terça-feira, 15 de julho de 2025

Beija-Flor de Nilópolis – Joãosinho Trinta & Civilização do Carnaval.

                O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”. Joãosinho Trinta 

João Clemente Jorge Trinta, mais reconhecido como Joãosinho Trinta, nascido em São Luís, em 23 de novembro de 1933 e falecido em São Luís, em 17 de dezembro de 2011, foi um artista plástico e famoso carnavalesco brasileiro, natural do estado do Maranhão. João Clemente Jorge Trinta, é filho de Júlia Jorge Trinta, operária maranhense de origem árabe. Viúva e com três filhas de 13, 14 e 15 anos, sua mãe o concebeu com um homem desconhecido no carnaval de 1933. Até os 17 anos de idade viveu em casarões ocupados por diversas famílias em São Luís, onde trabalhou na mercearia de seu cunhado, o bem sucedido português Carlos Allen. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, tendo viajado a bordo do navio ITA. Por ter apenas 17 anos de idade quando embarcou, foi realocado do porão para um quarto especial que ficava ao lado dos aposentos do comandante. Chegou na terça feira de carnaval, enfrentando certa dificuldade financeira e hospedando-se em uma pensão na rua São Clemente, na enseada de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Empregou-se em uma companhia como era comum de estrangeiros, e conseguia tempo trabalho e para estudar dança clássica no Teatro Municipal. Durante 30 anos fez parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal e com duas importantes óperas - O Guarani, de Carlos Gomes; e Aída, de Giuseppe Verdi.  Começou a carreira carnavalesca no Salgueiro, em 1961, como segurança, dois anos depois, a escola foi campeã do carnaval, com o enredo Xica da Silva de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Atrevida e muito inteligente, Xica da Silva personificou mitologicamente uma escrava que virou rainha no século XVIII no Brasil.

São Luís, frequentemente chamado de São Luís do Maranhão, é um município brasileiro e a capital do estado do Maranhão. É a única capital brasileira fundada por franceses, no dia 8 de setembro de 1612, posteriormente invadida por holandeses e, por fim, colonizada pelos portugueses. Localiza-se na ilha de Upaon-Açu no Atlântico Sul, entre as baías de São Marcos e São José de Ribamar, no Golfão Maranhense. Em 1621, o Brasil foi dividido em duas unidades administrativas — Estado do Maranhão e Estado do Brasil —, São Luís foi a capital da primeira unidade administrativa. No ano de 1997, o Centro Histórico da cidade foi declarado patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas. Fundada em 1945, tem como objetivo promover a paz e o desenvolvimento sustentável através da cooperação internacional em educação, ciência, cultura e comunicação. Ela atua em diversas áreas, como a proteção do patrimônio mundial, a promoção da diversidade cultural, a garantia do acesso à educação de qualidade para todos e o estímulo à pesquisa científica.

Com uma população estimada em 1 108 975 habitantes, São Luís é o município mais populoso do Maranhão e o quarto da Região Nordeste. Sua área é de 583 km², dos quais 166 km² estão em perímetro urbano, constituindo gerograficamente a15ª maior área urbana do país. O município é sede da Região de Planejamento da Ilha do Maranhão, composta pelos quatro municípios localizados na ilha de Upaon-Açu e da Região Metropolitana de São Luís, composta por 13 municípios que totalizam 1 633 117 habitantes. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de São Luís, segundo dados das Nações Unidas datados do ano 2010, é de 0,768, acima da média brasileira, o 3° melhor IDH entre as capitais da região Nordeste do Brasil e o 4° entre todos os 1 794 municípios da região. A capital maranhense tem um forte setor industrial por conta de grandes corporações e empresas de diversas áreas que se instalaram na cidade pela sua privilegiada posição geográfica entre as regiões Norte e Nordeste do país. Seu litoral estrategicamente localizado, bem mais próximo de grandes centros importadores de produtos brasileiros como Europa e Estados Unidos da América, permite economia de combustíveis e redução no prazo de entrega de mercadorias provenientes do Brasil pelo Porto do Itaqui, que é tecnologicamente o segundo mais profundo do mundo e um dos mais movimentados e bem estruturados para o comércio exterior no país.                      

A cidade está ligada ao interior do estado e ao estado do Piauí pela ferrovia São Luís-Teresina, bem como aos estados vizinhos Pará e Tocantins por meio das ferrovias Estrada de Ferro Carajás e Ferrovia Norte-Sul, sendo que esta última conecta a cidade à Região Centro-Oeste, o que facilita e barateia o escoamento agrícola do interior do país para o Porto do Itaqui. Por rodovia, a capital maranhense é servida pela BR-135 (duplicada), que liga a ilha ao continente, e pelo transporte aéreo conta com o Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado (1898-1989), com capacidade de atender 5,9 milhões de passageiros por anualmente. Também há um serviço de ferry-boats, embarcações projetadas para transportar passageiros e veículos, especialmente em rotas curtas sobre águas, como rios, lagos ou baías realizando a Travessia São Luís-Alcântara. Travessia São Luís–Alcântara é um sistema de trabalho e comunicação social de embarcações do tipo estruturado por uma balsa que faz o transporte de pessoas e veículos entre os municípios de São Luís e Alcântara, no Golfão Maranhense. 

Atualmente, a ilha de Upaon Açu possui uma única ligação via transporte rodoviário, através da ponte Marcelino Machado sobre o Estreito dos Mosquitos, na BR-135, sendo o transporte por ferry-boat uma alternativa para quem deseja fazer a travessia entre a ilha e o continente, além de ser a única que permite o transporte de veículos sobre embarcações. A travessia por balsas cruzando a Baía de São Marcos foi inaugurada nos anos 1970. As viagens pelos ferry-boats, extraordinários veículos maiores e mais modernos, começaram a ser realizadas em 1988 e, transportando pessoas, veículos leves, ônibus, caminhões e mercadorias entre as duas cidades. A travessia se caracteriza por ser a ligação mais curta para o escoamento de produtos para a Baixada Maranhense, além de ser uma importante via de comunicação alternativa de ligação entre São Luís e Belém. Possui aproximadamente 20 km, que são percorridos em pouco mais de 1, 30 horas pelas balsas. O serviço também beneficia cerca de 35 municípios e 2,5 milhões de habitantes que residem nestes locais. A utilidade de uso da embarcação reduz a viagem São Luís/Baixada Maranhense em termos de tempo/espaço em até 350 km. O serviço é opção viável em comparação ao uso da BR-135, reduzindo os custos de manutenção da via, os congestionamentos e consequente poluição.

Botafogo é um bairro da Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil. Com quase 100 mil habitantes, o bairro é conhecido por abrigar um dos principais cartões-postais brasileiros: a Enseada de Botafogo, com os morros do Pão de Açúcar e da Urca, e o Aterro do Flamengo ao fundo. Dentre as maiores atrações da Enseada de Botafogo está o conhecido Iate Clube do Rio de Janeiro, cujo cais e marina se fazem visíveis de quase todos os pontos do bairro. Botafogo tem suas escolas de samba, a São Clemente e a Botafogo Samba Clube. É conhecido no Rio de Janeiro como o bairro das escolas e das clínicas, devido ao grande número desses estabelecimentos na região. Também é conhecido por ser lar do clube de futebol homônimo, Botafogo de Futebol e Regatas, um dos maiores e mais tradicionais clubes do país. Muitas pessoas o definem como bairro de passagem, por se localizar entre o Centro e o resto da Zona Sul da cidade. Não é à toa que uma das principais vias é a Rua da Passagem. Outras vias importantes são as ruas Voluntários da Pátria e São Clemente. Inicialmente chamada de Itaóca (casa de pedra) pelos Tamoios em referência a uma furna que ainda existe onde é o Humaitá, a região foi recebida em regime de sesmarias por Antônio Francisco Velho e, a partir de 1565 passa a ser reconhecida como “Enseada de Francisco Velho”. Em 1590 Antônio Francisco Velho, já idoso, decide vender essa parte de suas terras ao português João Pereira de Souza Botafogo, sendo deste último a origem atual do nome do bairro.

Apesar de a questão da pobreza mais severa se encontrar nos países ditos “subdesenvolvidos”, esta forma existe em todas as regiões. Nos países desenvolvidos, manifesta-se na existência de sem-abrigo e de subúrbios pobres. A pobreza pode ser vista como uma condição coletiva de pessoas pobres, grupos e mesmo de nações. Para evitar este estigma, essas nações são chamadas normalmente países em desenvolvimento. A pobreza pode ser absoluta ou relativa. A pobreza absoluta refere-se a um nível que é consistente ao longo do tempo e entre países. Um exemplo de um indicador de pobreza absoluta é a percentagem de pessoas com uma ingestão diária de calorias inferior ao mínimo necessário, aproximadamente 2 000/2 500 quilocalorias. O Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com menos de 1 dólar dos Estados Unidos da América por dia, em paridade do poder de compra e pobreza moderada como viver com entre 1 e 2 dólares dos Estados Unidos por dia. Estima-se que 1 bilhão e 100 milhões de pessoas a nível mundial tenham níveis de consumo inferiores a 1 dólar dos Estados Unidos por dia e que 2 bilhões e 700 milhões tenham um nível inferior a 2 dólares dos Estados Unidos. A percentagem da população dos países em desenvolvimento a viver na pobreza extrema diminuiu de 28 para 21% entre 1990 e 2001. Essa redução estatisticamente deu-se fundamentalmente na Ásia Oriental e do Sul. Entretanto, na África subsaariana, parte Sul do continente africano, o Produto Interno Bruto Per Capita diminuiu drasticamente 14% e, em contrapartida, o número de pessoas em subsaistência a viver em pobreza extrema aumentou de 41% para 44% entre 1981 e 2001.

No início dos anos 1990, comparativamente, as economias da Europa de Leste e da Ásia Central registraram reduções acentuadas no rendimento. As taxas de pobreza extrema chegaram aos 6%, antes de começarem a diminuir no final da década. Outros indicadores relativos à pobreza estão também a melhorar.  A “esperança de vida” humana, na falta de melhor expressão, aumentou substancialmente nos países em desenvolvimento após a 2ª guerra mundial (1939-1945) e diminuíram a diferença face aos países desenvolvidos onde o progresso foi menor. Até na África subsaariana, a região menos desenvolvida, a esperança de vida aumentou de 30 anos antes da guerra para 50 anos, antes de a pandemia da SIDA e outras doenças a terem feito recuar para o valor atual de 47 anos. A mortalidade infantil, por seu lado, diminuiu em todas as regiões. A proporção da população mundial a viver em países onde a ingestão média de calorias é inferior a 2 200 por dia diminuiu de 56% em meados dos anos 1960 para menos de 10% nos anos 1990. Entre 1950 e 1999, a literacia mundial aumentou de 52% para 81%, tendo o crescimento da literacia feminina que passou de 59% para 80% sido responsável pela maior parte melhoria. A percentagem das crianças fora da força de trabalho passou de 76% para 90% entre 1960 e 2000. As tendências relativas ao consumo de eletricidade, aquisição de automóveis, rádios e telefones foram semelhantes, bem como as relativas ao acesso a água potável. A desigualdade econômica parece ter diminuído a nível global.

A pobreza relativa é vista como dependente do contexto social e acaba por em grande medida ser uma medida de desigualdade. Assim, o número de pessoas pobres pode aumentar enquanto que o seu rendimento sobe. Em muitos países, a definição oficial de pobreza é baseada no rendimento relativo e por essa razão alguns críticos argumentam que as estatísticas medem mais a desigualdade do que as carências materiais. Por exemplo: de acordo com o Gabinete de Censos dos Estados Unidos, 46% dos pobres desse país têm casa própria, tendo as casas dos pobres, em média, 3 quartos de dormir, 1,5 casa de banho e garagem. Além disso, as estatísticas são normalmente baseadas no rendimento anual das pessoas sem considerar a sua riqueza. Os limiares de pobreza usadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE) e pela União Europeia (UE) baseiam-se na distância econômica relativamente a uma determinada percentagem do nível mediano de consumo. A linha de pobreza nos Estados Unidos é mais arbitrária. Foi criada em 1963-64 e corresponde a um “plano econômico de alimentação, isto é, no nível social mínimo recomendável de despesas com alimentação multiplicado por 3. Contudo, mesmo estando a diminuir, a pobreza global é ainda um problema enorme e dramático: todos os anos, cerca de 18 milhões de pessoas (50 mil por dia) morrem por razões relacionadas com a pobreza, sendo a maioria mulheres e crianças. Historicamente todos os anos, cerca de 11 milhões de crianças morrem antes de completarem 5 anos de idade. E 1 bilhão e 100 milhões de pessoas, cerca de ⅙ da humanidade, vive com menos de 1 dólar dos Estados Unidos da América por dia. Mais do que isso, pois de 800 milhões de pessoas estão subnutridas.

O Sambódromo da Marquês de Sapucaí, também conhecido como Sambódromo do Rio de Janeiro e oficialmente denominado como Passarela Professor Darcy Ribeiro, é um sambódromo localizado na Avenida Marquês de Sapucaí, na zona central da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Inaugurado no ano de 1984, o local é o palco do festival popular mais famoso do Brasil, o Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, o qual é realizado anualmente durante o feriado de Carnaval. A maior parte do complexo situa-se no bairro do Centro do Rio de Janeiro, porém a sua porção final, após a Avenida Salvador de Sá, pertence ao bairro Cidade Nova. Desde 2021, o Sambódromo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O seu projeto, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, foi implantado durante o primeiro governo fluminense de Leonel Brizola (1983-1987), visando a dotar a cidade de um equipamento urbano permanente para a exibição do tradicional espetáculo do desfile das escolas de samba. A obra, que durou 120 dias, foi coordenada pelo engenheiro José Carlos Sussekind e pelo arquiteto João Otávio Brizola, segundo dos três filhos de Leonel. Inaugurada em 1984, com o nome oficial de “Avenida dos Desfiles”, marcou o início do sistema de desfiles das escolas de samba em duas noites, ao invés de em apenas uma noite, como era costume até então. Posteriormente, seu nome oficial mudou para “Passarela do Samba” e, finalmente, a partir de 18 de fevereiro de 1987, seu nome oficial passou a ser “Passarela Professor Darcy Ribeiro”, numa homenagem ao principal mentor da obra, o extraordinário antropólogo Darcy Ribeiro. Essa denominação oficial se conserva.

Popularmente, porém, a obra é mais reconhecida como “Sambódromo”, que foi um termo nomeado pelo próprio Darcy Ribeiro a partir da junção de “samba” com o sufixo de origem grega “dromo”, que significa “corrida, lugar para correr”. Sua estrutura, em peças pré-moldadas de concreto, mede cerca de 700 metros de comprimento. Desde a marcação do início até o final, a pista mede cerca de 560 metros de comprimento e 13 metros de largura. O Sambódromo, como lugar praticado de espetáculo, foi analisado em tese de doutorado onde se registra que “o desfile de carnaval no Sambódromo é o mais importante evento carnavalesco do Rio de Janeiro, não só porque é o mais difundido, mas especialmente porque gradualmente transformou-se em um espetáculo muito elaborado, eclipsando todos os outros eventos carnavalescos da cidade”. Em 1984 quando o Sambódromo foi inaugurado, a transmissão social dos desfiles das escolas de samba, que historicamente vinha sendo realizado pela Rede Globo, como efeito de poder, foi realizada pela Rede Manchete. Os motivos foram muitos, a emissora ficou de fora, mantendo a sua programação normal. Essa situação gerou uma baixa na audiência da Rede Globo de televisão, que começou pelo programa Fantástico comercialmente no domingo e se estendeu pela segunda e terça-feira de carnaval, prejudicando assim a audiência da então novela das oito, Champagne. A Rede Globo de televisão, ipso facto, nunca mais deixou de exibir o Carnaval carioca.

A famosa frase: - “No futuro, todos terão seus quinze minutos de fama”, como profetizou certa vez o cineasta e pintor norte-americano Andy Warhol, reconhecido pelos coloridos retratos da glamorosa Marilyn Monroe e Elvis Presley tornou-se sua marca na modernidade. Mais do que isso, sua fama parece ter se tornada eterna, como tem ocorrido no tempo e espaço quando é cada vez mais celebrada. É o que garante o jornal norte-americano The New York Times. No primeiro semestre de 2015, por exemplo, foram programadas pelo menos três mostras com criações de Andy Warhol nos Estados Unidos da América. Em uma extensa reportagem sobre o legado de um dos criadores e principal representante da Pop Art, o jornal divulgou que nada menos que 40 exposições com obras do artista, muitas delas até então inéditas para o público, “inundarão museus e instituições de arte nos próximos cinco anos”. Isso porque a fundação que leva o nome de Andy Warhol está na terceira fase de um projeto que visa popularizar cada vez mais o trabalho do artista, morto em 1987. É neste sentido que a fundação doou mais de 14 mil obras, sobretudo um acervo de fotografias e gravuras, “com a condição de que os museus as exibam no prazo de cinco anos”. Foram distribuídas, desde 1999, exatamente 52.786 obras do artista para 322 instituições diversas, sobretudo nos Estados Unidos.

Marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que seja ela, objeto/símbolo que permite identificá-la de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada. Na teoria da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou mesmo um ícone. Uma simples palavra pode referir uma marca. O termo é frequentemente usado hoje em dia como referência a uma determinada empresa: um nome, uma marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. Quando se fala em marca, é comum estar se referindo, na maioria das vezes, a uma representação gráfica no âmbito e competência do designer, onde a marca pode ser representada graficamente por uma composição de símbolo ou logotipo, tanto individualmente quanto combinados. No entanto, o conceito de marca, sociologicamente falando, é bem mais abrangente que a sua representação gráfica e comercial. Marca não é um conceito fácil de definir. A marca em essência representa produção-consumo com uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores. A garantia de qualidade surge entre marcas, mas ela é um símbolo mais complexo, pois em princípio, a relação social entre as relações de complexidade e símbolo, são aspectos sociais do desejo, comparativamente, pois ambos se enraízam num núcleo de significado arquetípico. Sambódromo da Marquês de Sapucaí, Cândido José de Araújo Viana (1793-1875) também reconhecido como Sambódromo do Rio de Janeiro e oficialmente denominado como Passarela Professor Darcy Ribeiro, é um sambódromo localizado na Avenida Marquês de Sapucaí, na zona central da cidade do Rio de Janeiro. 

Inaugurado no ano de 1984, o local é o palco do festival popular mais famoso do Brasil, o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, o qual é realizado anualmente durante o feriado de Carnaval. A maior parte do complexo situa-se no bairro do Centro do Rio de Janeiro, porém a sua porção final, após a Avenida Salvador de Sá, pertence ao bairro Cidade Nova. Desde 2021, o Sambódromo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O seu projeto, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, foi implantado durante o primeiro governo fluminense de Leonel Brizola (1983-1987), visando a dotar a cidade de um equipamento urbano permanente para a exibição do tradicional espetáculo do desfile das escolas de samba. A obra, que durou 120 dias, foi coordenada pelo engenheiro José Carlos Sussekind e pelo arquiteto João Otávio Brizola, segundo dos três filhos de Leonel. Inaugurada em 1984, com o nome oficial de “Avenida dos Desfiles”, marcou o início do sistema de desfiles das escolas de samba em duas noites, ao invés de em apenas uma noite, como era costume até então. Posteriormente, seu nome oficial mudou para “Passarela do Samba” e, finalmente, a partir de 18 de fevereiro de 1987, seu nome oficial passou a ser “Passarela Professor Darcy Ribeiro”, numa homenagem ao principal mentor da obra, o extraordinário antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um importante intelectual brasileiro, atuando como antropólogo, escritor, político e educador. Ele se destacou por suas pesquisas sobre a cultura indígena brasileira, a formação do povo brasileiro e a defesa da educação pública e de qualidade.

Popularmente, porém, a obra é mais reconhecida como “Sambódromo”, que foi um termo nomeado pelo próprio Darcy Ribeiro a partir da junção de “samba” com o sufixo de origem grega “dromo”, que significa “corrida, lugar para correr”. Sua estrutura, em peças pré-moldadas de concreto, mede cerca de 700 metros de comprimento. Desde a marcação do início até o final, a pista mede cerca de 560 metros de comprimento e 13 metros de largura. O Sambódromo, como lugar praticado de espetáculo, foi analisado em tese de doutorado onde se registra que “o desfile de carnaval no Sambódromo é o mais importante evento carnavalesco do Rio de Janeiro, não só porque é o mais difundido, mas especialmente porque gradualmente transformou-se em um espetáculo muito elaborado, eclipsando todos os outros eventos carnavalescos da cidade”. Em 1984 quando o Sambódromo foi inaugurado, a transmissão social dos desfiles das escolas de samba, que historicamente vinha sendo realizado pela Rede Globo, como efeito de poder, foi realizada pela Rede Manchete. Os motivos foram muitos, a emissora ficou de fora, mantendo a sua programação normal. Essa situação gerou uma baixa na audiência da Rede Globo, que começou pelo fantástico no domingo e se estendeu pela segunda e terça-feira de carnaval, prejudicando assim a audiência da então telenovela das oito horas da noite, Champagne (1983). A Rede Globo de televisão, ipso facto, nunca mais deixou de exibir em sua programação o Carnaval carioca.

A famosa frase: - “No futuro, todos terão seus quinze minutos de fama”, como profetizou certa vez o cineasta e pintor norte-americano Andy Warhol, reconhecido pelos coloridos retratos da glamorosa Marilyn Monroe e Elvis Presley tornou-se sua marca na modernidade. Mais do que isso, sua fama parece ter se tornada eterna, como tem ocorrido no tempo e espaço quando é cada vez mais celebrada. É o que garante o jornal norte-americano The New York Times. No primeiro semestre de 2015, por exemplo, foram programadas pelo menos três mostras com criações de Andy Warhol nos Estados Unidos da América. Em uma extensa reportagem sobre o legado de um dos criadores e principal representante da Pop Art, o jornal divulgou que nada menos que 40 exposições com obras do artista, muitas delas até então inéditas para o público, “inundarão museus e instituições de arte nos próximos cinco anos”. Isso porque a fundação que leva o nome de Andy Warhol está na terceira fase de um projeto que visa popularizar cada vez mais o trabalho do artista, morto em 1987. É neste sentido que a fundação doou mais de 14 mil obras, sobretudo um acervo de fotografias e gravuras, “com a condição de que os museus as exibam no prazo de cinco anos”. Foram distribuídas, desde 1999, 52.786 obras do artista para 322 instituições diversas, nos Estados Unidos da América.

Marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que seja ela, objeto/símbolo que permite identificá-la de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada. Na teoria da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou mesmo um ícone. Uma simples palavra pode referir uma marca. O termo é frequentemente usado hoje em dia como referência a uma determinada empresa: um nome, uma marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. Quando se fala em marca, é comum estar se referindo, na maioria das vezes, a uma representação gráfica no âmbito e competência do designer, onde a marca pode ser representada graficamente por uma composição de símbolo ou logotipo, tanto individualmente quanto combinados. No entanto, o conceito de marca, sociologicamente falando, é bem mais abrangente que a sua representação gráfica e comercial. Marca não é um conceito fácil de definir. A marca em essência representa produção-consumo com uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores. A garantia de qualidade surge entre marcas, mas ela é um símbolo mais complexo, pois em princípio, a relação social entre complexidade e símbolo, são aspectos sociais do desejo, comparativamente, pois ambos se enraízam num núcleo de significado arquetípico.

O bairro se define sociologicamente como uma organização coletiva de trajetórias individuais. A organização da vida cotidiana se articula ao menos segundo dois registros: 1. Os comportamentos, cujo sistema se torna visível no espaço social da rua e que se traduz pelo vestuário, pela aplicação mais ou menos estrita dos códigos de cortesia, o ritmo de andar, o modo como se evita ou ao contrário se valoriza este ou aquele espaço público. 2. Os benefícios simbólicos que se espera obter pela maneira de “se portar” no espaço do bairro aparecem como o lugar onde se manifesta um “engajamento” social: uma arte de conviver com parceiros (vizinhos, comerciantes) que estão ligados a você pelo fato concreto, mas essencial, da proximidade e da repetição. Existe uma regulação articulando um ao outro esses dois sistemas com o auxílio do conceito de conveniência, que surge no nível dos comportamentos, representando um compromisso pelo qual cada pessoa, renunciando à anarquia das pulsões individuais, contribui para a vida coletiva, retirando daí benefícios simbólicos necessariamente protelados. Pela relação “saber comportar-se” (cf. Certeau, et al, 2013), o usuário se obriga a respeitar para que seja possível a vida cotidiana. A contrapartida desse tipo de imposição é para o usuário a certeza de ser reconhecido e, portanto, considerado afetivamente por seus pares, e fundar assim em benefício próprio uma relação de forças nas diversas trajetórias que percorre. O bairro é por definição, um domínio do ambiente social, pois constitui para o usuário uma parcela do espaço urbano na qual positiva ou negativamente ele se sente reconhecido.

Pode-se, portanto apreender o bairro, simplificadamente, como esta porção do espaço público em geral em que se insinua um “espaço privado particularizado” pelo fato do uso quase cotidiano desse espaço social integrado. A fixidez do habitat dos usuários, o costume recíproco do fato da vizinhança, os processos de reconhecimento que se estabelecem graças à coexistência social concreta em um mesmo território urbano, todos esses elementos práticos, mas significativos, se nos oferecem como imensos campos de exploração em vista de compreender um pouco melhor esta grande desconhecida que é a nossa vida cotidiana. O bairro surge como o domínio onde a relação espaço/tempo é a mais favorável para um usuário ordinário que deseja deslocar-se por ele a pé saindo de sua casa. Por conseguinte, é o pedaço da cidade atravessado por um limite distinguindo o espaço privado do espaço público: é o que resulta de uma caminhada, da sucessão de passos numa calçada, pouco a pouco significada pelo seu vínculo orgânico com a residência. Diante do conjunto da cidade, atravancado por códigos que o usuário não domina, mas que deve assimilar para poder viver aí, em face de uma configuração dos lugares impostos pelo urbanismo, diante dos desníveis sociais internos ao espaço urbano, o usuário sempre consegue criar para si algum lugar de aconchego, itinerários para o seu uso ou seu prazer, que são as marcas que ele soube, por si mesmo, impor ao espaço urbano. O bairro é uma noção dinâmica, que necessita de progressiva aprendizagemVai progredindo mediante a repetição do engajamento do corpo do usuário no espaço público até definitivamente exercer uma apropriação. 

A trivialidade desse processo, partilhado por cidadãos, torna inaparente a sua complexidade enquanto prática cultural e a sua urgência para satisfazer o desejo urbano dos usuários da cidade.   Sempre como Segurança, viu sua Escola de Samba ser campeã também nos anos de 1965, 1969 e 1971. Após a saída dos carnavalescos Fernando Pamplona (1926-2013), um carnavalesco, cenógrafo, professor, produtor e apresentador de televisão brasileiro. É considerado um dos mais importantes nomes do carnaval carioca, e Arlindo Rodrigues (1931-1987), um cenógrafo, figurinista e carnavalesco brasileiro. Trabalhou para o teatro e para a televisão, mas se destacou pelas suas criações para o carnaval, especialmente nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. João Clemente Jorge Trinta foi promovido a carnavalesco da escola onde fez carreira solo com a artista plástica Maria Augusta Rodrigues (1942-2025) no carnaval de 1973, com o enredo Eneida: Amor e Fantasia. Como “carnavalesco-solo” ganhou o bicampeonato em 1974 com “O Rei de França na Ilha da Assombração” e em 1975 com “O Segredo das Minas do Rei Salomão”. Após divergências com a diretoria salgueirense, transferiu-se para a Escola de Samba Beija-Flor, onde criou enredos ousados e luxuosos que deram à agremiação de Nilópolis os títulos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983, além de vários vice-campeonatos, entre eles os de 1986. Com O Mundo é Uma Bola e o de 1989, com Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia, gerando controvérsias com a conservadora Igreja Católica, ao tentar levar ao desfile uma imagem do Cristo Redentor caracterizado como mendigo. A imagem foi censurada e passou pela Avenida Marquês de Sapucaí coberta. - “Estando à frente de uma escola sem maior expressão e apoiado em uma direção ávida pelos dividendos a serem colhidos com o sucesso no concurso entre as escolas”, Joãosinho Trinta promoveu uma modernização cultural dos desfiles da Beija-Flor de Nilópolis, no estado do Rio de Janeiro tornando-os um espetáculo audiovisual. 

Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, ou simplesmente Beija-Flor, é uma escola de samba brasileira do município de Nilópolis, que participa do carnaval da cidade do Rio de Janeiro. A quadra da escola está localizada na Rua Pracinha Wallace Paes Leme, número 1025, no Centro de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Assim como a Baixada Fluminense, a região do Leste Metropolitano, ou seja, Leste Fluminense ou Grande Niterói, composta pelos municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Tanguá e Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu - os sete municípios historicamente mais integrados entre si e com o Rio de Janeiro, sobretudo com a Região Central, a Leste da Baía de Guanabara -, cresceu como expansão da metrópole do Rio de Janeiro, e ambas as regiões fazem parte da área metropolitana da capital fluminense. A Baía de Guanabara é uma baía oceânica localizada no estado do Rio de Janeiro, no sudeste do Brasil. O relevo que a enquadra, de contornos irregulares, conforma um porto de abrigo natural, favorável à atividade econômica humana, da qual são exemplos as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Principal acesso à cidade do Rio de Janeiro durante séculos, acabou tragada pelo crescimento urbano a partir da segunda metade do século XX. Atualmente, conta com um tráfego intenso de navios, sendo significativa a circulação das balsas, catamarãs e aerobarcos que ligam o centro do Rio de Janeiro à Ilha de Paquetá, à Ilha do Governador, ao centro de Niterói e a Charitas (Niterói) na baía de Guanabara. O trajeto para Niterói pode ser feito, desde 1974, pela Ponte Presidente Costa e Silva (1969-1974), mais reconhecida como Ponte Rio-Niterói.

Uma baía oceânica representa uma parte do mar ou oceano que está rodeada por terra. É uma reentrância da costa, onde o mar avança para o interior do continente. As baías são importantes economicamente e estrategicamente, pois são locais ideais para a construção de portos e docas. Exemplos de baías no Brasil são: Baía de Todos os Santos, Baía de Paranaguá, Baía de Guanabara. As baías têm uma forma arredondada quase fechada, lembrando a forma da letra “u” ou de uma ferradura. Em proporções menores, as baías também são chamadas de saco. A Baía de Todos-os-Santos é a maior baía tropical do mundo. É reconhecida por sua imensidão e biodiversidade, abrigando mais de 56 ilhas e 16 municípios. A Região Sudeste do Brasil é a segunda menor região do país, sendo maior apenas que a região Sul. A área real ocupa aproximadamente 924 620 km², 1/10 da superfície do Brasil. É composta por quatro estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Limita-se ao Norte e a Nordeste com a Bahia; ao Sul e a Leste com o oceano Atlântico; a Sudoeste com o Paraná; a Oeste com Mato Grosso do Sul; a Noroeste com Goiás e o Distrito Federal. É a região mais desenvolvida do país, responsável por 55,2% do Produto Interno Brasileiro. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram em termos de Produto Interno Brasileiro Nominal. Nele estão os municípios mais populosos, a maior densidade populacional, os maiores depósitos de minério de ferro, a maior rede rodoferroviária e o maior complexo portuário da América Latina. É a mais importante região industrial, comercial e financeira do país. Do ponto de vista da divisão do trabalho social, demograficamente emprega 80% do operariado brasileiro com utilidade de uso de 85% do total da energia elétrica consumida no Brasil.

O chamado Novo Mundo, para a visão do navegador que se aproxima, impõe-se primeiramente como um perfume, bem diferente daquele sugerido desde Paris por uma assonância verbal, e difícil de descrever para quem não o aspirou. De início, parece que os cheiros marinhos das semanas das semanas precedentes já não circulam livremente; batem num muro invisível; assim imobilizados, já não solicitam uma atenção agora disponível para odores de outra floresta alternando com perfumes de estufa, quinta-essência do reino vegetal cujo frescor específico estivesse tão concentrado que se traduziria  em uma embriaguez olfativa, última nota de um poderoso acorde arpejado como que para isolar e fundir simultaneamente os temos sucessivos de aromas  de frutas diversas. Só compreenderão, afirmava Lévi-Strauss (1996: 74), os que meteram o nariz no miolo de uma pimenta exótica recém-debulhada, depois de terem cheirada em algum botequim do sertão brasileiro, a trança melosa e preta do fumo de rolo, folhas de tabaco fermentadas e enroladas em cordas de vários metros; e que na união desses poderes primos irmãos reencontrarem essa América que foi, por milênios, a única a possuir lhes o segredo. A várias centenas de metros de metros acima das vagas, essas montanhas erguem suas paredes de pedra polida, amontoado de formas provocantes e alucinantes, como às vezes se observam em castelos de areia corroídos pela onda, mas que não suspeitaríamos que, pelo menos em nosso planeta, pudessem existir em tão larga escala. Essa impressão de enormidade é bem típica da América. Sentimo-la por outro lado, nas cidades como no campo; sentia-a no litoral e nos planaltos do Brasil central, nos Andes bolivianos e nas Rochosas do Colorado, nos arredores do Rio, nos subúrbios de Chicago e nas ruas de Nova York. O Pão de Açúcar, o Corcovado, todos esses e outros pontos   turísticos fabulosos tão enaltecidos que lembram ou rememoram ao viajante que penetra na baía de Guanabara cacos perdidos nos quatro cantos de uma boca desdentada.

A baía de Guanabara é ampla e considerada uma das mais “abrigadas” do mundo, devido ao espaço estreito contínuo de sua barra, em torno de 1.600 metros. No interior da baía de Guanabara há inúmeras ilhas e ilhotas; contornando suas margens há uma série de montanhas na cidade do Rio de Janeiro. Possuindo uma área aproximada de 400 km² e profundidades além de 40 metros, em sua margem Oeste, localiza-se a cidade do Rio de Janeiro com seu porto; na margem Leste, a cidade de Niterói; na parte Norte, junto à Ilha do Governador, encontra-se um dos principais terminais petrolíferos do país. A Ilha do Governador é uma ilha localizada no lado ocidental do interior da baía de Guanabara. Faz parte da Zona Norte do Rio de Janeiro e foi um bairro único no município do Rio de Janeiro durante 1960 a 1981, posteriormente subdividida nos atuais bairros segundo o Decreto Municipal 3. 157 de 23 de julho de 1981. Com uma área de 40,81 km², a Ilha do Governador compreende quatorze bairros que são especificamente: Bancários, Cacuia, Cocotá, Freguesia, Galeão, Jardim Carioca, Jardim Guanabara, Moneró, Pitangueiras, Portuguesa, Praia da Bandeira, Ribeira, Tauá, Zumbi e população total de 211 mil habitantes. No início do século XX, os bondes chegaram à ilha, de Cocotá à Ribeira (1922), percurso estendido depois até ao Bananal e a outros bairros.

Escola de Samba Beija-Flor foi fundada em 25 de dezembro de 1948 como Bloco Associação Carnavalesca Beija-Flor. Entre seus fundadores estão Milton de Oliveira (Negão da Cuíca), Edson Vieira Rodrigues (Edinho do Ferro Velho), Valentim Lemos, Helles Ferreira da Silva, Hamilton Floriano, José Fernandes da Silva, os irmãos Mário Silva e Walter da Silva e Dona Eulália, que foi quem sugeriu o nome Beija-Flor, inspirado no Rancho Beija-Flor, onde ela desfilava quando mais nova. A escola tem como cores o azul e o branco; e como símbolo, a ave beija-flor. A Portela é a escola madrinha da Beija-Flor, que tem como apelidos “A Deusa da Passarela” e “Maravilhosa e Soberana”. A Beija-Flor ocupa o posto de terceira maior vencedora do carnaval do Rio de Janeiro, ficando atrás apenas das Escolas de Samba Portela e Mangueira. Possui 15 títulos de campeã, conquistados nos anos de 1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015, 2018 e 2025, sendo a que mais venceu na “Era Sambódromo”.  A escola ainda foi vice-campeã em 13 oportunidades (1979, 1981, 1985, 1986, 1989, 1990, 1999, 2000, 2001, 2002, 2009, 2013 e 2022). Começou desfilando como bloco até que, em 1954, se transformou em escola de samba, venceu a segunda divisão do carnaval. Nos anos seguintes, oscilou entre as três divisões da folia carioca.

A história social da escola mudou completamente com a chegada do carnavalesco Joãosinho Trinta para o carnaval de 1976. Com o apoio financeiro do bicheiro Anísio Abraão David, o carnavalesco inaugurou uma nova estética do carnaval, com alegorias grandes e fantasias luxuosas, conquistando três títulos consecutivos nos seus três primeiros anos na escola.Com Joãosinho, a Beija-Flor ainda conquistou outros dois títulos e realizou desfiles icônicos que não foram campeões, como “O Mundo É Uma Bola” (1986), no qual desfilou debaixo de um forte temporal que inundou o sambódromo; e “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia” (1989), comumente listado por especialistas como um dos melhores desfiles da história do carnaval. Em 1998, o diretor de carnaval Laíla criou uma Comissão de Carnaval, que teve formações diferentes ao longo dos anos, conquistando nove campeonatos para a escola. Além de Anísio, Joãosinho e Laíla, a escola teve outras personalidades marcantes em sua história, como o compositor Cabana; o cantor Neguinho da Beija-Flor, intérprete oficial da escola por mais de 40 anos ininterruptos; e o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso. Entre os clássicos sambas da escola estão: “Sonhar com Rei Dá Leão” (1976); “A Criação do Mundo na Tradição Nagô” (1978); “A Saga de Agotime” (2001); “Áfricas - Do Berço Real à Corte Brasiliana” (2007); e “Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar - os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu” (2018). Historicamente a Beija-Flor coleciona prêmios e homenagens. É uma das maiores vencedoras do Estandarte de Ouro, comparativamernte, mas guardadas as proporções, o “Oscar do carnaval”, além de diversas outras premiações. Em 2022, a Beija-Flor foi declarada como patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Rio de Janeiro.  

Por mais simples que seja a linguagem e clara a sua exposição, sempre apresenta dificuldades específicas inevitáveis, porque dizem respeito à natureza própria da teoria, mais precisamente da produção do discurso teórico, e por isto produção. A dificuldade própria da terminologia teórica consiste pois em que, por detrás do significado usual da palavra, é sempre preciso discernir o seu significado conceptual, que é sempre diferente do significado usual. Um bom exemplo, ocorre quando o leitor pensa compreender imediatamente o que Marx quer dizer quando emprega uma palavra tão corrente como a palavra trabalho. No entanto, é preciso um grande esforço para discernir, por detrás da evidência familiar (ideológica) desta palavra, o conceito marxista de trabalho, e mais, para ver que a palavra trabalho pode designar vários conceitos distintos: os conceitos de processo de trabalho, de trabalho concreto, de trabalho abstrato, etc. Quando uma terminologia teórica é boa, lembra Louis Althusser, no ensaio: Sobre o Trabalho Teórico (1978), isto é, bem determinada e bem referenciável, ela assume a função precisa de impedir as confusões entre o significado usual das palavras e o significado teórico (conceptual) das mesmas palavras. E a sua conjunção particularmente que produz um significado novo, no sentido abstrato definido que é o conceito teórico. Não pode haver discurso teórico sem a produção destas expressões específicas, que designam conceitos de determinada prática da teoria.

Isto quer dizer que a noção de cultura, a sociedade e a comunicação vêm articular- se a uma estrutura de relações sociais. No escravagismo antigo, por exemplo, nada distingue, do ponto de vista do modo de produção, o escravo do agricultor independente, proprietário privado individual. O que os distingue é a relação com o trabalho. Se um se conduz como proprietário das condições materiais da reprodução de sua existência, no outro caso é o mestre que se conduz como proprietário das condições naturais da reprodução de sua existência material do escravo. Pode-se fazer a mesma comparação e distinção entre o escravo moderno, do século XIX, e o trabalhador agrícola no sistema técnico de trabalho, ao qual se articulam relações sociais diferentes. A interligação dos processos de trabalho é primeiramente de ordem técnica, na medida em que está contida nos meios de trabalho e envolve imediatamente trabalhadores em situações específicas de trabalho. Em seguida é de ordem social, basicamente quanto à escala e quanto ao sentido de conjunto para satisfazer necessidades sociais. É, finalmente, de ordem tecnológica, na medida em que a produção, circulação, uso dos produtos do processo de trabalho interligados, representam o próprio sistema social no âmbito de determinada cultura e/ou sociedade. Produzindo e consumindo determinados produtos ou, de fato, mercadoria os homens primeiro tecnologicamente produzem a sociedade e as relações sociais existentes. Um sistema de trabalho representa uma estrutura de poder-saber onde o que está em jogo é o trabalho e a reprodução da vida.

Carnaval tem como representação social um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante fevereiro ou início de março, durante o período historicamente conhecido como Tempo da Septuagésima (ou pré-quaresma). O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile, combinando alguns elementos circenses, máscaras e uma festa pública de rua. As pessoas usam trajes durante muitas dessas celebrações, permitindo-lhes perder a sua individualidade cotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social. O consumo quase excessivo de álcool, de gêneros alimentícios de carne e outros alimentos proscritos durante a Quaresma é extremamente comum. Outras características comuns do carnaval incluem batalhas simuladas, como lutas de alimentos; sátira social e zombaria das autoridades e uma inversão geral das regras e normas do dia a dia. O termo Carnaval é tradicionalmente usado em áreas com uma grande presença católica. No entanto, as Filipinas, um país predominantemente católico romano, não comemora mais o Carnaval desde a dissolução da festa de Manila em 1939, que historicamente rpesentou a última festividade de carnaval no país.

Nos países de tradição religiosamente luteranos, como, por exemplo, a Suécia, a Noruega e a Estônia, entre outras nações, a celebração é conhecida como Fastelavn, e em áreas com uma alta concentração de anglicanos e metodistas como ocorre com a Grã-Bretanha e o Sul dos Estados Unidos da América, as celebrações pré-quaresmais, juntamente com observâncias penitenciais, ocorrem na terça-feira de carnaval. Nas nações eslavas ortodoxas orientais, o Maslenitsa é celebrado durante a última semana antes da Grande Quaresma. Na Europa germanófila e nos Países Baixos, a temporada de Carnaval tradicionalmente abre no 11/11. Isto remonta as celebrações antes da época de Advento ou com celebrações de colheita da Festa de São Martinho. O Carnaval moderno, feito com desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo ocidental. Cidades como Nice, Santa Cruz de Tenerife, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspiraram no Carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas. O Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como São Paulo, Tóquio e Helsinque. As etimologias populares afirmam que a palavra vem da expressão do Latim tardio chamado “carne vale”, que significa “adeus à carne”, simbolizando o período de jejum que se aproxima. No entanto, nem sempre esta interpretação é apoiada por originalmene por filólogos. A expressão carne levare, do italiano, é uma possível origem, que significa “remover a carne”, uma vez que a carne é proibida durante a Quaresma.

Do ponto de vista teórico-metodológico notou Norbert Elias (2011) que o conceito de civilização se refere a uma grande variedade de fatos: ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às ideias religiosas e aos costumes. Pode se referir ao tipo de habitações ou à maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada há que não possa ser feito de forma “civilizada” ou “incivilizada”. Daí ser sempre difícil sumariar em algumas palavras tudo o que se pode descrever como civilização. Mas também não significa a mesma coisa para diferentes nações ocidentais. Acima de tudo, é grande a diferença entre a forma como ingleses e franceses empregam a palavra, culturalmente, por um lado, e os alemães, por outro. O conceito resume em uma única palavra seu orgulho pela importância de suas nações para o progresso do Ocidente e da humanidade propriamente dita. Quando no emprego que lhe é dado pelos alemães Zivilisation, significa algo de fato útil, com utilidade de uso socialmente, mas, apesar disso, apenas um valor de segunda classe, compreendendo apenas a aparência externa dos seres humanos, a superfície da existência humana. A palavra pela qual os alemães se interpretam, que mais do que a qualquer outra expressa-lhes o sentimento de orgulho em suas próprias realizações humnas e no próprio ser, é expressão da palavra Kultur, pois são inteiramente claras no emprego interno da sociedade a que pertencem.

O conceito francês e inglês de civilização pode ser referir a fatos políticos ou econômicos, religiosos ou técnicos, morais ou sociais. O conceito alemão Kultur alude basicamente a fatos intelectuais, sociais, artísticos e religiosos e apresenta a tendência de uma nítida linha divisória entre fatos deste tipo e fatos políticos, econômicos e sociais. Os conceitos comumente apropriados em francês e inglês de civilização pode se referir a realizações, mas também a atitudes ou “comportamento” social, pouco importando se realizaram alguma coisa. No conceito alemão de Kultur, em contraste, a referência a comportamento, o valor que a pessoa tem em virtude de sua mera existência e conduta, sem absolutamente qualquer realização, é de fato considerado muito secundário. O sentido alemão de Kultur encontra sua expressão mais clara derivado no adjetivo Kulturell, que descreve o caráter e valor de determinados produtos humanos, e não o valor intrínseco. O conceito inerente a Kulturell, porém não pode ser traduzido exato para o francês e o inglês. A palavra kultiviert (cultivado) aproxima-se muito do conceito ocidental de civilização. Até certo ponto, representa a forma mais alta de ser civilizado: até mesmo pessoas e famílias que nada realizaram de kulturell pode ser kultiviert.    

Tal como a palavra “civilizado”, kultiviert refere-se primariamente à forma da conduta ou comportamento da pessoa civilizada. Descreve a qualidade social das pessoas, suas habitações, suas maneiras, sua fala, suas roupas, ao contrário de kulturell, que não alude diretamente às próprias pessoas, mas exclusivamente a realizações humanas peculiares. Há outra diferença entre os dois conceitos estreitamente vinculada a isto. “Civilização” descreve um processo ou, pelo menos, seu resultado. Diz respeito a algo que está em movimento constante, movendo-se incessantemente “para a frente”. O conceito alemão de Kultur, no emprego corrente, implica uma relação diferente, com movimento. Reporta-se a produtos humanos que são semelhantes a “flores do campo”, a obras de arte, livros, sistemas religiosos ou filosóficos, nos quais se expressa a individualidade de um povo. O conceito Kultur delimita. Até certo ponto, o conceito de civilização minimiza as diferenças nacionais entre os povos: enfatiza o que é comum a todos os seres humanos ou – na opinião dos que o possuem – deveria sê-lo. Manifesta a autoconfiança de povos cujas fronteiras nacionais e identidade nacional foram plenamente estabelecidas, melhor dizendo, consagrada desde séculos, que deixaram de ser tema de qualquer discussão, pública ou privada, de povos que há muito se expandiram fora de suas fronteiras e colonizaram terras muito além delas.

A questão da trivialização do conhecimento, como já inferimos, não faz produto do conhecimento apenas um produto determinado, faz também dele um produto qualquer. Mas as ideias podem tornar-se ideológicas, na medida em que sua estrutura socialmente obedece às estruturas socioprofissionais. Sua produção integra-se entre os outros processos de produção e a cultura torna-se cognoscível a partir das categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem a informação, nem a concepção de teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são produtos triviais, mas seja pelo fato de serem, ao mesmo tempo, produtos/produtores e, mesmo comportando a questão urbana hologramaticamente a dimensão socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução trivializante não teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento científico. Este nível abstrato como qualquer outro é apropriado pelo pensamento, como a religião e através da ciência, com suas relações de força e monopólios, suas lutas e suas estratégias, seus interesses e seus prováveis ganhos. Mas, por seu lado, os estudos de etnografias dos laboratórios, estes que parecem ter dinamismo, demonstram-nos como se estabelecem essas mediações complexas dos pesquisadores, em função de posições, ou status, as lutas sociais e a utilização de alguns “truques diabólicos”, essencialmente, pelo reconhecimento per se, pelo prestígio ou pela glória, com as negociações necessárias ao estabelecimento de uma prova, os ritos de passagem na pesquisa e na universidade.

A motivação primeira do cientista é a notoriedade. Mas não se pode reduzir o interesse científico ao interesse econômico, a vontade de pesquisar ao desejo de prestígio, a sede de conhecimento à sede de poder, em alguns casos terrenos sim. A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo ou que, no máximo, o tolera. É uma concepção humanista, mas que deve implicá-lo e explicitá-lo. Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável determinismo encouraçado de coerção. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os limites, ergue muralhas e conduz-nos ao ponto onde devemos ir. E também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas é necessário para o nascimento da menor ideia, e per se da menor teoria. Não bastaria limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento. É necessário considerar os determinismos intrínsecos ao conhecimento, que são, segundo o filósofo Edgar Morin, muito mais implacáveis. Em primeiro lugar, princípios, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem visão de mundo e das coisas que se governam/controlam de modo imperativo e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias sociais. Com maior razão, o mesmo vale para a arte, comparativamente, que é absolutamente refratária a tudo o que parece ser uma obrigação, porque é o domínio essencialmente da liberdade. É um luxo e um adorno que talvez seja bonito ter, mas que não se pode ser obrigado a adquirir, tendo em vista que socialmente: o que é supérfluo não se impõe.

Ao contrário, a moral é o mínimo indispensável, o estritamente necessário, o pão cotidiano sem o qual as sociedades civis não podem viver. A arte corresponde à necessidade de que temos de difundir nossa atividade social sem objetivo, pelo prazer de difundi-la, enquanto a moral nos obriga a seguir um caminho determinado em direção a um objetivo definido – e quem diz obrigação diz, com isso, coerção. Conquanto possa estar animada por essas ideias morais ou ver-se envolvida na evolução moral própria, a arte não é moral por si mesma. A observação estabelecida nos indivíduos, como nas sociedades, de um tal desenvolvimento intemperante das faculdades estéticas é um grave sintoma do ponto de vista da moralidade. Vale lembrar, segundo Durkheim (2010) que de todos os elementos da civilização, a ciência é o único que, em certas condições, apresenta um caráter moral. De fato, as sociedades tendem cada vez mais a considerar um dever para o indivíduo desenvolver sua inteligência, assimilando as verdades científicas que são estabelecidas. Há número de conhecimentos que devemos possuir. Ninguém é obrigado a se lançar no grande turbilhão industrial; ninguém é obrigado a ser artista; mas todo o mundo é obrigado a não ser ignorante. Essa obrigação é, inclusive, sentida com tamanha força expressivamente social que, em certas sociedades, não é apenas sancionada pela opinião pública, mas em termos regulamentares pela lei. Aliás, não é impossível entrever de onde vem esse privilégio especial da ciência.

É que a ciência nada mais é do que a consciência levada a seu mais alto ponto de clareza. Ora, para que as sociedades possam viver nas condições de existência que lhe são dadas, é necessário que o campo da consciência, tanto individual como social, se estenda e se esclareça. Os meios em que elas vivem se torna cada vez mais complexos e, por conseguinte, cada vez mais móveis, para durar é preciso que elas mudem com frequência. Por outro lado, sabemos o quanto mais obscura uma consciência, mais é refratária à mudança, porque não vê depressa o bastante que é necessário mudar, nem em que sentido é preciso mudar; ao contrário, uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança social. Eis porque é necessário que a inteligência guiada pela ciência adquira uma importância maior no curso da vida coletiva. Mas a ciência que todo o mundo é assim chamado a possuir não merece ser designada por esse nome. Não é a ciência, é no máximo sua parte comum a mais geral. Ela se reduz a um pequeno número de conhecimentos indispensáveis, que só são exigidos de todos por estarem ao alcance de todos. A ciência supera infinitamente nesse nivelamento vulgar. Ela compreende o que é vergonhoso ignorar, como um navio na praia, que é possível saber.

Bibliografia Geral Consultada.

NIEMEYER, Oscar, As Curvas do Tempo: As Memórias de Oscar Niemeyer. London: Phaidon Editor, 2000; JUNG, Carl (Org.), O Homem e Seus Símbolos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2008; LATOUR, Bruno, Reensamblar lo Social: Una Introducción à la Teoria del Actor en Red. Buenos Aires: Ediciones Manantial, 2008; AUGÉ, Marc, Claude Lévi-Strauss en el Pensamiento Contemporáneo. Buenos Aires: Ediciones Colihue, 2009; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; MELLO, Selma Ferraz Motta, Comunicação e Organizações na Sociedade em Rede. Novas Tensões, Mediações e Paradigmas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010; CERTEAU, Michel de; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre, A Invenção do Cotidiano. 2. Morar, Cozinhar. 12ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2013; pp. 46 e ss.; BURKE, Peter, O Que é História Cultural? Rio de Janeiro: Editor Zahar, 2014; MARDUCH, Camila Goulart, O Espectro do Caos: A Contemporaneidade e a Ambivalência da Arte. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2016; MIDLEJ, Dilson Rodrigues, Apropriação de Imagens nas Artes Visuais no Brasil e na Bahia. Tese de Doutorado.  Escola de Belas Artes. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2017; FABIETTI, Ugo, Elementi di Antropologia Culturale. Mondadori: Editor Mondadori Universitá, 2018; CUNHA FILHO, Marcio Camargo, A Construção da Transparência Pública no Brasil: Análise da Elaboração e Implementação da Lei de Acesso à Informação no Executivo Federal (2003-2019). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Faculdade de Direito. Brasília: Universidade de Brasília, 2019; GONZALEZ, Lélia, Por um Feminismo Afro-latino-americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2020; BAEZ, Luiz Severiano Ribeiro de Paula, Emancipar o Espectador? Distâncias e Intervalos no Cinema de Michael Haneke. Dissertação de Mestrado. Departamento de Comunicação Social. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2020; MARTINS, Gabriel de Almeida, “Olha a Beija-Flor Aí, Gente! Alô, Nilópolis!”: “Turismo de Carnaval” na Baixada Fluminense. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas. Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Seropédica: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2022; FREIRE, Tâmara, “La Escuela de Samba Beija-Flor es la Gran Campeona del Carnaval de Río”. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/2025-03/06; entre outros. 

sábado, 12 de julho de 2025

Nebraska – Trivialização & Sociedade Dramática Norte-americana.

   Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte”. Sigmund Freud 

O amor é uma das grandes categorias sociais que dá forma ao existente, mas isso é dissimulado tanto por certas realidades psíquicas como in fieri por certos modos de representações teóricas. Não há dúvida que o efeito amoroso desloca e falsifica inúmeras vezes a imagem objetivamente reconhecível de seu objeto de pensamento é decerto geralmente reconhecido, segundo Simmel (1993), como “formativo”, de uma maneira que não pode visivelmente parecer coordenada com as outras forças espirituais que dão forma. Trata-se, portanto, aqui, de uma imagem já existente que se encontra modificada em sua determinação qualitativa, sem que se tenha abandonado seu nível de existência teórica, nem criado um produto de uma nova categoria socialmente. Essas modificações que o amor já presente traz à exatidão objetiva da representação nada têm a ver com a criação inicial que produz analogamente o ser amado como tal. Na verdade, todas essas categorias são coordenadas, por sua significação social, quaisquer que sejam o momento ou as circunstâncias em que atuam. E o amor é uma delas, na medida em que cria seu objeto como produto totalmente original. Conforme a ordem cronológica, é preciso, antes de mais nada, que o ser exista e seja conhecido, antes de ser amado. Mas, então, esse algo que acontece não tem lugar com esse ser existente que permaneceria não modificado, foi, ao contrário, no sujeito que a categoria fundamental se tornou criadora.

Do mesmo modo que Eu, enquanto amante, sou diferente do quer era antes – pois não é determinado “aspecto” meu, determinada energia que ama em mim, mas meu ser inteiro, o que não precisa significar uma transformação visivelmente de todas as minhas outras manifestações -, também o amado enquanto tal, é um outro, nascendo de outro a priori que não o ser conhecido ou temido, indiferente ou venerado. Por que o amor está, antes de mais anda, absolutamente intricado em seu objeto, e não simplesmente associado a ele: o objeto do amor em toda a sua significação categorial não existe antes do amor, mas apenas por intermédio dele. O que faz aparecer de maneira bem clara que o amor – e, no sentido lato, todo o comportamento do amante enquanto tal – é algo absolutamente unitário, que não pode se compor a partir de elementos preexistentes. Totalmente inúteis parecem, pois, as tentativas de considerar o amor como um produto secundário, no sentido de que seria motivado como resultante de outros fatores psíquicos primários. Ele pertence a um estágio da natureza humana para que possamos situá-lo no mesmo plano cronológico e genético da respiração ou da alimentação, ou mesmo do instinto sexual. Não podemos safar-nos do embaraço, em virtude de seu significado atemporal, o amor permanece sem dúvida à primeira – ou última - ordem dos valores e das ideias, mas sua realização da série longa e complexa na evolução contínua da vida. 

Não podemos nos satisfazer com essa estranheza recíproca de seus significados ou de suas reações. Na prática o problema de seu dualismo é aí, reconhecido e nitidamente expresso, mas não resolvido; determo-nos nessa conclusão seria duvidar de sua solubilidade. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata. Assim, temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e concreto através do acúmulo de determinações. Aquilo que na interpretação dialética separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno.    

                   

                  

O espírito manifesta aqui sua independência da própria corporalidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico, e sobretudo social, em talentos artísticos indiscutíveis, em particular no gênio especifico da música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos, especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia sobre a relação do indivíduo para com o gênero, e funda a diferença da criança, do homem e do ancião. Essas diferenças são as apresentações das diferenças do conceito. A idade historicamene da infância é o sentido do tempo da harmonia natural, da paz do sujeito consigo mesmo e com o mundo ao qual habita. Nunca é demais repetir, que um começo tão sem-oposição quanto a velhice é um fim sem-oposição quanto à velhice. As oposições que surgem ficam sem interesse mais profundo. A criança vive na inocência, sem sofrimento durável; no amor aos seus pais, e no sentimento de ser amado por eles.

O amor é uma dinâmica que se gera, para Simmel (1993), a partir de uma autossuficiência interna, sem dúvida trazida, por seu objeto exterior, do estado latente ao estado atual, mas que não pode ser provocada por ele; a alma o possui enquanto realidade última, ou não o possui, e nós não podemos remontar, para além dele, a um dos movens exterior ou interior que, de certa forma, seria mais que sua causa ocasional. É esta a razão mais profunda que torna o procedimento de exigi-lo, a qualquer título legítimo que seja totalmente desprovido de sentido. Sequer sua atualização dependa sempre de um objeto, e se aquilo que chamamos de desejo ou necessidade de amor – esse impulso surdo e sem objeto, em particular na juventude, em direção a qualquer coisa a ser amada – já não é amor, que por enquanto só se move em si mesmo, digamos um amor em roda livre. Seguramente, a pulsão em direção a um comportamento esclarecido poderá ser considerada como o aspecto afetivo do próprio comportamento, ele próprio já iniciado; o fato de nos sentirmos “levados” a uma ação significa que a ação já começou anteriormente e que seu acabamento não é outra coisa que o desenvolvimento ulterior dessas primeiras inervações. Onde, apesar do impulso sentido, não passamos à ação, isso se dá seja porque a energia não basta, de pronto, para ir além desses primeiros elos da ação, seja porque ela é contrariada por forças opostas, antes mesmo que esses primeiros elos já anunciados à consciência tenham podido se prolongar num ato visível. A possibilidade realmente, a ocasião apriorística desse modo de comportamento originados pela presença humana na vida que chamamos amor, fará surgir se for o caso, elevado à consciência, na oposição dialética, como um sentimento obscuro e geral, um estágio inicial de sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto determinado para levá-lo a seu efeito acabado.

A existência desse impulso sem objeto, por assim dizer incessantemente fechado em si, acento premonitório do amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor, muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior, tendo su símbolo mais pertinente no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de ser, de uma modalidade e de uma orientação que a vida como tal toma por si mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade, vai em direção a ele. De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos invariáveis religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito nas relações sociais corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. O que é decisivo aqui é que nenhuma instância de caráter geral vem de fato se interpor. Se venero alguém. É pela mediação da qualidade de certo modo geral de venerabilidade que, em sua realidade particular, permanece ligada à imagem desse por tanto tempo quanto eu o venerar. Do mesmo modo, no homem que temo, o caráter terrível e o motivo que o provocou estão intimamente ligados; mesmo o homem que odeio não é, na maioria dos casos separado em minha representação da causa desse ódio – é esta uma das diferenças entre amor e ódio que desmente a assimilação que comumente se faz deles.

Mas o específico do amor é excluir do amor existente a qualidade mediadora de seu objeto, sempre relativamente geral, que provocou o amor por ele. Ele permanece como intenção direta e centralmente humanamente dirigida para esse objeto, e revela a sua natureza verdadeira e incomparável nos casos em que sobrevive ao desaparecimento indubitavelmente do que foi sua razão de nascer. Essa constelação, que engloba inúmeros graus, desde a frivolidade até a mais alta intensidade, é vivida segundo o mesmo modelo, seja em relação a uma mulher ou a um objeto, a uma ideia ou a um amigo, à pátria ou a uma divindade. Isso deve ser solidamente estabelecido em primeiro lugar, se quisermos elucidar em sua estrutura seu significado mais restrito, o que se eleva no terreno da sexualidade. A ligeireza com que a opinião corrente alia instinto sexual a amor lança talvez uma das pontes mais enganadoras na paisagem psicológica exageradamente rica em construções desse gênero. Quando, ademais, ela penetra no domínio da psicologia que se dá por científica, temos com demasiada frequência a impressão de que esta última caiu nas mãos de açougueiros. Por outro lado, o que é óbvio, não podemos afastar pura e simplesmente essa relação. Nossa emoção sexual, afirma Simmel, desenrola-se em dois níveis de significação filosófica. Por trás do arrebatamento e do desejo, da realização e do prazer sentidos, diretamente subjetivos, delineia-se, consequência disso tudo, por fim a reprodução da espécie. Pela propagação do plasma germinal a vida corre atravessando estágios ou por eles de ponta a ponta. 

Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato do termo) mas a mediações psíquicas. Enfim, a pulsão, dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro está, que a pulsão não se torna amor pelo simples fato social de sua individualização; esta última pode ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto a procriar os melhores filhos.  Mas, indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto que no seio do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum, ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida se metamorfoseia também nessa produção, traz sua corrente à altura dessa onda, cuja crista, porém, sobressai livremente acima dela. Se considerarmos o processo social de conhecimento e construção social da vida absolutamente como um dispositivo de meios a serviço desse objetivo - a vida – e se levarmos em conta o significado simplesmente efetivo do amor para a propagação da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para si e a partir de si. A noção de causa é, na origem, o caso do litígio, depois a ocorrência em que surge um acontecimento. A coisa, de mesma origem, é a questão a tratar. A palavra “ordem” exprime primeiro a fórmula do comando e o resultado ordenado.                        

O termo “cosmos” designa, primeiro, a organização de um exército, depois da constituição de um Estado, antes de tornar-se a constituição do mundo. A geometria nasceu das necessidades de agrimensura e de irrigação das civilizações agrárias; a aritmética, das necessidades de cálculo das civilizações urbanas. As Leis físicas são uma projeção das Leis jurídicas sobre o Universo. A ideia de um Deus legislador do Universo, em Descartes, desenvolve-se quarenta anos depois da teoria do soberano Jean Bodin. A Ordem e as Leis da Natureza foram sugeridas à física por Deus, pelo Rei e pelo Estado. Mais recentemente, a energia, conceito-chave da física moderna e de trabalho no momento da primeira revolução industrial. É certo que todos os conceitos científicos extraídos da experiência social se emanciparam e transformaram. Nem por isso se separam totalmente: força, trabalho, energia, ordem, desordem conservam o seu cordão umbilical com a vida comum.  As sociedades científicas multiplicaram-se, depois, no século XIX, a ciência instalou-se na universidade, criando aí os seus departamentos e laboratórios. Em torno de 1840, o termo Scientist aparece na Inglaterra, e a ciência profissionaliza-se. No século XX, ela se implantará sucessivamente no coração das empresas industriais e no âmbito de desenvolvimento social no Aparelho de Estado.

Nebraska é um Road Film norte-americano de comédia dramática de 2013 dirigido por Alexander Payne, escrito por Bob Nelson, e estrelado por Bruce Dern, Will Forte, June Squibb, Stacy Keach e Bob Odenkirk. Lançado em preto & branco, a história social segue um idoso residente de Montana e seu filho enquanto tentava reivindicar um prêmio de sorteio de um milhão de dólares em uma longa viagem a Nebraska. Um Road Movie é um gênero de filme em que os personagens principais “saem de casa em uma viagem, normalmente alterando a perspectiva de suas vidas cotidianas”. Os Road Movies geralmente retratam viagens no interior, com os filmes explorando o tema da alienação e examinando as tensões e questões da identidade cultural de uma nação ou período histórico; tudo isso geralmente está enredado em um clima de ameaça real ou potencial, ilegalidade e violência, um “ar distintamente existencial” e é povoado por personagens inquietos, “frustrados e frequentemente desesperados”. O cenário inclui não apenas os limites próximos do carro enquanto ele se move em rodovias e estradas, mas também cabines em restaurantes e quartos em motéis de beira de estrada, o que ajuda a criar intimidade e tensão entre os personagens socialmente. Os Road Movies tendem a se concentrar no tema da masculinidade, com o homem frequentemente passando por algum tipo de crise, algum tipo de rebelião, cultura automobilística e autodescoberta. O tema central dos Road Movies tem como representação e significado sociológico a questão nevrálgica e comportamental da “rebelião contra as normas sociais conservadoras”.

Nebraska ou Nebrasca é um dos 50 estados dos Estados Unidos. Está situado nas grandes planícies norte-americanas, na região central do país. Limita-se ao Norte com Dakota do Sul, a Leste com Iowa e Missouri, com Kansas ao Sul, com Colorado a Sudoeste e Wyoming a Oeste. Os alemães são o maior grupo étnico do estado, compondo 38,6% da população do Nebraska. Com um pouco mais de 200 mil km², é o 16º maior estado norte-americano em área do país. O produto interno bruto de Nebraska é de 68 bilhões de dólares, e a renda per capita é de 31 339 dólares. A economia do estado é baseada na agropecuária, sendo um dos maiores produtores de milho, trigo e sorgo do país, possuindo grandes rebanhos bovinos e uma relativamente forte indústria alimentícia. A região foi explorada por franceses e espanhóis, no século XVII, que se dedicavam ao comércio de peles. Tornou-se território em 1854 e, em 1867, tornou-se o 37º estado a entrar à União. Nebraska é o único estado, ao contrário dos outros, onde cujo Poder Legislativo é unicameral. Sua legislatura pode vetar decisões do governador com 3/5 da legislatura, enquanto na maioria dos outros estados são necessários 2/3.

O nome Nebraska é derivado de uma língua arcaica Otoe Ñí Brásge, que tem como significado “águas planas”, em referência ao Rio Platte, um rio largo e raso que passa pelo estado. O censo nacional de 2000 estimou a população de Nebraska em 1 711 263 habitantes, um crescimento de 8,4% em relação à população do estado em 1990, de 1 578 385 habitantes. Uma estimativa realizada em 2005 estima a população em 1 758 787 habitantes, um crescimento de 11,4% em relação à população em 1990, de 2,8%, em relação a 2000, e de 0,6% em relação à população estimada em 2004. O crescimento populacional natural de Nebraska entre 2000 e 2005 foi de 52 104 habitantes, ou seja, estatisticamente 132 394 nascimentos menos 80 290 óbitos que resulta do crescimento populacional causado pela imigração foi de 22 199 habitantes, enquanto que a migração interestadual resultou na perda de 26 206 habitantes. Entre 2000 e 2005, a população de Nebraska cresceu em 47 522 habitantes, e entre 2004 e 2005, em 11 083 habitantes.

Composição racializada da população de Nebraska: 86,1% – brancos (82,1% brancos não-hispânicos); 4,5% – afro-americanos; 1,8% – asiáticos; 1% – nativos norte-americanos; 0,1% Nativos havaianos e outros ilhéus do Pacífico; 1,4% – duas ou mais raças; 9,2% dos residentes de Nebraska são de origem hispânica de qualquer raça. Os cinco maiores grupos étnicos de Nebraska são alemães (que formam 38,6% da população do estado) irlandeses (12,4%), ingleses (9,6%), suecos (4,9%) e tchecos (4,9%). Percentagem da população estatística de Nebraska por afiliação religiosa representa: Cristianismo – 90%; Protestantes – 61%; Igreja Luterana – 16%; Igreja Metodista – 11%; Igreja Batista – 9%; Igreja Presbiteriana – 4%. Outras afiliações protestantes – 21%; Igreja Católica Romana – 28%. Outras afiliações cristãs – 1%. Outras religiões – 1%; Não-religiosos – 9%. As principais cidades (2010) com base estatística no censo são de 530 cidades e vilarejos que foram identificadas em Nebraska.

O filme foi indicado à Palma de Ouro (Grande Prêmio) no Festival de Cinema de Cannes de 2013, onde Dern ganhou o prêmio de Melhor Ator. Também foi indicado a seis Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator para Dern, Melhor Atriz Coadjuvante para Squibb, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. O filme foi aclamado pela crítica e se tornou um sucesso comercial, arrecadando US$ 27,7 milhões nas bilheterias com um orçamento de US$ 13,5 milhões. Foi o último filme a ser lançado pela Paramount Vantage, já que a Paramount Pictures fechou o selo após seu lançamento.  Era uma produtora cinematográfica da Paramount Pictures que, por sua vez, tem a Paramount Global como controladora, encarregada de produzir, comprar, distribuir e comercializar filmes, geralmente aqueles considerados com um toque mais “Art House” do que os filmes produzidos e distribuídos analogamente por sua própria controladora. Anteriormente, a Paramount Vantage operava como a divisão de filmes especiais da Paramount Pictures, de propriedade da Viacom agora Paramount Global.

 Billings é a cidade mais populosa do estado norte-americano de Montana, no condado de Yellowstone, do qual é sede. Foi fundada em 1877 e incorporada em 1882. Seu nome é uma homenagem a Frederick H. Billings (1823-1890) foi um advogado, financista e político. Ele é conhecido por seu trabalho jurídico em reivindicações de terras durante os primeiros anos da Independência da Califórnia e por sua presidência da Northern Pacific Railway, de 1879 a 1881. Natural de Royalton, Vermont, Billings formou-se na Universidade de Vermont em 1844, tornou-se advogado e mudou-se para a Califórnia durante a Corrida do Ouro de 1848. Participou da criação de um importante escritório de advocacia que lidava com casos de títulos de propriedade, uma questão importante porque a Califórnia estava sob a jurisdição de vários governos. Billings também participou de vários empreendimentos comerciais bem-sucedidos e tornou-se milionário aos 30 anos. No início da Guerra Civil Americana, trabalhou arduamente para impedir a secessão da Califórnia. Após retornar a Vermont em meados da década de 1860, Billings continuou a exercer a advocacia e a participar de empreendimentos comerciais. Ele atuou nos conselhos de administração de diversas corporações e foi um grande investidor na Ferrovia do Pacífico Norte. Billings recebeu crédito por resgatar a Ferrovia Nacional após o Pânico de 1873 e serviu como seu presidente de 1879 a 1881. Ele renunciou à presidência após uma aquisição hostil, mas permaneceu no conselho de administração e acompanhou a construção da ferrovia até sua conclusão em 1883.

Billings participou da política como republicano. Candidatou-se a governador de Vermont em 1872 e quase conquistou a indicação do partido. Também foi delegado às Convenções Nacionais Republicanas de 1880 e 1884, onde apoiou George F. Edmunds para presidente. Billings doou milhões de dólares para diversas causas e organizações, incluindo escolas, faculdades, bibliotecas e igrejas. Após sofrer um derrame em 1889, a saúde de Billings piorou e ele morreu em sua casa em Woodstock, Vermont, em 23 de setembro de 1890. Seu corpo foi enterrado no Cemitério River Street, em Woodstock. Montana, um idoso chamado Woody Grant está preso por andar na rodovia interestadual. Woody é pego por seu filho, David, que descobre que ele estava indo a pé até Lincoln, Nebraska, para receber um prêmio de um milhão de dólares em um sorteio que ele acredita ter ganho. Apesar da insistência de sua família que é um “golpe postal”, Woody insiste em ir até Lincoln para receber o dinheiro e comprar uma nova caminhonete e um compressor de ar. David planeja levá-lo até lá só para passar um tempo com ele e dar um descanso à sua mãe, Kate. O outro filho de Woody, Ross, não acha que David lhe deva nada, porque, como pai, Woody era compreendido na sociedade como “um alcoólatra negligente”. David tira uma semana de folga no trabalho e começa a dirigir para Nebraska na companhia de Woody. Enquanto está em Rapid City, Dakota do Sul, Woody se embriaga e bate a cabeça ao voltar sozinho para o quarto do motel.

Isso faz com que Woody precise ser internado em um hospital durante a noite. David descobre que eles passarão pela cidade natal de Woody, Hawthorne, no Condado de Madison, Nebraska, e convence Woody a parar e ver seu irmão, Ray. Em um bar, conhece o ex-sócio de Woody, Ed Pegram, que roubou o compressor de ar de Woody há décadas. Woody menciona tolamente ter ganho o dinheiro e, no dia seguinte, a notícia da vitória dele se espalhou pela cidade como um incêndio. No dia seguinte, Kate chega de ônibus em Hawthorne, e Ross chega de carro logo depois. O jornal de Hawthorne faz uma matéria sobre Woody passando pela cidade e sua dona, Peg Nagy, diz a um David chocado que sua natureza cautelosa e alcoolismo vêm de ter sido abatido sobrea Coreia. Naquela noite, Ed encurrala David no banheiro masculino sobre um dinheiro que ele emprestou a Woody anos atrás, ameaçando ação legal se ele não pagasse. O resto da família de Woody também vem visitá-lo, e muitos dos membros da família fecham o dinheiro que eles acreditam que Woody deve de David e Ross. Uma briga começa terminando abruptamente quando Kate chama os pais por suas próprias dívidas não pagas e por usar Woody como mecânico livre por décadas. David, Kate, Ross e Woody visitam a fazenda de infância de Woody, que agora está totalmente abandonada. Woody relembra sua infância, incluindo testemunhar a morte de seu irmão por escarlatina, uma doença infecciosa e contagiosa, causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, na nomenclatura de estreptococo do grupo A, que geralmente se manifesta após uma infecção na garganta, como é a inflamação amigdalite ou faringite, e é acompanhada por uma erupção cutânea característica. Passam de carro por uma casa que Kate identifica como sendo de Ed, então, David e Ross pegam de volta o compressor de ar de Woody.

Kate logo percebe que a casa na verdade pertence a outro casal, e David e Ross precisam devolver o compressor às pressas. De volta ao bar, Ed tenta cantar Woody, revelando que Woody traiu Kate antes do nascimento de David. Ao saírem, são atacados pelos filhos de Ray, Cole e Bart, que roubaram a carta do sorteio de Woody. Mais tarde, eles contaram a David que a jogaram fora depois de descobrir que era um golpe. Enquanto procuram, David e Woody descobrem Ed lendo uma carta em voz alta no bar, o que humilha Woody. Depois que Woody pega a carta de volta e sai, David dá um soco no rosto de Ed. Woody, tonto devido ao ferimento na cabeça, tem que se sentar, e David diz a ele que eles não vão continuar para Lincoln. Woody diz a David que ele quer tanto dinheiro porque quer deixar algo para seus filhos depois que ele morrer. David leva Woody para o hospital nas proximidades de Norfolk. No meio da noite, Woody sai abruptamente e começa a andar, então David cede e leva Woody o resto do caminho para Lincoln. Em Lincoln, Woody é informado de que não ganhou esperada premiação, e os dois voltam para o Billings. No entanto, David troca seu automóvel Subaru Outback por uma caminhonete, e também acaba comprando um novo compressor de ar. Enquanto dirige de volta por Hawthorne, David se esconde embaixo do painel e deixa Woody assumir o volante de sua caminhonete para todos verem, incluindo Ed, que tem o rosto machucado. Woody acena adeus para todos e dirige para fora da cidade, para no meio da estrada e troca de assento com David, que os leva o resto do caminho de volta para casa. 

 Enquanto evoluímos em About Schmidt, Alexander Payne recebeu o roteiro de Bob Nelson de Albert Bergere Ron Yerxa, pedindo-lhe que recomende um diretor. Ele pediu para dirigi-lo mesmo, mas não queria dar sequência a um filme de viagem (Sideways), no qual ele estava em pré-produção com outro. Ele decidiu esperar até depois de terminar The Descendants para começar a trabalhar no filme. Este foi o primeiro filme de Payne no qual ele não esteve diretamente envolvido no processo de escrita, e ele reescreveu apenas algumas coisas antes do início das filmagens. Após ler o roteiro pela primeira vez, Payne pensou em Bruce Dern para o papel de Woody Grant. Quando o elenco do filme começou, Payne se encontrou com mais de 50 atores. Como a Paramount Europa uma grande estrela, Gene Hackman, Robert De Niro, Robert Duvall, Jack Nicholson e Robert Forster foram pré-selecionados para o papel. Hackman e Nicholson se aposentaram da atuação, e Duvall e De Niro recusaram o papel. Payne eventualmente acabou Dern novamente. Payne escolheu Dern porque, como ele disse: - Bem, ele está na idade certa agora e pode ser ingênuo e teimoso ao mesmo tempo.

Na realidade afirma que ele é um ator legal. E, contextualmente, não vejo uma grande atuação de Bruce Dern na tela grande há alguns anos e estou curioso para ver o que ele pode fazer. Ele também é um cara muito legal. O papel de David Grant era desejado por vários atores notáveis de Hollywood. Bryan Cranston leu para o papel, mas Payne ou atualmente uma má opção. Outros candidatos considerados incluídos Paul Rudd, Casey Affleck e Matthew Modine, que falou publicamente sobre ser considerado. Payne mais tarde selecionado Will Forte, apesar dos rumores de que um ator de alto perfil era desejado. Ele declarou: - Fisicamente, eu acreditava que Will Forte poderia ser filho de Bruce Dern e June Squibb (que interpreta a esposa sofredora de Woody, Kate). E então eu simplesmente acreditei nele como um cara que eu conheceria em Omaha ou em Billings. Ele tem uma qualidade muito, muito crível. E eu também acho que, para o personagem de David, ele é capaz de comunicar uma certa qualidade de olhar arregalado em relação à vida e também aos danos – como se ele tivesse sido ferido de alguma forma, em algum lugar.  O elenco e o lugar foi filmado com câmeras digitais Arri Alexa e lentes anamórficas Panavision C-Series.

A iluminação do filme foi projetada para acomodar a exibição em preto & branco e foi convertida de colorida para preto & branco na pós-produção porque Payne disse que queria produzir um “visual icônico e arquetípico”. De acordo como diretor de fotografia Phedon Papa Michael, a escolha foi usar “o poder poético do preto & branco em combinação com essas paisagens e, claro, as paisagens estão desempenhando um grande papel nesta história”. A escolha do preto & branco foi realizada contra a vontade da distribuidora Paramount Vantage, embora um master colorido do filme também tenha sido produzido em um esforço para satisfazer as preocupações; Payne disse que espera que ninguém nunca o veja. Apesar disso, a rede Epix anunciou em agosto de 2014 que mostraria a versão colorida como uma “exibição por tempo limitado”. Nebraska começou a filmar em locações no estado homônimo em novembro de 2012. As filmagens foram vendidas para Billings, Montana; Buffalo, Wyoming; e Rapid City, Dakota do Sul, e encerradas em dezembro, após 35 dias de filmagem. As comunidades de Nebraska onde as filmagens incluem Allen, Battle Creek, Elgin, Hooper, Lincoln, Lyons, Madison, Norfolk, Osmond, Pierce, Plainview, Stantone Tilden. A estreia foi em Norfolk em 25 de novembro de 2013. Uma trilha sonora do filme Nebraska foi composta pelo membro do Tin Hat, Mark Orton. A trilha sonora inclui performances de membros do Tin Hat, marcando a primeira vez que os originais se reuniram desde 2005. Um álbum da trilha sonora foi lançado pela Milan Records em 19 de novembro de 2013.

 Nenhum site agregador de críticas Rotten Tomatoes, o filme tem uma taxa de aprovação de 90% com base em 252 avaliações, com uma classificação média de 8,00/10. O consenso crítico do site diz: - “Elegante em sua simplicidade e poético em sua mensagem, Nebraska adiciona outro capítulo emocionante e ressonante à notável filmografia de Alexander Payne”. No Metacritic, o filme tem uma pontuação média ponderada de 86 em 100, com base em 46 críticas, diminuindo “aclamação universal”. Em sua crítica após o Festival de Cinema de Cannes, Robbie Collin, fazer The Daily Telegraph, deu ao filme quatro estrelas de cinco, descrevendo-o como “uma elegia agridoce para a família norte-americana extensa, filmada originalmente em um preto & branco nítido que combina perfeitamente com a preocupação do filme com tempos passados”. Ele também disse que o filme foi “um retorno retumbante à forma para Payne”. Peter Bradshaw, fazer The Guardian, que Payne havia “retornado a uma linguagem cinematográfica mais natural e pessoal” e elogiou a atuação de Dern. Joe Morgenstern, do The Wall Street Journal, comentou que “o retrato de Bruce Dern do velho bêbado é uma maravilha, bem como o ápice da carreira daquele ator singular”.

Escrevendo para o site de Roger Ebert, Christy Lemire comentou: “As imagens finais belíssimas do filme têm uma pungência que pode deixar um nó na garganta”. Nebraska recebeu vários prêmios e restrições desde seu lançamento. O American Film Institute o incluído em seus Dez Melhores Filmes do Ano. O elenco ganhou o prêmio de Melhor Elenco da Sociedade de Críticos de Cinema de Boston, enquanto Squibb ganhou o de Melhor Atriz Coadjuvante. Nebraska recebeu cinco prazos ao Globo de Ouro. Também recebi seis restrições do Independent Spirit Awards. Dern e Forte ganharam Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, respectivamente, no National Board of Review. Nebraska reuniu três períodos ao Satélite Award e ganhou o de Melhor Elenco e Melhor Atriz Coadjuvante para Squibb, um vigoroso defensor do controle de qualidade e padrões de alta pureza na indústria farmacêutica no seu tempo, a ponto de auto-publicar uma alternativa à Farmacopeia dos Estados Unidos da América depois de não convencer a American Medical Association a incorporar padrões de maior pureza. O filme recebeu duas restrições do Screen Actors Guild Awards. A Paramount lançou o filme sob o selo Vantage, mas o logotipo não é usado no filme, nem em trailers ou comerciais de TV. No entanto, o logotipo impresso é visto no final dos comerciais de TV e no pôster. No próprio filme, a versão de 1954 do logotipo da Paramount é usada.

As ideias movem-se, mudam de lugar, ganham força na história, apesar das formidáveis determinações internas e externas globais. O conhecimento transforma-se, progride, regride. Crenças e teorias renascem; outras, antigas, morrem. A primeira condição de uma dialógica cultural é a pluralidade e diversidade de pontos de vista. Essa diversidade cultural é potencial e está em toda parte. Toda sociedade comporta indivíduos genética, intelectual, psicológica e afetivamente muito diverso, apto, portanto, a outros pontos de vista cognitivamente muito variados. São, justamente, essas diversidades de pontos de vista culturais e políticos que inibem e a normalização reprime. Do mesmo modo, as condições sociais ou acontecimentos aptos a enfraquecerem o imprinting, segundo o pensamento sociológico de Morin (2008), e a normalização permitirão às diferenças individuais exprimirem-se no domínio cognitivo. Essas condições aparecem nas sociedades que permitem o encontro, a comunicação e o debate de ideias. A dialógica cultural supõe o comércio, constituído de trocas múltiplas de informações, ideias, opiniões, teorias; o comércio das ideias é tanto mais estimulado quanto mais se realizar com ideias comparativamente de outras culturas do passado. O intercâmbio das ideias produz o enfraquecimento dos dogmatismos e intolerâncias religiosas, o que resulta no próprio crescimento. Comporta a competição, a concorrência, o antagonismo, o conflito, moral e político, entre ideias, concepções e visões de mundo.

A trivialização do conhecimento não faz produto do conhecimento apenas um produto determinado, faz também dele um produto qualquer. Mas as ideias podem tornar-se ideológicas na medida em que sua estrutura socialmente obedece às estruturas socioprofissionais, sua produção integra-se entre os outros processos de produção e a cultura torna-se cognoscível a partir das categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem a informação, nem a teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são produtos triviais, ainda que mais não seja pelo fato social de serem, ao mesmo tempo, tanto produtos quanto produtores e, mesmo comportando hologramaticamente a dimensão socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução trivializante não teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento científico. Este nível abstrato como qualquer outro é apropriado pelo pensamento, como a religião e através da ciência, com suas relações de força e monopólios, suas lutas e suas estratégias de recusa, seus interesses e seus ganhos. Mas, por seu lado, os estudos de etnografias dos laboratórios, estes que parecem ter dinamismo, demonstram-nos como se estabelecem essas mediações dos pesquisadores, em função de posições, ou status, as lutas e a utilização de alguns truques diabólicos pelo reconhecimento per se, pelo prestígio ou pela glória, com as negociações necessárias ao estabelecimento de uma prova, os ritos de passagem na pesquisa e na universidade. A motivação primeira do cientista é a notoriedade. Mas não se pode reduzir o interesse científico ao interesse econômico, a vontade de pesquisar ao desejo de prestígio, a sede de conhecimento à sede de poder, em alguns casos claramente terrenos sim. A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo ou que, no máximo, o tolera. É concepção humanista, mas deve implicá-lo e explicitá-lo soberanamente.

                             

Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável determinismo. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os limites, ergue cercas hic et nunc de arame farpado e conduz-nos ao ponto onde devemos ir. E também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas é necessário para o nascimento da menor ideia, da menor teoria. Não bastaria limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento. É necessário considerar, também, os determinismos intrínsecos ao conhecimento, que são, segundo Edgar Morin, muito mais implacáveis. Em primeiro lugar, princípios iniciais, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem uma visão de mundo e das coisas que se governam/e controlam de modo imperativo e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias. Ao organizar os paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo organizado dos sistemas de convicção e de crença que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do tabu. As doutrinas nas sociedades dispõem da força imperativa e coercitiva que evidencia aos convictos e o temor inibitório aos desalmados.

A partir deste fundamento, compreendemos que ordem, desordem e organização são elementos essenciais para o entendimento da questão da complexidade, pois se desintegram e se desorganizam ao mesmo tempo. Nesse entendimento, constata-se que o sentido da realidade se dá por meio da relação do todo com as partes e vice e versa em uma análise integradora em que não é pertinente examinar o fenômeno a partir de uma única matriz de racionalidade. A desordem torna-se indispensável para a organização social da vida humana, pois a sociedade é dependente de acontecimentos/fatos que possam modificar a ordem já estabelecida para gerar novos meios de organização entre os sujeitos. Há um imprinting cultural, matriz que estrutura o conformismo social, e há uma normalização que o impõe do ponto de vista as relações políticas e sociais. O imprinting é um termo que Konrad Lorentz propôs para dar conta da marca incontornável pelas primeiras experiências do jovem animal, como o passarinho que, ao sair do ovo, segue como se fosse sua mãe, o primeiro ser vivo ao seu alcance. Há um imprinting cultural que nos marcam, desde o nascimento, com o selo da cultura, primeiro familiar e depois da escola, prosseguindo na universidade ou na profissão. Contrariamente à orgulhosa pretensão dos intelectuais e cientistas, o conformismo cognitivo não é de modo algum uma marca de subcultura que afeta principalmente as camadas subalternas da sociedade. Os subcultivados sofrem um imprinting e uma normalização atenuados e há mais opiniões pessoais diante do balcão de café do que num coquetel literário.

Embora contrariados em contradição com seu desenvolvimento liberal intelectual que permite a expressão de desvios e de ideias e formas escandalosas, o imprinting e a normalização crescem paralelamente com a aquisição real da cultura. O imprinting cultural determina à desatenção seletiva, que nos faz desconsiderar tudo aquilo que não concorde com as nossas crenças, e o recalque eliminatório, que nos faz recusar toda informação inadequada às nossas convicções, ou toda objeção vinda de fonte técnica considerada ruim ou desqualificada. A normalização manifesta-se de maneira repressiva ou intimidatória. Cala os que teriam a tentação de duvidar ou de contestar. A normalização, portanto, com seus subaspectos de conformismo, exerce uma prevenção contra o desvio e elimina-o, se ele se manifesta. Mantém, impõe a norma do que é importante, válido, inadmissível, verdadeiro, errôneo, imbecil, perverso. Indica os limites a não ultrapassar respeitando a paixão pelo objeto. As palavras que não devem proferir. Os conceitos a desdenhar, as teorias a desprezar. O imprinting assimila a perpetuação dos modos de conhecimento e verdades estabelecidas. Obedece a processos de tribunais: uma cultura produz modos de conhecimento entre os homens dessa própria cultura. Através do seu modo de conhecimento, reproduzem a legitimidade que produz esse conhecimento. As crenças que se impõem são fortalecidas pela fé e a validade que as suscitaram. Não só conhecimentos, mas as estruturas de poder-saber e os modos reguladores que determinam a invariância desses conhecimentos.                    

Bibliografia Geral Consultada.     

MARCUSE, Herbert, Eros e Civilização. Uma Interpretação Filosófica do Pensamento de Freud. 8ª edição. São Paulo: Editora Guanabara Koogan, 1966; SIMMEL, Georg, Filosofia do Amor. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2007; MÁDOZ, Inmaculada Cuquerella, La Superación del Nihilismo en la Obra de Albert Camus: La Vida como Obra Trágica. Tese de Doutorado. Valência: Editor Universität de Valência, 2007; ALLEGRO, Luís Guilherme Vieira, A Reabilitação dos Afetos: Uma Incursão no Pensamento Complexo de Edgar Morin. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007; MORIN, Edgar, O Método 4 – As Ideias. 4ª edição. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008; ALTHUSSER, Louis, Freud e Lacan. Marx e Freud. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2009; CARVALHO, Marçal Luis Ribeiro, A Questão Punitiva na Pós-modernidade: Desafios Contemporâneos à Luz da Ética da Alteridade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010; GONÇALVES, Telma Amaral, Falando de Amor: Discursos Sobre o Amor e Práticas Amorosas na Contemporaneidade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Belém: Universidade Federal do Pará, 2011; MOTA, Rodrigo, “Simmel e a Confiança”. Pelotas (RS): Revista Novos Rumos Sociológicos. Volume 5, nº 7. Jan/Jul/2017; SALLES, Rodrigo Jorge, Longevidade e Temporalidades: Um Estudo Psicodinâmico com Idosos Longevos. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; MORTADA, Samir Pérez, “Tempo e Resistência: Ecléa e o Método em Psicologia Social”. In: Psicol. USP 33 • 2022; STORI, Jessica, “A Vida em Risco e a Vida como Obra de Arte no Projeto Intelectual de Simone Weil”. In: Revista O Público e o Privado. Fortaleza, Volume 22, n° 46, pp. 167–184, 2024; AUGUSTO, Vanessa Maria Gondim; PEIXOTO, Isadora Lima; MARTINS, José Clerton de Oliveira, “Não basta somar anos à vida, mas somar vida aos anos: o envelhecimento e a finitude nas narrativas de idosos”. In: Contribuciones a las Ciencias Sociales, 18 (7) 2025; entre outros.