo, expandindo suas aplicações para a psicologia e a religião. Ele via o pragmatismo como uma ferramenta para compreender a verdade, defendendo que uma crença é verdadeira se for útil e eficaz na prática. John Dewey: Um dos principais expoentes do pragmatismo, Dewey focou na aplicação da filosofia à vida cotidiana, especialmente na educação. Ele defendia uma abordagem educacional centrada na experiência, na resolução de problemas e na participação ativa do aluno. Ferdinand Canning Scott Schiller: Filósofo inglês, Schiller desenvolveu sua própria versão do pragmatismo, enfatizando a importância social da experiência e da ação na formação da utilidade de uso da verdade. Ele via a verdade como algo construído e moldado pelas nossas necessidades e propósitos. Por outro lado, às filosofias que emergiram da reviravolta pragmática do Wittgenstein das Investigações Filosóficas. O pragmatismo norte-americano, que segundo J-P Cometti, “é a filosofia mais solidamente enraizada na cultura americana”, desenvolveu-se em torno de uma filosofia do conhecimento, mas, desde o princípio, se afastou de concepções que tendem a privilegiar a busca de um fundamento no absoluto ou a de um modelo da razão, que determina a priori as possibilidades de busca e de descoberta. Pode-se dizer que o pensamento central da metafísica, é que o conhecimento humano não se limita ao conhecimento da experiência, mas que é possível chegar a um conhecimento objetivo do mundo através dos conceitos. Fundamento da verdade não é, então, o mundo “material empírico”, mas inversamente o “mundo do pensamento”, que apreende a estrutura inteligível do real enquanto método de análise. O espírito humano é compreendido como coextensivo em que as leis da lógica exprimem as leis que estruturam a realidade.

Richard Rorty interpreta esta postura como sendo a pretensão de captar, pela mediação do conceito, a forma e o movimento da natureza e da história o que, em última instância, desembocou na ideia de que o ser humano é capaz de descobrir como reparar as injustiças da história.  A teoria neopragmática rortyniana representa um termo filosófico recente, existente da década de 1960, sendo utilizado para denominar a filosofia que reintroduziu muitos dos conceitos do pragmatismo, sobre a verdade como objetivo de desvencilhar-se das influências dos dualismos metafísicos típicos; as distinções entre essência e acidente, aparência e realidade, sendo tal posição denominada de antiessencialista. Grande parte do que Rorty descreve em seus textos sobre a verdade desenvolve-se através de um diálogo com Donald Davidson e sua teoria semântica da verdade. Ambos estão de acordo que a noção sociológica de verdade não pode ser tida como uma correspondência, como uma representação, mas discordam em alguns pontos quanto à solução que procuram encaminhar para essa questão. Enquanto que para Davidson, os conceitos podem ser verdadeiros e utilmente descrever uma realidade objetiva, para Rorty a verdade não deve ser um objetivo da reflexão filosófica, pois o objetivo da investigação pragmática é procurar evidências substantivas para nossas crenças ocidentais, e que não há nada mais que fazer para firmar nossas convicções.

Não queremos perder de vista, historicamente do ponto de vista filosófico relativamente recente que há cerca de duzentos anos, a ideia de que a verdade era produzida, e não descoberta começou a tomar conta do imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos) europeu. O precedente estabelecido pelos românticos conferiu a seu pleito uma plausibilidade inicial. O papel efetivo de romances, poemas, peças teatrais, quadros, estátuas e prédios no movimento social dos últimos 150 anos deu-lhe uma plausibilidade ainda maior, obtendo legitimidade, já que “as ideias adquirem força na história”. Alguns filósofos inclinaram-se ao iluminismo e continuaram a se identificar com a ciência. Eles veem a antiga luta entre a ciência e a religião, a razão e a irracionalidade, como um processo ainda em andamento que assumiu a forma de uma luta entre a razão e todas as mediações intraculturais que pensam na verdade como algo constituído e não encontrado. Esses filósofos consideram que a ciência é a atividade paradigmática e insistem que a ciência natural descobre a verdade, ao invés de cria-la. Encaram a expressão “criar a verdade” como metafórica e totalmente enganosa. Pensam na política e na arte como esferas em que a ideia de “verdade” fica deslocada.

Outros filósofos, percebendo que o mundo descrito pelas ciências físicas não ensina nenhuma lição moral e não oferece conforto espiritual, concluíram que a ciência não passa de uma serva da tecnologia. Esses filósofos alinham-se com o utopista político e com o artista inovador. Os primeiros contrastam a “realidade científica concreta” com o “subjetivo” ou o “metafórico”, os segundos veem a ciência como mais uma das atividades humanas, e não como o lugar em que os seres humanos deparam com uma realidade não humana “concreta”. De acordo com essa visão, os grandes cientistas inventam descrições do mundo que são úteis para o objetivo de prever e controlar o que acontece, assim como os poetas e os pensadores políticos inventam outras descrições do mundo para outros fins. Não há sentido algum, porém, em que qualquer dessas descrições seja uma representação exata de como é o mundo em si. Esses filósofos consideram inútil a própria ideia dessa representação, seja consignando uma verdade de segunda categoria (pro assim dizê-la fenomênica), seja como descrição do espírito da natureza espiritual (em torno da questão de uso da dialética) e elevar ao mais alto status o tipo de verdade oferecida pelo poeta e pelo revolucionário político.

O idealismo alemão, porém, representou uma solução de compromisso pouco duradoura e insatisfatória. É que Immanuel Kant e Georg Hegel fizeram apenas concessões parciais em seu repúdio à ideia de que a verdade está “dada”. Dispusera-se a ver o mundo da ciência empírica como um mundo “fabricado” – a ver a matéria como algo construído pela mente, ou como feita de uma mente insuficientemente cônscia de seu próprio caráter mental -, mas persistiram em ver a mente, o espírito, as profundezas do eu como dotados de uma natureza intrínseca – uma natureza que se poderia conhecer por uma espécie de superciência não empírica, chamada de filosofia. Isso significava que apenas metade da verdade – a metade científica inferior – era produzida. A verdade superior, a verdade sobre a mente, seara da filosofia, ainda era uma questão de descoberta, não de criação. Rorty precisa sua tese de distinção entre a afirmação de que o mundo está dado e a verdade dada, equivale a dizer, com bom senso, que a maioria das coisas no espaço e no tempo, é efeito de causas que não incluem os estados mentais. Dizer que a verdade não está dada é dizer que, onde não há frases, não há verdade. E que as frases são componentes das línguas humanas, e que as línguas humanas são criações humanas. Só as descrições podem ser verdadeiras ou terrivelmente falsas - sem o auxílio das atividades descritivas per se social ou política dos seres humanos - não pode sê-lo.   

Um caminhão representa um veículo motorizado terrestre para transporte de bens. Ao contrário dos automóveis, onde é comum serem construídos em uma estrutura única, à excepção das minivans, sendo a maioria deles feitos sobre uma estrutura forte chamada de chassis, os caminhões são construídos em várias dimensões, desde o tamanho de um automóvel pick-up com mala aberta ao tamanho de camiões pesados de autoestrada com semiatrelados. Camiões e carros têm um antepassado comum: o “fardier” movido a vapor de Nicolas-Joseph Cugnot construído em 1769. Contudo, camiões a vapor não eram comuns até 1800. As estradas nesta altura eram construídas para cavalos e carruagens, limitando o movimento destes veículos, geralmente de uma fábrica até uma estação de comboio. O primeiro semiatrelado surgiu em 1881, “puxado por um trator a vapor Dion”. Camiões movidos a vapor foram vendidos em França e Estados Unidos até a véspera da  guerra mundial, de 1914, e o início da tragédia da 2ª guerra mundial no Reino Unido. O primeiro motor de combustão interna foi construído em 1896 por Gottlieb Daimler (1834-1900). Outros, como Peugeot, Benz e Renault construíram os seus próprios motores de combustão. Geralmente eram construídos com motores de dois cilindros, com uma capacidade de carregar 1500 a 2000 kg. Estatisticamente em 1904, extraordinários 700 caminhões pesados foram construídos nos Estados Unidos da América, 1000 em 1907, 6000 em 1910 e 25000 em 1914.

Após a 1ª guerra mundial, vários avanços foram feitos: pneus totalmente em borracha foram trocados por pneus pneumáticos, acionadores de partida elétricos, travões elétricos, motores de 6 cilindros e iluminação elétrica. A Ford e a Renault também entraram no mercado de camiões pesados. Embora já inventados em 1890, os motores a diesel não foram comuns em camiões na Europa até os anos 1920. Nos Estados Unidos, demorou ainda mais para estes motores serem aceites: motores a gasolina ainda eram usados em camiões pesados até nos anos 1970, enquanto na Europa tinham sido completamente substituídos vinte anos antes. Entretanto, no final do século XIX os Estados Unidos da América representavam a principal potência industrial do mundo globalizado. E o maior celeiro de produtos agropecuários. Eram, também, um grande mercado nacional integrado. A integração era resultante de uma política federal: a doação de terras para criar uma rede ferroviária transcontinental e capilarizada. A implantação dos trilhos “inventou” centenas de cidades a Oeste dos Apalaches com as ligações. Os mapas demonstram o emaranhado do final do século XIX. Havia ainda um pressuposto para o império do transporte de carga sobre rodas: a geração de centenas de milhares de truck-drivers, os condutores das máquinas. Alguns poderiam ser recrutados entre os desmobilizados das guerras, já que haviam aprendido a conduzir nos quartéis. Mas eles vieram, principalmente, de outro movimento relevante do pós-guerra: o aumento da produtividade agropecuária – pela quimificação e mecanização, pelo uso da biologia animal avançada. Concentração de terras, desaparecimento de milhares de Family farms – que dirigiam tratores e caminhões transferiram sonho de produtores independentes para o de condutores independentes.

            A questão da escravidão continuaria a polarizar politicamente os Estados Unidos durante toda a primeira metade do século XIX, efetivamente dividindo o país entre os estados escravos e livres, na altura da linha Mason–Dixon. Durante o governo de Thomas Jefferson, o Congresso dos Estados Unidos passou uma lei proibindo a importação de escravos, em 1808, embora o tráfico ilegal, via Flórida espanhola, continuasse comum. O comércio interno de escravos, contudo, permaneceu legal e cresceu consideravelmente já que a demanda das plantações, movida principalmente pelo algodão no Sul, aumentava ano a ano. Na primeira metade do século XIX, mais de um milhão de escravos foram vendidos no sul, especialmente próximos a fronteira, e levados para as plantações no extremo sul do país em migrações forçadas. Nesse contexto, embora crianças não pudessem ser separadas de suas mães antes de completarem 12 anos, a prática era comum, assim como estupros a mulheres. Embora passassem por um processo de desumanização e maus tratos, as comunidades afro-americanas no Sul foram se desenvolvendo e tentavam preservar sua cultura. Em 1865, havia mais de 4 milhões de afro-americanos em condição de escravidão. No sul dos Estados Unidos, em 1860, eles eram 3,5 milhões (31% da população), com 25% da população branca no Sul tendo ao menos um escravo trabalhando para ele de forma permanente aluguel de escravos, também era uma opção comum para aqueles que não podiam pagar para manter um. No país como um todo, antes da guerra civil começar, cerca de 8% das famílias de norte-americanos brancos tinha escravos negros.

            Durante a maioria do século XVII e parte do século XVIII, escravos do sexo masculino eram em maior número que escravas do sexo feminino, fazendo com que os dois grupos tivessem experiências distintas nas colônias. Vivendo e trabalhando em uma ampla variedade de circunstâncias e regiões, homens e mulheres afro-americanos tiveram variadas experiências de escravidão. Com o aumento de mulheres africanas sequestradas, bem como os escravos nascidos nas colônias, estupros cresceram entre 1730 e 1750. - “A singularidade da situação das mulheres afro-americanas é que ela se situa no cruzamento de duas das mais bem desenvolvidos ideologias na América, sobre as mulheres e sobre o Negro”. Possuindo identidades femininas e simultaneamente identidades negras, mulheres africanas escravizadas enfrentaram em oposição assimétrica racismo e sexismo. A partir de 1700 e 1740, um número estimado de 43.000 escravos foi levado para a Virgínia e, à exceção de 4.000 escravos, que foram sequestrados diretamente da África.

        No período histórico da Revolução Americana (1775-1783), o status de escravo havia sido institucionalizado “como uma casta racial”, na parte mais baixa da hierarquia social, formada quase que exclusivamente por negros de ascendência africana, amparada por provisões legais dentro Constituição do país. Em 1789, o número de pessoas de cor livres que eram cidadãos e podiam votar era quase nulo. Porém, pouco tempo depois da guerra de independência, as primeiras Leis Abolicionistas foram passadas nos Estados do norte e o movimento para abolir a escravidão cresceu na primeira metade do século XIX. Os Estados nortistas dependiam de mão de obra livre e a maioria tinha abolido a escravidão por volta de 1805, embora nem todos os escravos tenham sido libertados de fato, imediatamente. A expansão da indústria do algodão no extremo Sul após a invenção da máquina de tecer, fez com que a demanda por trabalho escravo no sul dos Estados Unidos aumentasse. Os escravagistas tentaram expandi-la para os estados formados nos territórios do Oeste para que assim eles pudessem manter sua influência política pela nação. Os políticos sulistas queriam anexar Cuba como um território escravagista!

            Pesquisas recentes sugerem que o número de mulheres e homens transportados neste período foi semelhante, incluindo um elevado número de filhos. Como a maioria dos escravos provinham da África Ocidental, suas culturas eram centrais de meados ao fim do século XVIII da escravidão na Virgínia. Valores africanos foram predominantes e as culturas das mulheres da África Ocidental tinham fortes representações. Algumas representações culturais predominantes formavam os poderosos laços entre mãe e filho e entre as mulheres na comunidade feminina. Entre o grupo étnico Ibo da atual Nigéria, em particular, que incluía entre um terço e metade dos escravos no início do século XVIII, a autoridade feminina (a omu) “administrava sobre uma ampla variedade de questões importantes para as mulheres, em particular, e para a comunidade como um todo”. O grupo étnico lbo, representavam inúmeras pessoas trazidas para a Chesapeake, que pode se referir a várias localidades nos Estados Unidos, porém, em geral, os africanos vieram traficados de uma variada gama de culturas negras. Todos vieram de comunidades onde as mulheres eram fortes, e foram introduzidas sociedade patriarcal, racista e exploradora; homens brancos caracterizavam todas as mulheres negras como uma erotização sexual, visando justificar seu abuso sexual & prática de miscigenação. 

O caráter capitalista da “plantation” escravista do Sul, análogo aos estados do norte, era em certa medida uma contradição, mas em última instância, de oposição assimétrica no sentido formal marxista interno ao sistema econômico. Contudo, em sua complementaridade uma economia escravista tende a inibir o desenvolvimento econômico de uma sociedade capitalista, tal como apontado, neste caso pelo sociólogo Max Weber em seu livro: The Theory of Social and Economic Organization. Além disso, o retorno dos lucros de volta à produção, no caso comparado de Marx, presente no Norte industrializado, não ocorria da mesma forma nos estados do sul, que tinha uma acentuada tendência a um consumo intenso, daí o binômio: produção-consumo. Assim, norte e sul diferem-se na medida em que o primeiro possui um progresso econômico qualitativo com o retorno dos lucros à produção, e o Sul, por sua vez, ao dirigir seus lucros em escravos e terras, possui um progresso econômico quantitativo, levando em consideração a só aparente baixa produtividade da mão-de-obra escrava. Esse fato histórico, ideológico ou culturalmente se deve à mentalidade escravista do proprietário sulista, que investia na compra de escravos como “fator unicausal de produção”, pois “dava prestígio e segurança econômica e social numa sociedade dominada pelos plantadores”. Os consequentes saltos qualitativos na produção nortista levaram os proprietários sulistas a uma disputa com os proprietários do Norte.

Se for aceita a condição capitalista para os estados do Sul (Karl Marx), assim como para os estados do Norte (Max Weber), tem-se uma sociedade capitalista que impediu o desenvolvimento do próprio capitalismo. Fato que historicamente tende a revoltas, guerras e revoluções, ainda mais considerando que o Sul apresentava economicamente problemas de produção de produtos para o consumo interno. Relatos do escravo Frederick Douglass demonstram que algumas plantações não forçavam seus escravos a trabalharem no período festivo do Natal. O motivo não era altruísta, essa folga era concedida para liberar tensão psicológica entre os trabalhadores, como ocorre comparativamente no período de “carnaval” para que eles continuassem sendo explorados mais um ano. Não era uma prática comum a todos os donos de escravos, mas pelos relatos históricos e etnográficos, não era algo tão raro também na sociedade de classes. Apesar do tráfico de escravos ser proibido em 1815, o contrabando continuou até o ano de 1860, enquanto que no Norte crescia a campanha pela abolição da escravidão. O Compromisso do Missouri de 1820, autoriza a escravidão apenas abaixo do paralelo 36º.

O apoio que ainda poderia existir no Norte a favor da escravidão esvaiu-se com o livro A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Elizabeth Stowe (1811-1896), uma ardente abolicionista que o publicou em 1852. Stowe, uma professora do Hartford Female Seminary nascida no estado do Connecticut, e defensora ativa do abolicionismo no Estados Unidos, criou a figura do Uncle Tom, um escravo negro, com uma longa história de sofrimento, e cuja vida é o ponto central da história do livro. O romance descreve a realidade da escravatura ao mesmo tempo que afirma que o amor cristão pode superar algo tão destrutivo como a escravidão dos seres humanos. Uncle Tom`s Cabin foi o romance mais vendido do século XIX e o segundo livro deste século, logo a seguir à Bíblia. Crê-se que terá sido um dos pontos de partida para a causa do abolicionismo na década de 1850. No primeiro ano da sua publicação, foram vendidas cerca de 300 000 cópias nos Estados Unidos; um milhão na Grã-Bretanha. Em 1855, três anos depois da primeira publicação, foi chamado não por acaso de “o romance mais popular dos nossos dias”. O impacto atribuído ao livro é enorme, reforçado por uma história de quando Abraham Lincoln conheceu Stowe no início da Guerra Civil, e lhe disse: - “Então é esta a pequena senhora que deu início a esta grande guerra”. A citação não é reconhecida; só apareceu impressa em 1896, e tem sido alvo de alguma discussão: - “A longa presença da saudação de Lincoln como uma anedota em estudos literários e estudos sobre Stowe, pode talvez ser explicada em parte pelo desejo entre muitos intelectuais contemporâneos ... de afirmar o papel da literatura como agente de mudança social”. O livro e as peças de teatro nele inspiradas ajudaram a tornar popular vários estereótipos sobre os negros.

Destaque-se a afetuosa mammy (mãezinha) negra; o estereótipo pickaninny referente a crianças negras; e o Uncle Tom (pai Tomás), ou o obediente e serviçal sofredor devoto ao seu patrão ou patroa brancos. Em anos mais recentes, as associações negativas a Uncle Tom`s Cabin, esconderam, até um certo ponto, o impacto histórico do livro como um “instrumento essencial anti-escravatura”. Harriet Beecher Stowe, uma professora do Hartford Female Seminary, nascida no estado norte-americano do Connecticut, e defensora ativa do abolicionismo no Estados Unidos, escreveu a história em reação à aprovação, em 1850, da segunda Lei do Escravo Fugitivo. Grande parte do livro foi escrito em Brunswick, onde o seu marido, Calvin Ellis Stowe, ensinava no Bowdoin College. No final de 1860, o Estado da Carolina do Sul já havia se declarado fora da União, fato político este que culminou na formação dos Estados Confederados da América. Poucos meses após a eleição de Abraham Lincoln (1809-1865), um republicano contrário à escravidão, a confederação, politicamente de cunho separatista, já aglomerava caracteristicamente seus pontos de vista em 11 Estados: Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Flórida, Alabama, Mississippi, Louisiana, Arkansas, Texas e Tennessee. Assim, a guerra civil se deflagra e deixa um saldo de centenas de milhares de mortos e uma legião infelizmente de negros marginalizados. Nenhum programa governamental é previsto para sua integração profissional e econômica. O Sul permanece militarmente, mas isso acontece até 1877, favorecendo o surgimento de outras novas religiões como uma que se chama: Os cavaleiros da Camélia Branca, nessa esfera política “perseguia os negros violentamente e defendia a segregação racial”.        

No início do século XX, em Tacoma (Washington), o empresário produtor de madeira T.A. Peterman deparou-se com um problema de logística: ele não conseguia levar as toras derrubadas na floresta para sua serraria de forma rápida e eficiente. A fim de melhor aproveitar os recursos florestais, seria necessário melhorar os métodos utilizados até então: troncos flutuantes no rio, tratores a vapor, e uso da força do cavalo. Peterman sabia que se ele pudesse desenvolver a então incipiente tecnologia do automóvel e construir caminhões, ele teria grandes chances de resolver o seu problema. Para este fim, foi adaptar caminhões dispensados pelo exército, introduzindo melhorias sucessivas na tecnologia de cada veículo. Pouco depois, em 1938, ele comprou os ativos da Fageol Motors de Oakland, Califórnia, por causa da sua necessidade de um registo personalizado para construir chassis de caminhão. Fageol tinha ido à falência em 1932. Em 1938, a Grande Depressão tinha conduzido o valor dos ativos a quase zero. A queda dos lucros, a retração geral da produção industrial e a paralisação do comércio resultou na queda das ações da bolsa de valores e mais tarde na quebra da bolsa. Portanto, a crise de 1929 foi uma crise de superprodução. Tanto Henry Ford quanto John Maynard Keynes alertaram, antes da Crise de 1929, que “a aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em uma revolução paralela do lado da demanda”, que permitisse a redistribuição dos ganhos de produtividade causados pelo taylorismo, de forma que houvesse redistribuição dessa nova renda gerada, para dirigi-la ao consumo.

Durante décadas, essa foi a teoria mais aceita para a causa da Grande Depressão, porém, em contrapartida, economistas, historiadores e cientistas políticos têm criado diversas outras teorias para a causa, ou causas, da Grande Depressão, com surpreendente pouco consenso. Ela permanece como um dos eventos mais estudados da história da economia mundial. Teorias primárias incluem a quebra da bolsa de valores de 1929, a decisão de Winston Churchill em fazer com que o Reino Unido passasse a usar novamente o padrão-ouro em 1925, que causou maciça deflação ao longo do Império Britânico, o colapso do comércio internacional, a aprovação do Ato da Tarifa Smoot-Hawley, que aumentou os impostos de cerca de 20 mil produtos no país, a política da Reserva Federal dos EUA, e outras influências. Foi o economista Milton Friedman (1912-2006) que culpou a política monetária equivocada como a causa da Grande Depressão. Segundo a análise de Friedman, a autoridade monetária norte-americana permitiu que o suprimento de dinheiro diminuísse em um terço entre 1929 e 1933. O aperto da política monetária foi seguido pela queda dos preços e pela atividade econômica mais fraca: - “Durante os dois meses desde o pico cíclico de agosto de 1929 até o colapso, a produção, os preços no atacado e a renda pessoal caíram a taxas anuais de 20%, 7,5% e 5%, respectivamente”.

Em direção oposta da Corrente dominante no mundo acadêmico, Thomas Sowell analisou as estatísticas de desemprego nos Estados Unidos e culpou a interferência governamental na economia pela Grande Depressão. A taxa de desemprego nos Estados Unidos somente alcançou dois dígitos em 1932, tendo se mantido estável durante três anos, entre 1929 e 1931. Para Sowell, apenas quando o presidente Herbert Hoover adotou uma política agressiva de aumento dos gastos públicos e do protecionismo visando a reeleição na eleição de 1932, que a Grande Depressão veio de fato a ocorrer. Sowell alega que as estatísticas desmentem a narrativa dominante de que as políticas reconhecidas como New Deal, aprovadas pelo presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, terminaram com a Grande Depressão, alegando que o desemprego continuou crescendo durante todo os anos 1930. Sowell conclui que o New Deal, na verdade, prolongou a Grande Depressão. Concordando com essa visão, Peter Ferrara, alega que a Grande Depressão só terminaria com a final da 2a guerra mundial (1939-1945), que teria levado a uma acentuada redução de gastos, impostos e regulamentações governamentais

Peterman adquiriu a fábrica de caminhões falida e começou a produzir caminhões para uso exclusivo na sua exploração de madeira. Em 1939, ele começou a vender seus caminhões principalmente para o público. T. A. Peterman morreu em 1945. Sua esposa Ida, vendeu a companhia para sete pessoas, menos a terra. Eles tornaram a empresa uma grande produtora de caminhões pesados. Em 1958, Ida Peterman anunciou planos de vender a terra para desenvolver um shopping center. Os acionistas, não tendo o desejo de investir em uma nova fábrica, venderam a Pacific Car & Foundry Co., segunda principal fabricante de vagões ferroviários, que estava procurando expandir sua fabricação de caminhões. Essa empresa, que adquiriu os ativos da Kenworth em 1945, já era uma empresa emergente no mercado de caminhões pesados. Os modelos de caminhões Peterbilt normal e tradicionalmente começavam com um “2” para caminhões com um único eixo e com 3 para rodado duplo. Peterbilt eliminou essa distinção no final de 1970. O Peterbilt 281 surgiu da montagem da Peterbilt em Oakland, Califórnia, em 1954.

Ele ganhou o apelido de Needlenose por causa de seu nariz estreito e capô em forma de borboleta, “popular entre os caminhoneiros pela facilidade de acesso ao motor e visibilidade superior”. Tal como a sua série companheira 351, tinha apenas dois pequenos painéis redondos. O clássico afinado nariz borboleta Peterbilt modelo feito a partir de 1954 até 1976, embora poucos foram feitos depois de 1968. O caminhão no filme clássico “Cult Movie Duel” é um Peterbilt 281 de 1950. Primeiro projeto do (Não é um 351 porque ele tem um eixo de marca 351 também estava disponível depois de 1971, em um eixo dianteiro revés (SBFA configuração) (Peterbilt de tal), que visa o mercado da costa Leste. Apelidado de “O lutador Autocar” por alguns funcionários. O SBFA 351 evoluiu para o 353. Permanecendo em produção até 1976, o 281/351 era uma série durável e popular. O design básico abriu caminho para diferentes modelos, com modelos de cabine inclinada sobre motor introduzidos em 1959. Um modelo 281 foi apresentado com destaque no filme feito para a TV Duel, dirigido por Steven Spielberg, de 23 anos, em 1971. Quando o filme foi “lançado nos cinemas em mercados estrangeiros, cenas adicionais foram filmadas em para estendê-lo por 90 minutos de duração”. Essas cenas adicionais foram filmadas com um Peterbilt 351, modificadas para corresponder ao 281 o mais próximo possível. Para reforçar sua intenção, Spielberg fez questão que o rosto do condutor do caminhão não aparecesse em momento algum durante as cenas.

David Mann (Weaver) está dirigindo seu carro pelas estradas da Califórnia, quando começa a ser perseguido por um caminhão gigantesco, dirigido por um homem não identificado, que “parece querer brincar com ele perigosamente na estrada”. No decorrer do trajeto rodoviário, David começa a perceber que a perseguição não se trata, apenas, de uma mera brincadeira ao volante. A medida em que as provocações do misterioso caminhoneiro atingem níveis mortais, David procura desesperadamente despistar o seu torturador psicológico, que parece não ter nenhum compromisso naquele dia a não ser provavelmente matá-lo. Considerado um sucesso, o filme obteve nota máxima concedida pela maioria dos críticos. Entre o público geral, o Rotten Tomatoes o classificou com quatro estrelas e meia de um total de cinco estrelas. O IMDB também reconhecida como Internet Movie Database, representa uma base de dados técnicos de informação sobre cinema, TV, música e games, pertencente à Amazon, que o classificou como quatro de cinco estrelas, com a votação de quase 60 mil membros participantes. Peterbilt 281 do Encurralado tinha motor Caterpillar de 300 cv e câmbio de 13 marchas.

Bibliografia Geral Consultada.

MOORE JUNIOR, Barrington, As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia: Senhores e Camponeses na Construção do Mundo Moderno. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1983; DUMONT, Louis, O Individualismo: Uma Perspectiva Antropológica da Ideologia Moderna. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1985; SROUR, Robert Henry, Classes, Regimes, Ideologias. São Paulo: Ática, 1987; CASTRO, Celso, O Espírito Militar: Um Estudo de Antropologia Social na Academia Militar das Agulhas Negras. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990; RAITZ, Karl, “American Roads, Roadside America”. In: The Geographical Review, Vol. 88, pp.363-387; 1998; BAUDRILLARD, Jean, América. Londres e Los Angeles: Editor Verso, 1989; EHRENBERG, Alain, La Fatiga de Ser Uno Mismo – Depresión y Sociedad. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 2000; Artigo: “A Policy on Geometric Design of Highways and Streets”. In: American Association of State Highway and Transportation Officials. Washington, D.C., 2001; BAILYN, Bernard, As Origens Ideológicas da Revolução Americana. Bauru: Editora da Universidade Sagrado Coração, 2003; BAUMAN, Zygmunt, Amor Líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004; BENGHOZI, Pierre, “Resiliência Familiar e Conjugal numa Perspectiva Psicanalítica dos Laços”. In: Psicologia Clínica, vol. 17, n° 2, pp. 101-109, 2005; SENNETT, Richard, A Corrosão do Caráter: Consequências Pessoais do Trabalho no Novo Capitalismo. 10ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005; DA COSTA, Jocilene Otilia da, Desenvolvimento dum Modelo de Previsão de Acidentes. Tese de Doutoramento em Segurança Viária. Portugal: Universidade de Minho, 2013; SOUTO MAIOR, Patrícia Silva, O Devir da Angústia: Um Diálogo entre Kierkegaard e Dostoiévski. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estética e Filosofia da Arte. Departamento de Filosofia. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2017; JINKINGS, Ivana, Tecnopolíticas da Vigilância: Perspectivas da Margem. Organização Fernanda Bruno ... et al. 1ª edição. – São Paulo: Boitempo Editorial, 2018; MORENO, Cláudio, Um Rio Que Vem da Grécia. Crônicas do Mundo Antigo. Porto Alegre: L&PM Editores, 2023; CABRITA, Débora Alves Pereira, Marcas das Dimensões Constitutivas do Jornalismo nas Adaptações dos Livros-Reportagem Olga (1985) e Corações Sujos (2000) para a Linguagem Audiovisual. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens. Campo Grade: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2020-2025, entre outros.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Ilha Fantasma – Iluminismo Escocês & Ruptura, Experiência de Sonhos.

           Só a experiência própria é capaz de tornar sábio o ser humano”. Sigmund Freud

         Escócia é um dos países do Reino Unido e cobre o terço Norte da ilha da Grã-Bretanha. Ele compartilha uma fronteira com a Inglaterra ao sul e outra, formada pelo oceano Atlântico, com o mar do Norte a Leste e com o canal do Norte e o mar da Irlanda a Sudeste. Scotland vem de Scoti, o nome latino para os gaels. A palavra latina Scotia` (“terra dos gaels”) era utilizada para se referir à Irlanda (cf. Dorneles, 2015). Até o século XI, o termo Scotia foi usado para se referir a Escócia ao norte do rio Forth, juntamente com os termos Albania ou Albany, ambas derivadas do gaélico Alba. O uso das palavras Escócia para se referir a tudo o que é agora o território escocês tornou-se comum durante a Idade Média. Além do continente, o país é composto por mais de 790 ilhas, incluindo as Ilhas do Norte e as Hébridas. Edimburgo, a capital e segunda maior cidade do país, foi o centro do Iluminismo Escocês do século XVIII, que transformou a Escócia em uma das potências comerciais, intelectuais e industriais da Europa. Glasgow, maior cidade, já foi um dos polos industriais mais importantes do mundo. As águas territoriais escocesas consistem em um grande setor do Atlântico Norte e do mar do Norte, região que contém as maiores reservas de petróleo da União Europeia. Isso tem dado a Aberdeen, a terceira maior cidade do país, o título de capital do petróleo da Europa. O Reino da Escócia emergiu como um Estado na Alta Idade Média a existir até 1707. Por herança, em 1603, o rei James VI da Escócia se tornou rei da Inglaterra e da Irlanda, com a delicada união pessoal entre os três reinos.  O Iluminismo Escocês (Scottish Enlightenment) refere-se ao período de transição, no século XVIII, na Escócia, caracterizado por um extraordinário aparecimento de intelectuais e obras científicas, rivalizando com qualquer outra nação, em qualquer momento sendo uma base economicista fundante deste pensamento. 

         O que tornou ainda mais notável foi que ela teve lugar num país que estava entre os mais pobres e era considerado um dos mais atrasados da Europa Ocidental, antes dessa data. Na Weltanschauung de Hugo Cerqueira (2004), o cenário escocês no período histórico de transição entre a pré-modernidade e o mundo moderno carregou suas particularidades. Na Escócia, segundo as análises kantianas, o Iluminismo trouxe características como a autonomia do sujeito, a preocupação com o esclarecimento e a educação. O autor compreende que não há ruptura do Iluminismo inglês, não sendo prudente “desconsiderar a presença de particularidades significativas, seja no que diz respeito às origens do movimento, seja no que tange a seu significado, sua motivação e suas características”. Diferente da esfera continental, contradictio sine qua non a versão escocesa, não se opunha aos valores do cristianismo e à religiosidade como um todo. A Igreja Católica na Escócia é parte da Igreja Católica universal, sob a liderança do Papa e da Santa Sé. Apesar de existirem outras denominações cristãs na Escócia, como a Igreja da Escócia (presbiteriana), a Igreja Católica na Escócia mantém sua identidade como parte da Igreja Católica Romana. A história da igreja na Escócia tem suas particularidades, incluindo períodos de influência e conflitos com outras tradições religiosas, mas a ligação com a Igreja Católica universal sempre foi mantida, com exceção de alguns períodos em que houve rompimento com Roma. Estabelecida na Escócia por quase um milênio, a Igreja Católica foi banida após a Reforma Escocesa em 1560. Em 1° de janeiro de 1801, os reinos da Grã-Bretanha e da Irlanda uniram-se para formar o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Em 1922, o Estado Livre retirou-se, por meio de secessão, do Reino Unido, forçando a renomeação deste para Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte em 1927.

         A Emancipação Católica, em 1793 ajudou católicos a recuperar os direitos civis, que eram negados a eles pelo governo protestante. Em 1878, ocorreu a restauração da hierarquia católica escocesa. Ao longo dessas mudanças, vários bolsões na Escócia mantiveram uma população católica anterior à Reforma, incluindo partes de Banffshire, Hébridas e partes ao Norte das Terras Altas da Escócia. Em 1716, o Seminário de Scalan foi estabelecido nas Terras Altas e reconstruído na década de 1760 pelo bispo John Geddes (1735-1799), uma figura popular em Edimburgo no período do iluminismo. Quando Robert Burns escreveu a um correspondente que “o primeiro [isto é, o melhor] personagem clérigo que eu já vi era um católico romano”, ele estava se referindo a Geddes. O Gàidhealtachd tem sido católico e protestante nos tempos modernos. Um número de áreas gaélico-escocesas na atualidade é principalmente católico, incluindo Barra, South Uist e Moidart. O poeta e romancista Angus Peter Campbell, um premiado poeta, romancista, jornalista, radialista e ator escocês escreve frequentemente sobre a Igreja Católica em seus trabalhos. Para alguns pensadores sociais, como Hugh Trevor-Hoper (1914-2003) e John Robertson (1768-1843), as reflexões do esclarecimento escocês, centradas nas atividades de intelectuais, estariam ligadas às temáticas pertinentes à filosofia moral, à história, à economia política,  afastando-se das discussões temática em torno das ciências sociais com as ciências naturais, per se direcionando o pensamento para a defesa do progresso social.      

Por outro lado, como nas concepções de Nicholas Phillipson (1836-1916), Roger Emerson (1934-2025) e Paul Wood, a física, a química e a medicina também teriam feito parte das discussões centrais de formação ilustrada da Escócia. Mais do que isso, alertam para a importância das características, do método e dos conceitos das ciências naturais para refletir sobre o comportamento social humano. O caráter de florescimento intelectual escocês, em áreas como a economia, a história, a filosofia moral, a geologia, a astronomia, a química, a arquitetura e as artes acontecem como uma reação à crise econômica e ao novo quadro de dependência política com a Inglaterra. O esclarecimento surge para os escoceses como parte de uma forma de superação do novo caráter sujeito do Estado. Além das reformulações curriculares feitas nas universidades escocesas a partir da Revolução Gloriosa, um evento ocorrido na Inglaterra entre 1688 e 1689, que resultou na deposição do rei Jaime II e na ascensão de Guilherme de Orange e Maria II ao trono, sem grande derramamento de sangue. Este acontecimento marcou o fim do absolutismo na Inglaterra e o início de uma monarquia constitucional, onde o poder do monarca era limitado pelo Parlamento, o que é importante na medida em que no final do setecentos, quando passa a ser adotada uma postura educacional voltada a constituição de valores sociais julgados como mais benéficos à formação humana.

E nesse sentido, “a rejeição dos padrões e modelos adotados pelo aristotelismo e pela escolástica abriu espaço para uma nova compreensão do papel e do sentido da busca do conhecimento”. Importantes intelectuais associados ao Iluminismo Escocês foram, entre outros: Francis Hutcheson (1694-1746), David Hume (1711-1776), Adam Smith (1723-1790), Thomas Reid (1710-1796), Robert Burns (1759-1796), Adam Ferguson (1723-1816), e James Hutton (1726-1797). Os Atos de União de 1707 com a Inglaterra significou o fim do Parlamento da Escócia e o autogoverno autônomo. Os parlamentares, políticos e aristocratas se mudaram para Londres. A lei escocesa, no entanto, foi totalmente separada da lei inglesa, de modo que as cortes de direito civil, advogados e juristas ficaram para trás, em Edimburgo. A sede e a liderança da Igreja Presbiteriana também se mantiveram, assim como as universidades e os estabelecimentos médicos. Os advogados e os teólogos, em conjunto com os professores, intelectuais, os médicos, cientistas e arquitetos formaram uma nova elite de classe média que dominou Escócia urbana e facilitou o Iluminismo Escocês. A Escócia entrou numa união política com a Inglaterra em 1° de maio de 1707 para criar o novo Reino Unido da Grã-Bretanha.

A união também criou o novo Parlamento da Grã-Bretanha, que sucedeu ao Parlamento da Escócia e o Parlamento de Inglaterra. O Tratado de União foi acordado em 1706, promulgado pelo Tratado de União de 1707, tendo sido aprovados pelos parlamentos de ambos os países, apesar de algumas revoltas populares e da oposição Antiunionista em Edimburgo, Glasgow e em outros lugares. A Grã-Bretanha posteriormente entrou em uma união política com a Irlanda em 1° de janeiro de 1801, para criar o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. O sistema jurídico escocês manteve-se separado da Inglaterra, do País de Gales e da Irlanda do Norte, sendo que “a Escócia constitui uma jurisdição distinta no direito público e privado dentro do reino”. A existência de instituições jurídicas, educacionais e religiosas distintas das do resto do Reino Unido têm contribuído para a sobrevivência da cultura e da identidade nacional escocesa desde a união em 1707. Dois séculos depois, após um referendo em 1997, um Parlamento Escocês foi restabelecido, desta vez como uma legislatura devolvida com autoridade sobre muitos temas internos. O Partido Nacional Escocês, que apoia a independência do país, ganhou uma maioria absoluta nas eleições gerais de 2011. Um referendo realizado em 18 de setembro de 2014 rejeitou a separação do país do Reino Unido por uma maioria de 55% dos votos, com um comparecimento às urnas de 85%.

Assombrado pela morte recente de sua esposa grávida, Eric se muda para uma ilha remota escocesa, completamente sozinho, com exceção de seu cão dedicado. No entanto, um espectro malévolo e visões cada vez mais violentas logo o levam à beira da loucura. O filme Ilha Fantasma (2021) foi filmado em várias locações na Escócia, com destaque para a região marítima de Argyll e Bute, a segunda maior Council Area da Escócia, perdendo apenas para Highland. O filme explora a jornada de Eric Black, que, após a morte trágica de sua esposa grávida, Rachel, busca refúgio e respostas em paisagens remotas e desafiadoras, onde a atmosfera sombria e misteriosa da história se intensifica. Além de Mull, outras locações na região de Argyll e Bute também foram utilizadas, como a costa e áreas rurais, que oferecem cenários variados para a narrativa. A escolha dessas locações contribuiu para a atmosfera sombria e isolada do filme, refletindo o estado emocional do protagonista e a busca por respostas em um ambiente selvagem e misterioso. Junto com suas ilhas, cobre uma área de mais de 4800 km de costa e tem como sede/capital a cidade de Lochgilphead. A cidade foi criada em 1790, como uma etapa na estrada recentemente aberta entre Inveraray e Campbeltown. A abertura do canal de Crinan tem permitido a Lochgilphead de resultar uma vila de entidade radiante em toda a península do Kintyre. A Council Area foi criada em 1996 quando esta pertencia à antiga região de Strathclyde, criada em 1975 e abolida em 1996, que estava subdividida em dezenove distritos ou mesmo condados. Era parte das áreas geográficas dos distritos/condados de Argyll, menos a área de Morvern que desmembrada é parte de Highland, de Bute e parte de Dunbartonshire.  

            O sentimento de culpa tem como representação psicologicamente o sofrimento humano obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ter sido. Há também outra definição para “sentimento de culpa”, quando se viola a consciência moral pessoal, ou seja, quando pecamos e erramos, surge o sentimento de culpa. Para a psicologia humanista-existencial, especialmente a da linha de pesquisa rogeriana, a culpa é um sentimento como outro qualquer e que pode ser “trabalhado” terapeuticamente ao se abordar este sentimento com aquele que sofre. Para esta linha de raciocínio um sentimento como esse, quando chega a ser considerado um obstáculo por aquele que o sente, é resultado de um inadequado crescimento pessoal, mas não é considerado uma psicopatologia. Para os teóricos rogerianos, todas as pessoas têm uma tendência a atualização que se dirige para a plena auto realização; o sentimento de culpa pode ser apenas limitação no processo de auto realização. É bastante concebível que tampouco o sentimento de culpa produzido pela civilização seja percebido como tal, mas que em grande parte permaneça inconsciente, ou apareça como uma espécie de mal-estar, uma insatisfação, para a qual as pessoas buscam outras maneiras de motivações.

As religiões comparativamente na história as ideias na filosofia política tão antigas como na formação dos Estado, não desprezaram o papel desempenhado na civilização pelo sentimento de culpa.  Quer dizer, o sentimento de culpa, a severidade do superego, é, portanto, o mesmo que a severidade da consciência. É a percepção que o ego tem de estar sendo assim vigiado, a avaliação da tensão entre os seus próprios esforços e as exigências do superego. É o ponto-chave do ensaio “Mal-estar na Civilização” de Sigmund Freud, um médico neurologista criador da psicanálise. Freud, como se tornara reconhecido, nasceu em uma família judaica, em Freiberg in Mähren, pertencente ao Império Austríaco, atualmente, a localidade é denominada Příbor, e pertence à República Tcheca. Freud iniciou seus estudos pela utilização da técnica da hipnose no tratamento de pacientes com histeria, como forma de acesso aos seus conteúdos mentais. Frigidez ou anafrodisia é progressiva a falta de desejo sexual tanto em homens quanto em mulheres. Mas a frigidez deve ser diferenciada da anorgasmia, condição em que ocorre a falta do orgasmo, mas na qual há o desejo sexual. 

Na quase absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos ou sociais, sendo um dos mais frequentes determinantes a monotonia conjugal com o social irradiado através dos condicionamentos cotidianos da velhice. Também a educação que se recebeu, a falta de diálogo entre os parceiros, as práticas sexuais pouco gratificantes e até a resistência disciplinar em inovar, sobretudo em torno do corpo, acabam por minar o relacionamento e facilitam o desinteresse. O próprio fato de envelhecer e as dificuldades do cotidiano podem interferir na satisfação sexual. A grande maioria é causada por vivências sexuais destrutivas, culturas empíricas ou religiosas fortemente baseados no costume. Frigidez pode ser causada, segundo seus especialistas, por traumas de infância, como por exemplo abuso domiciliar e algum tipo de violência simbólica sexual paterna, medo de engravidar, ansiedade, experiências obstétricas traumáticas e na maioria das vezes relações didáticas inadequadas através das medições complexificadas pela falta de diálogo no convívio. Junto com a frigidez, vem uma série de problemas que podem se tornar agravantes. A determinidade da ansiedade é o primeiro dos sintomas, seguido de desinteresse e falta de apetite sexual. Vale lembrar que o interesse especialmente da paixão é, portanto, inseparavelmente da realização do universal, pois o universal resulta do particular e definido e de sua negação. 

            É o particular que se esgota na luta, onde parte dele é destruída. Não é a ideia geral que se envolve em oposição e luta expondo-se ao perigo, ela permanece no segundo plano, intocada e incólume. Isto pode ser chamado astúcia da razão, porque deixa “as paixões trabalharem por si, enquanto aquilo através do qual ela se desenvolve paga o preço e sofre a perda”. O fenomenal é que em parte é negativo e em parte, positivo. Em geral o particular é muito insignificante em relação ao universal, os indivíduos são sacrificados e abandonados. Ela contraria o tributo da existência e da transitoriedade, não de si mesmo, mas das paixões dos indivíduos. Podemos achar tolerável a ideia de que os indivíduos, seus objetivos e suas satisfações sejam assim sacrificados e sua felicidade entregue ao domínio do acaso, a que ela pertence – e que em geral os indivíduos sejam vistos sob a categoria social de seus recursos. Este é um aspecto dinâmico de representação da individualidade humana que devemos recusar a tomar exclusivamente a esta luz, mesmo em relação ao mais elevado, um elemento que absolutamente não está subordinado, mas que existe nos indivíduos como essencialmente eterno e divino. Estamos falando da moral, da ética e da religião.  Por prosperidade pode-se entender analogicamente muitas coisas – a riqueza, a honra aparente e afins, mas ao falar-se de objetivo em si e por si, o que chamamos de prosperidade ou infelicidade, deste ou daquele indivíduo isolado, não pode ser visto como elemento essencial na ordem racional do universo que vivemos.

          A substância viva é o ser, que na verdade é sujeito, ou que é na verdade efetivo, mas só na medida em que é o movimento do pôr-se-a-si-mesmo, ou a mediação consigo mesmo do tornar-se outro. Como sujeito, é a negatividade pura e simples, e justamente por isso é o fracionamento do simples ou a duplicação oponente, que é de novo a negação dessa diversidade indiferente e de seu oposto. Só essa igualdade se reinstaurando, ou só a reflexão em si mesmo no seu ser-Outro, é que são o verdadeiro; e não uma unidade originária enquanto tal, ou uma unidade imediata enquanto tal. O verdadeiro é o vir-a-ser de si mesmo, o círculo que pressupõe seu fim como sua meta, ipso facto sua antítese, que o tem como princípio, e que só é efetivo mediante sua atualização e seu fim. Friedrich Hegel era crítico das filosofias claras e distintas, uma vez que, para ele, o negativo era constitutivo da ontologia. Neste sentido, a clareza não seria adequada para conceituar o próprio objeto. O que há de novo é a ntrodução de um sistema de pensamento para compreender a história da filosofia e do mundo chamado geralmente dialética: uma progressão no âmbito da história e sociedade na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior. Com mais razão do que a felicidade, comparativamente falando, ou as vezes afortunadas, requer-se do objetivo do mundo que os objetivos bons, morais e corretos encontrem sua satisfação e segurança realizadas de forma plena.

O que faz os homens insatisfeitos moralmente – uma insatisfação de que eles se orgulham – é que não acham o tempo presente adequado à realização de objetivos que em sua opinião são corretos e bons, especialmente os ideais das instituições políticas de nosso tempo. Comparam as coisas como elas são, com seu ideal de como deveriam ser. Neste caso, não é o interesse privado ou a paixão que deseja a satisfação, mas a razão, a justiça, a liberdade. Em seu nome as pessoas pedem o que lhes é devido e geralmente não estão apenas insatisfeitas, mas abertamente revoltadas contra a condição de mundo. Para julgar esses pontos de vista e esses sentimentos, ter-se-ia de examinar as exigências persistentes e as opiniões dogmáticas em questão. Em nenhuma época tanto como na nossa vida privada esse tipo de princípios e ideias gerais se apresentou com tamanha pretensão. Embora as paixões não faltem, a história demonstra uma luta de ideias justificáveis e, em parte, uma luta de paixões e interesses subjetivos sob as pretensões mais elevadas como possíveis que são encaradas como legítimas em nome do suposto destino ou conteúdo de sentido da Razão, têm assim validade como fins absolutos, da mesma maneira que a religião, a moral, a ética. No amor um indivíduo tem a consciência de si na consciência do outro, se considerarmos que ele vive de maneira altruísta.

Nesta renúncia cada um ganha a vida do outro e também a sua, que é uma só com o outro. Contra tal unilateralidade tem a efetividade uma força própria: alia-se à verdade contra à consciência, e lhe mostra enfim o que é a verdade. Mas a consciência ética bebeu, da taça da substância absoluta, o olvido de toda a unilateralidade do ser-para-si, de seus fins e conceitos peculiares; e por isso afogou, ao mesmo tempo, nessa água do Estige toda essencialidade própria e significação independente da efetividade objetiva. É, portanto, seu direito absoluto que, agindo conforme à lei ética, não encontre outra coisa nessa efetivação que o cumprimento dessa lei mesma, e o ato não mostre outra coisa senão o agir ético. O ético, enquanto essência absoluta e ao mesmo tempo potência absoluta, não pode sofrer perversão de seu conteúdo. Fosse apenas a essência absoluta sem a potência, poderia experimentar uma perversão por parte da individualidade, mas essa, como consciência ética, com o abandonar de seu ser-para-si unilateral, renunciou ao perverter. Inversamente, a simples potência seria pervertida pela essência, caso fosse ainda um tal ser-para-si. A individualidade é pura forma da substância, que é o conteúdo; e o agir comunicativo humanamente do pensamento à efetividade, somente como o movimento de uma oposição socialmente carente-de-essência, cujos momentos não possuem conteúdo e essencialidade distintos entre si. O direito absoluto da consciência ética consiste em que a figura de sua efetividade – não seja outro, senão o que ela sabe.

            Algumas cenas de Ilha Fantasma, foram gravadas cenograficamente na ilha de Mull, reconhecida por suas paisagens deslumbrantes e terrenos acidentados. A Ilha de Mull é a segunda maior ilha do arquipélago das Hébridas Interiores, na costa ocidental da Escócia. É a quarta maior ilha da Escócia e é a quarta maior ilha que rodeia a Grã-Bretanha, excluindo a Irlanda. Tem área de 875 km². A maioria dos seus quase 2700 habitantes vive em Tobermory, a vila principal, onde fica a única destilaria. O seu relevo foi determinado pelas glaciações. Em Ilha Fantasma, Eric Black se vê assombrado por sonhos intranquilos e sombrios após a recente e misteriosa morte de sua esposa grávida Rachel. Perdido e em luto, Eric começa a contemplar uma vida distante das memórias e do passado. É assim que, após encontrar um anúncio no jornal, ele se muda para uma ilha remota escocesa completamente sozinho, apenas na companhia de seu cachorro, para trabalhar como pastor. A solitária, fria e chuvosa ilha, porém, esconde um segredo e rapidamente Eric mergulha nos mistérios do lugar. O que parecia a “fuga perfeita” se transforma na prática, numa corrida para salvar sua vida e sua sanidade. Ao se acomodar numa cabana “caindo aos pedaços e mal iluminada”, Eric encontra vestígios de antigos pastores. Coisas estranhas começam a acontecer ao seu redor, e o jovem viúvo entra numa espiral de pânico, ou provavelmente de loucura quando uma espécie de força sobrenatural malévola começa a enlouquecê-lo com visões cada vez mais violentas.

Uma corrida de exploração marítima pelos europeus nos anos 1500 desencadeou um boom na cartografia, gerando mais expedições, cujos relatos aumentaram ainda mais os atlas. O primeiro trabalho que continha mapas sistematicamente organizados de tamanho uniforme representando o primeiro atlas moderno foi preparado pelo cartógrafo italiano Pietro Coppo (1469/70-1555/56) no início do século XVI; no entanto, não foi publicado naquela época, por isso não é convencionalmente considerado o primeiro atlas. Em vez disso, esse título é concedido à coleção de mapas Theatrum Orbis Terrarum do cartógrafo brabantiano Abraham Ortelius (1527-1598) impresso em 1570. Os atlas publicados atualmente são bem diferentes daqueles publicados nos séculos XVI e XIX. Ao contrário de hoje, a maioria dos atlas não estava encadernada e pronta para o cliente comprar, mas seus possíveis componentes foram arquivados separadamente. O cliente pode selecionar o conteúdo ao seu gosto e ter os mapas coloridos/dourados ou não. O atlas foi então encadernado. Assim, os primeiros atlas impressos com a mesma página de título podem ser diferentes em conteúdo. O uso da palavra “atlas” em um contexto geográfico data de 1595, quando o geógrafo germano-flamengo Gerardus Mercator (1512-1594) publicou Atlas Sive Cosmographicae Meditationes de Fabrica Mundi et Fabricati Figura. Este título fornece a definição de Mercator da palavra como uma descrição da criação e forma de todo o universo, não simplesmente como uma coleção de mapas. O volume que foi publicado um ano após sua morte é um texto abrangente, mas, à medida que as edições evoluíram, tornou-se uma simples coleção de mapas e é nesse sentido que a palavra foi usada a partir de meados do século XVII. 

O neologismo cunhado por Mercator era uma marca in statu nascendi de seu respeito pelo Titã Atlas, o “Rei da Mauritânia”, a quem ele considerava tecnologicamente o primeiro grande geógrafo. Para Edward Brooke-Hitching, autor do livro The Phantom Atlas (2016), a bendita geografia fantasma começou a florescer na página. Rumores e avistamentos não confirmados, cálculos equivocados – antes da longitude, as localizações das ilhas foram registradas usando cálculos mortos, o que era essencialmente adivinhação – e até mitologia foram incorporados pelo cartógrafo para publicar a imagem mais completa do mundo recém-revelado.” Uma vez que uma ilha fantasma nasceu, era difícil banir. Elas só foram removidas dos mapas depois que um navio visitou o local listado da ilha e confirmou sua inexistência, esclarece Brooke-Hitching. Essa tarefa foi complicada por ilusões de ótica causadas por refrações de luz, incluindo a infame “fata morgana”, que “apresenta-se como uma faixa distante, que fica tentadoramente perto, mas sempre fora de alcance”. Essas ilhas fantasmas geraram muitos problemas estratégicos para os marinheiros que perseguiam essas massas de terra sombrias. Kevin Wittmann, pesquisador da Universidad de La Laguna, que concluiu sua tese sobre mapas antigos: “essas expedições eram caras e, em alguns casos, perigosas. Descobrir que estavam navegando para um lugar que não existe não era bom”. 

No início de 1900, o explorador alemão barão Eduard Vasilyevich Toll (1858-1902) liderou uma missão à Terra de Sannikov, relatada pela primeira vez por um navio russo em 1810, cerca de 690 km ao Norte da Sibéria continental. Depois que o navio de Toll ficou preso no gelo nas Ilhas da Nova Sibéria, ele e vários colegas usaram trenós e caiaques para seguir para a Ilha Bennett, que os turistas agora podem ver em cruzeiros de lazer no Oceano Ártico. Esses exploradores desapareceram, assim como a Terra Sannikov, que provavelmente era apenas uma miragem causada pela fata morgana, de acordo com Brooke-Hitching (1858-1926). Curiosamente, algumas ilhas fantasmas causaram tensões diplomáticas, observa Wittmann. A mais famosa foi a Ilha Bermeja, a Oeste da península mexicana de Yucatán, que se tornou central para uma disputa territorial nos anos 2000 entre os Estados Unidos da América e o México sobre a exploração de petróleo. Pesquisas em 1997 e 2009 concluíram que ela não existia. Bermeja residiu em mapas por mais de 400 anos até sua recente expurgação. Ainda pode ser real, diz Wittman, mas escondida pelo aumento do nível do mar. Outras ilhas fantasmas evoluíram no sentido inverso, de acordo com Malachy Tallack, autor do livro The Un-Discovered Islands, de 2016. Os turistas agora podem embarcar em cruzeiros na Antártica que visitam a antiga ilha fantasma de Bouvet. Esta massa de terra extremamente gelada e aparentemente desabitada, localizada a 2400 km a Sudoeste da África, foi considerada mito, antropologicamente falando, por muitos anos depois que foi descoberta pela primeira vez em 1739 por um navegador francês.

       No horizonte da concepção social e metafísica moderna, estão as outras três características que exprimem desdobramentos no campo da experiência moderna na arte, na cultura e na religião. A arte se desloca para o âmbito da estética, e o fazer humano se transforma em cultura, no sentido de que a cultura é a realização dos valores supremos do homem e o cultivo dos mesmos. Por fim, apresenta-se a desdivinização, que não deve ser simplesmente entendida como a tese “sobre a morte de Deus”, mas no sentido que emprega Nietzsche per se como um provável “afastamento humano do elemento divino”, pressupondo um ateísmo, e sim como a cristianização da imagem do mundo, tornada infinita. O próprio Cristianismo torna-se uma imagem de mundo, dentre outras. A perspectiva do pensamento que, simultaneamente, pressupõe uma existência, um ser, permite o destaque da categoria da representação, que exprime a projeção do homem como pensamento diante dos entes. A representação não significa simplesmente pôr algo diante do homem, numa atitude quase passiva de que algo que ainda não existe é então representado pelo homem e se torna um objeto. O representar tem o caráter do coagitatio, de que comporta um representar que é, ao mesmo tempo, um determinado projetar humano e uma pretensão de controle desse projetar. O representar é uma apreensão do que está à frente e que se orienta por algo que vem à frente, à presença. 

        A certeza sensível, observou Friedrich Hegel, não se apossa do verdadeiro, já que a verdade dela é o universal, mas a certeza sensível de captar o isto. A percepção, ao contrário, toma como universal o que para ela é o essente. Como a universalidade é seu princípio em geral, assim também são universais seus momentos, que nela se distinguem imediatamente: o Eu é um universal, e o objeto é um universal. O princípio do objeto – o universal – é em sua simplicidade um mediatizado; assim tem de exprimir isso nele, como sua natureza: por conseguinte se mostra como a coisa de muitas propriedades. Pertence à percepção a riqueza do saber sensível, e não à certeza imediata, na qual só estava presente como algo em-jogo-ao-lado. Com efeito, só a percepção tem a negação, a diferença, ou a múltipla variedade em sua essência. À medida que exprime isso em sua imediatez, é uma propriedade distinta determinada. Dessa sorte estão postas ao mesmo tempo muitas propriedades desse tipo, sendo uma o negativo da outra. Enquanto expressas na simplicidade universal, essas determinidades, que só são a rigor propriedades por meio de uma determinação ulterior que lhes advém, relacionam-se consigo mesmas, são indiferentes umas em relação às outras: cada uma é para si, livre da outra. Mas a universalidade simples, igual a si mesma, é de novo distinta e livre dessas determinidades: é o puro relacionar-se-consigo ou o meio, onde são todas. Interpenetram-se nela, como uma unidade bem simples, mas sem se tocarem; porque são indiferentes para si, justamente por meio da participação per se nessa universalidade. Esse meio universal abstrato, decerto que pode chamar-se essencialmente coisidade, não é outra forma que a representação perene do aqui e agora. A consciência, para a qual existe agora um ser sensível, dialeticamente, é somente um visar, isto é, saiu totalmente para fora do perceber, e regressou a si mesma.

Só que o ser sensível e o visar passam, eles mesmos, para o perceber: sou relançado ao ponto inicial na interpretação, e de novo arrastado no mesmo circuito – o qual se suprassume em cada momento e como um todo. Qualquer consciência suprassume de novo uma verdade do tipo: o aqui é uma árvore ou: o agora é meio-dia, e enuncia o contrário: o aqui não é nenhuma árvore, mas uma casa. A consciência também suprassume logo o que é afirmação de um isto sensível, nessa firmação que suprassume a primeira. Assim, em toda certeza sensível só se experimenta, em verdade, o que já vimos: a saber, o isto como um universal – o contrário do que aquela afirmação garante ser a experiência universal.  A consciência, portanto, percorre necessariamente esse círculo, mas ao mesmo tempo não é do mesmo modo que na primeira vez. Ela fez, justamente, sobre o perceber a experiência de que o resultado e o verdadeiro dele é sua dissolução ou a reflexão sobre si mesma, a partir do verdadeiro. Sendo assim, ficou determinado para a consciência como é que seu perceber está constituído, isto é: não consiste em ser um puro apreender simples, mas em ser seu apreender ao mesmo tempo refletido em si a partir do verdadeiro. Esse retorno da consciência a si mesma, se insere imediatamente no puro apreender, altera o verdadeiro.  A consciência reconhece esse aspecto historicamente como o seu, e o toma sobre si; e assim fazendo, manterá puro o objeto verdadeiro. Na relação dialética de Hegel temos a passagem da representação abstrata, para o conceito concreto através do acúmulo de determinações.

Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. A determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na concreta apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria realidade. 

A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim à Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, para Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; e pensando assim, uma vez que eu existo e ele está na minha frente diante de mim. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Em primeiro lugar, não se pode perder de vista que ele é real. Sem esse entendimento, e isto é decisivo, a razão, a liberdade não são nada.

O homem é essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história da humanidade para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto, logo objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade sensível humana, como o trabalho, o pensar, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença se quisermos inferir seu lugar na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a liberdade.       

Permitir que algo, segundo o seu próprio modo de ser, venha para junto de nós; isto é, resguardar insistentemente tal permissão. Sempre podemos somente isso para o qual temos gosto – isso a que se é mormente afeiçoado, à medida que o acolhemos. Verdadeiramente só gostamos do que, previamente e a partir de si mesmo, dá gosto. E nos dá gosto em nosso próprio ser à medida que tende para isso. Através desta tendência, reivindica-se nosso próprio modo de ser. A tendência quase sempre conselheira. A fala do aconselhamento dirige-se ao nosso modo próprio de ser, para ele nos conclama e, assim, nos atem. Na verdade, ater significa: cuidar, guardar. Nós o guardamos se nós não o deixamos fugir da memória, representante que é da concentração do pensamento. Portanto, a palavra é conselheira de nosso modo próprio modo de pensar. Em relação a que? Em relação a isso que nos atém ao modo próprio de ser, à medida que, ao mesmo tempo, o pensamos cuidadosamente junto de nós. Em que medida isso que nos atém precisa ser cuidadosamente? À medida que, por si mesmo, é o que cabe pensar cuidadosamente. Se isso é assim pensado, então é presenteado com o pensar da lembrança, da memória. Nós lhe presenteamos o pensamento que recorda porque dele gostamos como sendo a palavra conselheira de nosso modo próprio de ser, de pensar e de agir e o que cabe pensar. Verdadeiramente só gostamos do que, previamente e a partir de si mesmo, dá gosto. É gosto/gozo em nosso próprio ser à medida que tende para isso. 

Através desta tendência social reivindica-se nosso próprio modo de ser, de sentir e de pensar. A fala do aconselhamento dirige-se ao nosso modo próprio de ser, para ele nos conclama e, assim, nos atem. Ater significa: cuidar, guardar. Nós o guardamos se nós não o deixamos fugir da memória, quer dizer, sendo representante que é da concentração do pensamento. É o que cabe pensar com zelo, sendo a palavra conselheira de nosso modo de pensar, agir e sentir. Arquétipos junguianos são um conceito da psicologia que se refere a uma ideia, padrão de pensamento ou imagem universal e inata presente no inconsciente coletivo de todos os seres humanos. O correspondente psíquico do Instinto, os arquétipos são considerados a base de muitos dos temas e símbolos comuns que surgem em contos, mitos e sonhos em diversas culturas e sociedades. Alguns exemplos de arquétipos incluem os da mãe, da criança, do trapaceiro e do dilúvio, entre outros. O conceito de inconsciente coletivo foi proposto inicialmente por Carl Jung (1875-1961), um psiquiatra suíço e psicanalista. Os arquétipos são padrões inatos de pensamento e comportamento que buscam a realização no ambiente do indivíduo. Esse processo de atualização influencia o grau de individuação – isto é, o desenvolvimento da identidade única do indivíduo. A presença de uma figura materna que se aproxima do conceito idealizado de mãe pela criança pode evocar expectativas inatas e ativar o arquétipo materno na mente infantil.

 Esse arquétipo é incorporado ao inconsciente pessoal da criança como um “complexo materno”, funcionando como uma unidade funcional análoga a um arquétipo do inconsciente coletivo. Os assuntos com os quais Jung ocupou-se surgiram em parte do seu fundo pessoal, que é vividamente descrito em sua aparente autobiografia, Memórias, Sonhos, Reflexões (1961). Em boa parte de sua vida experimentou sonhos periódicos e visões com notáveis características mitológicas e religiosas, os quais despertaram o seu interesse por mitos, sonhos e a psicologia da religião. Ao lado destas experiências, certos fenômenos parapsicológicos emergiam, sempre para lhe redobrar o espanto e a dúvida. Por muitos anos, Jung sentiu possuir duas personalidades separadas: um ego público, exterior, que era envolvido com o mundo familiar, e um eu interno, secreto, que tinha uma proximidade especial para com Deus. Ele reconhecia ter herdado isso de sua mãe, que tinha a notável capacidade de “ver homens e coisas tais como são”. A interação entre esses egos foi o tema central da sua vida pessoal e contribuiu mais tarde para a sua ênfase no esforço do indivíduo para integração e inteireza. 

Seis meses após seu nascimento, os pais de Jung mudaram-se de Kesswill (cantão da Turgóvia), à beira do lago de Constança, e foram morar no presbitério do castelo de Laufen, que domina as quedas do Reno. O pai, um reverendo, deixou-lhe, como herança, uma fé cega que se mantinha a muito custo com o sacrifício da compreensão. A tarefa do filho seria responder a ele com uma fé renovada, baseada justamente no conhecimento tão rejeitado. Além disso, Jung viria a usar as escrituras como referência para a experiência interior de Deus, não como dogmas estáticos à espera de devoção muda, castradores do desenvolvimento pessoal. Ele lamentava que, à religião, faltasse o empirismo, o que alimentaria a sede da personalidade, e que, às ciências naturais, que também tanto o fascinavam devido ao envolvimento com a realidade concreta, faltasse o significado, que saciaria a personalidade. Os dois aspectos, socialmente relevantes, por um lado a religião e por outro, a ciência, não se tocavam, daí sua constante insatisfação, devido ao desencontro das duas instâncias interiores. E foi dessa tentativa de saciar tanto um aspecto quanto o outro, de fazer justiça ao ser como um todo, que decidiu formar-se em psiquiatria: “Lá estava o campo comum da experiência dos dados biológicos e dados espirituais, que até então eu buscara inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna realidade”.  É um grande exemplo de vida. 

 Anthony Giddens (2009) observa, que a rotinização é vital para os mecanismos psicológicos por meio dos quais um senso de confiança ou de segurança ontológica é sustentado nas atividades cotidianas da vida social. Contida primordialmente na consciência prática, a rotina introduz uma cunha entre o conteúdo potencialmente explosivo do inconsciente e a monitoração reflexiva da ação que os agentes exigem. O caráter situado da ação no tempo-espaço, a rotinização da atividade a natureza repetitiva da vida cotidiana – são esses fenômenos que articulam a discussão do inconsciente com as análises de co-presença de Erving Goffman.  Apesar de seu manifesto brilhantismo, os escritores de Goffman são usualmente considerados, talvez, um tanto limitados, no que se refere a seu conteúdo teórico ou por ser ele visto, sobretudo, como uma espécie de raconteur sociológico – o equivalente de um mexeriqueiro sociológico, cujas observações entretêm, divertem e excitam, mas são, no entanto, superficiais e essencialmente triviais – ou então por retratar coisas específicas da vida social, na moderna sociedade de classe média, uma sociedade cínica de protagonistas amorais. Isso pode ser deveras instrutivo, mas não é o modo mais útil de relacionar sua obra com problemas da teoria social, porque não preenche as lacunas certas no que ele tem a dizer, é a ausência de uma discussão da motivação, a principal razão de seus escritos serem passíveis da segunda interpretação.

A confiança de Erving Goffman na confiança e no tato ecoa, de maneira flagrante, temas encontrados na psicologia do ego e gera uma compreensão analiticamente poderosa da monitoração reflexiva do fluxo socialmente de encontros envolvidos na vida cotidiana. Fundamental para a vida social é o posicionamento do corpo em encontros sociais. “Posicionamento” é aqui ipso facto um termo muito rico. O corpo está posicionado nas circunstâncias imediatas de co-presença em relação aos outros: Goffman fornece um conjunto extraordinariamente sutil, mas revelador de observações sobre face work, sobre gestos e controle reflexo do movimento corporal como inerentes na continuidade da vida social. Entretanto, o posicionamento deve também ser estendido em relação com a serialidade de encontros no tempo-espaço. Todo e qualquer indivíduo está imediatamente posicionado no fluxo da vida cotidiana; no tempo de vida que é a duração de sua existência; e na duração do “tempo institucional”, a estruturação “supra-individual” de instituições sociais. Finalmente, cada pessoa está posicionada, de um modo “múltiplo”, dentro de relações sociais conferidas por identidades sociais específicas; essa é a principal esfera de aplicação do conceito de papel social. As modalidades da co-presença, mediadas diretamente pelas propriedades sensoriais do corpo, são claramente distintas dos vínculos sociais e das formas de interação social estabelecidas com outros ausentes no tempo ou no espaço. Não são apenas os indivíduos que estão “posicionados” em relação uns aos outros; os contextos de interação social também estão.

No exame dessas conexões, relacionadas com a contextualidade da interação social, as técnicas e a abordagem de tempo-geografia, conforme desenvolvidas por Hägerstrand, são esclarecedoras. O tempo-geografia também tem como seu principal interesse a localização de indivíduos no tempo-espaço, mas confere especial atenção às restrições à atividade decorrentes de propriedades físicas do corpo e dos ambientes em que os agentes se movimentam. O que faz os homens insatisfeitos moralmente – uma insatisfação de que eles se orgulham – é que não acham o tempo presente adequado à realização de objetivos que em sua opinião são corretos e bons, especialmente os ideais das instituições políticas de nosso tempo. Comparam as coisas como elas são, com seu ideal de como deveriam ser. Neste caso, não é o interesse privado ou a paixão que deseja a satisfação, mas a razão, a justiça, a liberdade. Em seu nome as pessoas pedem o que lhes é devido e geralmente não estão apenas insatisfeitas, mas abertamente revoltadas contra a condição de mundo. Para julgar esses pontos de vista e esses sentimentos, ter-se-ia de examinar as exigências persistentes e as opiniões dogmáticas em questão. Em nenhuma época tanto como na nossa vida privada esse tipo de princípios e ideias gerais se apresentou com tamanha pretensão. Embora as paixões não faltem, a história demonstra uma luta de ideias justificáveis e, em parte, uma luta de paixões e interesses subjetivos sob as pretensões mais elevadas como possíveis que são encaradas como legítimas em nome do suposto destino ou conteúdo de sentido da Razão, têm assim validade como fins absolutos, da mesma maneira que a religião, a moral, a ética.

No amor um indivíduo tem a consciência de si na consciência do outro, se considerarmos que ele vive de maneira altruísta. Nesta renúncia cada um ganha a vida do outro e também a sua, que é uma só com o outro. Contra tal unilateralidade tem a efetividade uma força própria: alia-se à verdade contra à consciência, e lhe mostra enfim o que é a verdade. Mas a consciência ética bebeu, da taça da substância absoluta, o olvido de toda a unilateralidade do ser-para-si, de seus fins e conceitos peculiares; e por isso afogou, ao mesmo tempo, nessa água do Estige toda essencialidade própria e significação independente da efetividade objetiva. É, portanto, seu direito absoluto que, agindo conforme à lei ética, não encontre outra coisa nessa efetivação que o cumprimento dessa lei mesma, e o ato não mostre outra coisa senão o agir ético. O ético, enquanto essência absoluta e ao mesmo tempo potência absoluta, não pode sofrer perversão de seu conteúdo. Fosse apenas a essência absoluta sem a potência, poderia experimentar uma perversão por parte da individualidade, mas essa, como consciência ética, com o abandonar de seu ser-para-si unilateral, renunciou ao perverter. Inversamente, a simples potência seria pervertida pela essência, caso fosse ainda um tal ser-para-si. A individualidade é pura forma da substância, que é o conteúdo; e o agir comunicativo humanamente do pensamento à efetividade, somente como o movimento de uma oposição socialmente carente-de-essência, cujos momentos não possuem conteúdo e essencialidade distintos entre si. O direito absoluto da consciência ética consiste em que a figura de sua efetividade – não seja outro, senão o que ela sabe.   

Bibliografia Geral Consultada.

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